Jornalismo

[Chokito Cabuloso]

Alguém perdeu a parte de todos os jornalistas introduzirem a notícia, forçosamente, com um "uma minoria dos manifestantes..."?

[Antonio Felipe]

Da ombudsman da Folha:

Assim como a de milhões de brasileiros, minha rotina diária foi alterada pela greve geral da sexta-feira, 28. Lojas de que precisei estavam fechadas; no supermercado, o gerente disse que apenas um terço dos funcionários comparecera; a experiência nos aeroportos de amigos e familiares que viajaram foi sofrida, apesar de a Folha ter dito que os aeroportos funcionaram normalmente. Pode não ter sido um caos, mas normal não foi.

De modo geral, esse foi o problema da cobertura da greve geral convocada contra as reformas da Previdência e das leis trabalhistas. Focou a alteração da rotina das cidades, de modo previsível, sem inventividade nem relatos ricos.

Em suma, os jornais se concentraram no impacto sobre as árvores e deixaram de abordar a situação da floresta. A velha imagem é eficiente por condensar a mensagem de modo tão claro.

Um parágrafo do editorial da Folha trazia o resumo do que pretendo dizer quando cobro abordagem mais ampla: "Em nenhum país do mundo, propostas de redução de direitos relativos à aposentadoria contarão com apoio popular. Governantes, em geral, só as apresentam quando as finanças públicas já estão em trajetória insustentável. Este é, sem dúvida, o caso do Brasil".

Essa é a visão da floresta que deveria ser discutida nos jornais. É preciso acrescentar que a discussão sobre a reforma trabalhista é também uma discussão sobre perda de direitos, contraposta à possibilidade de dinamização e crescimento do mercado do trabalho –promessa de comprovação difícil. Esses são os dois lados da moeda.

Pode-se até afirmar que essa discussão está presente no jornal. Não com a clareza do dilema exposto pelo editorial da Folha: está em jogo a perda de direitos em nome do ajuste fiscal. Jornais estrangeiros assim enquadraram a manifestação. A imprensa brasileira abriu mão da discussão sobre a floresta.

A greve geral convocada por centrais sindicais e movimentos de esquerda mostrou que a mídia precisa se qualificar para esse tipo de cobertura, complexa e de altíssimo interesse do público leitor.

Quase em uníssono, os três principais jornais destacaram nas manchetes de suas edições impressas o efeito no transporte e a violência com que terminaram manifestações em São Paulo e no Rio.

Será que o vandalismo em pontos isolados do Rio e de São Paulo era notícia a destacar em enunciado de manchete, se a própria Folha escreveu que a calmaria reinou durante quase todo o dia? Por que valorizar as cenas de confronto, em vez de imagens que pudessem, por exemplo, mostrar o que diziam as faixas levadas às manifestações.

A greve paralisou, segundo o noticiário da Folha, parcialmente as atividades nas principais capitais do país e em ao menos 130 municípios, em todos os Estados e no Distrito Federal. Os organizadores classificam como a maior greve da história do país: cerca de 40 milhões paralisaram suas atividades.

Não há reportagem ou quadro na edição que diga qual era exatamente o objetivo da greve ou, se fosse o caso, a análise de seu impacto nos objetivos do movimento.

Há dois pontos básicos a que o jornal, na minha avaliação deveria ter respondido:

Qual foi o tamanho da paralisação? Era preciso encontrar parâmetros que permitissem ao leitor entender o que foi o movimento de agora em comparação com convocações anteriores.

Quais as possíveis consequências da greve? Terá algum efeito em seu objetivo principal de parar a tramitação das reformas trabalhista e da Previdência, obrigando Executivo e Legislativo a negociar com a sociedade e os sindicatos?

Eram desafios difíceis, mas a imprensa não conseguiu nem chegar perto de enfrentá-los.

À exceção dos colunistas André Singer e Demétrio Magnoli, não houve tentativa de interpretação do que aconteceu. Cientistas políticos, sociólogos e analistas não estão nas páginas da Folha ajudando a entender o que aconteceu e o que pode vir a acontecer.

Deputados e senadores não se manifestaram de forma a sinalizar se o protesto pode vir a ter algum efeito objetivo nos projetos em discussão. Apenas o governo federal fala, expressando a óbvia e obrigatória avaliação de que adesão foi pequena, fracassou.

Ainda há muito a aprender e a ser desenvolvido em cobertura de casos dessa magnitude.

Na sexta-feira, o bom jornalismo aderiu à greve geral. Não compareceu para trabalhar.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/pa ... eral.shtml

[JF CH]

A última frase foi espetacular

[CHarritO]

Por isso que sempre assisto o Jornal da Band, que tem uma boa variedade de assuntos. E a manifestação foi citada entre os destaques!

