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NOTÍCIAS
CONHEÇA O ZEUHL
A música “apocalíptica” do Magma
Por que penetrar na música "indigesta" da banda francesa

Muitas vezes, o ato de ouvir música ou de apreciar qualquer forma de arte requer uma entrega a sons e sensações diferentes, que a princípio possam ser “desagradáveis” para a pessoa. A “apreciação” de formas de entretenimento comercial não proporcionam isso porque são produtos criados para um prazer fácil, que não desafiam nenhuma concepção estética ou de conteúdo, já que estão submetidos à lógica do que é mais facilmente “vendável”.
A arte que se propõe a ser arte, por outro lado, necessariamente irá desagradar a alguns porque não há como enxergar um desenvolvimento da cultura sem que barreiras estéticas sejam derrubadas e sem que elementos novos sejam introduzidos nas obras.
Toda essa reflexão inicial se faz necessária para introduzir o leitor em uma das bandas mais idiossincráticas, misteriosas e curiosas da história do rock progressivo. O conjunto francês Magma. Liderada pelo seu baterista, compositor e vocalista, Christian Vander, o Magma mostra a importância da determinação de um artista em levar suas concepções até as últimas consequências.
Formada em 1969, desbandada em 1983 e retomada em 1996, a banda é fruto da fase final de um período na música popular em que ainda se podia criar e desenvolver uma arte inovadora e de vanguarda e alcançar algum reconhecimento, ainda que apenas em determinado nicho. Mesmo para os padrões do rock progressivo, a música e as concepções de Vander e dos seus colegas do Magma, soam bastante extremas. Tanto que já ouvi de um colega músico a frase “essa é a banda mais indigesta que já escutei”.
O som mais característico do Magma pode ser encontrado em seu terceiro disco, “Mëkanïk Dëstruktïẁ Kömmandöh” (M.D.K.). Os elementos sonoros característicos estão todos lá: linhas de baixo pulsantes e repetitivas, com bases de piano da mesma forma, arranjos de metais que remetem a música marcial, corais ao estilo de “Carmina Burana”, de Carl Orff (uma importante influência para Vander), composições com mais de 40 minutos de duração e uma história que acompanha e conduz a música.
A característica mais interessante da música do Magma, no entanto, e que merece um comentário mais longo, é o fato de Christian Vander ter criado um idioma próprio para as suas músicas, o Kobaian. A maior parte das músicas são cantadas neste idioma e, para compreender as histórias de seus discos, é preciso procurar dicionários e traduções.
Uma concepção hermética como essa não vem do nada, e todo o conceito por trás das músicas do Magma é, em certo sentido, uma justificativa para que elas sejam feitas num idioma inventado por seu compositor. Existem três sagas de várias partes que conduzem as histórias de suas obras, “Kobaïan” (formada pelo primeiro disco – “Magma” – e pelo segundo, “1001º Centigrades”), “Theusz Hamtaahk” (“tempos de ódio” em Kobaïan, formada pelos discos “Theusz Hamtaahk”, “Mekanïk Destruktïw Kommandöh” ou M.D.K e “Wurdah Ïtah”) e a saga “Köhntarkösz”, formada pelos álbuns “Kohntarkosz Anteria” ou K.A., “Köhntarkösz” e “Ëmëhntëhtt-Ré”.
Não vamos entrar no mérito do que conta cada uma dessas histórias com nomes quase impronunciáveis, no entanto é interessante falar por cima que o cenário da primeira saga trata de um grupo de terráqueos, num futuro distante, que saíram de um planeta Terra pós-apocalipse, e conseguiu viajar para um novo planeta habitável e ali se estabelecer.
O catastrofismo que está por trás das histórias doMagma é um tema típico da fase atual do capitalismo, que enfrenta uma crise terminal, e gera esse tipo de pessimismo, principalmente pela ausência de um movimento revolucionário que dê o indicativo de um caminho.
Além dos álbuns aqui citados, o Magma lançou muitos outros. Nem todos tinham a sonoridade típica dos corais orffianos, dos metais marciais e das composições de mais de meia hora. A partir da segunda metade dos anos 70, a banda lançou discos com sonoridades mais próximas do jazz-rock e outros mais acessíveis. A banda segue em atividade até os dias de hoje, lançando até álbuns com músicas inéditas.
O Magma é uma banda que criou uma das obras mais próprias da história. Não à toa, ela é identificada por muitos em um gênero próprio, chamado Zeuhl, uma palavra do próprio idioma Kobaïan, que quer dizer algo como “som celestial”. É algo que só poderia ter surgido mesmo no contexto do rock do fim dos anos 60. Em tempos de apocalipse (para os capitalistas e burguesia, é óbvio), nada melhor do que o Magma para ser a trilha sonora.
https://causaoperaria.org.br/2022/a-mus ... -do-magma/
A música “apocalíptica” do Magma
Por que penetrar na música "indigesta" da banda francesa

