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O mercado de consumo de bebidas alcoólicas no Brasil sente há quatro anos os reflexos da crise econômica que assola o País, o que resultou em queda do volume comercializado e em maior dificuldade para elevar preços.
Além disso, um aumento na carga tributária para os destilados e a cachaça, com as mudanças no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 2015, também contribuiu para a queda das vendas e estimulou um perigoso e nocivo mercado ilegal.
A despeito de tudo isso, porém, há expectativas de crescimento do setor em um futuro próximo. A procura do consumidor por bebidas de maior valor agregado, fenômeno presente em todas as categorias, abriu novas perspectivas para o setor.
Por fim, a possibilidade de acordos bilaterais entre o Brasil e grandes mercados consumidores também pode significar um novo impulso às exportações, estagnadas nos últimos anos, apesar do enorme potencial.
Essas e outras tendências formam a base de um amplo e inédito estudo do setor de bebidas, organizado pela Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe).
Para Thaís Balbi Rodrigues, sócia de Estratégia da KPMG no Brasil, o estudo da consultoria mostra a força de um fenômeno que veio para ficar : uma radical mudança no hábito do consumidor de bebidas alcoólicas, verificada sobretudo nas classes A e B. Esse tipo de perfil, ávido por novas experiências sensoriais, não quer apenas consumir um produto premium : ele quer vivenciá-lo da maneira mais ampla possível.
“A busca por produtos especiais ocorre em todas as categorias. O que era restrito ao mercado de vinho e espumantes hoje se expandiu para o setor de cervejas e para os destilados, com a expansão e o desenvolvimento de cervejas especiais, a cultura da coquetelaria e a febre dos drinks”, diz.
O estudo mostra que as bebidas premium têm um impacto pequeno e limitado nos números totais do setor, ainda sofrendo com a crise econômica e a consequente queda nas vendas.
Mas entender esse novo movimento do consumidor – e saber aproveitar as oportunidades provenientes dessa diversidade e sofisticação – pode, segundo Thaís, fazer total diferença quando o brasileiro recuperar o poder aquisitivo e passar a buscar produtos que proporcionem mais experiências sensoriais.
A tendência abre espaço para que as empresas nacionais aprimorem os seus produtos e passem a competir com maior força no mercado internacional.
Presidente-executiva da Abrabe, Cristiane Foja compartilha da visão de que, ao buscar a sofisticação de seus produtos, as empresas de bebidas nacionais passam a se alinhar a uma tendência de consumo não só do mercado interno, mas também mundial, preparando-se para a competição no mercado externo.
“O mercado caminha para a conjugação entre elementos de diferentes setores econômicos : a experiência sensorial proporcionada pelas bebidas, aliada à gastronomia (marcada fortemente pela harmonização) e enriquecida pelo turismo nas localidades de produção das bebidas”, afirma a presidente da Abrabe.
“As vinícolas no Sul do País fazem parte do roteiro turístico, assim como as cervejarias e cachaçarias ganham força em outras regiões do Brasil.”