Economia

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Re: Economia

Mensagem por E.R » 22 Out 2012, 10:04

http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noti ... -2013.html

Na semana passada, foi regulamentado o cadastro positivo. E essa nova lista dos bons pagadores vai está disponível a partir de janeiro de 2013. Com isso, as instituições financeiras vão poder ter acesso às informações do comportamento do consumidor em relação a pagamentos a prazo. E vão saber se o cliente é bom ou mau pagador.

Compra aprovada ou não aprovada. Vai pouco além disso a relação do cliente com o mercado de crédito. Exceto para as instituições financeiras, que têm acesso a informações sigilosas, o histórico financeiro dos consumidores é desconhecido. Quem empresta dinheiro cobra caro pelo risco de calote.

Mas essa história pode começar a mudar a partir do ano que vem com o chamado cadastro positivo. A lei sancionada no ano passado acaba de ser regulamentada no Diário Oficial. Faltam ainda as regras do Conselho Monetário Nacional.

O consumidor terá que solicitar sua entrada no cadastro. Os 15 últimos anos serão analisados. Com exceção de quem deixou de pagar alguma dívida, somos todos iguais para o comércio. A única referência são as listas negras do SPC, do Serasa e do Banco Central.

O cadastro positivo pode ser um novo parâmetro, onde valem também as contas que foram quitadas. A ideia é que um bom histórico de pagamentos seja uma arma a mais por taxas de juros menores.

Em países onde foi adotado, o cadastro levou a uma queda dos juros. “A gente é bastante otimista de que os consumidores, em um curto espaço de tempo, vão poder se beneficiar de taxas diferenciadas, condições de pagamento também mais favoráveis a ele”, afirma Vander Nagata, superintendente de informações ao consumidor do Serasa Experian.

“Quando isso tudo estiver implantado e disponível, com absoluta certeza vai reduzir a taxa de juros, porque a taxa de juros, um dos fatores que gera essa taxa é o risco, então se o risco for menor, certamente a taxa pode ser menor”, explica Nelson Barrizzelli, economista do SPC Brasil.

Segundo a regulamentação entra em vigor em primeiro de janeiro do ano que vem. A resolução do Conselho Monetário Nacional, que ainda falta, vai definir a forma como os bancos irão repassar às informações de seus clientes às empresas que vão operar os cadastros.
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Re: Economia

Mensagem por Antonio Felipe » 23 Out 2012, 15:57

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Re: Economia

Mensagem por Scopel » 23 Out 2012, 21:44

A Islândia não tem relevância econômica ou política no mundo, é quase uma cidade-Estado.

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Re: O papel do Estado na Economia

Mensagem por E.R » 27 Out 2012, 14:53

http://www.istoe.com.br/reportagens/249 ... DE+IMOVEIS

Financiar a compra de uma casa ou de um apartamento é um processo que costuma levar anos. Para ampliar o leque de opções dos compradores, desde 2006 o Banco Central oferece a portabilidade do financiamento imobiliário. Mas foi apenas recentemente que o benefício se tornou mais acessível, com a redução de até 60% das despesas com cartório. “Transferir o financiamento do imóvel para outra instituição financeira faz a dívida diminuir e ensina o consumidor a ter mais controle sobre as parcelas”, afirma Marcelo Prata, presidente do Canal do Crédito. Não se trata, porém, de uma simples mudança. O economista do Secovi-SP Celso Petrucci faz algumas ressalvas. “Para saber se a portabilidade valerá a pena ou não, é preciso observar o prazo remanescente da dívida, o saldo devedor e a diferença na taxa de juros”, diz o economista. Abaixo, entenda como funciona a transferência do crédito habitacional.

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Re: Economia

Mensagem por E.R » 29 Out 2012, 14:25

VEJA

Há nove anos, o Banco Mundial lançou um estudo para avaliar e comparar as condições que os países oferecem para que as empresas possam fazer negócios.

Um dos objetivos do levantamento - o mais profundo diagnóstico já produzido até então sobre o ambiente de negócios no mundo — era servir como guia para que os governos atacassem os entraves burocráticos que impedem as empresas de prosperar.

