Economia

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Re: Economia

Mensagem por E.R » 24 Nov 2010, 02:53

FOLHA DE S.PAULO

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Alexandre Tombini, o novo presidente do Banco Central

. A presidente eleita, Dilma Rousseff, montou uma equipe econômica para ditar e ter mais influência sobre os rumos da economia do que o seu criador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Definiu seu time com nomes do próprio governo.

Nas palavras de um assessor, Dilma optou por uma equipe sobre a qual terá "total controle" :
. Guido Mantega (Ministro da Fazenda)
. Alexandre Tombini (Presidente do Banco Central)

Dilma decidiu manter Mantega sob a condição de fazer mudanças na equipe da Fazenda. Promoveu Tombini a presidente do BC, quebrando a tradição de requisitar nomes do mercado financeiro.

Dilma quer controlar de perto tanto a Fazenda como o Banco Central. Por isso, manterá o status de ministro do presidente do BC, para que a interlocução com o banco continue direta com o Palácio do Planalto.

O perfil da equipe de Dilma, mais desenvolvimentista, difere do primeiro time escalado pelo presidente Lula, que optou pelo caminho ortodoxo, com Antonio Palocci (Fazenda) e Henrique Meirelles (Banco Central).

No segundo mandato, com a queda de Palocci depois do escândalo da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa, Lula escolheu um ministro com um perfil menos conservador, Mantega, mantido por Dilma. Segurou, porém, Henrique Meirelles durante todo seu mandato no BC e chegou a defender sua permanência.

A presidente eleita, porém, sempre quis trocar Meirelles, o que gerou dúvidas no mercado sobre como seria a condução da política monetária. A opção por Tombini, que agrada tanto ao mercado como à equipe de Mantega, é um meio termo.

Mantega foi o primeiro a ser convidado por Dilma, como a Folha revelou. Não era seu nome preferido para comandar a pasta.

Dilma queria o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Atendeu, contudo, a um pedido de Lula. Antes, porém, acertou com o atual ministro da Fazenda trocas em sua equipe. Ela quer uma pessoa de sua confiança no comando da Receita Federal, que tanto lhe deu dor de cabeça durante o governo Lula e na campanha eleitoral.

Funcionário de carreira do BC, Tombini foi o último a ser confirmado na equipe econômica. Atual diretor de Normas do BC, sua indicação interrompe a série de presidentes vindos do mercado durante os governos Fernando Henrique Cardoso e Lula.

Ele pode assumir a presidência interinamente, até ter seu nome novamente aprovado pelo Senado, agora para comandar o banco.

A presidente eleita fez o convite ontem, pessoalmente, antes mesmo de se reunir com Meirelles, atual chefe do Banco Central e há oito anos no cargo, o mais longevo titular da instituição. Dilma, que desde a época em que era ministra da Casa Civil defendia a saída de Meirelles, encontrou a fórmula para rifá-lo e escapar das pressões de Lula quando o atual presidente do BC vazou para a imprensa que impunha condições para se manter no cargo.

Gaúcho de Porto Alegre, o futuro presidente do Banco Central, Alexandre Antônio Tombini, 47, tem uma característica que encantou Dilma : é firme nas suas posições, mas não é considerado inflexível. Além disso, é definido como uma pessoa conciliadora e contará com a simpatia do ministro Guido Mantega (Fazenda) e de sua equipe.

Quando interlocutores de Dilma começaram a sondar pessoas próximas sobre o funcionário de carreira do BC, a primeira pergunta era sempre a mesma: ele é desenvolvimentista ou monetarista ?

Era uma referência às duas correntes que rivalizaram durante o governo Lula na condução da política econômica e foram representadas pelos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Henrique Meirelles (Banco Central), respectivamente.

A resposta : "Tombini não tem corrente", diziam amigos próximos. A conjuntura determina sua conduta, pautada por uma base teórica e prática forte.

Economista pela Universidade de Brasília (UnB), fez doutorado na universidade de Illinois (EUA).

Durante sua carreira, transitou por áreas como comércio exterior, supervisão bancária, socorro financeiro a países, metas de inflação e cenários econômicos.

Sua gestão, acreditam técnicos ligados a ele, será mais participativa.

Ao contrário de Meirelles, que delega atribuições, cobra resultados e não se envolve tanto diretamente, Tombini deverá acompanhar mais os detalhes das decisões, e o BC poderá retomar espaço perdido no debate econômico na gestão Meirelles.

Em cargos públicos desde 1991, trabalhou com os últimos quatro presidentes. Foi coordenador da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, assessor especial da Casa Civil e representante do Brasil no FMI.

No BC, passou por três diretorias. Foi também consultor da presidência e o primeiro chefe do Departamento de Estudos Especiais, criado na esteira da implementação do regime de metas de inflação no país, em 1999.

Como se sabe, o presidente do BC não decide sozinho : as votações principais (sobretudo a da taxa de juros) são realizadas no Comitê de Política Monetária, o Copom, integrado pelo presidente e por sete diretores do Banco Central.

O presidente do banco ser "desenvolvimentista" ou "ortodoxo" vale, a rigor, apenas um voto. Por último, o Copom recolhe dados, projeções e sensibilidades do mercado para calibrar suas decisões.

A racionalidade e as circunstâncias tornam quase previsíveis as principais decisões da instituição.

E, apesar de alguns momentos mais nervosos, nada sinalizava mudança no roteiro em cartaz.

A escolha de Alexandre Tombini, diretor oriundo da carreira do BC, para presidente deverá ser lida como a vitória do perfil técnico sobre os "desenvolvimentistas" e "mercadistas".

Isso é positivo porque gera boa recepção por parte dos que temiam uns e outros e excitavam o mercado. Mas seu sentido maior é o da confirmação política do rumo que a macroeconomia vem seguindo no país.
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Re: Economia

Mensagem por Barbano » 08 Dez 2010, 10:16

E a inflação só que sobe...

Em outubro, IPCA de 0,75%. Em novembro, o índice chegou a 0.83%.

Os especialistas veem a necessidade do governo tomar medidas como aumentar os juros, para controlar isso.

O caso é que o que tem impulsionado a inflação é a alta no preço dos alimentos. Pô, se a inflação estivesse sendo causada por eletrônicos, automóveis, etc, que são financiados a longo prazo, eu até concordaria. Mas, sendo os alimentos os responsáveis, resolve alguma coisa aumentar os juros?

Agora em dezembro eu já tô notando uma tendência de queda no preço de alguns alimentos, como a carne. Menos mal.
Deixo aqui o meu apoio ao povo ucraniano e ao povo de Israel 🇮🇱 🇺🇦

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Re: Economia

Mensagem por E.R » 08 Dez 2010, 13:23

http://g1.globo.com/economia-e-negocios ... atica.html

. Levantamento divulgado nesta quarta-feira (8) pela consultoria Economatica aponta que, em novembro, a poupança teve o pior desempenho real (que desconta a perda da inflação na rentabilidade) desde março de 2003.

A rentabilidade de 0,535% observada na poupança no mês, quando descontados os efeitos da inflação (de 0,83%, pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo, a inflação oficial), se transforma em perda de poder aquisitivo de - 0,29% para o poupador, estima a consultoria.

De acordo com a consultoria, que calcula a rentabilidade mensal da poupança desde janeiro de 2003, o resultado de novembro foi o quarto pior desempenho nesse período.

