Guerra contra Aguirre
No ano de 1864, a Argentina cortou relações com o presidente nacionalista uruguaio Anastácio da Cruz Aguirre. Esta rixa diplomática elevou os ânimos dos uruguaios. Como resultado, propriedades de brasileiros no Rio Grande do Sul eram invadidas e saqueadas por revoltosos, e os brasileiros que viviam no Uruguai também eram perseguidos. Buscando uma saída diplomática, D. Pedro II tentou negociações com o presidente uruguaio, mas não houve sucesso. Este negou inclusive o ultimato que o Brasil deu, e ameaçou quebrar o Tratado de Limites de 1852, assinado entre os dois países.
Desistindo das saídas diplomáticas, o Imperador buscou entendimentos com o general Venâncio Flores, que disputava o poder no Uruguai. Assim, ele deu apoio à uma invasão brasileira. Em Março de 1864 a Divisão de Observação do Exército (mais tarde, Divisão Auxiliadora) cruzou a fronteira, passaram a invadir o Uruguai. A invasão durou 11 meses. Em 15 de Fevereiro de 1865, após alguns dias de sítio na capital do Uruguai, Montevidéu, o presidente Aguirre rendeu-se, e foi deposto do cargo. Em seu lugar, foi nomeado Venâncio Flores, que assinou o acordo de paz com o Brail em 20 de Fevereiro.
A invasão do Uruguai, bem como a deposição de Aguirre, foram algumas das causas que levaram à Guerra do Paraguai, pois o presidente paraguaio, Solano Lopez, era aliado de Aguirre e do Partido Blanco no Uruguai.
Guerra do Paraguai
Foi o confronto militar internacional mais importante das Américas, que colocou Paraguai contra a Argentina, Brasil e Uruguai.
Motivos da Guerra
No século XIX, o Paraguai vivia uma situação muito próspera, graças às políticas de Francisco Solano López. O presidente paraguaio defendia a auto-suficiência paraguaia, e conseguiu fazer do Paraguai um país avançado, perto dos vizinhos sulamericanos. López investia em linhas de trem, no telégrafo, e na industrialização pesada. Mas esse aquecimento econômico que o Paraguai vivia exigia uma forma de contato com o mundo exterior, e o Paraguai não tem saída para o mar. Sempre que desejasse exportar produtos para a Europa precisava navegar por rios que não eram seus, como o Rio Uruguai e o Rio da Prata. Assim, o ditador Solano López passou a bolar planos para anexar territórios argentinos e brasileiros, que dessem ao Paraguai uma saída para o Atlântico (o chamado Paraguai Maior). Desse modo, López passou a investir na militarização de seu país. Também aliou-se ao Partido Blanco uruguaio (que, na época, estava no poder do Uruguai). O Partido Blanco é rival do Partido Colorado, que tinha alianças com Argentina e Brasil.
Quando o Brasil invadiu o Uruguai, por causa da Guerra contra Aguirre, o ditador paraguaio mostrou-se contra a investida, e como não foi atendido pelo imperador D. Pedro II, invadiu o Uruguai em Agosto, alegando que a invasão brasileira no Uruguai era um atentado ao equilíbrio dos países da Prata. Em Novembro, o Paraguai apreendeu o navio Marquês de Olinda, que navegava o Rio Paraguai em direção à província do Mato Grosso. Em Dezembro, Lópes declarou guerra ao Brasil. Em Março de 1865, declarou guerra à Argentina. O Uruguai de Venâncio Flores, aliado à Argentina e ao Brasil, declarou guerra ao Paraguai. No dia 1º de Maio de 1865 foi assinado o Tratado da Tríplice Aliança, unindo Argentina, Brasil e Uruguai contra o Paraguai.
A vantagem paraguaia
No início do embate, a guerra estava claramente favorável ao Paraguai, que tinha um exército muito mais numeroso. Os paraguaios tinham um exército que contava com aproximadamente 60 mil homens, contra 18 mil brasileiros (dos quais apenas 8 mil estavam na região sul do Brasil), 8 mil argentinos e 5 mil uruguaios. Ainda, o exército paraguaio vinha sendo exaustivamente treinado, e estava bem organizado. As tropas da Tríplice Aliança estavam desorganizadas, e não tinham grande tradição militar. Mesmo assim, o presidente da Argentina, Bartolomeu Miltre, assumiu o comando dos soldados dos três países, para frear a investida paraguaia.