Muitas vezes, o ato de ouvir música ou de apreciar qualquer forma de arte requer uma entrega a sons e sensações diferentes, que a princípio possam ser “desagradáveis” para a pessoa. A “apreciação” de formas de entretenimento comercial não proporcionam isso porque são produtos criados para um prazer fácil, que não desafiam nenhuma concepção estética ou de conteúdo, já que estão submetidos à lógica do que é mais facilmente “vendável”.
A arte que se propõe a ser arte, por outro lado, necessariamente irá desagradar a alguns porque não há como enxergar um desenvolvimento da cultura sem que barreiras estéticas sejam derrubadas e sem que elementos novos sejam introduzidos nas obras.
Toda essa reflexão inicial se faz necessária para introduzir o leitor em uma das bandas mais idiossincráticas, misteriosas e curiosas da história do rock progressivo. O conjunto francês Magma. Liderada pelo seu baterista, compositor e vocalista, Christian Vander, o Magma mostra a importância da determinação de um artista em levar suas concepções até as últimas consequências.
Formada em 1969, desbandada em 1983 e retomada em 1996, a banda é fruto da fase final de um período na música popular em que ainda se podia criar e desenvolver uma arte inovadora e de vanguarda e alcançar algum reconhecimento, ainda que apenas em determinado nicho. Mesmo para os padrões do rock progressivo, a música e as concepções de Vander e dos seus colegas do Magma, soam bastante extremas. Tanto que já ouvi de um colega músico a frase “essa é a banda mais indigesta que já escutei”.
O som mais característico do Magma pode ser encontrado em seu terceiro disco, “Mëkanïk Dëstruktïẁ Kömmandöh” (M.D.K.). Os elementos sonoros característicos estão todos lá: linhas de baixo pulsantes e repetitivas, com bases de piano da mesma forma, arranjos de metais que remetem a música marcial, corais ao estilo de “Carmina Burana”, de Carl Orff (uma importante influência para Vander), composições com mais de 40 minutos de duração e uma história que acompanha e conduz a música.
A característica mais interessante da música do Magma, no entanto, e que merece um comentário mais longo, é o fato de Christian Vander ter criado um idioma próprio para as suas músicas, o Kobaian. A maior parte das músicas são cantadas neste idioma e, para compreender as histórias de seus discos, é preciso procurar dicionários e traduções.
Uma concepção hermética como essa não vem do nada, e todo o conceito por trás das músicas do Magma é, em certo sentido, uma justificativa para que elas sejam feitas num idioma inventado por seu compositor. Existem três sagas de várias partes que conduzem as histórias de suas obras, “Kobaïan” (formada pelo primeiro disco – “Magma” – e pelo segundo, “1001º Centigrades”), “Theusz Hamtaahk” (“tempos de ódio” em Kobaïan, formada pelos discos “Theusz Hamtaahk”, “Mekanïk Destruktïw Kommandöh” ou M.D.K e “Wurdah Ïtah”) e a saga “Köhntarkösz”, formada pelos álbuns “Kohntarkosz Anteria” ou K.A., “Köhntarkösz” e “Ëmëhntëhtt-Ré”.
Não vamos entrar no mérito do que conta cada uma dessas histórias com nomes quase impronunciáveis, no entanto é interessante falar por cima que o cenário da primeira saga trata de um grupo de terráqueos, num futuro distante, que saíram de um planeta Terra pós-apocalipse, e conseguiu viajar para um novo planeta habitável e ali se estabelecer.
O catastrofismo que está por trás das histórias doMagma é um tema típico da fase atual do capitalismo, que enfrenta uma crise terminal, e gera esse tipo de pessimismo, principalmente pela ausência de um movimento revolucionário que dê o indicativo de um caminho.
Além dos álbuns aqui citados, o Magma lançou muitos outros. Nem todos tinham a sonoridade típica dos corais orffianos, dos metais marciais e das composições de mais de meia hora. A partir da segunda metade dos anos 70, a banda lançou discos com sonoridades mais próximas do jazz-rock e outros mais acessíveis. A banda segue em atividade até os dias de hoje, lançando até álbuns com músicas inéditas.
O Magma é uma banda que criou uma das obras mais próprias da história. Não à toa, ela é identificada por muitos em um gênero próprio, chamado Zeuhl, uma palavra do próprio idioma Kobaïan, que quer dizer algo como “som celestial”. É algo que só poderia ter surgido mesmo no contexto do rock do fim dos anos 60. Em tempos de apocalipse (para os capitalistas e burguesia, é óbvio), nada melhor do que o Magma para ser a trilha sonora.
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Adquirir conhecimento e experiencia e ao mesmo tempo não dissipar o espirito lutador, o auto-sacrificio revolucionário e a disposição de ir até o final, esta é a tarefa da educação e da auto-educação da juventude revolucionária. '' LEON TROTSKI
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https://veja.abril.com.br/coluna/radar/ ... e-ipanema/
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) prometeu instalar uma estátua da cantora Gal Costa no calçadão da praia de Ipanema.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) prometeu instalar uma estátua da cantora Gal Costa no calçadão da praia de Ipanema.



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NOTÍCIAS
LANÇAMENTO DE 56 ANOS DE IDADE
Por que ainda ouvimos os Beatles?
O álbum "Revolver" foi relançado em versão super deluxe, e todos continuam ouvindo como se fosse contemporâneo

Orelançamento do álbum “Revolver”, dos Beatles, em uma versão super deluxe, 56 anos após seu lançamento original, é algo que traz à tona a discussão de por que esta é considerada a maior banda de rock de todos os tempos.
O disco é lembrado por ser o marco do início de uma fase mais experimental da banda, que já havia alcançado um patamar de sucesso comercial visto poucas vezes na mesma proporção. Ele e seu antecessor, “Rubber Soul”, marcaram uma mudança profunda na sonoridade e nas letras das canções do quarteto, mas também no próprio comportamento dos membros da banda.
O novo lançamento possui 5 cds em sua versão física, e a duração é de cerca de 2 horas e 42 minutos, muito diferente dos 35 minutos de sua versão original. Isso ocorreu porque o novo lançamento contém, além do álbum original, dois cds com a versões das músicas em tomadas anteriores. Há também um disco com a versão mono do álbum original, e outro com as faixas que saíram em compactos na mesma época, “Rain” e “Paperback Writer”.
Para os fãs, é sem dúvida uma experiência muito interessante ouvir as canções em versões inacabadas e conseguir traçar o caminho que elas percorreram para chegar à sua forma final. Trata-se de uma verdadeira “viagem” pelo processo de criação de um dos mais criativos grupos da história.
Além disso, o primeiro cd, que possui as músicas em suas versões originais, está todo remixado, com uma sonoridade mais transparente, moderna e que possibilita uma melhor compreensão de tudo que ocorre nas músicas.
“Revolver” talvez seja o disco mais experimental da banda e apresenta uma variedade de estilos, instrumentos, sons e temática das letras que não se via nos discos anteriores. A primeira faixa, “Taxman” (em tradução livre, “cobrador de impostos”), composta e cantada por George Harrison, tem uma presença grande de uma frase de guitarra distorcida e uma letra com um certo cunho político, criticando o fato de que tudo que se fazia na vida acarretava no pagamento de algum imposto ou taxa para alguém.
“Eleanor Rigby” possui um arranjo para octeto de cordas muito bem trabalhado, que se tornou emblemático, uma letra melancólica, sobre pessoas solitárias que não conseguem companhia até o fim de suas vidas. Também há a típica canção de amor “Here, There and Everywhere” e “Love you too”, com a presença da cítara, instrumento indiano introduzido no rock pelos próprios Beatles.
Uma questão que fica é, por que meio século após o fim da banda, os Beatles continuam sendo ouvidos por todos, sem a sensação de que escutam algo da época de seus avós? Evidentemente, é algo que ocorre porque a cultura atual vive uma baixa muito grande em sua produção. A crise do capitalismo ocasionou isso.
Na etapa atual, a cultura apenas se desenvolve em períodos de ascenso da classe operária e de movimentação revolucionária. Após 30 anos de um grande refluxo, nada de novo é produzido e é preciso constantemente reciclar coisas produzidas há 50 anos.
https://causaoperaria.org.br/2022/por-q ... s-beatles/
Por que ainda ouvimos os Beatles?
O álbum "Revolver" foi relançado em versão super deluxe, e todos continuam ouvindo como se fosse contemporâneo