"Podemos afirmar que o poupador que no final de outubro de 2010 depositou, por exemplo, R$ 1000 no final do mês de Novembro de 2010 teria R$ 1.005,35. Mas da mesma maneira uma cesta básica que no final de outubro de 2010 que valia R$ 1000,00 no final do mês de Novembro de 2010 valia R$ 1008,30", diz comunicado da consultoria.

A maior perda da poupança para a inflação, informa a Economatica, foi observada em janeiro de 2003, de -1,23%. O mês de maior ganho da aplicação sobre a inflação foi em junho de 2003, com 1,07%.
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Re: Economia

Mensagem por Barbano » 08 Dez 2010, 13:30

Pois é. Poupança rende 0.5% ao mês, mais T.R.

A ideia seria receber juros de 0.5% ao mês, mais o valor da inflação do período. Assim, o poupador teria um ganho real de pouco mais de 6% ao ano.

No entanto, desde 2000, o valor da T.R está muito baixo. Nesse ano o acumulado da T.R foi de míseros 0.69%. Se somarmos a isso os juros, e subtrairmos a inflação do período, veremos que o ganho real do poupador em um ano foi de aproximadamente 0.5%. Absurdo...

Porém, ainda pior é a situação do FGTS. O FGTS é corrigido com juros de 3% ao ano mais a TR. Ou seja, em 2010, O FGTS dos trabalhadores rendeu 3.69%, bem menos do que a inflação do período.

Vejam o quanto foi comido do nosso dinheiro de 2002 para cá:

http://noticias.r7.com/economia/noticia ... 00614.html
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Re: Economia

Mensagem por Scopel » 08 Dez 2010, 21:04

Antonio Felipe escreveu:Aos sabidos aí em economia, falem da dívida pública brasileira...
Esta postagem é de 11 de outubro... Antônio, eu me comprometo, como já disse em alguns tópicos a fazer uma exposição sobre o problema da dívida pública no Brasil quando estiver em férias.

E.R escreveu:
G1

. No encontro do G-20, presidentes de 20 nações devem discutir meios de aplacar o que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, classificou de "guerra cambial". O Brasil já tomou medidas para conter a desvalorização do dólar, como o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investimento estrangeiro em renda fixa.

Segundo Dilma, o problema de câmbio é internacional e deve ser resolvido em conjunto com os demais países. "Todos os países e não só a China e os Estados Unidos percebem que há uma guerra cambial. E numa situação dessas não há solução individual."
O que os países europeus e os Estados Unidos fazem mal à economia mundial com seus subsídios, e o que a China (com sua política cambial + mão de obra escrava) tá fazendo, realmente precisa ser discutido.
Essa não é uma crítica pessoal.

Vejam só com a ideologia da classe dominante está enraizada nas nossas cabeças: culpa-se a China, por ter uma mão-de-obra tão barata, de estar atrapalhando o comérico e a industria em vários países, como se isso não se devesse à lógica do sistema: a busca incessante por maiores taxas de lucro - leia-se maior exploração do trabalho - que faz com que as grande empresas migrem para onde há melhores condições para isso.

Foi assim que se deu a industrialização na América Latina. Acostumamo-nos a depender sempre do capital estrangeiro para o nosso desenvolvimento e agora estamos chorando para que as grandes empresas venham explorar os nossos trabalhadores e não os chineses.




Governo vai sugerir corte de R$ 8 bilhões no Orçamento de 2011
http://estadao.br.msn.com/economia/arti ... d=26683286

É a dívida pública nos comendo vivos!

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Re: Economia

Mensagem por Scopel » 07 Jan 2011, 11:33

Taxa de juros: um desafio para Dilma
Já há gente graúda no mercado financeiro tentando ganhar dinheiro com as especulações a respeito da capacidade de Dilma cumprir ou não sua promessa de baixar os juros. Tenta-se ganhar dinheiro, por um lado, e pressiona-se o governo, por outro , buscando criar o tal do “consenso do mercado” em torno da necessidade de elevação da SELIC.
Paulo Kliass

O ano vai acabando e os olhos começam a se voltar todos para a cerimônia de posse da primeira presidenta (sim, eu considero importante, em especial nesse caso, ressaltar o gênero feminino do substantivo “presidente”, como nos ensina o Houaiss!) do Brasil, bem como para as avaliações iniciais daquela que deverá ser a composição de sua primeira equipe ministerial.

Um dos aspectos que, a meu ver, mais deveriam chamar a atenção dos analistas é aquele relativo aos integrantes da chamada área econômica. Esse quadro é mais bem definido se pensarmos na composição do Conselho Monetário Nacional (CMN), colegiado que deveria definir as linhas gerais da política econômica do governo. De acordo com o art. 8° da Lei n° 9069, de 1995, ali tomam assento apenas os titulares do Ministério da Fazenda, do Ministério do Planejamento e do Banco Central. Mas é bom registrar que nem sempre foi assim no passado. Desde a sua criação, logo após o golpe de 1964, houve 19 alterações na composição desse órgão. Entra Ministério, sai Ministério, mudam-se os membros, e na segunda metade da década de 80 o CMN chegou a ser um colegiado com quase 30 integrantes.

Aceitando de bom grado a herança do governo FHC de um CMN bem enxuto, durante boa parte do primeiro mandato do Presidente Lula a reunião era composta por Antonio Palocci, Henrique Meirelles e Guido Mantega. A fotografia da trinca dava bem o tom das tendências ortodoxas e conservadoras da equipe responsável pela economia do País, com seu viés altamente financista, que marcariam tal período. Tendo obtido carta branca do Presidente para fazer e desfazer tudo o que fosse considerado necessário, a duplinha dinâmica Meirelles/Palocci deixou uma triste marca na história recente de nosso País. Uma das poucas vozes internas ao governo a explicitar sua reclamação a respeito da condução da política monetária, ao longo dos 8 anos, foi a do Vice Presidente, José de Alencar, um incansável lutador, em vários sentidos da palavra.

No entanto, o quadro poderá ser bastante diferente a partir de janeiro próximo. A serem confirmados os nomes anunciados até o momento, a composição futura do CMN será de Mantega, Miriam Belchior e Alexandre Tombini. Ou seja, em princípio, uma equipe menos pautada pelos interesses mais imediatos do mercado financeiro e - espera-se! - com algum grau de heterodoxia e flexibilidade presente na alma de seus integrantes. Mas talvez o mais relevante seja mesmo a figura ausente da foto: a Presidenta da República. Ao contrário de Lula, Dilma tem formação na área econômica, domina os conceitos em pauta e já mencionou mais de uma vez a sua intenção e a necessidade de promover a redução da taxa de juros no País. Além disso, como já cansamos de afirmar anteriormente, nossa Constituição determina que os ministros sejam nomeados pelo ocupante da Presidência da República – são cargos de confiança. Muita gente aposta que, ao contrário do que ocorria da equipe econômica de Lula, os subordinados de Dilma não terão tanta autonomia assim, particularmente nas questões essenciais da matéria. Aguardemos e veremos.

Uma boa oportunidade será a avaliar os resultados da primeira reunião do CMN ou do Comitê de Política Monetária (COPOM) em 2011. A nova diretoria do BC será, em sua maior parte, composta por pessoas indicadas pela futura Presidenta. E sabemos que é deste último colegiado que saem as decisões a respeito do patamar da taxa de juros oficial, a SELIC. Henrique Meirelles, em sua despedida após 8 longos anos à frente do BC e do COPOM, deixou, porém, uma pequena lembrancinha para Dilma Roussef. Uns dirão, coisa à toa, bobagem... Pode ser, mas ela é carregada de forte simbolismo. Confira comigo.

