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Juninho viaja para os Estados Unidos no início de janeiro e se apresenta dia 21, um dia antes do início da pré-temporada. Sua estreia pelo novo clube está marcada para o dia 3 de março. Ele poderá ficar mais perto da filha Giovanna, que faz intercâmbio em Los Angeles até o meio do ano que vem. Embora convicto de que tomou a melhor decisão, o Reizinho reforçou sua ligação com o Vasco antes de ir embora.
- Podem falar o que quiser, mas depois do Sport, no Brasil eu só vesti a camisa do Vasco.
GLOBOESPORTE.COM - O que espera desse novo desafio na carreira?
Juninho - Espero fazer o que sempre fiz: dar o meu melhor, como aconteceu nos outros clubes que defendi. Quero aproveitar a oportunidade de ajudar o clube a conquistar um título, o que nunca aconteceu. Além disso, o fato de atuar ao lado do Thierry Henry também pesou. Mas vocês podem fazer as perguntas polêmicas, viu? Estou aqui para isso.
O que o levou a sair do Vasco neste momento e buscar uma nova experiência profissional?
Para responder essa pergunta é preciso voltar um ano e meio. Não sou um cara que fala uma coisa e faz outra. Tinha uma proposta de renovação do Al Gharafa, mas sabia que era o momento de jogar novamente no Vasco ou então não jogaria mais. Por isso, fiz um contrato de risco. Na época, o discurso era jogar seis meses e depois fazer o que quisesse da minha vida. Passou esse tempo, joguei mais do que imaginava e passei a ter uma ligação cada vez mais forte com a torcida. De seis meses virou um ano e meio. Minha obrigação é jogar futebol, apenas isso. Agora tenho o direito de buscar o que é melhor para mim. Meu contrato com o Vasco terminou, não é que eu esteja saindo.
E o que o motivou a não permanecer no Vasco?
A minha sorte é que eu não jogo mal. Então passei a incomodar. Algumas pessoas não queriam a minha volta. Outras achavam que eu não jogaria p... nenhuma e que iria embora depois de seis meses. O grande problema são os euriquistas de plantão. Tem gente da direção, do conselho, funcionários e jornalistas que fizeram um ambiente sujo, pesado. Muitos ali dentro querem se aproveitar e encontrar um espaço para entrar. Eu não quero ficar como escudo. Agora, só porque não fiquei eu não sou vascaíno?
Então acredita que seria de certa forma usado? Se ficasse, a diretoria mostraria força. Se saísse, passaria a ser o jogador que abandonou o barco...
Se eu ficasse, poderia aumentar a idolatria da torcida por mim. Mas não sou vaidoso. Além disso, não adianta forçar a situação. Ao sair, ajudei o Vasco. Agora que o Juninho saiu, todo mundo vê que a situação está realmente difícil. Então, acho que vão trabalhar ainda mais para mudar. Se eu ficasse, iria contra tudo o que sempre falei para os próprios jogadores. Cobro a diretoria, vou às reuniões e aceito como está? Com certeza o Vasco arrumaria um jeito de me pagar, se eu exigisse o que fosse, resolveriam, mas não queria permanecer dessa maneira.
Como enxerga o atual momento do Vasco?
Acho que não é irreversível. Mas é uma situação a longo prazo. Não vai ter resultado da noite para o dia. O clube vai se apoiar em grandes profissionais, colocar um mínimo de ordem na casa para contar com os bons jogadores que tem. Mas eu tenho longo prazo como jogador de futebol? Não.
A atual diretoria tem parcela de culpa ou enxerga a situação como consequência de administrações passadas?
A direção atual tem menos culpa do que a anterior. Mas o grande erro da direção atual foram as parcerias firmadas, que não protegiam o Vasco. Anderson Martins arrebentou e saiu sem o clube poder fazer nada. Neste ano foram Romulo, Diego Souza, Allan, Fagner... Quando o jogador recebia proposta, saía. Tenho muito respeito ao Roberto, que foi me buscar no Qatar. Mas a diretoria tem parcela de culpa porque a equipe não poderia ter sido dissolvida durante a competição.
Acredita que sua decisão de não permanecer vai motivar a saída de outros atletas do Vasco?
Quando você tem propostas, pode analisar o que é melhor. E quando o contrato acaba, o jogador tem a sua liberdade. Não sei se alguns vão sair porque eu saí. Cada um tem sua vida. Acho que com algumas saídas, cada vez mais o clube vai fazer de tudo para mudar a situação. Além disso, penso que a análise tem de ser feita tecnicamente. Deve ficar quem merece. Quem estiver insatisfeito é melhor sair, e o Vasco coloca a garotada, respira economicamente e volta a contratar depois. Mas hoje o Vasco ainda tem um time competitivo: Dedé, Fellipe Bastos, Tenorio, Eder Luis... um elenco que também pode fazer entrar dinheiro no clube. De repente, quando os jogos começarem, a camisa vai pesar, a torcida empolga e a gente pode nem mais lembrar de crise.
O que efetivamente foi oferecido pelo Vasco em sua renovação? Muito se falou de carreira como dirigente, jogo de despedida, patrocinador exclusivo...
O Vasco não me passou proposta nenhuma, porque primeiro queria acertar o que tinha de dívida. Também se cogitou a possibilidade de a direção procurar patrocinadores para pagar o meu contrato, mas nada oficial. Eu também não aceitaria, porque acho que incomodaria diante da situação atual do clube. Essa história de contrato de diretor é mentira. Qual a função que eu faria? Nem tem espaço para isso. O Vasco acabou de contratar dois, não posso ficar numa situação como essa. Também não quero exigir isso do clube. Não aconteceu praticamente nada. Fiquei muito tentado com a proposta do Atlético-MG, pela estrutura, o projeto e pelo time muito forte. Mas sempre falei que ir para os EUA era a prioridade.
Em relação a 2014, você pretende voltar ao Vasco?
O New York me ofereceu um contrato de dois anos e eu não me senti em condição de aceitar. Não quero prometer nada. Não quero responder essa pergunta.
Nem que seja para um jogo de despedida?
Ano passado, no dia da minha apresentação, a torcida gritou mais o nome do Edmundo do que o meu. Isso não me incomoda. É legal essa despedida do Pedrinho. Se tiver a minha, ótimo. Caso contrário, não vou ficar frustrado. Se eu quiser, terei uma despedida no Lyon. Não quero que o clube se sinta obrigado. A preocupação do Vasco não pode ser essa ou a minha volta no ano que vem. A situação é catastrófica, nunca vi um negócio desse.
Na última segunda-feira, dia em que sua contratação foi anunciada, você estava em Recife e o New York RB divulgou uma foto sua nos Estados Unidos mostrando os símbolos do clube. O acerto aconteceu anteriormente?
Fui para lá com minha esposa para conhecer o clube e fiquei três dias. Visitei apartamentos para alugar, escolas, tudo organizado. Fiz aquela foto sem vestir a camisa e eles me disseram que divulgariam a imagem somente se eu fechasse. Na última segunda-feira eu assinei o contrato pela internet e eles publicaram a foto.