Orelançamento do álbum “Revolver”, dos Beatles, em uma versão super deluxe, 56 anos após seu lançamento original, é algo que traz à tona a discussão de por que esta é considerada a maior banda de rock de todos os tempos.
O disco é lembrado por ser o marco do início de uma fase mais experimental da banda, que já havia alcançado um patamar de sucesso comercial visto poucas vezes na mesma proporção. Ele e seu antecessor, “Rubber Soul”, marcaram uma mudança profunda na sonoridade e nas letras das canções do quarteto, mas também no próprio comportamento dos membros da banda.
O novo lançamento possui 5 cds em sua versão física, e a duração é de cerca de 2 horas e 42 minutos, muito diferente dos 35 minutos de sua versão original. Isso ocorreu porque o novo lançamento contém, além do álbum original, dois cds com a versões das músicas em tomadas anteriores. Há também um disco com a versão mono do álbum original, e outro com as faixas que saíram em compactos na mesma época, “Rain” e “Paperback Writer”.
Para os fãs, é sem dúvida uma experiência muito interessante ouvir as canções em versões inacabadas e conseguir traçar o caminho que elas percorreram para chegar à sua forma final. Trata-se de uma verdadeira “viagem” pelo processo de criação de um dos mais criativos grupos da história.
Além disso, o primeiro cd, que possui as músicas em suas versões originais, está todo remixado, com uma sonoridade mais transparente, moderna e que possibilita uma melhor compreensão de tudo que ocorre nas músicas.
“Revolver” talvez seja o disco mais experimental da banda e apresenta uma variedade de estilos, instrumentos, sons e temática das letras que não se via nos discos anteriores. A primeira faixa, “Taxman” (em tradução livre, “cobrador de impostos”), composta e cantada por George Harrison, tem uma presença grande de uma frase de guitarra distorcida e uma letra com um certo cunho político, criticando o fato de que tudo que se fazia na vida acarretava no pagamento de algum imposto ou taxa para alguém.
“Eleanor Rigby” possui um arranjo para octeto de cordas muito bem trabalhado, que se tornou emblemático, uma letra melancólica, sobre pessoas solitárias que não conseguem companhia até o fim de suas vidas. Também há a típica canção de amor “Here, There and Everywhere” e “Love you too”, com a presença da cítara, instrumento indiano introduzido no rock pelos próprios Beatles.
Uma questão que fica é, por que meio século após o fim da banda, os Beatles continuam sendo ouvidos por todos, sem a sensação de que escutam algo da época de seus avós? Evidentemente, é algo que ocorre porque a cultura atual vive uma baixa muito grande em sua produção. A crise do capitalismo ocasionou isso.
Na etapa atual, a cultura apenas se desenvolve em períodos de ascenso da classe operária e de movimentação revolucionária. Após 30 anos de um grande refluxo, nada de novo é produzido e é preciso constantemente reciclar coisas produzidas há 50 anos.
https://causaoperaria.org.br/2022/por-q ... s-beatles/
Adquirir conhecimento e experiencia e ao mesmo tempo não dissipar o espirito lutador, o auto-sacrificio revolucionário e a disposição de ir até o final, esta é a tarefa da educação e da auto-educação da juventude revolucionária. '' LEON TROTSKI
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NOTÍCIAS
"A ÚLTIMA SESSÃO DE MÚSICA"
Milton Nascimento encerra sua carreira em grande estilo
Com apresentação lotada no Mineirão, Milton Nascimento e outros artistas convidados, executam canções da fase mais celebrada do cantor