No dia 22 de dezembro foi divulgado o Relatório de Inflação do Banco Central, que deve orientar os tais “agentes do mercado” em suas avaliações a respeito do futuro de nossa economia. Em meio ao longo e detalhado texto, entremeado de planilhas e tabelas, uma frase merece destaque. Transcrevo-a aqui em baixo:

"Importante destacar que, no regime de metas para a inflação, desvios em relação à meta, na magnitude dos implícitos nessas projeções, sugerem necessidade de implementação, no curto prazo, de ajuste na taxa básica de juros, de forma a conter o descompasso entre o ritmo de expansão da demanda doméstica e a capacidade produtiva da economia, bem como de reforçar a ancoragem das expectativas de inflação." (1) (GN)

Trata-se, portanto, de uma mensagem quase nada cifrada. Qualquer indivíduo minimamente envolvido com as artes e as manhas do mercado financeiro e da linguagem do poder do capital é capaz de traduzir o espírito e as intenções subjacentes a algumas frases, como que inocentemente, plantadas em meio a um longo relatório da autoridade monetária. Fossem os membros do COPOM os mesmos da reunião que optou por não reduzir a SELIC e a manteve em 10,75% em 7 e 8 de dezembro, as apostas seriam quase unânimes. A taxa deveria mesmo subir na primeira reunião de 2011. E esse é justamente o desafio colocado para a futura presidenta.

Porém, para a grande maioria de nós, “simples mortais”, faz-se necessário um esforço de tradução do economês e de seu dialeto particular, o financês. Afinal, o que está dito ali em cima? Pois então, vamos aos poucos. A reunião havia mantido a SELIC. Mas o Relatório, divulgado logo a seguir, 2 semanas após, resolve indicar a “necessidade de implementação, no curto prazo, de ajuste na taxa básica de juros”. Em termos objetivos, significa que na próxima reunião do COPOM, que deve ocorrer em janeiro próximo, deveria ser feito um “ajuste” na SELIC. Um eufemismo para a pura e simples elevação da taxa oficial de juros. O argumento é o tal do “descompasso” entre o crescimento da demanda e a incapacidade da oferta em responder no curto prazo a tal movimento. Segundo essa lógica, qual seria o risco existente? A “desancoragem” das expectativas de inflação em relação à meta oficial de 4,5% de crescimento dos preços. Em poucas palavras, a possibilidade de volta ao cenário de inflação “descontrolada”, como gostam de usar no jargão do povo do mundo das finanças.

E as reações não se fizeram por esperar. Uma sólida instituição, de elevada credibilidade no setor de jogos de azar, conhecida como “mercado de juros futuros”, já abriu a sua temporada de apostas no mesmo dia de divulgação do Relatório. Ou seja, já tem muita gente graúda no mercado financeiro tentando ganhar dinheiro com as especulações a respeito da capacidade de Dilma cumprir ou não sua promessa de baixar os juros. Na verdade, tenta-se ganhar dinheiro, por um lado, e pressiona-se o governo, por outro , buscando criar o tal do “consenso do mercado” em torno da necessidade de elevação da SELIC. Dentre os inúmeros “especialistas do mercado financeiro”, as mesmas figurinhas carimbadas de sempre, ouvidos pelas editorias de economia dos grandes meios de comunicação para opinar em nome do tal do Sr. Mercado, já há quem “garanta” a subida para 12,25% !! Uma loucura!

Já comentei aqui a respeito de instrumentos alternativos para reduzir o risco de uma grande pressão de demanda sobre o crescimento da inflação. Dentre eles, a elevação do nível de depósito compulsório das instituições financeiras junto ao Banco Central. Apresenta o mesmo efeito de reduzir o volume de recursos monetários disponíveis para consumo na sociedade, sem que haja uma elevação da taxa de juros oficial. E sem provocar um maior comprometimento dos recursos orçamentários para o pagamento de juros da dívida pública nem contribuir ainda mas para a valorização do real frente às demais moedas estrangeiras.

Isso não significa, de forma alguma, que se deva desconsiderar o problema da inflação e muito menos subestimá-lo. Muito pelo contrário! Mas esse tema também espinhoso - a inflação - eu deixo para tratar com mais calma logo no início de 2011. Ah, sim, e aproveito para desejar que seja um bom ano para todos nós!

NOTA
(1) Para quem se interessar, o Relatório pode ser acessado no sítio do BC: http://www.bcb.gov.br/htms/relinf/port/ ... 012c6p.pdf
http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... na_id=4915[/spoiler]
Vocês juram que eles vão baixar mesmo?
________________________________________________________________________________________
O nó cambial -- antecedentes

REORDENAÇÃO PÓS-CRISE

Moeda é poder. Há hegemonia em uma nota de dólar

O Brasil atrelou seu destino à lógica dos mercados financeiros desregulados a partir dos anos 90. A prerrogativa da intervenção pública - sobretudo no setor financeiro - ficou subordinada a regras que protegem grupos de interesses locais e internacionais; os mesmos que ameaçam pôr em movimento uma montanha desordenada de capitais voláteis, cuja força é suficiente para reverter a retomada do desenvolvimento.
Redação - Carta Maior

Moeda é poder. O consenso aparente em torno da regulação dos mercados nesse momento esconde a dimensão política da crise. Existe hegemonia embutida em uma nota de dólar; explorados e exploradores na definição da taxa de juro. Está em jogo a reordenação da hierarquia entre moedas abalada pelo colapso da ordem neoliberal. A prática não ecoa o consenso reformista dos discursos oficiais. Foi assim também em 1929.

Uma Guerra mundial levou para os campos de batalha a arbitragem de impasses que paralisavam as nações, corroíam regimes monetários e minavam a produção e circulação da riqueza. A nova correlação de forças sancionada pelo argumento bélico foi legitimada em Bretton Woods, em 1944, quando a velha liderança britânica cedeu lugar à supremacia dos EUA, dos seus bancos, da sua indústria e da sua moeda em todo o planeta.

A disputa em marcha no mundo encontra urgências e impasses equivalentes na vida interna das nações. O Brasil não é exceção: US$ 553,5 bilhões de dólares atam o país à ciranda mundial.

Decisões tomadas desde os anos 90, destinadas a atrair, incentivar e garantir a mobilidade do capital estrangeiro na economia nacional restringiram a autonomia da política econômica e podem enfraquecer o Brasil nas respostas para enfrentar a crise. A prerrogativa da intervenção pública - sobretudo no mercado financeiro - ficou subordinada a regras que fortalecem e protegem grupos de interesses locais e internacionais; os mesmos que agora ameaçam por em movimento uma montanha desordenada de capitais voláteis, cuja força é suficiente para reverter a retomada do desenvolvimento.

Hoje esses recursos equivalem a US$ 553,5 bilhões. Um poder de pressão quase três vezes (2,7 vezes) superior à margem de autonomia proporcionada pelas reservas cambiais acumuladas desde 2003 (US$ 200 bilhões). Assimetrias dessa ordem ajudam a entender um paradoxo da crise: a exemplo do Brasil, inúmeras nações da periferia do capitalismo clamam por reformas na arquitetura financeira mundial, mas hesitam em aplicá-las internamente.

