Carnabril, farsa contra o povo
Carnaval em abril é uma farsa
Como denunciamos desde o início deste ano, o cancelamento do Carnaval de rua, serve apenas aos interesses econômicos e políticos da burguesia
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O carnaval de rua, em especial em cidades como Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Olinda e Recife, demanda um gasto astronômico por parte do Poder Público. Há muito, os capitalistas vêm pressionando para reduzir os investimentos no carnaval. Antes da pandemia, inclusive, várias cidades já haviam cancelado o carnaval alegando problemas nos cofres públicos. Foi o caso, já em 2019 na cidade de Santo André, com o cancelamento pelo prefeito psdebista, Paulo Serra, do carnaval de rua, com as escolas de samba, cacelamento que já dura 3 anos.
Poucas coisas são tão populares, apelam tanto às massas, quanto o carnaval. É o momento em que o povo sofrido, que comeu o pão que o diabo amassou com a direita golpista durante o ano, esquece um pouco a vida dura e cai na folia. É, portanto, uma manifestação popular, um momento importante na cultura do povo brasileiro. O que a direita queria fazer — além de mentir, ao dizer que era a pandemia, ou que não tinha dinheiro — era passar por cima de um direito elementar: o da livre manifestação. Queria encontrar um pretexto para impedir que o povo se manifestasse das mais variadas maneiras, como é tradicional ao povo carnavalesco do Brasil que debocha, ridiculariza e extravasa contra os seus exploradores. O carnaval, ao contrário do que possa se pensar, é uma festa altamente politizada — tanto é assim que o carnaval de 2019 foi o maior ensaio para o grito de “Fora Bolsonaro”, quando as massas começaram a gritar “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*”.
Depois de conseguirem dar o golpe no povo país afora com o cancelamento do Carnaval, agora chega o mês de abril, e os governos de grandes estados e cidades como São Paulo e Rio de Janeiro continuam em sua política de acabar com o Carnaval de rua e ampliar as festas da burguesia e da classe média nos grandes salões da elite.
O chamado “carnabril” terá centenas de opções pagas e pouquíssimas gratuitas. São Paulo e Rio estão com mais de uma centena de festas, festivais e shows temáticos da folia, liderados por blocos populares e produtoras.
Procurando de certa forma romper as amarras da direita, há uma movimentação de parte dos blocos para que ocorram desfiles nas ruas. A situação foi discutida na sexta-feira, 8, em uma reunião de blocos paulistanos com a Prefeitura de São Paulo e em uma plenária de integrantes de uma organização de agremiações do Rio. Os direitistas governos municipais têm respondido, com grande cara de pau, que não haveria tempo hábil para a preparação de um evento deste porte, ainda mais sem patrocínio.
As poucas opções gratuitas ocorrerão em festivais que ocorreram no entorno do Parque do Ibirapuera e no Vale do Anhangabaú, com o Acadêmicos do Baixo Augusta, a cantora Elba Ramalho e outras atrações. Já os pagos têm valores a partir R$ 20, mas que podem passar de R$ 1,1 mil, como no camarote de um festival inspirado no carnaval de Salvador, que contará com Daniela Mercury, Chiclete com Banana, Timbalada e outros no estádio do Corinthians.
Em São Paulo, organizadores do carnaval, confirmando o caráter burguês do evento, não se intimidaram em dizer que o Carnaval em abril será: “Praticamente um show privado. Igual um Lollapalooza, um show como outro qualquer. Por nós sermos bloco de carnaval, acaba caindo nessa coisa do carnaval.”
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