Li hoje o número 8 do Pato Donald (de 1951, o primeiro republicado no volume 2 do Anos de Ouro do Pato Donald). Pra vocês pode não ter importância, mas enquanto lia vi uma série de coisas curiosas e decidi registrar tudo aqui. Não digitalizei pra não estragar a lombada e pra ficar mais fácil, assim eu tirava ao mesmo tempo que lia, sem precisar achar os quadrinhos na máquina.
Imagens em spoliers, já que esse é um post do tamanho dos do O cô.
- Como era de se esperar,
o Português utilizado era mais formal. Nada de "te chamar", em qualquer situação é "chamar-lhe". Ainda há casos, hoje raros, de
mesóclise, como a fantástica "Farlhe-ei um favor":
- Ainda assim (português mais culto), além dos inúmeros acentos circunflexos que faziam parte da gramática da época, encontrei algumas palavras escritas de forma errada. Como
não sei se antigamente elas se escreviam assim, aponto e abro a discussão aqui:
--
u'a (ao invés de uma), não sei se é erro de impressão:
-- "
sòsinho":
-- "
geito"!:
-- "
vês":
- "Não se diz
peor, se diz peor":
- "
quizer", "
atraz", "
atrazado" (esqueci de tirar fotos)
- uma palavra que eu nunca havia visto: "
papanata":
- Assim como em "Chaves" e "Chapolin", muitas frases iniciadas com "
De maneira/modo que este..."
- já li em muitos gibis antigos a palavra "
vitrina" invés de "vitrine" e "
sereia" no lugar de "sirene", inclusive neste:
- Neste mesmo gibi o
Pateta é chamado de "idiota" e um outro personagem de "imbecil". Talvez se fosse publicado nos dias de hoje utilizariam termos mais leves, como "tonto" e "burro". Noutro quadrinho, Donald utiliza a frase "com o diabo no corpo":
- Ainda há alguns "
maus exemplos", numa ocasião um cavalo cai na água e nenhum quadrinho mostra se ele saiu de lá, se foi retirado, se morreu. Em outra, as crianças maltratam o animal.
PS: ainda assim temos que ler essas coisas (não somente esses exemplos) com a cabeça nos anos 50, os valores eram outros, então não estou julgando e sim apontando.
- Nessa época, havia alguns
roteiros meio sem noção. Neste gibi, por exemplo, tem uma história que o Mickey quer alugar um quarto, então dezenas de pessoas invadem sua casa e invés dele brigar ou chamar a polícia ele sem problema algum em ceder sua casa a qualquer um pega e vai dormir na praça...
- A Abril também mudava o
layout de algumas histórias, dividindo-as em partes. As primeiras 21 edições do Pato Donald tinham
cinco tiras por páginas, com quatro quadros por tira. Enorme para um gibi. Hoje em dia geralmente tem três tiras com dois quadros cada. Ou seja, em 1950 uma página tinha até 20 quadrinhos, hoje tem até 6 (Momento
Fabão observando o layout das páginas).
- Ah, e pra quem não sabe, apenas uma história de cada edição era colorizada (e a capa e contracapa). As demais eram em preto-e-branco.
-
Palavra "nazistas" censurada:
-
Pateta se chamava Dippy:
- Pato Donald de óculos:
- Um personagem é chamado de "
Rei Leão":
- Donald vai ficar como um pinto

:
- "Amigo Coelho" é o
Quincas?
No mais, legal demais ler um gibi desses, dessa época, que bom que foi republicado na coleção "Anos de Ouro".