https://www1.folha.uol.com.br/poder/202 ... edes.shtml
Um grupo de apoiadores de Lula (PT) tem repetido algumas das táticas dos militantes digitais bolsonaristas, como a publicação de informações distorcidas ou falsas, além de ataques a jornalistas.
Alguns desses influenciadores chegaram a ser recebidos pelo próprio Lula em um café da manhã no Palácio do Planalto.
Além de defenderem o governo nas redes, eles usam uma tática de contra-ataque em momentos de desgaste, usando para isso, por exemplo, mentiras contra a família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para desviar o foco.
Um dos alvos das fake news dos apoiadores de Lula é a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
A cada notícia de benefícios e privilégios envolvendo Lula, é contra ela que se volta a carga dos ataques.
Quando a Folha revelou que o governo havia comprado um sofá de R$ 65 mil e uma cama de R$ 42 mil para o Palácio da Alvorada, essa milícia digital pró-Lula espalhou sem provas a versão de que a família Bolsonaro havia sumido com os móveis da residência oficial.
O influenciador pró-governo Ronny Teles, que conta com quase 1 milhão de inscritos no YouTube e participou de café da manhã com Lula e a primeira-dama Janja no Planalto, divulgou conteúdo nas redes distorcendo uma declaração da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Michelle Bolsonaro havia publicado um vídeo rebatendo a história sobre o desaparecimento de móveis do Palácio da Alvorada, indicando que usou seus próprios bens para mobiliar o prédio histórico e que depois os teria levado embora.
O influenciador, no entanto, sugeriu no Twitter que Michelle Bolsonaro havia reconhecido que tinha se apropriado de móveis do patrimônio público — algo que a ex-primeira-dama não disse no vídeo.
"Michelle diz que móveis projetados por Oscar e Anna Niemeyer tirados do Alvorada eram seus e critica Lula", escreveu o influenciador Rony Teles.
À Folha, Ronny Teles afirmou que não recebe nenhum privilégio ou repasses do governo Lula. Afirma ser uma "espécie de movimento social, como se fosse uma CUT [Central Única dos Trabalhadores] da internet". E reconhece que tem contato com a Secretaria de Comunicação da Presidência e que recebe material do governo.
O influenciador Thiago Reis também atacou com fake news Michelle Bolsonaro, para rebater as críticas sofridas pela primeira-dama Janja por ter ido a uma loja de luxo em Lisboa.
O influenciador tem 367 mil seguidores no Twitter e atua em um canal no YouTube com 1,2 milhão de seguidores. Thiago dos Reis também usa grande parte de suas postagens para atacar a imprensa e o que chama de "jornalixos".
Muitos influenciadores pró-Lula também frequentemente engrossam teorias conspiratórias em relação à facada contra Jair Bolsonaro, durante a campanha eleitoral de 2018.
A tese fantasiosa da "fakeada", que foi engrossada pelo site Brasil 247, também alinhado ao PT, já foi defendida pelo próprio ministro Paulo Pimenta, da Secom.
Outro influenciador importante é João Antônio Marques, que se apresenta como jornalista e empresário nas redes sociais e tem no perfil uma foto ao lado de Lula. Ele tem mais de 40 mil seguidores, mas o que mais lhe rende repercussão é uma página no YouTube chamada Click Política, administrada por ele.
O canal tem 655 mil inscritos e costuma publicar vídeos sobre os acontecimentos políticos da semana com uma visão alinhada à do governo Lula.
Além disso, há parlamentares e políticos ligados ao PT que têm melhor desempenho nas redes e que desempenham papel relevante na defesa da gestão Lula. Um deles é o deputado federal André Janones (Avante-MG), que chegou a ser pré-candidato à Presidência, mas recuou para apoiar Lula.
De perfil combativo, costuma dar respostas ríspidas e já foi criticado, inclusive por petistas, por recorrer a notícias distorcidas e sensacionalistas sobre seus opositores.
André Janones é o maior propagador de fake news sobre política na internet. E contra ele, os integrantes do TSE (inclusive o todo poderoso Alexandre) não fez rigorosamente nada.