Como seria as séries CH no Brasil se o SBT tivesse mantido o boicote em 1984?

[Billy Drescher]

Chaves ia ser tapa buraco de programação como todos os programas similares que perdem força ao longo dos anos.

[Sargento Refúgio]

Eu desconfio muito dessa história de boicote de executivos. Quando eles estavam fazendo teste de dublagem para CH em 83 o Spectreman estava no ar e é um seriado não-norteamericano com um controle de qualidade sub-CH. Este aliás contava com a dublagem aloprada MAGA/Elenco.

Para mim a entrada de CH ameaçava os muitos programas de humor existentes da casa, Alegria 84, Feira do Riso, Show Riso, mas esta é outra história.

Realmente é algo notável a diferença de qualidade dos humorísticos brasileiros da época comparado com as séries CH, que tinham um humor muito mais "refinado" e com texto muito mais rico e elaborado que qualquer programa brasileiro. Talvez o Chico Anysio era o que mais chegasse perto na qualidade da sátira e roteiros - por isso até considero o humor dele muito mais semelhante e comparável com o de Chespirito do que os Trapalhões que muitos dizem, que era quase 100% pastelão (que também tem em CH, mas era mais dosado) e de piadas textuais e histórias era bem mais fraco. Não duvido mesmo que os executivos perceberam que "esse seriado bobo de adulto vestido de criança em cenário de isopor" não era tão ruim quanto eles pensavam e esse suposto boicote pode ter até acontecido em algum ponto. Ainda bem que viram que não tinha como controlar o sucesso inevitável de CH - que muito deve a iniciativa do SBT comprar e exibir, mas principalmente pela qualidade dos programas - e acabaram "se rendendo".

Sem a introdução a CH feita pelo SBT, nenhum produto do Chespirito alcançaria o Brasil. Do mesmo modo que o brasileiro não sabe quem é o Benny Hill ou só conhece o Eddie Murphy e Chevy Chase por conta dos filmes pois SNL nunca chegou por aqui.

Outro exemplo interessante de comentar também seria o Chris Rock, que é um dos maiores comediantes do Stand-Up americano e por aqui no Brasil ficou mais famoso por Todo Mundo Odeia o Chris - graças as reprises excessivas mas também pela qualidade da série - do que pelos seus vários outros trabalhos.

[Peter Griffin]

Simples: nada disso ia existir

[Chamone]

Outro exemplo interessante de comentar também seria o Chris Rock, que é um dos maiores comediantes do Stand-Up americano e por aqui no Brasil ficou mais famoso por Todo Mundo Odeia o Chris - graças as reprises excessivas mas também pela qualidade da série - do que pelos seus vários outros trabalhos.

'Todo Mundo Odeia o Chris' e 'Um Maluco no Pedaço' só chegaram aqui porque o humor norte-americano furou barreiras culturais há décadas.

O único outro humorista não norte-americano além do Chespirito que se tornou mania por aqui (como produto de TV), foi o Inglês Mr. Bean e em grande parte porque ele é mudo. Traduzir humor entre culturas é difícil.

CH não iria chegar nunca ao Brasil se não fosse pelas aventuras do Silvio. Mesmo com a Televisa forçando seu caminho aqui no Brasil por outros meios.

[BazzoNatalino]

Outro exemplo interessante de comentar também seria o Chris Rock, que é um dos maiores comediantes do Stand-Up americano e por aqui no Brasil ficou mais famoso por Todo Mundo Odeia o Chris

Conheço gente que nem sabia que Chris era baseado em uma pessoa real.

[lucasdb]

A maioria nem sabe que é o Chris Rock no episódio Todo Mundo Odeia o Orientador

[Sargento Refúgio]

'Todo Mundo Odeia o Chris' e 'Um Maluco no Pedaço' só chegaram aqui porque o humor norte-americano furou barreiras culturais há décadas.

O único outro humorista não norte-americano além do Chespirito que se tornou mania por aqui (como produto de TV), foi o Inglês Mr. Bean e em grande parte porque ele é mudo. Traduzir humor entre culturas é difícil.

CH não iria chegar nunca ao Brasil se não fosse pelas aventuras do Silvio. Mesmo com a Televisa forçando seu caminho aqui no Brasil por outros meios.