A divulgação da mais recente edição do relatório Doing Business revelou de maneira clara como o Brasil pouco avançou no período e, mais preocupante, como a escassez de ações da esfera pública fez o país ser ultrapassado na corrida global. O país foi classificado como a 130ª economia no ranking das que oferecem as melhores condições de negócios, entre 185 nações. Perdeu posições pelo segundo ano seguido — estava em 120° lugar em 2010. Quando os países foram classificados pela primeira vez, em 2005, ele era o 119° colocado. "Não há nada que um governo possa fazer para aumentar a quantidade de recursos naturais de uma nação, mas é sempre possível melhorar a infraestrutura, e muito mais fácil e barato é tirar da frente os entraves tributários, fiscais e burocráticos à atividade produtiva", diz Rita Ramalho, economista do Banco Mundial, uma das autoras da pesquisa. A dificuldade em simplificar as regras que regem a atividade empresarial destoa do crescimento recente, do Brasil, que o alçou ao posto de sexta maior economia do mundo.

A diferença em relação ao dinamismo do setor privado se faz cada vez mais evidente. O pujante mercado doméstico, que ganhou 40 milhões de novos consumidores nos últimos anos, ajuda a entender por que, apesar de tudo, o Brasil se tomou um dos países mais atraentes aos olhos do investidor estrangeiro. A estimativa é que 60 bilhões de dólares ingressem no país até o fim do ano, o que deixaria o Brasil atrás apenas de China, Estados Unidos, Hong Kong, França e Reino Unido. A maior parcela do dinheiro é destinada a setores ligados ao consumo de produtos ou serviços, que são menos expostos às instabilidades institucionais. Já o direcionamento do investimento à infraestrutura depende diretamente da estabilidade das regras estabelecidas pelo governo. O fato de menos de 10% do capital externo ter sido direcionado a portos e aeroportos no Brasil fornece um bom ponto de reflexão ao poder público.

O efeito da burocracia é perverso. Explica Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral: "O investimento será necessariamente mais caro, menos produtivo e menos eficiente, a começar pelo fato de que as empresas estrangeiras levam dois ou três anos apenas tentando entender o nosso país quando decidem vir para cá".

Desde a primeira edição do estudo, em 2003, a média mundial de dias necessários para abrir uma empresa baixou de cinquenta para trinta. No país, o prazo caiu de 152 para 119 dias — ou seja, ainda são quatro meses de espera. O número de procedimentos exigidos continua alto : treze, apenas dois a menos na comparação com 2003. Outro exemplo da falta de ação do governo está na concessão de crédito. Apenas há duas semanas o governo regulamentou a lei do cadastro positivo, mais de um ano depois de sua aprovação. A medida abre caminho para que os bancos cobrem juros mais baixos de empresas que pagam as suas contas em dia.

Por não ter feito a regulamentação anteriormente, o país perdeu sete posições no ranking que mede as condições oferecidas a quem toma empréstimos. O país tem seu pior desempenho em uma área reconhecida como problemática há anos (e pouco se faz para aliviá-la): o pagamento de impostos, um dos mais altos do mundo. Além disso, o emaranhado de normas tributárias desperdiça 2600 horas por ano das empresas brasileiras, o equivalente a 108 dias. É o tempo que se leva para reunir as informações exigidas e efetuar os pagamentos. Na Colômbia, são necessárias 203 horas. Enquanto as diversas esferas de governo patinam na implantação de melhorias, outros emergentes servem como exemplo. No último ano, a Polônia aprovou quatro reformas que facilitaram o registro de propriedades, o pagamento de impostos, a aplicação dos contratos e a resolução de falências. Entre os Brics, o país só não fica atrás da índia (132ª). A China está na 91ª posição, e a Rússia, na 112ª. "Evoluímos no tamanho do mercado interno e na estabilidade da economia, mas não na parte regulatória. Dada a janela de crescimento que temos hoje, estamos deixando passar a oportunidade de melhorar esse quadro", diz Erik Camarano, diretor-presidente do Movimento Brasil Competitivo. Em estudo recente, o Fórum Econômico Mundial diagnosticou que, entre 144 nações avaliadas, em nenhuma outra o peso da regulação governamental é tão prejudicial à economia como no Brasil.