Neste domingo, o cantor e compositor, Milton Nascimento, realizou o último show de sua carreira em Belo Horizonte, encerrando a turnê “A Última Sessão de Música”, no Estádio Mineirão. Trata-se da despedida dos palcos de um dos músicos mais influentes do que se convencionou chamar de “Música Popular Brasileira”.
A apresentação lotou o estádio, vendendo um total de 57 mil ingressos. Milton executou canções compostas entre os anos 60 e 80, o período mais celebrado e rico de sua carreira. Ele abriu a noite com “Ponta de Areia”, uma nostálgica canção que remete a uma extinta linha de trem que ligava Bahia a Minas Gerais.
Milton juntou também seus antigos colegas de “Clube da Esquina”, o álbum cujo título se tornou o nome desse grupo de artistas vindos de Belo Horizonte e que fazia músicas com uma estética inovadora para a época, totalmente diferente de movimentos anteriores como a Tropicália ou Bossa Nova, ainda assim sendo uma música completamente brasileira.
Com esses colegas do Clube – Wagner Tiso, Toninho Horta, Beto Guedes e Lô Borges – Milton cantou “Para Lennon e McCartney” e “Um Girassol da cor do seu Cabelo”. A primeira, uma espécie de rock “mineiro”, cujo nome é em homenagem aos Beatles. Ela é uma afirmação de que Milton estava saindo da sonoridade tradicional da MPB de seus álbuns anteriores e trazendo a música estrangeira para a mistura também. É a sua primeira canção com a presença de guitarras, teclados elétricos e outros instrumentos do rock, mas com uma importante defesa da cultura nacional e latino-americana na letra. Ao falar “Eu sou da América do Sul, eu sei, vocês não vão saber. Mas agora eu sou caubói, sou do ouro, eu sou vocês, eu sou o mundo, eu sou Minas Gerais” em pleno 1970, Milton se impõe sobre os estrangeiros e mostra que fazia uma música brasileira tão relevante quanto as hegemônicas americanas e inglesas.
Artistas estrangeiros da mais alta qualidade, que prestaram homenagem a Milton, não deixam dúvidas sobre isso: Wayne Shorter, um dos maiores saxofonistas do Jazz; Peter Gabriel e Jon Anderson, cantores do Genesis e do Yes, duas bandas reconhecidas por sua altíssima qualidade musical; Miles Davis, Paul Simon, Herbie Hancock, um dos maiores pianistas da história do jazz; Pat Metheny, que moldou o som da guitarra de jazz dos anos 70 em diante. Todos são artistas que já gravaram ou já prestaram algum tipo de homenagem ao cantor brasileiro.
Milton, acompanhado por Samuel Rosa, do Skank, também cantou “Trem Azul”, uma das canções mais famosas do próprio álbum “Clube da Esquina”, composta por Lô Borges. “San Vicente”, canção da autoria de Milton com toques de música latino-americana, que trata da questão do negro e da escravidão no Brasil, foi cantada por Zé Ibarra, artista que fez o show de abertura.
Também fez parte da apresentação, “Cio da Terra”, composta junto com Chico Buarque, que narra a vida do trabalhador do campo, “Travessia”, um de seus primeiros sucessos, e “Encontros e Despedidas”, que encerrou a noite. Outras músicas que marcaram a carreira de Milton também estiveram no repertório.
A turnê “A última sessão de música” encerra uma carreira de altos e baixos, prestando homenagem ao seu período mais produtivo. Num momento em que Milton já se mostra bem debilitado pela idade e por problemas de saúde, a aposentadoria parece ser um passo natural. A importância de sua obra para a música popular brasileira é inestimável e merece a homenagem que recebeu nessa última turnê.
https://causaoperaria.org.br/2022/milto ... de-estilo/
Milton Nascimento encerra sua carreira em grande estilo
Com apresentação lotada no Mineirão, Milton Nascimento e outros artistas convidados, executam canções da fase mais celebrada do cantor

Neste domingo, o cantor e compositor, Milton Nascimento, realizou o último show de sua carreira em Belo Horizonte, encerrando a turnê “A Última Sessão de Música”, no Estádio Mineirão. Trata-se da despedida dos palcos de um dos músicos mais influentes do que se convencionou chamar de “Música Popular Brasileira”.
A apresentação lotou o estádio, vendendo um total de 57 mil ingressos. Milton executou canções compostas entre os anos 60 e 80, o período mais celebrado e rico de sua carreira. Ele abriu a noite com “Ponta de Areia”, uma nostálgica canção que remete a uma extinta linha de trem que ligava Bahia a Minas Gerais.
Milton juntou também seus antigos colegas de “Clube da Esquina”, o álbum cujo título se tornou o nome desse grupo de artistas vindos de Belo Horizonte e que fazia músicas com uma estética inovadora para a época, totalmente diferente de movimentos anteriores como a Tropicália ou Bossa Nova, ainda assim sendo uma música completamente brasileira.
Com esses colegas do Clube – Wagner Tiso, Toninho Horta, Beto Guedes e Lô Borges – Milton cantou “Para Lennon e McCartney” e “Um Girassol da cor do seu Cabelo”. A primeira, uma espécie de rock “mineiro”, cujo nome é em homenagem aos Beatles. Ela é uma afirmação de que Milton estava saindo da sonoridade tradicional da MPB de seus álbuns anteriores e trazendo a música estrangeira para a mistura também. É a sua primeira canção com a presença de guitarras, teclados elétricos e outros instrumentos do rock, mas com uma importante defesa da cultura nacional e latino-americana na letra. Ao falar “Eu sou da América do Sul, eu sei, vocês não vão saber. Mas agora eu sou caubói, sou do ouro, eu sou vocês, eu sou o mundo, eu sou Minas Gerais” em pleno 1970, Milton se impõe sobre os estrangeiros e mostra que fazia uma música brasileira tão relevante quanto as hegemônicas americanas e inglesas.
Artistas estrangeiros da mais alta qualidade, que prestaram homenagem a Milton, não deixam dúvidas sobre isso: Wayne Shorter, um dos maiores saxofonistas do Jazz; Peter Gabriel e Jon Anderson, cantores do Genesis e do Yes, duas bandas reconhecidas por sua altíssima qualidade musical; Miles Davis, Paul Simon, Herbie Hancock, um dos maiores pianistas da história do jazz; Pat Metheny, que moldou o som da guitarra de jazz dos anos 70 em diante. Todos são artistas que já gravaram ou já prestaram algum tipo de homenagem ao cantor brasileiro.
Milton, acompanhado por Samuel Rosa, do Skank, também cantou “Trem Azul”, uma das canções mais famosas do próprio álbum “Clube da Esquina”, composta por Lô Borges. “San Vicente”, canção da autoria de Milton com toques de música latino-americana, que trata da questão do negro e da escravidão no Brasil, foi cantada por Zé Ibarra, artista que fez o show de abertura.
Também fez parte da apresentação, “Cio da Terra”, composta junto com Chico Buarque, que narra a vida do trabalhador do campo, “Travessia”, um de seus primeiros sucessos, e “Encontros e Despedidas”, que encerrou a noite. Outras músicas que marcaram a carreira de Milton também estiveram no repertório.
A turnê “A última sessão de música” encerra uma carreira de altos e baixos, prestando homenagem ao seu período mais produtivo. Num momento em que Milton já se mostra bem debilitado pela idade e por problemas de saúde, a aposentadoria parece ser um passo natural. A importância de sua obra para a música popular brasileira é inestimável e merece a homenagem que recebeu nessa última turnê.
https://causaoperaria.org.br/2022/milto ... de-estilo/
Adquirir conhecimento e experiencia e ao mesmo tempo não dissipar o espirito lutador, o auto-sacrificio revolucionário e a disposição de ir até o final, esta é a tarefa da educação e da auto-educação da juventude revolucionária. '' LEON TROTSKI
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Me parece ser a voz do Leo Lins imitando o presidente.
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The Noite, então.

