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Dois projetos cinematográficos — um desenho animado e uma aventura infanto-juvenil baseada em "Ali Babá e os 40 ladrões" — ocupavam a cabeça do cearense
Renato Aragão quando ele recebeu um convite para ter sua trajetória nas telas contada em forma de
documentário. Longe do cinema desde 2008, ele prepara, portanto, uma volta em três produções.
Produzido pelo Canal Brasil, com direção de Renato Martins, "
Renato Aragão, uma vida de cinema" vai acompanhar a construção de um mito do humor a partir de seus filmes. Em roteirização,
o projeto é para 2013.
— Eles querem fazer comigo algo na linha do "Dzi Croquettes", um filme-homenagem.
É reconhecimento ao que eu e os Trapalhões fizemos pelo cinema : lotar as salas nas férias, durante uns 15 anos — orgulha-se Aragão.
Cinco dos 45 longas em que trabalhou chegaram à marca de 5 milhões de pagantes. "O Trapalhão nas minas do Rei Salomão" (1977), de J.B. Tanko, foi seu maior êxito, com 5,7 milhões de pagantes. Entre os muitos recordes que Aragão quebrou no cinema, está o único documentário nacional a ultrapassar um milhão de ingressos vendidos: "O mundo mágico dos Trapalhões" (1980), de Silvio Tendler. Realizador de "Carta para o futuro" (2011), Renato Martins pretende aproveitar algumas cenas dele.
— Comemorei muito aniversário levando amigos para ver filmes dos Trapalhões no Cine São Luiz. Na década de 1970, Renato Aragão e seus companheiros atingiam as massas através do cinema, impulsionados por seu programa de TV — diz Martins. — Nossa intenção será mostrar como esse autor, ator e produtor veio do Ceará para o Rio.
Há quatro anos, Renato Aragão se afastou da telona, em função de projetos de especiais e minisséries na TV Globo, onde estrela, todo domingo, o humorístico "As aventuras do Didi".
Seu último longa foi "O guerreiro Didi e a ninja Lili" (2008), cuja bilheteria, de 329 mil espectadores, frustou expectativas. Mas, obcecado por cinema — "Fã de Oscarito, eu vim para o Rio para fazer filmes", diz —, o comediante, de 77 anos, começou a projetar sua volta. Uma das ideias foi refilmar, como animação em 3D, um de seus filmes do coração : "Bonga, o vagabundo", de 1971.
— Fazendo TV sem parar, é difícil eu ir ao cinema. Mas quando eu vi "O palhaço", do Selton Mello, senti que aquela pureza do passado ainda tem seu público. "Bonga" é um dos meus filmes do passado que seguram um remake, mesmo que seja como desenho — diz Aragão.
Ele confiou a seu filho, Paulo Aragão, que o dirigiu em sucessos como "Simão, o fantasma trapalhão" (1998) a tarefa de produzir "Bonga, o vagabundo", cujo realizador ainda não foi escolhido. Mas é Paulo Aragão quem vai dirigir o pai em "Didi Babá e os 40 ladrões", já em captação. O plano de Paulo é fazer o filme ainda para o Dia das Crianças.
— O cinema no Brasil é um vai e vem. Há épocas em que o público não está focado nos filmes, por melhores que sejam — diz o Trapalhão. — Mas com qualidade e espaço em tela, a gente consegue ser visto.