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O ESTADO DE S.PAULO
O governo do Estado autorizou a cidade de São Paulo a liberar, a partir de 6 de julho de 2020, o funcionamento de bares, restaurantes, barbearias e salões de beleza, ainda com restrições, além de ampliar o horário de funcionamento do comércio de rua, de shoppings e de escritórios.
A notícia dividiu o setor de bares e restaurantes, um dos mais afetados pela crise gerada pelo novo coronavírus.
Parte dos chefs e donos de estabelecimentos afirma que ainda não se sente segura para reabrir as portas, tanto por questões de saúde como pelo risco de os clientes não aparecerem, o que elevaria os prejuízos.
“Esse possível abre-e-fecha, como já ocorreu em outras cidades, pode ser ainda mais danoso para a saúde financeira de um restaurante”, afirma Tomás Foz, proprietário do Fitó, restaurante em Pinheiros.
Para proteger funcionários e clientes, muitos estabelecimentos fecharam suas portas em março, antes mesmo de o governo decretar a quarentena oficial na cidade.
“Estamos bem cautelosos em relação à reabertura. Fechamos o Cais antes de ser obrigatório e só vamos reabrir quando estivermos seguros”, conta Guilherme Giraldi, um dos sócios da casa da Vila Madalena.
O restaurante estreou no delivery ontem, e o plano é continuar trabalhando com a equipe reduzida, apenas com os funcionários que podem se locomover de carro, bicicleta ou a pé.
“Estou surpresa com essa notícia, não esperava isso para já”, conta Gabriela Barretto, chef dos restaurantes Chou e Futuro Refeitório, ambos em Pinheiros. “Ao mesmo tempo em que a gente torce pela reabertura, há outros fatores que precisam ser levados em conta. Não acho, por exemplo, que os clientes estão prontos para voltar a frequentar restaurantes.”
Por outro lado, Gabriela Barretto prevê pressão para retomar o funcionamento das casas. “Com a permissão do governo para funcionar, perco poder de barganha para negociar aluguel e prazos de pagamento com fornecedores e prestação serviços.”
O salão da Tasca da Esquina já está pronto para receber clientes. “Se pudesse abrir neste fim de semana, abriria”, afirma o restaurateur Edrey Momo, sócio do grupo também detentor da Tasquinha da Esquina, no shopping Morumbi, e da Padaria da Esquina. O cardápio já foi adaptado para uma versão digital, acessada pelo smartphone via QR Code, e uma pessoa da equipe foi deslocada para cuidar da higienização do salão.
Edrey Momo diz, porém, que há incertezas sobre o modelo. “Não dá para se preparar 100%, não temos nenhuma informação oficial, um protocolo. Não vou comprar termômetro, divisórias de acrílico, sem saber se serão de fato obrigatórios. Ninguém tem dinheiro para ficar gastando à toa”, pondera. “Para restaurante, abrir do meio-dia às 18h não faz sentido. O movimento acaba às 15h. Posso dividir essas horas entre almoço e janta r? Não sei.”
“Com tantas incertezas, não sabemos ao certo como vai ser”, diz Mauricio Cavallari, sócio do Pitico e Mica.
A exemplo de outros países, os chefs reivindicam o uso de calçadas e vagas de carro para expandir o salão. “Seria mais interessante para todos se, em vez de forçar a abertura na parte interna, tivéssemos uma política de ocupação das calçadas”, diz.
O prefeito Bruno Covas (PSDB) chegou a afirmar que há projeto-piloto para fechar ruas no centro, mas ressaltou a dificuldade de controle do número de pessoas em áreas externas.