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Manezinho foi um dos primeiros personagens criados pelo Maurício de Sousa e que foi esquecido, mas retornou anos depois. Nessa postagem, falo sobre esse personagem.
Criado em 1959, como o amigo do Franjinha nas tiras de jornais do "Bidu e Franjinha", Manezinho não tinha personalidade definida, apenas foi um personagem secundário, por volta de 10, 11 anos de idade, para contracenar com o Franjinha. Nessa época foram criados também o Titi, Jeremias e Humberto, todos com essa finalidade e nenhum com característica própria, nem o Franjinha tinha, por sinal. Apenas o Humberto que já era mudo, só falando "Hum!"Hum!". O nome Manezinho provavelmente foi em homenagem ao jogador de futebol Mané Garrincha.
Quando foi lançado o gibi do Bidu pela Editora Continental em 1960, os personagens também apareceriam nos gibis em peso, inclusive o Manezinho, mas sempre servindo apenas para contracenar com o Franjinha, como a gente pode ver na história "O Cachorro falante", que foi a de abertura de 'Bidu Nº 1', de 1960. Nela, um mágico tenta fazer o Bidu falar, mas a mágica dá errada e acaba o mágico trocando de corpo com o Bidu, fazendo com que o Franjinha pense que o Bidu está realmente falando.
Dá para notar que o Manezinho apenas fez participação nela e que os traços, tanto dele como de todos os personagens, eram completamente diferentes do que a gente vê hoje e até mesmo nos anos 70. Afinal, eram os primórdios dos trabalhos do Mauricio e nem estúdio tinha ainda.
Já na história "O ovo da discórdia", em que o Bidu e os meninos encontram um ovo gigante perto do campinho e cada um faz planos para tirar proveito do ovo, já que pensavam que era de dinossauro, Manezinho teve uma participação maior, com uma página só dele, mostrando o que ele faria com o tal ovo de dinossauro.
Manezinho apareceu também em outros gibis do Bidu da Editora Continental e nas tiras de jornais e quando o gibi foi cancelado apenas nas tiras. Em 1970, com o lançamento do gibi da Mônica pela Editora Abril, ele continuou aparecendo. Como os gibis passaram a ser coloridos, o Manezinho passou a ser colorido com camisa branca e bermuda vermelha. Logo na história de estreia de 'Mônica Nº 1', "A Mônica é daltônica?", ele faz participação no plano infalível criado pelo Zé Luís, para que a Mônica pense que é daltônica.
Nesse mesmo gibi, a história "O cachorro falante" foi relançada, só que sendo redesenhada, colorida e adaptada para o estilo dos gibis do final dos anos 60. Ou seja, tinha o mesmo roteiro, só que com mais falas, tanto que na história original de 1960 tinha 4 páginas no total, enquanto que na de 1970, passou a ter 8 páginas. Logicamente o Manezinho não podia ficar de fora nela.
Em "Quem conta um conto", de 'Mônica Nº 2', de 1970, também teve participação do Manezinho. Nela, o Franjinha ouve um comentário que sua barriga é supérflua e ele achando que é coisa boa espalha a novidade a seus amigos, que espalham também para todo mundo só que mudando a palavra para superfluor e superfuro, causando muitas confusões.
Manezinho continuou aparecendo no início dos anos 70, até porque muitas histórias eram adaptadas dos gibis do Bidu da Editora Continental e também de tiras de jornais, já que muitas delas eram histórias que saíam diariamente de forma seriada, mostrando 3 quadrinhos por dia, ficando meses circulando. Depois, o Mauricio adaptava essas tiras dos anos 60 para serem aproveitadas em uma única história para os gibis.
Uma das últimas aparições do Manezinho em sequência foi na história "Bidu e o mágico", de 'Cebolinha Nº 15', de 1974. Nela, Bidu foge de casa depois do Franjinha reclamar que ele não sabe fazer nenhum truque que os outros cachorros fazem, e acaba virando atração de circo. Franjinha e Manezinho veem o Bidu na plateia e tentam salvá-lo de lá. Nessa, o Manezinho até estava com uma camisa azul, e, com isso, uma roupa diferente da tradicional camisa branca e bermuda vermelha.