No último ano, o avanço mais significativo no país se deu nas condições para que os contratos assinados sejam cumpridos contando com a força da lei. Isso ocorreu graças à adoção de um sistema eletrônico para dar início a processos na Justiça de São Paulo. O impacto que ações aparentemente simples, como a modernização dos tribunais e das juntas comerciais, têm sobre as atividades econômicas é imenso. Nas juntas comerciais informatizadas, por exemplo, é possível obter alvarás de funcionamento pela internet. "O problema é que, como o sistema é desmembrado em várias instâncias, basta uma atrasar para que surja um gargalo. É preciso integrar todos os órgãos, mas isso teria de ser capitaneado pelo governo federal", diz Camarano. Melhorar o ambiente de negócios não beneficiaria apenas os empreendedores. Estudos comprovam que países que estimulam a atividade empresarial crescem mais e, portanto, têm mais condições de proporcionar uma qualidade de vida melhor à população.
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Re: O papel do Estado na Economia

Mensagem por E.R » 30 Out 2012, 14:48

ISTO É DINHEIRO

A partir de agora, não será por falta de crédito que o setor da construção civil deixará de crescer. O governo aprovou as novas regras para financiamento de materiais de construção utilizando recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o FGTS. A intenção é turbinar as linhas de crédito para a aquisição de materiais, tanto para imóveis urbanos quanto rurais, seja para a construção, seja para reformas. Até o fim de dezembro, cerca de R$ 300 milhões serão disponibilizados. O Sudeste ficará com 42,5% dos recursos, o Nordeste com 28,2% e a região Sul, com 11,2%. O Norte e Centro-Oeste responderão por 9,7% e 8,4% do dinheiro, respectivamente.
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Re: O papel do Estado na Economia

Mensagem por Scopel » 31 Out 2012, 03:55

Espero que todos leiam, especialmente Antônio e ER.
Fatos e mitos dos governos progressistas no Brasil


A compreensão da realidade brasileira requer o esforço crítico de contrastar a aparência dos fenômenos e a forma como são interpretados pelo senso comum com a sua essência mais profunda, definida pelo sentido das transformações inscritas no movimento histórico. Tal contraste revelará o abismo existente entre o mito de que o Brasil vive um surto de desenvolvimento, liderado por um governo de esquerda que teria criado condições para combinar crescimento, combate às desigualdades sociais e soberania nacional, e a dramática realidade de uma sociedade impotente para enfrentar as forças externas e internas que a submetem aos terríveis efeitos do desenvolvimento desigual e combinado em tempos de crise econômica do sistema capitalista mundial.

A noção de que a economia brasileira vive um momento ímpar de sua história apoia-se em diversos elementos da realidade. Afinal, após duas décadas de estagnação, entre 2003 e 2011, a renda per capita dos brasileiros cresceu à taxa média de 2,8% ao ano. Nesse período, o país manteve a inflação sob controle e, salvo a turbulência do último trimestre de 2008, no ápice da crise internacional, não sofreu nenhuma ameaça de estrangulamento cambial. Desde a segunda metade da primeira década do milênio, o volume de divisas internacionais supera o estoque de dívida externa com os bancos internacionais, configurando uma situação na qual o Brasil aparece como credor internacional, dando a impressão de que, finalmente, os problemas crônicos com as contas externas teriam sido superados. A população sentiu os efeitos da nova conjuntura de maneira bem palpável. Após décadas de demanda reprimida, o aumento da massa salarial e o acesso ao crédito provocaram uma corrida ao consumo. O governo calcula que o número de empregos gerados no período Lula – 2003-2010 – tenha ultrapassado 14 milhões. Associando grandes negócios, crescimento econômico, aumento do emprego e modernização dos padrões de consumo à noção de desenvolvimento, a nova conjuntura é apresentada como demonstração inequívoca de que o Brasil teria, finalmente, criado condições objetivas para um desenvolvimento capitalista autossustentável.

Também a ideia de que o crescimento econômico teria melhorado a desigualdade social encontra certo respaldo nos fatos. Após décadas de absoluto imobilismo, no governo Lula, o índice de Gini, que mede o grau de concentração pessoal de renda, diminuiu um pouco; e a distância entre a renda média dos 10% mais pobres e a dos os 10% mais ricos do país foi reduzida, de 53 vezes em 2002, para 39 vezes em 2010. As autoridades vangloriam-se de que, nesse período, mais de 20 milhões de brasileiros teriam deixado a pobreza. Tais fatos levaram a presidente Dilma a pavonear que o Brasil teria se transformado num país de “classe média”. Além de consequência direta da retomada do crescimento, a melhoria nos indicadores sociais é associada: à política de recuperação em 60% no valor real do salário mínimo entre 2003 e 2010 – tendência que já havia começado no governo conservador de Fernando Henrique Cardoso; à ampliação da cobertura de previdência social para os trabalhadores rurais – conquista da Constituição de 1988; e à política social do governo federal, notadamente a Bolsa Família – programa de transferência de renda para a população carente que, em 2010 atendia cerca de 13 milhões de famílias.