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EXTREMA-DIREITA ASSANHADA
Prefeitura censura show de Garotos Podres após confusão
Bolsonarista agride membros do público da banda de punk e a banda é "punida" com a interrupção forçada de seu show pela prefeitura

Na noite desta terça-feira (15), houve um conflito durante um show da banda Garotos Podres, envolvendo alguns bolsonaristas e o restante do público da banda, que é majoritariamente de esquerda.
A confusão se deu em Pederneiras, no interior do estado de São Paulo. Tudo começou quando uma mulher, incomodada com o repertório e o posicionamento da banda, que constantemente criticava Bolsonaro, jogou uma lata de cerveja no palco, que quase atingiu o guitarrista.
Pouco depois o bolsonarista chamado Adilson “Marrom”, tentou agredir o vocalista Mao, sem sucesso. “Marrom”, que é lutador de MMA, começou uma confusão durante o “bate cabeça”, e deu um soco no rosto de uma mulher, que imediatamente desmaiou.
O jornal O Tempo publicou em seu twitter um vídeo do bolsonarista agredindo a mulher:
O público, ao perceber as intenções do fascista, tentou contê-lo, mas não conseguiu. Alguns minutos depois, ele também agrediu um outro homem pelas costas, que estava apenas acompanhando a apresentação da banda.
omo era de se esperar, a Polícia Militar estava no local apenas para fazer figuração e para reprimir a diversão do público e não fez nada com relação ao bolsonarista covarde agressor de mulheres. Alguns presentes afirmam, inclusive, que Adilson teria utilizado um cacetete da polícia para uma de suas agressões, o que não é confirmado pelo relato da banda.
Ao tentar continuar a apresentação, a produção do evento foi alertada pelo secretário Municipal de Cultura, Geraldo Antonio Cardoso Junior, que a banda não deveria mais falar de política no palco. Os Garotos Podres não se submeteram a essa exigência absurda e foram censurados logo depois, com o corte da energia do palco pela Defesa Civil, ocasionando a interrupção forçada do show. Ao se direcionarem para a van que os transportaria de volta para São Paulo, a banda ainda teve de se deparar com um grupo de bolsonaristas que os acusava de terem agredido uma criança de 17 anos, uma invenção totalmente sem fundamento, visto que a banda em momento algum participou da briga. Segundo o próprio relato da página de Instagram dos Garotos Podres:
Mao falando ao público após a energia do palco ter sido cortada
“Quem conhece a banda sabe da nossa índole e quem esteve no local viu que em nenhum momento nos envolvemos na confusão. Enquanto estivemos no palco, apenas nos posicionamos contra o fascismo e contra a barbárie. Como sempre fazemos”.
A banda Garotos Podres sempre teve um posicionamento mais à esquerda do que a maioria dos outros conjuntos musicais do país. Fundada em 1982, é uma das mais respeitadas e conhecidas do punk rock nacional. O seu cantor Mao já prestou apoio e homenagens ao Partido da Causa Operária em diversos momentos.
Com relação ao assédio de bolsonaristas, é preciso dizer claramente que esse assanhamento tende a crescer mais e a esquerda precisa ficar atenta e se organizar para se defender dos elementos causadores de confusão. Além disso, a esquerda precisa se mobilizar e demonstrar, no âmbito da política nacional, que são maioria e não vão se deixar intimidar pela extrema-direita.
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Prefeitura censura show de Garotos Podres após confusão
Bolsonarista agride membros do público da banda de punk e a banda é "punida" com a interrupção forçada de seu show pela prefeitura