Para entender como essa dependência se cristalizou e a dificuldade para reverter algo que aprisiona a economia numa espécie de “caos calmo”, Carta Maior ouviu vários economistas entre os quais a professora Daniela Magalhães Prates, da Unicamp. Especialista em economia internacional, Daniela publicou recentemente um artigo oportuno em parceria com Marcos Antonio Macedo Cintra, também da Unicamp: “Keynes e a hierarquia de moedas: possíveis lições para o Brasil” , texto incluído na coletânea “Economia do Desenvolvimento , teoria e políticas keynesianas”, organizada por João Sicsú e Carlos Vidoto.

I) Recursos voláteis equivalem a quase três vezes o total das reservas brasileiras
Dois pontos reafirmam a pertinência desse debate no momento. O primeiro é a gravidade e a dimensão do que está em jogo. Dada a inexistência de controles de capitais, o montante de dólares que entrou e poderá sair do país a qualquer momento impressiona pelo poder desestabilizador. “Estamos falando”, explica a economista Daniela Prates, "de US$ 553,5 bilhões que formam o Passivo Externo Líquido (PEL) do país”. Trata-se do saldo entre o estoque dos investimentos externos (financeiros e produtivos) existentes na economia; mais o valor da dívida externa; menos investimentos de brasileiros no exterior e reservas cambiais. Daí a denominação passivo “líquido” – uma medida de dependência mais exata que o conceito de dívida externa já que inclui toda ordem de remessas possíveis, desde juros, royalties, lucros a fugas potenciais do dinheiro de curto prazo.

Há uma outra forma de medir esse flanco, segundo a professora Daniela Prates . O saldo, neste caso, contabiliza o montante bruto de passivos de curto prazo, sem descontar as reservas. Hoje isso daria pouco mais de US$ 531 bilhões: 2,7 vezes o total das reservas. São recursos sujeitos a fugas e resgates abruptos, facilitados pelas decisões tomadas a partir dos anos 90 e agora postas em xeque. “Não existe estabilidade econômica numa situação como essa. Para ter segurança em regime de mobilidade de capitais só mesmo com reservas chinesas (US$ 1,5 trilhão)”, alfineta.

II) Armínio Fraga soldou o país ao cassino financeiro; sucessores mantiveram laços
O Brasil, a exemplo da maioria dos países da periferia do capitalismo, atrelou seu destino à lógica dos mercados financeiros desregulados a partir dos anos 90. O governo Collor já havia ensaiado alguns passos nessa direção, mas o ponto central da solda entre o mercado interno e a finança volátil foi consumado pelo então presidente do Banco Central no governo FHC, Armínio Fraga. Ex-funcionário do mega-especulador George Soros, Armínio trouxe para o BC um reconhecido traquejo no jogo pesado das finanças desreguladas. Foi essa experiência e o endosso do governo PSDB/PFL às teses do Estado mínimo que orientaram a decisão política de liberar o entra-e-sai de capitais de curto prazo no país em janeiro de 2000.

A Resolução 2.689 autorizou a aquisição de ações e títulos pelo capital estrangeiro, bem como liberou-o para captar, interligar e especular em mercados de derivativos. Hoje, o ex-presidente do BC beneficia-se dessa medida à frente do Gávea, um “fundo agressivo” aberto a investidores da elite do dinheiro fugaz. Gente selecionada pela carteira e apetite para correr risco altos em troca de retornos sempre acima da média mundial.

Os sucessores de Armínio Fraga, é forçoso dizer, ampliaram em vez de cortar os laços com a ciranda global. Restrições à aquisição e remessas de dólares foram eliminadas em março de 2005 pelo então ministro Antonio Palocci. Em julho de 2006, concedeu-se isenção fiscal na aquisição de títulos públicos por fundos estrangeiros.

“Boa parte da vulnerabilidade brasileira nesta crise decorre das implicações de medidas que facilitaram a mobilidade de capitais na economia”, confirma a economista da Unicamp.

III) Um jogo que dá direito à fatias crescentes da riqueza sem contribuir para gerá-la
Investidores estrangeiros e nacionais dispõem hoje de um variado cardápio de facilidades e “inovações” que garantem salvo-conduto na porta-giratória de um mercado amplamente integrado ao jogo da finança global. Um fundo como o Gems Investimentos de origem israelense, com sede em Londres, que capta recursos no Brasil e centraliza sua contabilidade no paraíso fiscal de Luxemburgo é um exemplo de como as coisas funcionam.

O Gems, como outros, explora uma novidade introduzida no país há dois anos muito apreciada antes crise. O “produto” de ponta da “indústria” de fundos permite captar recursos em reais; aplicar em ativos estrangeiros no exterior (ações, commodities, cotas de outros fundos, sub-primes etc); não deixa marcas de remessas na contabilidade do aplicador; não exige abertura de conta lá fora, nem incorre em ônus fiscal no estrangeiro. Tudo isso legalmente.

Gestores mais criativos seduzem clientes insaciáveis com promessas de metas “alfa". Trata-se de dobrar rendimentos numa sucessão fulminante de apostas globais feitas num curto espaço de tempo e à descoberto (em bom português: apostando o que não se têm). Esse são alguns indícios de que a regulação em pauta requer algo mais do que apelos sensatos à prudência e à temperança na gestão financeira. O que está em jogo é desmontar uma usina de lucros meteóricos que assegura a seus participantes o direito a fatias cada vez generosas da riqueza real, sem contribuir um centavo para que ela cresça em proporções equivalentes. É uma rota de colisão: de um lado, a voragem estrutural do capital fictício; de outro, o risco de colapso da sociedade que já não consegue mais saciá-lo sem se auto-destruir.

IV) Desregulação internaliza instabilidades e, ao mesmo tempo, engessa o Estado
Graças à livre circulação de capitais fundos hedge – assim como bancos e empresas - podem apostar livremente contra e à favor da moeda brasileira na bolsa local de mercadoria. Idealmente, o equilíbrio de contratos entre comprados e vendidos (respectivamente, apostas na alta e na baixa da moeda norte-americana, por exemplo) criaria um espaço de liquidez para proteger operações indexadas ao câmbio, caso do comércio exterior e empréstimos em moeda estrangeira. O colapso atual evidenciou que essa finalidade foi desvirtuada em todo o mundo e aqui também. Operações especulativas muito superiores às necessidades de hedge (proteção) seduziram exportadores e bancos que apostaram maciçamente na direção errada ao prever a queda do dólar no mercado brasileiro.

Estima-se que o mico referente a distintas modalidades de contratos de risco e opções “vendidas” em dólar possa alcançar entre US$ 40 bilhões a US$ 50 bilhões. Os casos da Sadia e da Aracruz ilustram o tamanho do prejuízo que poderá esfarelar balanços, a depender da evolução cambial: a primeira teria assumido posições de risco no valor de US$ 7,6 bilhões; a segunda, de US$ 8,5 bilhões.

V) O especulador entra sem trazer capitais, aluga fiança, aposta alto e altera o câmbio
Uma particularidade das operações com derivativos cambiais na bolsa brasileira é que os contratos são zerados em moeda nacional. Em tese, isso evitaria uma corrida ao mercado físico do dólar; vantagem anulada, todavia, pela mobilidade de capitais que potencializa a instabilidade inerente às apostas em derivativos. “O especulador estrangeiro não precisa internalizar recursos para fazer apostas na bolsa brasileira”, explica a economista Daniela Prates. “Ele pode fixar posições altamente alavancadas ( muito superiores aos recursos próprios) dispondo apenas de uma carta de fiança fornecida por banco local; ou mediante o aluguel de títulos depositados como margem de garantia na bolsa”, esclarece a professora da Unicamp.