Interessante que séries CH tem muitos elementos que conversam com a cultura e a realidade brasileira, apesar de tambem ter elementos atemporais e universais, por ser um produto Latino-Americano acho até mais fácil ter essa identificação : Semelhanças culturais, sociais, econômicas, de costumes, crenças, etc...sem contar a dublagem MAGA que foi a cereja do bolo nas adaptações regionais também. Já o Mr.Bean diria que foi um caso até mais atípico de fazer sucesso aqui por ser um humor tipicamente Inglês, que é bem diferente : mais "cínico" e mais "frio" que a comédia brasileira, latino-americana, estadunidense, etc. Mas também acho que por ser "mudo" facilitou muito esse sucesso aqui no Brasil.

E tem a história do Monty Phyton, que é algo mais de nicho aqui no Brasil e creio que nunca faria o sucesso televisivo que as séries CH, Um Maluco no Pedaço, Todo Mundo Odeia o Chris, Mr.Bean, etc. fizeram por ser um humor exclusivamente inglês e com referências bem mais "fechadas" à realidade brasileira. Mas digo que aqui conseguiu ser bem adaptado à nossa cultura com programas como TV Pirata, Casseta e Planeta, Hermes e Renato que beberam muito dessa fonte (Hermes e Renato consegue até ser mais genial que o próprio Monty Phyton na minha opinião ).

Já os Polivoces, apesar de também ser do mesmo país que CH, tinha um humor mais datado e muito mais restrito a referências da cultura popular e de coisas exclusivamente mexicanas : Programas de TV, personalidades históricas, artísticas, da mídia, políticos, cantores...Tanto que a Televisa nem quis saber de comercializar e exportar os programas para outros países.

[SBBHQK]

Se CH não tivesse chegado através do SBT, acredito que CH seria exibido na televisão de qualquer forma por algum canal, como Band ou Manchete, mas iria passar apenas uma única vez na TV (talvez nos anos 90) e iria ser esquecida com o passar dos anos. E muito provavelmente, este fórum não existiria.

E vale lembrar do contexto cultural do humor nos anos 1980. No Brasil, o tipo de humor que mais fazia sucesso era o estilo de humor dos Trapalhões. O Brasil precisava de algo que tivesse esse estilo de humor, e CH foi um concorrente mexicano do SBT ao que os Trapalhões faziam na Globo.

[Corpo do Benito]

Chaves só chegou no Brasil graças a Silvio Santos

Isso aí não era lenda?

A lenda: Chaves chegou como "brinde".

A verdade: Silvio Santos descobriu El Chavo e mandou o cunhado ir até a casa do Bolaños pra comprar a série.

[Barbano]

A lenda: Chaves chegou como "brinde".

A verdade: Silvio Santos descobriu El Chavo e mandou o cunhado ir até a casa do Bolaños pra comprar a série.

Me parece uma versão um tanto romantizada. Acho bem sem sentido irem à casa do Roberto em vez de procurarem a Televisa.

[Odorico Paraguaçu]

A lenda: Chaves chegou como "brinde".

A verdade: Silvio Santos descobriu El Chavo e mandou o cunhado ir até a casa do Bolaños pra comprar a série.

Me parece uma versão um tanto romantizada. Acho bem sem sentido irem à casa do Roberto em vez de procurarem a Televisa.

pois é, né? Com certeza eles iriam se preocupar em falar com o Chespa antes, confia.

Eu desconfio muito dessa história de boicote de executivos. Quando eles estavam fazendo teste de dublagem para CH em 83 o Spectreman estava no ar e é um seriado não-norteamericano com um controle de qualidade sub-CH. Este aliás contava com a dublagem aloprada MAGA/Elenco.

Para mim a entrada de CH ameaçava os muitos programas de humor existentes da casa, Alegria 84, Feira do Riso, Show Riso, mas esta é outra história.

Realmente é algo notável a diferença de qualidade dos humorísticos brasileiros da época comparado com as séries CH, que tinham um humor muito mais "refinado" e com texto muito mais rico e elaborado que qualquer programa brasileiro. Talvez o Chico Anysio era o que mais chegasse perto na qualidade da sátira e roteiros - por isso até considero o humor dele muito mais semelhante e comparável com o de Chespirito do que os Trapalhões que muitos dizem, que era quase 100% pastelão (que também tem em CH, mas era mais dosado) e de piadas textuais e histórias era bem mais fraco. Não duvido mesmo que os executivos perceberam que "esse seriado bobo de adulto vestido de criança em cenário de isopor" não era tão ruim quanto eles pensavam e esse suposto boicote pode ter até acontecido em algum ponto. Ainda bem que viram que não tinha como controlar o sucesso inevitável de CH - que muito deve a iniciativa do SBT comprar e exibir, mas principalmente pela qualidade dos programas - e acabaram "se rendendo".

já que você citou as semelhanças dos programas do Chespa com as do Chico Anysio tem uma coisa bem notável também que é que pelo programa ser obviamente deles, eles sempre eram os protagonistas de cada quadro, claro que nesse quesito de quem fez mais personagens o Chico Anysio fez mais e logicamente era mais variado também em questões da voz pra cada personagem, mas isso não tira o brilho do Chespa pois o Chespa praticamente escrevia os seus roteiros sozinho enquanto o Chico Anysio já tinha uma extensa lista de redatores.