Na noite desta terça-feira (15), houve um conflito durante um show da banda Garotos Podres, envolvendo alguns bolsonaristas e o restante do público da banda, que é majoritariamente de esquerda.
A confusão se deu em Pederneiras, no interior do estado de São Paulo. Tudo começou quando uma mulher, incomodada com o repertório e o posicionamento da banda, que constantemente criticava Bolsonaro, jogou uma lata de cerveja no palco, que quase atingiu o guitarrista.
Pouco depois o bolsonarista chamado Adilson “Marrom”, tentou agredir o vocalista Mao, sem sucesso. “Marrom”, que é lutador de MMA, começou uma confusão durante o “bate cabeça”, e deu um soco no rosto de uma mulher, que imediatamente desmaiou.
O jornal O Tempo publicou em seu twitter um vídeo do bolsonarista agredindo a mulher:
O público, ao perceber as intenções do fascista, tentou contê-lo, mas não conseguiu. Alguns minutos depois, ele também agrediu um outro homem pelas costas, que estava apenas acompanhando a apresentação da banda.
omo era de se esperar, a Polícia Militar estava no local apenas para fazer figuração e para reprimir a diversão do público e não fez nada com relação ao bolsonarista covarde agressor de mulheres. Alguns presentes afirmam, inclusive, que Adilson teria utilizado um cacetete da polícia para uma de suas agressões, o que não é confirmado pelo relato da banda.
Ao tentar continuar a apresentação, a produção do evento foi alertada pelo secretário Municipal de Cultura, Geraldo Antonio Cardoso Junior, que a banda não deveria mais falar de política no palco. Os Garotos Podres não se submeteram a essa exigência absurda e foram censurados logo depois, com o corte da energia do palco pela Defesa Civil, ocasionando a interrupção forçada do show. Ao se direcionarem para a van que os transportaria de volta para São Paulo, a banda ainda teve de se deparar com um grupo de bolsonaristas que os acusava de terem agredido uma criança de 17 anos, uma invenção totalmente sem fundamento, visto que a banda em momento algum participou da briga. Segundo o próprio relato da página de Instagram dos Garotos Podres:
Mao falando ao público após a energia do palco ter sido cortada
“Quem conhece a banda sabe da nossa índole e quem esteve no local viu que em nenhum momento nos envolvemos na confusão. Enquanto estivemos no palco, apenas nos posicionamos contra o fascismo e contra a barbárie. Como sempre fazemos”.
A banda Garotos Podres sempre teve um posicionamento mais à esquerda do que a maioria dos outros conjuntos musicais do país. Fundada em 1982, é uma das mais respeitadas e conhecidas do punk rock nacional. O seu cantor Mao já prestou apoio e homenagens ao Partido da Causa Operária em diversos momentos.
Com relação ao assédio de bolsonaristas, é preciso dizer claramente que esse assanhamento tende a crescer mais e a esquerda precisa ficar atenta e se organizar para se defender dos elementos causadores de confusão. Além disso, a esquerda precisa se mobilizar e demonstrar, no âmbito da política nacional, que são maioria e não vão se deixar intimidar pela extrema-direita.
https://causaoperaria.org.br/2022/prefe ... -confusao/
Adquirir conhecimento e experiencia e ao mesmo tempo não dissipar o espirito lutador, o auto-sacrificio revolucionário e a disposição de ir até o final, esta é a tarefa da educação e da auto-educação da juventude revolucionária. '' LEON TROTSKI
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NOTÍCIAS
MÚSICA BRASILEIRA
Adeus a Gal Costa
As performances de Gal Costa cantando descalça e descabelada não seriam nada sem sua voz, fonte de tudo.

Acantora Gal Costa faleceu no dia 9 de novembro do ano corrente. Seu papel na MPB, nas concepções do tropicalismo e talento musical são incontestáveis, logo, eu poderia escolher quaisquer trabalhos dela e comentar a qualidade da interpretação das canções e das escolhas do repertório; entretanto, prefiro me deter em outra engenhosidade sua bastante marcante, muitas vezes inovadora, isto é, sua maneira de colocar o próprio corpo na esfera da performance musical, tornando-o não apenas fonte da voz, mas de outros sentidos.
Tema presente nas demais artes brasileiras e não apenas em canções, o corpo é considerado, antes de tudo, tema de consciência nacional, opondo-se, desse ponto de vista, aos modelos de corpo e de beleza ditados pelo imperialismo cultural. A literatura negra e o samba estão repletos de tais ocorrências; em sua política, o movimento negro é necessariamente obrigado a colocar as questões do corpo, reafirmando na arte negra a cor, os cabelos e demais traços físicos. Assim, no que diz respeito à mulher brasileira, houve, durante o romantismo, a vez de cantar as morenas; o romance mais conhecido a esse respeito, sem dúvida, é “A moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1944, contudo, talvez a prosa mais interessante e infelizmente menos conhecida seja “O gaúcho”, de José de Alencar, editado em 1870. Em ambos os romances, as costumeiras loiras, musas de movimentos literários anteriores e de outras culturas, são preteridas e, em seus lugares, surgem as mocinhas de cabelos pretos e pele morena, tais quais a Carolina, de Macedo, ou a Catita, de Alencar, essa última, vivendo nas fronteiras do sul do Brasil com a Argentina, o Paraguai e o Uruguai, assume características não apenas brasileiras, mas latino-americanas.
Essa tradição de valorização da mulher permanece na nossa cultura, basta conferir a quantidade de musas representadas nas artes brasileiras; na performance musical, Gal Costa explicitava isso contundentemente. É necessário lembrar de que quando Gal surgiu nos palcos e nas telas de televisão do Brasil, estávamos nos finais da década de 1960 – seu primeiro álbum “Domingo”, gravado em parceria com Caetano Veloso, é de 1967 –, bastando assistir a quaisquer vídeos daqueles anos para conferir os modos de apresentação dos artistas da época: (1) os homens vestindo terno, gravata, barba e cabelos bem aparados – Chico Buarque interpretou “Roda viva”, também em 1967, vestido assim –; (2) as mulheres trajando vestidos discretos, respeitosos, depiladas e bem penteadas – por exemplo, Elis Regina interpretando “Arrastão”, em 1965 –. Nessas circunstâncias, cantar de cabelos cacheados soltos – “cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada”, diria Gal Costa ao interpretar “Cabelo”, de Arnaldo Antunes e Jorge Ben –, descalça, expondo pernas, braços, ventre e colo explicitamente foi escandaloso e até sexualmente revolucionário às portas do AI5 e diante dos avanços moralistas da extrema direita; a própria Gal recorda-se, em várias entrevistas, das agressões sofridas por se apresentar assim. Além do mais, Gal Costa sempre foi belíssima; com seus vinte anos de idade, somava-se a sua beleza o frescor da juventude, acrescentando-se a tudo isso o charme dos rebeldes e as promessas de liberdade.
O Brasil é um país fértil em cantoras talentosas; vale lembrar de Ademilde Fonseca, Dalva de Oliveira, Aracy de Almeida, Elizeth Cardoso, Ângela Maria, Elis Regina, Ivone Lara, Beth Carvalho, Clara Nunes, Elba Ramalho, Cátia de França, Jovelina Pérola Negra, Maria Bethânia, Flora Purim, Cássia Eller e Baby Consuelo; colocar-se entre elas e se fazer escutar atentamente não é tarefa fácil; as performances de Gal Costa cantando descalça e descabelada não seriam nada sem sua voz, fonte de tudo, parceira fiel daqueles tempos e depois, quando envelheceu e morreu com dignidade.
Para finalizar, quero deixar aqui a interpretação da canção “Atrás da porta”, de Chico Buarque e Francis Hime, feita por ela. Essa canção foi gravada numerosas vezes no repertório brasileiro, inclusive por homens, entre eles, os dois compositores; talvez a interpretação mais conhecida seja a de Elis Regina. Gal Costa, no álbum “Mina d’água do meu canto”, 1995, também gravou “Atrás da porta”; para mim, essa gravação é a melhor de todas; acompanhada por orquestra de cordas, metais, violão, piano, baixo e bateria, com arranjos de Jaques Morelenbaum, sua voz não se destaca da instrumentação, mas segue entremeada com ela, sem exageros, deixando com que a própria linha melódica da composição embale a cantora e sua poesia.



