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Em quase vinte anos de existência, a CartaCapital passa por sua terceira mudança e, segundo a publisher Manuela Carta, uma mudança radical. A revista estreou o novo projeto gráfico no último fim de semana.
Quando a editora começou a idealizar um novo projeto ?
Manuela Carta – Em 2011, a CartaCapital vendeu uma fatia para o Eduardo Rocha Azevedo, desde então, a gente ganhou um pouco mais de fôlego para fazer algumas coisas que não tínhamos conseguido até então. Olhar a marca com mais calma, criar um departamento de marketing. Antes, tínhamos que dar conta do arroz e feijão, botar a revista na rua, pagar gráfica, distribuidora, pagar salários cuidar para não atrasar assinatura. Não tínhamos essa grana extra.
A chegada de novos investimentos motivou a mudança gráfica ?
Isso fez com que tivéssemos respiro para pensar na marca. Contratar uma pessoa de marketing, comprar uma pesquisa, entender quem é nosso leitor. Passamos a mergulhar na marca. Com isso, começamos a entender essa coisa do mercado das plataformas digitais. Ter um retorno sobre o perfil do nosso leitor, a importância de estar com a marca em outras plataformas. Mesmo com várias constatações no universo digital, percebemos que ainda era possível investir no papel.
O papel continua sendo carro-chefe então ?
O momento que nós vivemos é muito interessante. Ninguém está fazendo nada. As revistas, com algumas exceções, não se reinventam. No início, decidimos uma mudança mais cosmética, mas depois, percebemos que tinha espaço para algo mais amplo.
De que forma o Mino Carta encarou essas mudanças ?
Ele foi se empolgando e ficando cada vez mais confiante. Diferente do que podem pensar, o Mino é muito mais moderno e contemporâneo do que muitos jovens. Nós achávamos que ele ficaria ali cheio de dedos de mexer no filho, afinal de contas a CartaCapital é um filho, acho que é até mais filho do que os filhos de sangue. Mas ele foi adorando e acompanhou com lupa esse processo.
Em relação à pesquisa, qual foi a principal constatação ?
Nós apuramos que nosso leitor sentia falta de um conteúdo mais, vou usar uma palavra que eu não gosto muito, leve. Nós já tínhamos na revista tecnologia, saúde, gastronomia e futebol, mas entendemos que possui espaço para crescer. Com isso, chamamos o Nirlando Beirão e pedimos para ele pensar algo que pudesse agregar moda, gastronomia, vinho, viagem e estilo. Com isso, criamos a editoria "QI" que é um guarda-chuva de tudo isso.
Falar de um conteúdo “mais leve” não pode assustar os leitores que buscam justamente diferenciação na CartaCapital ?
A ideia é ser uma revista mais variada, trazer leitores para o papel em um momento em que essa plataforma está sendo questionada. Mas longe de abrir mão de nossas premissas. É claro que vai ter gente que vai ligar, escrever, reclamar por causa das mudanças, mas isso faz parte. A gente não vai mexer nas premissas da nossa marca : o espírito critico. Só o que queremos é fazer uma revista mais ampla, buscar um produto que fale de estilo, coisas que já estavam na revista, é uma maneira de atrair novos públicos.
Quais seriam esses novos públicos ?
A pesquisa também nos mostrou que temos uma demanda reprimida para buscar. Descobrimos que muita gente não conhece a revista. É normal, já que em 20 anos nós nunca tivemos grana suficiente para fazer um trabalho de marca uma divulgação, levar nossa marca para a televisão, rádio e outras mídias. Agora inclusive, estreamos com uma campanha que envolve televisão, cinema, rádio e mídia impressa. Além disso, percebemos que o público feminino pode ter maior participação na CartaCapital, o que percebemos é que nosso leitor é eminentemente masculino. Com isso, pretendemos buscar jovens, mulheres e ampliar nosso leque de leitores.
Ou seja, a CartaCapital vive agora um momento de posicionamento de marca ?
É um posicionamento de marca que estamos vivendo neste momento. É um momento que a gente está se expondo e levando o conceito para os nossos leitores “Preste atenção” chamando a atenção para que as pessoas fiquem ligadas. Não sei se é uma assinatura momentânea, a assinatura que eu gosto é outra, algo relacionado o quanto a gente respeita o leitor e quanto leva o jornalismo a sério. Um jornalismo honesto. O Mino é muito cioso dessa prática e busca pela verdade factual, aliás isso está em linha de não abrir mão dos princípios.