Por fim, o sentimento relativamente generalizado, no Brasil e no exterior, de que o país teria adquirido maior relevância no cenário internacional também se apoia em fatos concretos, tais como: o fracasso da ALCA (em parte devido à resistência do governo brasileiro); o peso do Brasil no Mercosul; o papel moderador da diplomacia brasileira nas escaramuças da América do Sul; a participação do país no restrito grupo do G-20, que reúne as principais economias do mundo a fim de pensar políticas para administrar a crise econômica mundial; a formação do foro que reúne os chamados BRICs – Brasil, Rússia, Índia e China -, que congrega as maiores economias emergentes, como suposto contraponto ao G-5 – o foro das potências imperialistas. A escolha do Brasil para sede de dois grandes megaeventos – a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 - seria a prova material do grande prestígio do Brasil.

Por mais convincentes que os fatos enunciados pareçam, o método de ressaltar os aspectos positivos e esconder os negativos oferece uma visão parcial e distorcida da realidade. Pinçando arbitrariamente os elementos postos em evidência e ocultando os que não convém colocar à luz, a apologia da ordem distorce a compreensão do verdadeiro significado do padrão de acumulação que impulsiona a economia brasileira, suprimindo as contradições que germinam nas suas entranhas. O mito de que o Brasil estaria vivendo um surto de desenvolvimento que abriria a possibilidade de superação da pobreza e da dependência externa simplesmente ignora a fragilidade das bases que sustentam o ciclo expansivo dos últimos anos e seu efeito perverso de reforçar a dupla articulação responsável pelo caráter selvagem do capitalismo brasileiro: o controle do capital internacional sobre a economia nacional e a segregação social como base da sociedade brasileira. Alguns fatos são suficientes para deixar patente a verdadeira natureza do modelo econômico brasileiro.

O crescimento da economia brasileira entre 2003 e 2011 não foi nada de excepcional – apenas 3,6% ao ano –, bem abaixo do que seria necessário para absorver o aumento vegetativo da força de trabalho – estimado em cerca de 5% ao ano –, pouco acima do crescimento médio da economia latino-americana. A expansão foi determinada pela configuração de uma conjuntura internacional sui generis, que permitiu ao Brasil “surfar” na bolha especulativa gerada pela política de administração da crise dos governos das economias centrais. De fato, o crescimento foi puxado pelo aumento das exportações, impulsionado pela elevação dos preços das commodities, e pela relativa recuperação do mercado interno, o que só foi possível porque a abundância de liquidez internacional criou a possibilidade de uma política econômica um pouco menos restritiva. No entanto, a conjuntura mais favorável não foi aproveitada para uma recuperação dos investimentos – a base do crescimento endógeno. Nesse período, a média da taxa de investimento ficou abaixo de 17% do PIB – pouco acima da verificada nos oito anos do governo anterior e bem abaixo do patamar histórico da economia brasileira entre 1970 e 1990.

A nova rodada de modernização dos padrões de consumo somente alcançou uma restrita parcela da população e, mesmo assim, na sua maioria, com produtos supérfluos de baixíssima qualidade. Não poderia ser diferente, pois, assim como uma pessoa pobre não dispõe de condições materiais para reproduzir o gasto de uma pessoa rica, a diferença de pelo menos cinco vezes na renda per capita brasileira em relação à renda per capita das economias centrais não permite que o estilo de vida das sociedades afluentes seja generalizado para o conjunto da população. Para as camadas populares incorporadas ao mercado consumidor o custo foi altíssimo e será pago com grandes sacrifícios em algum momento no futuro. Não é necessário ser um gênio em matemática financeira para perceber que a corrida das famílias pobres às compras não é sustentável. A cobrança de taxas de juros reais verdadeiramente estratosféricas, em total assimetria com a evolução dos salários reais, implica em verdadeira servidão por dívida, caracterizada pelo crescente peso dos juros e amortizações na renda familiar. O aumento artificial da propensão a consumir das famílias é um problema macroeconômico grave. Quando a “bolha especulativa” estourar, não apenas as pressões recessivas tendem a ser potencializadas, como o crescente endividamento das famílias pobres converter-se-á numa grave crise bancária.