Decorrem daí inúmeras distorções que convergem para gerar forte instabilidade na formação da taxa de câmbio, um dos preços decisivos do cálculo econômico. “O governo acumula reservas com base em fluxos físicos de capitais e mercadorias”, esclarece Daniela. “Porém, como dispensam ingresso efetivo de moeda, as operações com derivativos não deixam uma contrapartida equivalente no balanço de pagamento, nem nas reservas. Cria-se assim uma dissociação perigosa. Mudanças abruptas na direção e nos volumes das apostas, associadas a fugas de investidores, emitem um sinal forte que contamina a definição da taxa de câmbio no mercado físico. Como as reservas são inferiores ao deslocamento potencial em jogo, isso gera incertezas que se propagam por toda a economia”, ensina.

VI) Idéias de Keynes em Bretton Woods ainda enfrentam resistências, 64 anos depois
As conseqüências e constrangimentos que a mobilidade de capitais impõe às políticas de desenvolvimento foram exaustivamente estudadas por John Maynard Keynes nos anos 40. Em 1944, como representante inglês em Bretton Woods, ele propôs uma nova arquitetura financeira mundial .A criação de uma moeda global contábil (o bancor) e um banco central dos bancos centrais (clearing union), constituíam mecanismos de coordenação indispensáveis, no seu entender, para harmonizar assimetrias entre economias ricas e pobres e garantir um ciclo estável de prosperidade no pós-Guerra. Impor uma disciplina espartana à mobilidade dos capitais era uma espécie de lei de bronze dessa arquitetura. As propostas de Keynes, como se sabe, foram rejeitadas pela delegação norte-americana que enxergou aí a tentativa inglesa de restringir a liderança mercantil e financeira conquistada pelos EUA durante a Guerra, que dava ao dólar o papel de moeda de reserva universal.

Dizer que os acontecimentos de hoje são uma conseqüência da derrota de Keynes em Bretton Woods é uma parte da verdade. Na realidade, Keynes conseguiu inserir nos estatutos de fundação do FMI - proposta vitoriosa norte-americana - o direito de as nações acionarem controles de capitais em condições críticas. Embora persista formalmente nos estatutos do Fundo, o tempero keynesiano foi sepultado na prática pelo avanço da desregulação nos anos 90. Algo semelhante se deu no Brasil, na medida em que a lei do capital estrangeiro de 1961 (nº 4.131) nunca foi revogada; mas acabou reduzida a um zumbi jurídico por conta das decisões tomadas nos últimos dez anos.

Sessenta e quatro anos depois, os temas e as propostas levantados por Keynes voltam à agenda obrigatória dos chefes de Estado, inclusive do Brasil. O mundo do crash de 2008 é mais complexo; o jogo de forças inclui potências que redimensionaram a geopolítica dopós-guerra; a China e os blocos econômicos ameaçam a hegemonia norte-americana. Ainda assim será difícil vencer a resistência dos EUA em aceitar uma nova hierarquia monetária que reduza seu poder expresso em dólares.

VII) Um dos custos para atrair e manter capitais voláteis é pagar juros paralisantes
A espada de incertezas erguida sobre as políticas econômicas tende a promover uma acomodação baseada em taxas de juros impiedosamente hostis ao desenvolvimento. Em vez de controlar e selecionar investimentos que interessam, recorre-se a uma espécie de taxa- tampão, alta o suficiente para tornar sedentário um capital que por natureza é errático e especulativo. Num momento em que os BCs de todo o mundo reduzem o custo do dinheiro para refrear a espiral recessiva, o Brasil mantém a Selic em 13,75%. E ainda ameaça elevá-la novamente.

VIII) Crise desmente a tese de que livres mercados asseguram liquidez just-in-time
Juros altos radicalizam assimetrias macroeconômicas em torno de objetivos naturalmente díspares mas desejáveis, ironicamente sintetizados na tríade impossível perseguida por todas as escolas econômicas. A saber: simultaneamente sustentar o crescimento, estabilizar o câmbio e controlar a inflação. “Mais que uma defasagem específica entre reservas e passivo externo, a crise põe em xeque a tese de que a liquidez mundial tornaria desnecessário adotar o controle de capitais para estabilizar o crescimento”, explica professora Daniela Prates. Segundo a ortodoxia dos anos 90, a liquidez inerente à desregulação faria do mercado mundial um provedor just-in-time, harmonizando necessidades distintas entre contas correntes, déficits e superávits comerciais.

Sob certas circunstâncias, a panacéia entregou o que prometeu. Mas ao reverter o ciclo de liquidez para uma fuga planetária rumo ao dólar, verificou-se o quanto são frágeis as certezas ideológicas que menosprezam circunstâncias e contradições históricas. No Brasil, a exemplo do que ocorre em muitos países, o caos calmo expresso no passivo externo líquido pode transformar-se em tempestade tropical. “Reverter esse quadro em plena crise, naturalmente, é muito complicado”, admite Daniela Prates. Ainda que alguns avanços ocorram nas cúpulas internacionais, nenhum país escapará, porém, da necessidade de adaptar a agenda da regulação ao seu idioma e circunstância. Desde já o Brasil precisa decidir em que medida vai manter seu destino amarrado a um trem sem trilhos que justamente por isso mostrou-se capaz de descarrilhar o mundo.
http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... ost_id=646[/spoiler]
Eis aqui umas boas noções para quem quer entender os problemas do Brasil e o porquê de não ter havido "avanço" nenhum no Governo Lula, aqui só mostra que ele foi parte de um processo que vem como uma tendência mundial desde a década de 80.
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Inflação: a mesma desculpa de sempre!


Para um leitor desatento das páginas de economia dos grandes meio de comunicação, aparece como um consenso generalizado a “necessidade inescapável” de, mais uma vez, aumentar a taxa oficial de juros.

Paulo Kliass

Nos próximos dias 18 e 19 de janeiro reúne-se a diretoria do Banco Central, sob a presidência de Alexandre Tombini, para realizar o primeiro encontro do Comitê de Política Monetária (COPOM) no mandato da Presidenta Dilma. Como ocorre em todo evento a cada 45 dias, figura em pauta a definição da taxa oficial de juros - a SELIC, atualmente no patamar de 10,75% ao ano.

O mercado financeiro está em plena agitação, como sempre. Mas as apostas agora ganham em expectativa, uma vez que existe uma incerteza generalizada quanto à capacidade de Dilma Roussef manter seu compromisso à época da campanha eleitoral de reduzir a taxa de juros vigente em nosso País e trazê-la para níveis mais, digamos assim, “civilizados”... Ou seja, os desejos pesados do capital financeiro se manifestam por meio da divulgação de consultas e relatórios de empresas e indivíduos que têm interesse na continuidade dessa política monetária irracional e irresponsável. Para um leitor desatento das páginas de economia dos grandes meio de comunicação, aparece como um consenso generalizado a “necessidade inescapável” de, mais uma vez, aumentar a taxa oficial de juros.

