Criado por Walter Lantz há sete décadas e muito popular na televisão brasileira há pelo menos 30 anos, o Pica Pau sempre foi um dos alvos na hora das críticas quanto a violência em desenho animado. O blog Animation Info destacou parecer de uma reunião do Ministério da Justiça, órgão federal que regula a classificação indicativa de filmes, desenhos animados, séries, novelas e programas para TV, cinema e DVD.
Em junho foi realizada uma reunião com o diretor da Universal Pictures no Brasil, Marcelo Bermudez. Segundo a Comissão, a mensagem contida na animação viola o Código de Defesa do Consumidor e o Estatuto da Criança e do Adolescente, segundo os quais as publicações destinadas ao público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições.
De acordo com informação publicada no Ministério da Justiça, o DVD "Pica-pau e Seus Amigos, volume 6" (lançado no Brasil pela Universal Pictures) possui cenas inadequadas para o público infantil.
A decisão e o próprio debate levantam questões sobre o real poder prejudicial de desenhos animados como Pica Pau, Tom & Jerry, Looney Tunes e outras produções contemporâneas. A chiadeira é hipócrita porque crianças continuam tendo acesso a filmes, novelas e demais conteúdos em TV aberta com os mesmos elementos que o ministério julga prejudiciais em produtos "destinados ao público infantil".
Porém, o debate não é novo. Desde meados dos anos 1990 há discussões em torno da censura aos desenhos animados, especialmente aos animes e clássicos produzidos entre as décadas de 1930 e 1950. Quando Pica Pau ainda era exibido pelo SBT, teve curtas editados para eliminar cenas consideradas muito violentas. Após uma breve passagem pela TV Globo, o Pica Pau desembarcou na Record num momento que tornou o personagem uma das maiores audiências da emissora. Talvez por isso o retorno do debate.