[JF CH]

E que tem Ricardo Boechat, o melhor âncora do Brasil na minha opinião.

[Chokito Cabuloso]

Sabe o que aconteceu? Nada. Foram poucos os que aderiram a chamada greve por gosto próprio. O que ocorreu foi semelhante aos casos de traficantes que demandam que o comércio seja fechado, só que desta vez trocou-se a máfia das gangues pela máfia dos sindicatos. Boa parte dos que aderiram, o fizeram forçadamente, seja por medo ou por não ter transporte público.

Os que tentaram "furar" uma greve que não era deles e quiseram seguir com suas vidas eram atacados, como o caso do tipo que passou por cima dos arruaceiros que começaram a detonar o carro dele. A parte da violência e dos transtornos causados, como o de fechar avenidas e rodovias pra nenhum trabalhador passar, é essencial pra entender a chamada "greve geral", que de "geral" não tinha merda. Foi antes uma coação contra aqueles que queriam trabalhar, mas foram impedidos

[Butch]

Sabe o que aconteceu? Nada. Foram poucos o que aderiram a chamada greve por gosto próprio. O que ocorreu foi semelhante aos casos de traficantes que demandam que o comércio seja fechado, só que desta vez trocou-se a máfia das gangues pela máfia dos sindicatos. Boa parte dos que aderiram, o fizeram forçosamente, seja por medo ou por não ter transporte público.

Os que tentaram "furar" uma greve que não era deles e quiseram seguir com suas vidas eram atacados, como o caso do tipo que atropelou os arruaceiros que começaram a detonar o carro dele. A parte da violência e dos transtornos causados, como o de fechar avenidas e rodovias pra nenhum trabalhador passar, é essencial pra entender a chamada "greve geral", que de "geral" não tinha merda. Foi antes uma coação contra aqueles que queriam trabalhar, mas foram impedidos

Máfia dos sindicatos é pleonasmo...

[JF CH]

[Red]

Comentário do Chokito perfeito.

Como é bom morar numa cidade do tamanho de um ovo de codorna e não ter o seu direito de ir e vir impedido pelas manifestações pacíficas pelo direito do trabalhador. Claro, as manifestações orquestradas pelas centrais não tem nada a ver com o fim da obrigatoriedade do imposto sindical, mas sim estão lutando pelo trabalhador.

E vidraças não valem nada mesmo. Principalmente quando não é o seu estabelecimento que é atingido, quando não é o sustento da sua família que você lutou para montar pagando uma porrada de imposto sendo depredado pelos manifestantes pacíficos de cara coberta.

[Antonio Felipe]

A CUT é contra o imposto sindical, diga-se de passagem: http://diganaoaoimposto.cut.org.br/

[JF CH]

A CUT é contra o imposto sindical, diga-se de passagem: http://diganaoaoimposto.cut.org.br/

[Butch]

Comentário do Chokito perfeito.

Como é bom morar numa cidade do tamanho de um ovo de codorna e não ter o seu direito de ir e vir impedido pelas manifestações pacíficas pelo direito do trabalhador. Claro, as manifestações orquestradas pelas centrais não tem nada a ver com o fim da obrigatoriedade do imposto sindical, mas sim estão lutando pelo trabalhador.

E vidraças não valem nada mesmo. Principalmente quando não é o seu estabelecimento que é atingido, quando não é o sustento da sua família que você lutou para montar pagando uma porrada de imposto sendo depredado pelos manifestantes pacíficos de cara coberta.

Sinto a mesma coisa morando no interior da Bahia, mas se tivesse encontrado algum, gritaria: " ME NE FREGO".

[E.R]

Os jornalistas do SBT deram espaço para pessoas do movimento falaram e depois tiveram jornalistas da emissora que apanharam.

Complicado.

[Victor235]

O cara ir no olho do furacão com o microfone de uma emissora que está publicamente apoiando a Reforma da Previdência, é mesmo no mínimo perigoso.

Claro que o jornalista nada tem a ver com a estranha e desnecessária posição da emissora, que deveria ser imparcial. Este está apenas fazendo seu trabalho, e não deveria ser impedido.

[Hugoh]

O Jornal Nacional de ontem me pareceu bastante imparcial e dentro do que muitos exigem ao cobrir as manifestações contra as reformas.

Abriram espaço para as falas dos líderes, enfatizaram o objetivo da manifestação, disseram que foi pacífico, mostraram os cartazes... Até falaram do jovem monarquista agredido. Bem completo.

Será que tem algum motivo pra reclamarem?