A partir daí, Manezinho aparecia só de vez em quando no decorrer dos anos 70 e depois de algum tempo mais sumido, retornou participando na história "Zé Luis, o antiatleta", por volta de 1983 e republicada em 'Almanacão de Férias Nº 5', de 1989, em que o Zé Luís dá um chute na bunda do Manezinho jogando futebol e é expulso da partida. Com isso, o Anjinho tenta ajudar o Zé Luís a escolher o melhor esporte para ele praticar, só que nenhum dá certo. Nela, o Manezinho participa só na primeira página, e já com os traços adaptados para os anos 80.
Após essa aparição-relâmpago, Manezinho ficou sumido de vez, não participando mais de nada, ficando no limbo do esquecimento. Ficou sumido pelas circunstâncias de novas coisas surgindo e acabou ficando esquecido pela MSP. E ficou assim até em 2004, quando o personagem volta a aparecer nos gibis.
Com a criação da Turma do Bermudão, o Manezinho foi lembrado e resolveram colocá-lo como integrante do grupo, junto com Franjinha, Titi e Jeremias. A Turma do Bermudão, um núcleo com personagens por volta de 10, 11 anos de idade (fase de pré-adolescência) e com histórias mostrando dilemas dessa faixa de idade de transição da infância para adolescência. Viviam de calças compridas até altura da canela cheias de bolso, denominadas "bermudões" e nas suas histórias, eles andavam juntos, falavam gírias, procuravam namoro e não aceitavam brincar com as crianças menores porque eles já se sentiam como adultos, além de querer que os outros seguissem o estilo de vida deles.
Uma história de destaque foi a "Turma do Bermudão no Parque, não", de 'Parque da Mônica Nº 144', de 2004. Nela, a Turma do Bermudão vai ao Parque e os meninos estranham a presença deles lá. Cada vez que eram vistos nos brinquedos, eles disfarçam, dando desculpas que não estão brincando, apenas vendo se estão funcionando e coisas semelhantes. No final, eles aceitam que ainda são crianças e vão brincar juntos com os meninos, com uma bonita mensagem que não se deve privar de coisas que você gosta só porque cresceu e que a sociedade acha errado.

Além da Turma da Bermudão, o Manezinho também a aparecer sozinho às vezes, participando das histórias com a Turma da Mônica. Com a sua volta, ele passou a ter uma característica própria: o seu nome verdadeiro passou a ser Manuel, sendo filho de portugueses e foi falado que ele sumiu porque estava morando em Portugal.
Uma das histórias que ele aparece sem ser na Turma do Bermudão foi a "Conheço você de algum lugar", de 'Cebolinha Nº 232', de 2005. Nela, Dudu encontra o Manezinho na rua e diz que não o conhece, chegando a confundir com um ET e o tenista Guga. Após ver o gibi 'Mônica Nº 1' de 1970 do seu pai, Dudu descobre quem era o Manezinho, só estranhando que tinha cara pontuda. Manezinho revela, então, esse fato que sumiu porque estava morando em Portugal com os pais e que voltou. No final, depois do Manezinho ir embora, o Dudu encontra o Nico Demo, perguntando se conhece de algum lugar, começando a confusão novamente. tem umas tiradas engraçadas, o que estraga são as caretas exageradas, já comuns na época.
Em 2007, Manezinho ganhou um irmão caçula, o António Alfacinha, que veio de Portugal para morar com ele. Estreou em 'Cebolinha Nº 7' na história "António Alfacinha (O miúdo luso)", dividida em 3 partes, em que o Alfacinha ensina a Turma do Bermudão e o Cebolinha palavras curiosas da linguagem portuguesa, como "encarnada" que significa "vermelha", "catita", que é "engraçado", "xaveco", que é "velharia", e assim por diante, e ainda participa de um plano infalível contra a Mônica.
