Mensagem
por Polegar » 28 Mar 2016, 00:10
O restaurante tem mais movimentação, mais possibilidade de tramas, os personagens são mais soltos naquele espaço. Tem a rua que passa em frente, o salão com as mesas, as gags com o balcão e o banheiro, e a cozinha. Há uma grande liberdade ali, de fazer e acontecer. Novas piadas, novas situações...
O fato dele ter sido criado apenas em 79 tem pros e contras: contras, por que não contam com a participação de Seu Madruga e Quico, que trariam um novo leque de acontecimentos, e por que os episódios não são encenados com a mesma vivacidade e tiradas cômicas e rápidas que os atores tinham nos primeiros anos da série.
Prós, por que ser apresentado apenas no último ano da série o tornou menos enjoativo, e com um ar de curiosidade, de novidade. Também pelo mesmo motivo foram limadas as possibilidades de remakes. Todos os capítulos (ou quase todos) são de roteiros inéditos e inovadores, preparados especialmente para a temática de restaurante.
Já a escolinha era ótima nas aparições iniciais. Mas depois foi ficando absurdamente cansativa. Todos os episódios, por mais que fossem de roteiro inédito, tinham um clima de já visto, já se sabia o que esperar deles. Não tinham surpresa nos acontecimentos.
Toda a construção dos personagens na vila se desmancha ali. O Chaves é um garoto órfão que inventa brincadeiras novas e se diverte com o que tem á mão, faz tudo por alguma quantia em dinheiro ou comida, é mal criado, coisa e tal. Mas na escola é só um menino que responde besteiras. O Quico é o contra-ponto, um garoto rico, esnobe, mimado e por muitas vezes abobalhado. Mas na escola é idêntico ao Chaves: apenas mais um menino que responde besteiras.
É assim com a Chiquinha, com o Nhonho, com a Pópis, com todos. Parece que, ao entrarem na sala, eles de despem de todas as características originais que apresentam na vila, e que servem de engrenagem paravas situações, e passam a ser igualmente bobos, como clones sem particularidades próprias, rotulados com um mesmo comportamento. Isso tira toda a graça do ambiente, tudo passa a ser enjoativo, como um looping infinito de perguntas e respostas "engraçadinhas".
Basta ver que se tirar qualquer criança dali (menos o Chaves, por motivos óbvios), não faz falta nenhuma. Outra supre o papel dela com perfeição. Não há uma posição única para cada um, lá é tudo homogêneo.
O Nhonho ter sido um dos burros, depois da saída do Quico, quando na verdade era o espertalhão, foi um erro grotesco de continuidade. E ele ter sido o espertalhão pela falta da Elisabeth, que só apareceu em um episódio, também.
Cândida, Elisabeth e Malicha poderiam ter sido aproveitadas, se tornando fixas, mas nem isso. Figuram apenas como participações especiais.
Os melhores episódios são os com a participação dos adultos, como a saga d'O Último Exame ou a do Seu Madruga Professor. Ali, as características de cada um retornam, há um paralelo com o cotidiano já bem lapidado da vila, isso torna o enredo extremamente atrativo.
Outro pecado da escolinha foi mostrar sempre uma mesma premissa; a da aula. Os personagens não saem daquela sala, um único cenário o capítulo inteiro é osso.
Raras são as vezes em que vemos o pátio, se não me engano, isso só ocorreu em três ocasiões, uma delas, o remake da Fonte dos Desejos.
Chespirito deveria ter aproveitado a deixa para criar roteiros inovadores com o ambiente, Os brinquedos do pátio gerariam piadas novas, a hora do recreio, ou os momentos antes e depois da aula trariam novas situações.
Até mesmo em sala, coisas diferentes poderiam acontecer, como experiências comandadas pelo Professor, aulas práticas (saindo da mesmice da teoria), trapalhadas aprontadas pelos alunos e afins. Momentos que marcassem um episódio. Como o em que o Quico veio com um lençol colado no corpo. Detalhes assim seriam memoráveis e divertiriam muito.
Tudo isso deixou a desejar, e me fez voltar no restaurante, na enquete.