O argumento evocado pelos agentes que operam no mercado financeiro é o de sempre: os riscos apresentados pelas informações disponíveis a respeito da economia de que a meta de inflação anual escape do controle governamental. Não custa aqui recordar alguns elementos básicos para compreender a essência de tal raciocínio. O regime atual de estabilidade macroeconômica pressupõe a existência de uma meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) . Hoje em dia ela está fixada em 4,5% ao ano, com uma margem de tolerância de 2% para cima ou para baixo. Ou seja, enquanto a inflação estiver situada entre 2,5% e 6,5% ao ano, a situação estaria dentro do intervalo esperado. Assim, caso haja uma tendência de elevação dos preços superior a tal meta anual, a solução usada até o momento tem sido, fundamentalmente, a de aumentar a taxa SELIC, de forma a promover uma elevação generalizada dos juros na economia e se obter como resultado uma redução no volume de consumo agregado, do conjunto da sociedade.

Mas afinal, por que tanta preocupação assim com a inflação, poderão perguntar alguns? Pois é, a coisa é mais complicada do que aparenta. Vamos aos poucos. De acordo com os dados preliminares do Censo 2010, a nossa pirâmide populacional apresenta por volta de 26% de pessoas com até 16 anos de idade. Isso significa dizer que 50 milhões de brasileiros, do total de 191 milhões, nasceram após 1994. A conclusão é que aproximadamente 1 em cada 4 brasileiros nasceu após o advento do Plano Real. Trata-se de uma parcela importante de nossa gente, para quem a normalidade cultural e comportamental inclui o sentido de viver em um ambiente social e econômico de preços estáveis. Para essa geração, inflação baixa e sob controle é o padrão. Porém, são crianças e jovens adolescentes, a grande maioria deles ainda dependentes dos pais e da família para efeito de assegurar a renda para a sobrevivência e o consumo.

Já os demais 141 milhões de indivíduos experimentaram, de uma forma ou outra, os períodos anteriores ao Plano Real e sentiram em sua própria pele os efeitos perversos de viver em um ambiente de preços em constante elevação acelerada e mesmo de hiperinflação. A história é longa e tortuosa – fiquemos nas últimas 5 décadas. Depois do golpe militar de 1964, a reforma monetária de 1967, com a perda de 3 zeros do “cruzeiro” da época e a criação da nova moeda - o “cruzeiro novo” ( na verdade, as cédulas antigas ganharam um carimbo com o novo valor e novo nome). Logo após, em 1970 o “cruzeiro novo” ganha cédula nova e vira simplesmente “cruzeiro”. Em 1986, após 16 anos de inflação elevada e perda do valor da moeda, o Plano Cruzado cria a moeda de mesmo nome – o “cruzeiro” perdia 3 zeros e cada 1.000 “cruzeiros” passavam a valer 1 “cruzado”. Em 1989, nova reforma monetária e cada 1.000 unidades do recente “cruzado” passavam a valer 1 ”cruzado novo”, nova moeda criada naquele momento. Pouco mais de um ano depois, no início de 1990, com o Plano Collor, a reforma monetária reintroduz o nome “cruzeiro” para a nossa moeda, sem perdas de zeros. E em agosto de 1993, o então recente “cruzeiro” vê-se transformado em “cruzeiro real”, para logo em seguida efetivar-se a transformação no nosso atual “real” por meio das tabelas de conversão da Unidade Real de Valor (URV). Ufa!

Ora, é mais do que compreensível o receio da maioria da população com relação a eventual volta aos cenários pré 1994. Quem viveu sob a égide do crescimento diário dos preços e sofreu as conseqüências de tal processo reconhece a importância do ambiente de estabilidade de preços.

Principalmente, aqueles que vivem de remuneração de seu próprio trabalho ou de aposentadoria e têm menor capacidade de se proteger da perda contínua do valor monetário do dinheiro guardado fora da esfera financeira.

Apenas a título de comparação: entre 1995 e 2010, a média da inflação oficial (IPCA) foi de 7,6% ao ano. No período mais recente, entre 2003 e 2010, a média anual caiu para 5,7%. Porém, nos 4 meses que antecederam o Plano Collor (dez/89 a mar/90), a inflação acumulada superou a marca de 700%. Apenas nos 31 dias daquele março ela foi de 82%. Já nos 12 meses que antecederam ao Plano Real, a inflação acumulada foi superior a 5.000%. Realmente, a diferença para os tempos atuais é enorme e significativa!

Por mais contraditório que possa parecer, o fenômeno da inflação é carregado de forte abstração. Ou melhor, encerra em si mesmo uma contradição: o elemento real/concreto, ao mesmo tempo em que explicita um aspecto ideal/abstrato. O concreto refere-se ao efeito gerado pelo crescimento dos preços em si mesmo, à capacidade de transformar o montante da moeda em mercadoria, ao volume das compras que podem ser efetuadas a cada momento com aqueles recursos. É a sensação bem objetiva que a sabedoria popular denomina como “sentir no próprio bolso” as conseqüências da inflação. É palpável, é real. Os preços do pão, do leite, do ônibus, da gasolina, da batata, do tomate, do telefone, da televisão, do aluguel sobem. Tudo aumenta de preço. E, mais uma vez, a sabedoria popular explica melhor com a imagem da “falta de salário no final do mês”.

No entanto, a inflação é também sintetizada por um número, por um índice. E tal movimento implica um elevado grau de abstração. Na verdade, busca-se a síntese de um fenômeno generalizado de elevação de preços no conjunto da economia para algo que se expressa sob a forma de um x % ao ano, de um y % ao mês e, às vezes, até mesmo de um z % ao dia. E aqui reside um aspecto essencial: esse de conglomerar, adensar num único número um fenômeno carregado de significados que tangenciam o econômico, o social, o cultural.

O fato é que cada indivíduo, cada família ou cada empresa apresenta um padrão de consumo diferenciado. E isso também varia de acordo com as características regionais (a cesta de consumo de uma família no Sul ou no Nordeste), com as características de renda (padrão de consumo da chamada classe A versus a classe C, por exemplo), com o tipo de empresa considerada (compradora de matérias-primas, mais intensiva em capital ou trabalho, etc). E a lista das diferenças é praticamente inesgotável: moradia própria ou pagamento aluguel; veículo próprio ou uso de transporte público; família morando em ambiente urbano ou rural; consumo nas regiões metropolitanas das capitais ou em pequenos municípios do interior; matrícula dos filhos em escola pública ou privada; uso de serviços de saúde do SUS ou pagamento de plano de saúde privado; etc, etc, etc.

