![Imagem](http://vizinhancadochaves.files.wordpress.com/2012/02/aluc3adsio-azevedo-o-cortic3a7o-versus-x-vizinhanc3a7a-vila-do-chaves-roberto-gomez-bolac3b1os-chespirito-literatura-brasileira-tv-mexicana-vizinhanc3a7a-do-chaves.png?w=600)
Para começar, entenda o propósito deste texto. Como em outros desse tipo li comentários defendendo o seriado “Chaves” com frases do tipo “Chespirito não copiou essa obra”, acho melhor explicar. Claro que não copiou, ninguém está dizendo isso. O que farei é uma comparação entre pontos semelhantes de duas obras: uma literária e outra televisiva.
De um lado, “O cortiço“, romance de Aluísio Azevedo publicado em 1890, do outro, “Chaves“, seriado mexicano de Chespirito gravado na década de 1970. Duas obras antagônicas? Nem tanto… Claro que existem várias diferenças entre ambas, porém, há muitos fatores muito parecidos entre essas duas obras.
A começar pelo ambiente, o cortiço de João Romão se assemelha muito à vila do Chaves (que inclusive é chamada assim em alguns episódios). Afinal, a vila do Chaves é um cortiço também. Seu Barriga comprou (ou construíu) uma vila com várias casas e passou a alugá-las a pessoas de baixa renda e assim foi juntando seu dinheiro. João Romão fez a mesma coisa.
No romance, o cortiço pode ser considerado como o verdadeiro protagonista da obra, um espaço capaz de modificar o comportamento de todos os moradores. A vila do Chaves também tem grande importância para podermos entender o comportamento de seus moradores e suas relações.
As mulheres do Cortiço gastam bastante tempo lavando roupas. Brigas acontecem em ambas as vilas. Em “O cortiço” também é mencionada uma “outra vila”, embora em “Chaves” esta não é vista como “concorrente”.
O confronto entre imigrantes portugueses, que exploravam os brasileiros, pode, de longe, ser comparado às explorações que Chaves sofria, fazendo favores à vizinhança.
Podemos notar no romance a capacidade de algumas pessoas se acharem maiores/melhores que outras. Isso se assemelha ao caso Dona Florinda x a “gentalha“. Aliás, algumas análises de “O cortiço” feitas por professores formados em Letras conta com a palavra “gentalha” para se referir a um grupo de habitantes do cortiço. Talvez isso seja até uma referência indireta ao seriado “Chaves”, que na dublagem brasileira fez essa palavra voltar ao vocabulário de muita gente.
As tentativas que algumas mulheres do cortiço tinham para seduzir os homens se assemelha às que Dona Clotilde fez para seduzir o Seu Madruga. O menino travesso Agostinho, chamado de “menino levado dos diabos”, talvez tenha alguma semelhança com o menino do oito.
E ainda podemos notas duas coincidências: há no Cortiço uma personagem chamada Florinda e outra chamada Paula, apelidada de Bruxa!
Como diferença, o seriado é uma atuação, com falas em 1ª pessoa. O romance foi escrito em 3ª. Porém, a obra de Azevedo e o seriado de Chespirito tem muitas coisas em comum. Só o fato de ambas tratarem de um homem que compra uma vila com algumas casas e passa a alugá-las a pessoas pobres, já faz com que muitas outras semelhanças surjam.
Por Victor235