O Paraguai iniciou a guerra no ataque, conquistando rapidamente a província de Mato Grosso, que estava despreparada para uma invasão. Mas López não ordenou a invasão da capital mato-grossense, Cuiabá, pois seus planos eram no sul do Paraguai. As tropas paraguaias invadiram a província argentina de Corrientes em Março de 1865. Em Maio, tropas cruzaram a Argentina e invadiram São Borja, no Rio Grande do Sul.
O Brasil tentou responder enviando uma expedição ao Mato Grosso, mas essa expedição foi muito demorada. Quando chegaram às cidades invadidas, elas já tinham sido desocupadas pelos paraguaios. Em 1967 os brasileiros tentaram ainda invadir o Paraguai pelo Mato Grosso, mas tiveram que recuar. A província do Mato Grosso só foi totalmente desocupada em 1968, quando os paraguaios que estavam ali tiveram que se deslocar para o sul.
Riachuelo e a virada da Guerra
Apesar da superioridade terreste paraguaia, a Marinha brasileira era muito maior (principalmente por causa da extensão litorânea do Brasil). E, graças à invasão do Uruguai, boa parte da Marinha brasileira estava no Rio da Prata, e a esquadra brasileira engajou-se na Batalha de Riachuelo, em Junho de 1865. A batalha praticamente destruiu a Marinha paraguaia. Sem navios que controlassem o rio Uruguai e Paraguai, os paraguaios não poderiam manter seus homens na Argentina (não havia estradas na época; os contatos eram feitos pelos rios).
Mesmo assim, as tropas que estavam no Brasil avançaram, tomando mais cidades brasileiras. Tentaram inclusive invadir o Uruguai, mas perderam a batalha, ao tentarem cruzar o Rio Uruguai. Em poucos meses as forças que invadiram o Brasil haviam sido derrotadas. logo depois, as tropas aliadas reconquistaram as cidades argentinas invadidas. Em 1866, a ofensiva passou a ser da Tríplice Aliança.
A invasão no Paraguai foi demorada e violenta, e contou com muitas baixas. A maioria, porém, era causa de epidemias e subnutrição, pois a saúde era precária nas frentes de batalhas. Foi nessa época que o líder das tropas da Tríplice Aliança tornou-se o marquês de Caxias. Mas a batalha tornava-se lenta e difícil, pois enquanto os aliados ocupavam-se em se reorganizar para manter a investida, López ganhava tempo, e se refortalecia para tentar rechaçar mais um ataque.
Invasão de Assunção e queda de López
Após quase 3 anos de invasão, Assunção, capital paraguaia, foi tomada, em 1º de Janeiro de 1869. Solano López fugiu com alguns comandantes para o noroeste paraguaio, uma região de relevo acidentado. O Imperador D. Pedro II fez qustão de prender ou matar López, temendo uma revolta armada por ele.
Como o agora duque de Caxias negou-se a perseguir o ditador, o genro do Imperador, Luís Filipe Gastão de Orleáns, o Conde D'Eu, ocupou a liderança das tropas, e invadiu o interior paraguaio, enfrentando uma verdadeira guerrilha. Nessas batalhas, o resto das tropas paraguaias foram massacradas pelos brasileiros, enquanto não achavam Lópes. Ele morreu na batalha de Cerro Corá, em 1870.
Mesmo vitorioso, o Brasil saiu com diversos problemas econômicos, pois teve que pedir grandes somas de dinheiro emprestadas para a Inglaterra, o que aumentou sua dívida externa. As dificuldades financeiras do Império apressaram a queda de D. Pedro II. Os únicos brasileiros que se beneficiaram com a guerra foram os militares do Exército, que se tornaram importantes no cenário nacional, sendo decisivos para diversos episódios históricos, como a proclamação da República, o golpe de Getúlio Vargas e a Ditadura Militar.
A Questão Religiosa e Questão Militar
Além disto, houve a questão religiosa, esta provocada pela recusa dos bispos Dom Antônio de Macedo Costa e D. Frei Vital em aceitar as interferências do governo influenciado pela maçonaria na nomeação de diretores de ordens terceiras e irmandades. Em seguida, a questão militar causada por atritos entre os militares e o império. Os profissionais das armas queriam uma maior autonomia nos assuntos políticos da nação, e o império punia as manifestações quaisquer que fossem.
Os republicanos cresciam em poder e influência, a opinião pública já vislumbrava com bons olhos um Brasil sem imperador. O tenente-coronel Benjamin Constant na Escola Militar pregava o positivismo e a república.
Em 1873, aconteceu um Congresso Republicano em São Paulo, neste, houve a confecção e a aprovação de um projeto de constituição. O regime monárquico estava acabando, os ventos republicanos já sopravam no horizonte. Com o agravamento da questão militar, o gabinete de Ouro Preto iniciou sua queda.
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