Assim, quando se depara com o número “oficial” da inflação do período, cada agente econômico vai se sentir mais ou menos identificado com aquela referência. Exatamente por ser uma média, tal índice opera como se fosse uma abstração. Para tentar mapear o comportamento de forma mais específica e detalhada, aos poucos foi sendo desenvolvido um conjunto amplo de indicadores que buscam dar conta de tal diversidade de situações. E quem se atrever a correr atrás vai se deparar com uma verdadeira sopa de letrinhas, tanto para as siglas dos índices (em geral começam com a letra “I”...) como para as instituições que os elaboram. Alguns exemplos:

INPC (IBGE) – Índice Nacional de Preços ao Consumidor (1 a 6 salários mínimos)
IPC (FIPE/USP) – Índice de Preços ao Consumidor – município de São Paulo
IPC (FGV) – Índice de Preços ao Consumidor
IPC - S ( FGV) – Índice de Preços ao Consumidor - semanal
IPCA (IBGE) – Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (1 a 40 salários mínimos)
IPCA – 15 (IBGE) - Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (entre dias 15 de cada mês)
IGP - DI (FGV) – Índice Geral de Preços - disponibilidade interna
IGP - M ( FGV) - Índice Geral de Preços - mercado
ICV - SP (DIEESE) – Índice de Custo de Vida – município de São Paulo.
INCC (FGV) – Índice Nacional da Construção Civil
IPA (FGV) - Índice de Preços por Atacado
IPA - M (FGV) - Índice de Preços por Atacado - mercado

Como a apuração de cada índice resulta em um número diferente para a inflação do período, dependendo do indicador utilizado há perdas ou ganhos relativos. É conhecido o fato dos contratos das prestadoras de serviços públicos pós privatização terem sido reajustados pelo IGP-M, que apurava índices mais elevados do que a inflação oficial e dos reajustes salariais. Resultado: transferência de renda da maioria da população para um grupo restrito de empresas privadas.

Uma sofisticação importante foi a elaboração dos índices que incorporam os produtos importados e a pesquisa dos preços no atacado. Assim, por exemplo, pode-se avaliar se a inflação em um certo momento tem determinantes externos importantes, como a alta no preço do petróleo, do minério de ferro, da soja e outras bens chamados “commodities” no mercado internacional, sobre os quais a demanda brasileira não tem nenhuma capacidade de atuar – a não ser por meio da taxa de câmbio. Ou então, pode-se captar alguma tendência de elevação futura quando os preços no atacado apresentam alta. Isso significa que os insumos serão processados ou os estoques vendidos já num patamar de preços mais elevado, quando chegarem na ponta para o consumidor final.

E as diferenças continuam: a FGV divulgou que o IGP-DI para 2010 ficou em 11,3%. Mas a o IBGE informou que a inflação medida pelo IPCA para o mesmo período ficou em 5,9%. Por um lado, mais perdas para quem vive da remuneração de seu trabalho. Por outro, maior pressão do mundo financeiro sobre o governo para aumentar a taxa de juros na reunião do COPOM.

E termino com a pergunta que não quer calar: mas afinal, no frigir dos ovos, qual foi mesmo a inflação do Brasil ao longo do ano passado?


Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.
http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... na_id=4922




Isso aqui deveria interessar a todo mundo que se arrisca a dar palpites sobre a política e a economia brasileira.

Resposta ao Emir: a inflação ficou em 5,91%. Questão: por que então aumentar a taxa de juros? Essa é a pergunta que não se responde.

Índice de Inflação noticiado:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... 0_rp.shtml
http://diariodigital.sapo.pt/dinheiro_d ... ews=150289

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Re: Economia

Mensagem por E.R » 07 Jan 2011, 23:37

O presidente do BC vai aumentar os juros na próxima reunião, não ? Para conter a inflação. Aliás, o trabalho conjunto do Mantega e do Alexandre deve visar o aumento do dólar e a contenção da inflação, acredito.
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Re: Economia

Mensagem por Scopel » 07 Jan 2011, 23:59

Vai aumentar, mesmo a inflação tendo ficado dentro da meta. Estranho né?

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Re: Economia

Mensagem por Scopel » 10 Jan 2011, 20:32

"Assassino econômico" narra como capitalismo predador fabrica crises financeiras
Ele confessa, foi um "assassino econômico". O título era pomposo - Economista-Chefe, mas na verdade John Perkins era membro de uma elite de "matadores de aluguel", cuja função é enganar e saquear o Terceiro Mundo. Para esse pessoal, vale tudo. Como parte do job, identificar países com recursos cobiçados pelas corporações onde trabalham, visitá-los e convencer seus líderes a aceitar empréstimos impossíveis de pagar, a privatizar bens e a vender os produtos cobiçados por um preço de pechincha. Quem não entra no jogo, morre.

O sucesso dessa ação predadora no Terceiro Mundo foi tão grande que tubarões corporativos, famintos por mais grana, resolveram aplicar a mesma fórmula nos Estados Unidos e no resto do planeta. O resultado o mundo já conhece: o recente desastre financeiro global. Em "Enganados: um assassino econômico revela por que os mercados financeiros do mundo implodiram e o que é necessário para reconstrui-los" (Cultrix), Perkins não deixa pedra sobre pedra e conta tudo o que sabe sobre esse criminoso capitalismo predador.

Para John Perkins, essa é a causa real do colapso do setor bancário, da maré de desemprego, da quebra dos pequenos negócios, da crise mundial. Arrogância, ganância, falta de escrúpulos e má administração "levaram a essa situação limite", diz. Segundo ele, esse tipo de "business" é uma forma deturpada de geopolítica e capitalismo, "que estimula uma exploração geral de muitos para beneficiar uma minoria" já muito rica. Depois de ir fundo demais, ele saltou desse ninho de cobras e dedica seu tempo agora a mostrar como fomos enganados.

Como uma imensa nuvem redemoinhando em volta do globo, conglomerados famintos por dinheiro a qualquer custo atingem cada continente, país e vilarejo. Segundo Perkins, embora muitos estejam sediados nos Estados Unidos, eles não devem lealdade a país nenhum. Vão aonde há recursos que cobiçam: China, Taiwan, Israel, Brasil, Austrália, Rússia, Indonésia, Congo, países árabes. Esse mundo tem como mantra "bom governo é menos governo". No rastro desses "modernos barões ladrões", como diz o autor, resta só miséria.

No livro, o economista dá nomes aos bois e cita exemplos históricos. O caso do Equador é um clássico, diz ele, "mas é só um entre muitos". Ao longo dos anos, corporações multinacionais, bancos internacionais e CIA trabalharam juntos, nos bastidores, para levar ao poder ditadores como o Xá do Irã, Suharto da Indonésia, Augusto Pinochet do Chile, Anastasio Somoza da Nicarágua, Anwar Sadat do Egito, só para citar alguns nomes. Todos deixaram seus países afogados em dívidas e fizeram alguns ricos ainda mais ricos pelo mundo.

http://www1.folha.uol.com.br/livrariada ... iras.shtml


O Golpe de 1964 no Brasil é outro desses casos citados no parágrafo final.

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Re: Economia

Mensagem por E.R » 19 Jan 2011, 23:57

G1

. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, colegiado formado pela diretoria e presidente da autoridade monetária, subiu a taxa básica de juros de 10,75% para 11,25% ao ano na primeira reunião do governo Dilma Rousseff.


Ao fim do encontro do Copom, o BC divulgou a seguinte frase: "O Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 11,25% ao ano, sem viés, dando início a um processo de ajuste da taxa básica de juros, cujos efeitos, somados aos de ações macroprudenciais, contribuirão para que a inflação convirja para a trajetória de metas".
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Re: Economia

Mensagem por Scopel » 20 Jan 2011, 02:01

Viram só por que o Brasil está como está? Viram por que vai ter que ter reforma da Previdência, porque o salário mínimo aumenta tão pouco, porque gente morre soterrada todo ano e ninguém faz nada, porque a violência é crescente e a educação e a saúde decrescente?

Não sobre dinheiro meus amigos. O dinheiro está escoando pelos juros da dívida e ninguém fala nada. Depois eu que sou esquerdista, comunista e radical.

Essa é a política da direita, que vocês tanto defendem.