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Adeus a Gal Costa
As performances de Gal Costa cantando descalça e descabelada não seriam nada sem sua voz, fonte de tudo.

Acantora Gal Costa faleceu no dia 9 de novembro do ano corrente. Seu papel na MPB, nas concepções do tropicalismo e talento musical são incontestáveis, logo, eu poderia escolher quaisquer trabalhos dela e comentar a qualidade da interpretação das canções e das escolhas do repertório; entretanto, prefiro me deter em outra engenhosidade sua bastante marcante, muitas vezes inovadora, isto é, sua maneira de colocar o próprio corpo na esfera da performance musical, tornando-o não apenas fonte da voz, mas de outros sentidos.
Tema presente nas demais artes brasileiras e não apenas em canções, o corpo é considerado, antes de tudo, tema de consciência nacional, opondo-se, desse ponto de vista, aos modelos de corpo e de beleza ditados pelo imperialismo cultural. A literatura negra e o samba estão repletos de tais ocorrências; em sua política, o movimento negro é necessariamente obrigado a colocar as questões do corpo, reafirmando na arte negra a cor, os cabelos e demais traços físicos. Assim, no que diz respeito à mulher brasileira, houve, durante o romantismo, a vez de cantar as morenas; o romance mais conhecido a esse respeito, sem dúvida, é “A moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1944, contudo, talvez a prosa mais interessante e infelizmente menos conhecida seja “O gaúcho”, de José de Alencar, editado em 1870. Em ambos os romances, as costumeiras loiras, musas de movimentos literários anteriores e de outras culturas, são preteridas e, em seus lugares, surgem as mocinhas de cabelos pretos e pele morena, tais quais a Carolina, de Macedo, ou a Catita, de Alencar, essa última, vivendo nas fronteiras do sul do Brasil com a Argentina, o Paraguai e o Uruguai, assume características não apenas brasileiras, mas latino-americanas.
Essa tradição de valorização da mulher permanece na nossa cultura, basta conferir a quantidade de musas representadas nas artes brasileiras; na performance musical, Gal Costa explicitava isso contundentemente. É necessário lembrar de que quando Gal surgiu nos palcos e nas telas de televisão do Brasil, estávamos nos finais da década de 1960 – seu primeiro álbum “Domingo”, gravado em parceria com Caetano Veloso, é de 1967 –, bastando assistir a quaisquer vídeos daqueles anos para conferir os modos de apresentação dos artistas da época: (1) os homens vestindo terno, gravata, barba e cabelos bem aparados – Chico Buarque interpretou “Roda viva”, também em 1967, vestido assim –; (2) as mulheres trajando vestidos discretos, respeitosos, depiladas e bem penteadas – por exemplo, Elis Regina interpretando “Arrastão”, em 1965 –. Nessas circunstâncias, cantar de cabelos cacheados soltos – “cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada”, diria Gal Costa ao interpretar “Cabelo”, de Arnaldo Antunes e Jorge Ben –, descalça, expondo pernas, braços, ventre e colo explicitamente foi escandaloso e até sexualmente revolucionário às portas do AI5 e diante dos avanços moralistas da extrema direita; a própria Gal recorda-se, em várias entrevistas, das agressões sofridas por se apresentar assim. Além do mais, Gal Costa sempre foi belíssima; com seus vinte anos de idade, somava-se a sua beleza o frescor da juventude, acrescentando-se a tudo isso o charme dos rebeldes e as promessas de liberdade.
O Brasil é um país fértil em cantoras talentosas; vale lembrar de Ademilde Fonseca, Dalva de Oliveira, Aracy de Almeida, Elizeth Cardoso, Ângela Maria, Elis Regina, Ivone Lara, Beth Carvalho, Clara Nunes, Elba Ramalho, Cátia de França, Jovelina Pérola Negra, Maria Bethânia, Flora Purim, Cássia Eller e Baby Consuelo; colocar-se entre elas e se fazer escutar atentamente não é tarefa fácil; as performances de Gal Costa cantando descalça e descabelada não seriam nada sem sua voz, fonte de tudo, parceira fiel daqueles tempos e depois, quando envelheceu e morreu com dignidade.
Para finalizar, quero deixar aqui a interpretação da canção “Atrás da porta”, de Chico Buarque e Francis Hime, feita por ela. Essa canção foi gravada numerosas vezes no repertório brasileiro, inclusive por homens, entre eles, os dois compositores; talvez a interpretação mais conhecida seja a de Elis Regina. Gal Costa, no álbum “Mina d’água do meu canto”, 1995, também gravou “Atrás da porta”; para mim, essa gravação é a melhor de todas; acompanhada por orquestra de cordas, metais, violão, piano, baixo e bateria, com arranjos de Jaques Morelenbaum, sua voz não se destaca da instrumentação, mas segue entremeada com ela, sem exageros, deixando com que a própria linha melódica da composição embale a cantora e sua poesia.



