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O
Twitter quer provar que é correspondida a paixão que desperta em atletas, artistas e celebridades brasileiras.
O sistema de mensagens cujo símbolo é um pássaro escolheu o
Rio de Janeiro, que concentra personalidades e sediará grandes eventos, como seu ninho prioritário em 2014.
Ocupado desde setembro por apenas um executivo, seu escritório carioca terá uma equipe a partir de janeiro, dedicada a fechar parcerias nas áreas de esporte, entretenimento e notícia.
Essa tríade é o foco estratégico do Twitter na cidade, segundo Carlos Moreira Júnior, diretor de mídia e desenvolvimento de mercado e responsável pela morada carioca da rede.
— O Rio é a cidade dos esportes até 2016, recebendo a final da Copa do Mundo e as Olimpíadas. A partir deste ano, esses eventos vão estar no centro das notícias e representar um aumento enorme nas conversas que circulam na rede. Além disso, se a música é uma temática muito importante para o Twitter, é aqui onde estão os artistas e acontecem eventos como Rock in Rio, além de sediar as centrais de conteúdo das redes de TV — justifica Moreira Júnior, que criou o canal de TV Esporte Interativo e trabalhou na Nike e nas Organizações Globo.
O escritório no Rio funciona no espaço de coworking Bonera Bunker, em Botafogo, onde funcionam outras start-ups digitais.
É a segunda base no Brasil do Twitter, que mantém sede em São Paulo há um ano.
Além de Moreira Junior, a equipe será formada por mais três profissionais. Um deles começou a trabalhar este mês, e o restante se une à dupla em 6 de janeiro. A missão do time será estimular empresas e pessoas em cada uma das áreas estratégicas a integrar o Twitter em suas operações.
A área de acordos esportivos será responsabilidade de Guilherme Guimarães, que já foi diretor de esportes do British Council e gerente de patrocínio do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Caberá a ele arranjar parcerias como as que a rede social fez recentemente no sorteio dos grupos da Copa do Mundo, em Costa do Sauípe, Bahia. Lá, um iPad com moldura espelhada foi instalado no tapete vermelho, com o qual convidados podiam colocar fotos e publicar diretamente na conta da Fifa em português no microblog.
As relações com veículos de mídia e personalidades políticas ficarão a cargo de Leonardo Stamillo, que deixou a diretoria de jornalismo da rádio CBN em São Paulo para trabalhar no Twitter.
Já a seara de entretenimento será de responsabilidade de Sergio Floris, que trabalhou na consultoria americana Booz & Company e é filho dos empresários Lilibeth Monteiro de Carvalho e Aldo Floris.
A Floris, sobretudo, caberá a tarefa de fazer deslanchar por aqui um dos fenômenos mais caros ao Twitter, o da segunda tela, em que telespectadores comentam programas de TV em redes sociais enquanto os assistem.
A consultoria americana eMarketer analisou diversas pesquisas sobre o comportamento e constatou que de 15% a 17% das pessoas fazem isso.
Embora outras plataformas, como o Facebook, também invistam na segunda tela,
o Twitter é canal mais usado por quem compartilha observações sobre a novela ou o reality show acompanhadas de hashtags (#), por exemplo.
— Nosso diferencial é que as conversas no Twitter são públicas e circulam verdadeiramente em tempo real e livre de filtros. Não existe um ritmo determinando quais mensagens você lê, elas aparecem cronologicamente no fluxo — defende Moreira Júnior, que antes de assumir no Twitter era diretor executivo da SportPar, firma de investimento e consultoria especializada justamente no conceito de segunda tela.
Por aqui, o reality “O Aprendiz” usou o microblog para perguntar ao público quais candidatos deveriam ser eliminados. Floris, que trabalhou na gerência de campo da versão americana do mesmo programa, terá que firmar mais parcerias como essa.
O argumento de venda do Twitter é que a segunda tela aumenta a audiência dos programas de TV.
A firma de pesquisas Nielsen referendou a tese em estudo que encontrou, em agosto, aumento significativo de telespectadores em 29% dos episódios que foram tema de muitos tweets.
Em outubro, Nielsen e Twitter se associaram no lançamento de um
índice que mede a popularidade dos programas de TV de acordo com o número de mensagens postadas sobre eles.
Mas o produto gerou ceticismo, levando o site da “Wired” a escrever que “ninguém sabe o que ele significa” porque não demonstra relação direta entre volume de tweets e audiência real na TV : “
Acontece que os programas que mais aparecem no Twitter nem sempre são os mais vistos na televisão”.
Independentemente disso, a rede social está determinada a usar em esforços relacionados com a TV parte significativa do US$ 1,8 bilhão que levantou em sua oferta de ações em novembro.
— A segunda tela é rei para a gente, representa parcela muito importante da nossa estratégia — afirma o diretor de mídia.