http://extra.globo.com/noticias/economi ... 27923.html
O quadro de funcionários nos bancos, privados ou públicos,
tem sido reduzido cada vez mais.
E
quem paga por isso, gastando mais tempo,
são os clientes.
Essa é a avaliação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), do Procon-RJ e de clientes entrevistados pelo EXTRA. Uma pesquisa divulgada na última sexta-feira pela Contraf, em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), dá um panorama do que vem acontecendo nas instituições : de janeiro a julho deste ano,
3.600 postos de trabalho foram cortados.
Entre os estados que mais desligaram, o Rio de Janeiro aparece em quarto lugar. Foram 463 bancários a menos no período (confira os dados abaixo).
O comerciante Gilson Sacramento, de 47 anos, tem sentido nas pernas o efeito das demissões.
— Já aguardei um bom tempo. Quando não é no Itaú, é no Bradesco. Já cheguei a esperar na fila por mais de uma hora.
Às vezes, só há dois atendentes. Isso é muito louco — reclama.
A percepção de Gilson Sacramento foi a mesma que a da reportagem do EXTRA, numa pesquisa feita ontem em quatro bancos — Itaú, Santander, Caixa Econômica e HSBC — do Centro do Rio de Janeiro.
Nenhum dos bancos tinha o atendimento 100% completo, ou seja, com atendentes em todos os guichês.
No entanto, os casos mais graves foram encontrados nas agências do Santander (Avenida Rio Branco, 70) e do Itaú (Rio Branco, 86). No primeiro, de oito guichês, apenas dois funcionavam. No segundo, em vez de seis caixas, havia somente dois trabalhando.
O montador de andaimes Carlos Alexandre Santana, de 27 anos, cliente da Caixa Econômica, também reclama da demora que, segundo ele, não é de hoje
— Quando você mais precisa, mais demora para ser atendido. Mas isso é em qualquer banco. Não é só na Caixa (Econômica). E esse negócio de ter vários guichês, mas apenas alguns atendentes, é muito chato.
Na hora do almoço, um deveria assumir o outro. Mas não. Eles largam todo mundo (os clientes), como se não fosse ninguém. Eu já cheguei a ficar mais de uma hora esperando, para pagar contas. Nem me animo de reclamar. Não tem para onde correr. Mas todo mundo que está na fila reclama.
Segundo Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, os bancos Itaú e Santander já vinham, há meses, com um forte processo de demissões :
—
Esse processo está muito forte nos bancos privados. E 70% dos desligamentos são os bancos que demitem. Os funcionários que pedem demissão é porque não aguentam as metas abusivas. E,
sem sombra de dúvidas, isso afeta o atendimento. Os bancos, hoje, estão muito mais preocupados em aumentar o seu lucro e pouco preocupados na qualidade do atendimento. São filas cheias e pouco atendimento.
Em nota, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou o seguinte :
“Os funcionários de bancos permanecem, em média, dez anos na mesma instituição financeira. Quem deixa um banco tem, em média, mais de 100 meses de casa, tempo muito mais longo que a média de 18 meses de quem troca de emprego em outros setores da economia. Essa política permite aos bancários desenvolver carreiras exitosas nas instituições financeiras. Quem permanece muitos anos em uma empresa espera ter oportunidades de promoção e realização.
A Federação Brasileira de Bancos também
afirmou que “
não existe percentual mínimo obrigatório (
de número de atendentes). Os bancos seguem a Lei número 10.048/2000, em que são obrigados a fornecer atendimento preferencial. No entanto não há especificação sobre o modelo do atendimento, desta forma depende de banco para banco”.
Fábio Domingos, diretor de fiscalização do
Procon-RJ, explica que a Lei Municipal 5.254/2011, do Rio de Janeiro, determina que o
tempo máximo de espera permitido é de 15 minutos. Em dias posteriores ou anteriores a feriados, o limite é de 30 minutos.
Fábio Domingos ressalta, ainda, que, pela lei,
os bancos são obrigados a fornecer aos usuários senhas numéricas de atendimento. “O tempo passa a contar a partir do momento em que o consumidor chega à agência. Se o banco não entrega a senha, o consumidor fica sem esse comprovante de a que horas ele chegou”.