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NOTÍCIAS
ARTISTAS MAIS FAMOSOS DO PAÍS
Ontem completaram-se 102 anos do nascimento de Tinoco
É preciso aproveitar para lembrar a história da dupla caipira de maior sucesso do país

Escrevo a coluna no dia 19 de novembro, em que se completam 102 anos de nascimento do cantor e compositor José Salvador Perez, o Tinoco, da dupla Tonico e Tinoco. Trata-se de um dos principais expoentes da música caipira, ou sertaneja de raiz, do Brasil. A dupla bateu recordes de venda, tendo sido os artistas brasileiros que mais gravaram músicas em sua história. Foram quase mil músicas gravadas, divididas em 83 discos.
A dupla, originária da cidade de São Manuel, interior de São Paulo, fez sua primeira apresentação profissional em 1935, na Festa de Aparecida da cidade. Eles se apresentaram com o nome “Trio da Roça”, no qual também participava seu primo Miguel.
Anteriormente, viviam em Botucatu, na fazendo Vargem Grande, onde faziam apresentações em dupla nos intervalos do trabalho. Enquanto a turma parava para o café, eles tocavam as modas de viola de um autor imaginário, chamado Jorginho do Sertão, nome que eles usavam para assinar as suas obras.
A dupla, com a sua família Perez, ainda foi viver com a família em Sorocaba, no ano de 1937, onde as suas irmãs foram trabalhar em fábricas de tecidos, Tonico foi ser servente na Pedreira de Santa Helena e Tinoco trabalhou como engraxate na Estação Sorocabana. A situação econômica entrou numa crise profunda a partir do início da Segunda Guerra Mundial e eles precisaram migrar, novamente, desta vez para São Manuel. Lá, eles podem cantar na rádio toda cidade, todo fim de semana, graças à ajuda do administrador da fazenda onde residem.
Em 1941, no entanto, eles vão para São Paulo, e lá a família permanecerá por muitos anos. Tinoco foi trabalhar com enxada em diárias nas chácaras no bairro de Santo Amaro, enquanto Tinoco, num depósito de ferro-velho.
Não haveria como ser diferente. Os dois cantores mais populares de sua época e artistas que mais gravaram músicas no mundo têm uma origem popular, camponesa e operária. A sua primeira canção de sucesso, Chico Mineiro, é uma típica canção caipira, como as que consagrariam o estilo nas décadas seguintes. Conta a história de dois camponeses que viajavam juntos, um deles, o Chico Mineiro, morre baleado enquanto eles estão numa festa e o eu-lírico da canção descobre que eles são irmãos.
Viagens, histórias de boiadeiros e outras coisas do tipo são os temas comuns das canções caipiras que são a representação musical da cultura popular de maior alcance do país. A cultura caipira ocupa o sul, sudeste, centro-oeste e até uma parte do Nordeste do Brasil, e Tonico e Tinoco estiveram entre seus representantes mais populares.
Também é importante ressaltar a importância que tiveram Tonico e Tinoco e outros artistas da mesma época para o desenvolvimento do disco no Brasil. Este avanço tecnológico só aconteceu graças à vontade do povo brasileiro de ouvir a música dos seus cantores caipiras preferidos em suas casas. Neste aniversário do nascimento de Tinoco, a sua lembrança é fundamental.
https://causaoperaria.org.br/2022/ontem ... de-tinoco/
Ontem completaram-se 102 anos do nascimento de Tinoco
É preciso aproveitar para lembrar a história da dupla caipira de maior sucesso do país

Escrevo a coluna no dia 19 de novembro, em que se completam 102 anos de nascimento do cantor e compositor José Salvador Perez, o Tinoco, da dupla Tonico e Tinoco. Trata-se de um dos principais expoentes da música caipira, ou sertaneja de raiz, do Brasil. A dupla bateu recordes de venda, tendo sido os artistas brasileiros que mais gravaram músicas em sua história. Foram quase mil músicas gravadas, divididas em 83 discos.
A dupla, originária da cidade de São Manuel, interior de São Paulo, fez sua primeira apresentação profissional em 1935, na Festa de Aparecida da cidade. Eles se apresentaram com o nome “Trio da Roça”, no qual também participava seu primo Miguel.
Anteriormente, viviam em Botucatu, na fazendo Vargem Grande, onde faziam apresentações em dupla nos intervalos do trabalho. Enquanto a turma parava para o café, eles tocavam as modas de viola de um autor imaginário, chamado Jorginho do Sertão, nome que eles usavam para assinar as suas obras.
A dupla, com a sua família Perez, ainda foi viver com a família em Sorocaba, no ano de 1937, onde as suas irmãs foram trabalhar em fábricas de tecidos, Tonico foi ser servente na Pedreira de Santa Helena e Tinoco trabalhou como engraxate na Estação Sorocabana. A situação econômica entrou numa crise profunda a partir do início da Segunda Guerra Mundial e eles precisaram migrar, novamente, desta vez para São Manuel. Lá, eles podem cantar na rádio toda cidade, todo fim de semana, graças à ajuda do administrador da fazenda onde residem.
Em 1941, no entanto, eles vão para São Paulo, e lá a família permanecerá por muitos anos. Tinoco foi trabalhar com enxada em diárias nas chácaras no bairro de Santo Amaro, enquanto Tinoco, num depósito de ferro-velho.
Não haveria como ser diferente. Os dois cantores mais populares de sua época e artistas que mais gravaram músicas no mundo têm uma origem popular, camponesa e operária. A sua primeira canção de sucesso, Chico Mineiro, é uma típica canção caipira, como as que consagrariam o estilo nas décadas seguintes. Conta a história de dois camponeses que viajavam juntos, um deles, o Chico Mineiro, morre baleado enquanto eles estão numa festa e o eu-lírico da canção descobre que eles são irmãos.
Viagens, histórias de boiadeiros e outras coisas do tipo são os temas comuns das canções caipiras que são a representação musical da cultura popular de maior alcance do país. A cultura caipira ocupa o sul, sudeste, centro-oeste e até uma parte do Nordeste do Brasil, e Tonico e Tinoco estiveram entre seus representantes mais populares.
Também é importante ressaltar a importância que tiveram Tonico e Tinoco e outros artistas da mesma época para o desenvolvimento do disco no Brasil. Este avanço tecnológico só aconteceu graças à vontade do povo brasileiro de ouvir a música dos seus cantores caipiras preferidos em suas casas. Neste aniversário do nascimento de Tinoco, a sua lembrança é fundamental.
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