OBS: esse ano vai ter corte nos gastos públicos na ordem de 8 bilhões. Por que será? Saldo: menos escolas, menos hospitais, mais violência, menos emprego, menos industria nacional.

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Re: Economia

Mensagem por E.R » 20 Jan 2011, 04:00

http://www.destakjornal.com.br/readCont ... d=15,84904

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. A brasileira TAM e a chilena LAN acertaram ontem as condições definitivas para a fusão das companhias aéreas, plano que foi anunciado em agosto passado.

A família Amaro, que controla a TAM, terá 13,67% do capital da já batizada Latam. A família Cueto, dona da LAN, terá 24,07% na empresa resultante da fusão. Um acordo de acionistas, contudo, permitirá o controle compartilhado da nova empresa.

A expectativa é que a operação de fusão leve entre seis e nove meses para ser finalizada. A união resultará num grupo que será uma das dez maiores empresas aéreas do mundo, oferecendo serviços em mais de 115 destinos e empregando mais de 40 mil pessoas.

A TAM diz que ainda não é possível informar se os programas de milhagem das empresas se juntarão após concretizada a fusão.
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Re: Economia

Mensagem por Scopel » 20 Jan 2011, 12:07

Duas lógicas: rentista e a do desenvolvimento



Índice de preços de alimentos da FAO estava na marca de 140 em março de 2009; bateu em 215 em dezembro de 2010; encontra-se acima dos níveis recordes registrados na bolha de 2008. Estoques são curtos, mas não há escassez de alimentos que justifique o aumento.

Alta especulativa no plano internacional pressiona inflação doméstica urbi et orbi pela equiparação entre valor exportado e vendas internas.

No Brasil, 'mercados' [sic] pressionam para combater a distorção internacional com outra igualmente nefasta: nova escalada de aumento dos juros (pode ser iniciada a partir de hoje pelo Banco Central) 'para evitar que o choque vindo de fora ganhe corpo e se dissemine nos demais preços' [sic]. Juros altos soterram o crescimento e o emprego.

Na Argentina, governo progressista de Cristina Kirchner determinou cotas de exportações para alimentos. Sem alternativa de colocar toda safra no exterior, produtores têm que vender no mercado interno a preços mais baixos, fixados pelo setor público. O 'agrobusiness' quer escalpelar Cristina Kirchner. Mas a população e a economia ficam preservadas da lógica predatória imposta pela supremacia das finanças desreguladas.”

Leia mais:
O ESTADO DAS COISAS
E O 'AJUSTE' PRIORITÁRIO

"Já superamos aquela etapa que predominou nos anos 80 e 90 em que a meta do Brasil era o ajuste fiscal permanente. Hoje, o tema central é o desenvolvimento. O ajuste fiscal não pode ser um fim em si mesmo. É um meio para sustentar o desenvolvimento de um país. Nesse sentido, não tenho dúvida que é plenamente possível haver ajustes nas finanças públicas, especialmente naquelas áreas cujo gasto é improdutivo para o país. O Brasil gasta demasiadamente com juros. O País compromete de 5% a 6% do PIB pagando juros da dívida interna (...) O que me preocupa em utilizar os juros para enfrentar a inflação é que a política monetária tem um efeito generalizado na economia, e não ataca apenas os setores que estão com problemas. Existe um arsenal de outras políticas que poderiam atuar mais focadamente... " (Marcio Pochman, no Estadão de 16/01. Nesta terça-feira, 18/01, o BC se reúne para decidir sobre a
taxa de juro. O'mercado' quer aumento)
http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... ost_id=652

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Re: Economia

Mensagem por Antonio Felipe » 31 Jan 2011, 14:42

ESTADÃO

A gigante americana Exxon contabilizou como perdas, em seu balanço do quarto trimestre de 2010, dois poços perfurados no pré-sal da Bacia de Santos, alegando que não contêm reservas comerciais de óleo ou gás natural. Depois de três poços perfurados na região, a empresa e seus sócios parecem ter desistido de tentar encontrar óleo, em um caso que pode se configurar o primeiro grande fracasso na exploração do pré-sal brasileiro.

A Exxon é operadora do bloco BM-S-22, onde tem parceria com a também americana Hess e com a Petrobrás. A concessão, ao sul das descobertas Carioca e Guará, da estatal, era apontada como uma grande aposta no pré-sal, por estar perto de uma gigantesca estrutura geológica conhecida como Pão de Açúcar. O último poço da Exxon, Sabiá-1, por sinal, foi perfurado na porção da sul do bloco, com o objetivo de atingir essa jazida.

“Foram encontradas quantidades não comerciais de hidrocarbonetos no poço Sabiá-1″, confirmou a Exxon, em comunicado oficial. Os dois poços anteriores também foram reconhecidos em balanço como despesa, uma vez que não atingiram jazidas comerciais de petróleo. A companhia não informou se devolverá a concessão, limitando-se a dizer que vai atuar com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e com os sócios para “definir os próximos passos do nosso plano de avaliação do bloco”.

O plano de avaliação do bloco previa a perfuração inicial de até quatro poços - um firme e três contingentes, a serem definidos após o andamento dos trabalhos. Fontes próximas a operações no pré-sal, porém, não acreditam que o consórcio vai investir no quarto poço. “As empresas já gastaram uns US$ 400 milhões e não obtiveram resultado. É difícil que continuem insistindo”, diz um executivo do setor. O período exploratório do BM-S-22 termina em 2014.

De fato, segundo informações divulgadas pela Hess, apenas os dois últimos poços custaram cerca de US$ 250 milhões - a empresa contabilizou perdas de US$ 111 milhões, equivalente à sua participação de 40% no projeto.

A expectativa é que as companhias mantenham a concessão por mais um período, à espera de novas informações coletadas pela Petrobrás em seu intenso trabalho de exploração na Bacia de Santos, comenta uma fonte, e decidam pela devolução ou não do bloco mais perto do fim do prazo exploratório.

De acordo com uma fonte, a última esperança do consórcio era encontrar um pedaço da estrutura de Pão de Açúcar, que fica ao sul do BM-S-22, em área ainda não concedida do pré-sal. A região deve ser o próximo alvo da ANP no esforço de encontrar jazidas para os leilões dos contratos de partilha da produção - trabalho que já rendeu as descobertas de Franco, vendida à Petrobrás, e Libra, que vai a leilão.

O BM-S-22 é o único bloco de águas ultraprofundas na Bacia Santos operado por uma empresa privada. O restante é operado pela Petrobrás, mas tem participação de companhias estrangeiras. A estatal já anunciou reservas estimadas em cerca de 14 bilhões de barris de petróleo na região, em descobertas como Lula (antigamente chamado de Tupi), Iara e Guará.

A Exxon, porém, não é a única a obter maus resultados em busca de petróleo do pré-sal. A britânica BG também fracassou no poço Corcovado 2, perfurado no bloco BM-S-52, a oeste das grandes descobertas da Petrobrás. A estatal, porém, continua mantendo grande índice de sucesso na região - na terça-feira, anunciou mais uma descoberta, chamada Carioca Nordeste.
Curioso, não?
O governo descobrindo toda hora um poço novo... E querem deixar que só a Petrobras explore essa área... Por que será?
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Scopel
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Re: Economia

Mensagem por Scopel » 31 Jan 2011, 15:30

Você quer que o petróleo brasileiro seja explorados por empresas privadas (leia-se estrangeiras)?

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