[Chamone]

Tem um problema aí. Chaves e Chapolin se aproximam mais do formato sitcom. Chaves é mais sitcom do que Chapolin no entanto.

Daí estão misturando laranjas e maçãs na comparação pois comparam programas de esquete com sitcom. O Brasil não tinha tradição em sitcoms, então virtualmente não havia nada comparável de produção nacional na estreia de CH no Brasil.

É muito interessante pensar que o Chespirito ficou menos de uma década neste formato, que foi o que o consagrou.

O formato de esquete desvaloriza qualquer qualquer tipo de criação. Não só o orçamento e esforços de produção são fatiados como não sobra tempo para desenvolver personagens e histórias. Por isso que as cena do Chaves deixando a vila, e a fonte dos desejos ser uma bacia nos anos 80 são tão patéticas.

[Sargento Refúgio]

Eu não estava falando nessa questão de ser sitcom ou programa de esquetes até porque na época o Brasil não tinha essa tradição de sitcoms, tinham pouquíssimas nesse contexto dos anos 80: a versão original de A Grande Família, A Família Trapo, O Bronco, essas duas últimas estavam mais pra um programa de humor "teatral" gravado com platéia. O que chegava mais próximo de sitcom se referindo ao Chico Anysio era o Chico City, que também era praticamente um conjunto de pequenas esquetes dentro de um enredo principal.

Eu estava me referindo a qualidade técnica de escrita mesmo : de timing, de piadas mais elaboradas, de referências populares e também das atuações, da direção...os programas humorísticos aqui eram muito mais "chucros" nesse quesito - A Praça da Alegria/é Nossa, Os Trapalhões, Viva/Veja o Gordo, O Planeta dos Homens, Chico Anysio Show, etc. - e eu adoro todos esses, mas é gritante a diferença de qualidade de escrita comparada com a do Chespirito, mesmo esses contando com muito mais redatores. O meu ponto principal é que na época não tinha nada no Brasil que chegava perto dessa sofisticação que tinha na escrita dos humorísticos mexicanos do Pequeno Sheakspeare. E falando dessa questão de "enxugamento" de recursos em programas de esquetes ao comparados com sitcoms : é inegável que mesmo com o encerramento das séries independentes e volta do programa Chespirito, a escrita do Roberto manteve boa parte dessa qualidade mesmo com supostos investimentos e orçamentos menores, até mesmo nos remakes mal-adaptados e feitos nas coxas.

Mas longe de querer analisar piada igual se faz estudo acadêmico, pois o próprio Chico Anysio já dizia que só existem dois tipos de piadas : as engraçadas e as sem-graça.

[Willianch]

Me pergunto se CH teria o mesmo nível de sucesso hoje se tivessem exibido tudo apenas entre 84 e 92.

Chaves, Pica-Pau, Todo Mundo Odeia o Chris, todas essas séries icônicas no Brasil tem uma coisa em comum: saturação. Em outros países que não tem esse costume de reprisar enlatados por décadas, essas séries fazem menos sucesso e geralmente só a geração que assistiu na época lembra.

Mas é aí que tá o "x" da questão. Essas séries foram/são exibidas até chegar ao nível da saturação por fazerem sucesso ou fizeram/fazem sucesso por causa da saturação?

[Sargento Refúgio]

Me pergunto se CH teria o mesmo nível de sucesso hoje se tivessem exibido tudo apenas entre 84 e 92.

Chaves, Pica-Pau, Todo Mundo Odeia o Chris, todas essas séries icônicas no Brasil tem uma coisa em comum: saturação. Em outros países que não tem esse costume de reprisar enlatados por décadas, essas séries fazem menos sucesso e geralmente só a geração que assistiu na época lembra.

Mas é aí que tá o "x" da questão. Essas séries foram/são exibidas até chegar ao nível da saturação por fazerem sucesso ou fizeram/fazem sucesso por causa da saturação?

Acho que as duas coisas.