A subordinação do padrão de acumulação à lógica dos negócios do capital internacional tem provocado um processo de especialização regressiva da economia brasileira na divisão internacional do trabalho. A revitalização do agronegócio como força motriz do padrão de acumulação reforça o papel estratégico do latifúndio. A importância crescente do extrativismo mineral, potencializada pela descoberta de petróleo na camada do pré-sal, intensifica a exploração predatória das vantagens competitivas naturais do território brasileiro. Por fim, a falta de competitividade dinâmica (baseada em inovações) para enfrentar as economias desenvolvidas assim como a insuficiente competitividade espúria (baseada em salário baixo) para fazer face às economias asiáticas levam a um processo irreversível de desindustrialização.

A regressão nas forças produtivas vem acompanhada de progressiva perda de autonomia dos centros internos de decisão sobre o processo de acumulação. A exposição do Brasil às operações especulativas do capital internacional tem intensificado a desnacionalização da economia brasileira e aumentado de maneira assustadora a sua vulnerabilidade externa. A trajetória explosiva do passivo externo, composto pela dívida externa com bancos internacionais e pelo estoque de investimentos estrangeiros no Brasil, evidencia a absoluta falta de sustentabilidade de um padrão de financiamento do balanço de pagamentos que, para não entrar em colapso, depende da crescente entrada de capital internacional. A magnitude do problema pode ser aquilatada pela dimensão do passivo externo financeiro líquido – que contempla apenas recursos de estrangeiros de altíssima liquidez prontos para deixar o país, já descontadas as reservas cambiais –, de US$ 542 bilhões no final de 2011. Diante disso, há sempre a ameaça inescapável de que, quando o sentido do fluxo de capitais externos for invertido, tudo o que, hoje, parece sólido, amanhã, se desmanche no ar, fazendo com que, de uma hora para outra, os empregos gerados desapareçam, o número de pobres volte a crescer e o país volte a amargar draconianos programas de ajuste estrutural impostos pelos organismos financeiros internacionais.

O substrato do modelo econômico brasileiro repousa, em última instância, na crescente exploração do trabalho – a verdadeira galinha dos ovos de ouro do capitalismo brasileiro. A gritante discrepância entre os ganhos de produtividade do trabalho e a evolução dos salários põe em evidência que, mesmo numa conjuntura relativamente favorável, o progresso não beneficiou os trabalhadores. Não à toa, a propaganda oficial omite o fato de que, no final do governo Lula, o salário médio dos ocupados permanecia praticamente estagnado no mesmo nível de 1995. A perversidade do padrão de acumulação em curso fica patente quando se leva em consideração a distância de quase quatro vezes entre o salário mínimo efetivamente pago aos trabalhadores e o salário mínimo estipulado pela Constituição brasileira e calculado pelo Dieese.

Posto em perspectiva histórica, os governos progressistas aprofundaram o processo de flexibilização e precarização das relações de trabalho. Nos anos Lula, a jornada média do trabalhador brasileiro foi de 44 horas, elevação de uma hora em relação à média dos oito anos anteriores. A situação mais favorável da economia também não impediu que a rotatividade do trabalho continuasse em elevação, nem significou uma reversão da informalidade em que se encontra praticamente metade dos ocupados. O aumento do emprego também veio acompanhado de um aprofundamento do processo de deterioração da qualidade dos vínculos contratuais dos trabalhadores com as empresas, com a disseminação de formas espúrias de subcontratação. Calcula-se que 1/3 dos empregos gerados no período foram para trabalhadores terceirizados, hoje mais de 10 milhões de postos de trabalho, isto é, quase 1/5 do total dos empregados. Por fim, cabe ressaltar a complacência em relação ao trabalho infantil. No final da primeira década do século XXI, este trabalho continuou vitimando cerca de 1,4 milhão de crianças brasileiras – contingente equivalente à população de Trinidad Tobago.

A visão apologética de que os governos de Lula e Dilma estão empenhados no combate às desigualdades sociais não leva em conta a relação de causalidade – há décadas desvendada pelo pensamento crítico latino-americano – entre: mimetismo dos padrões de consumo das economias centrais, desemprego estrutural e tendência à concentração da renda - fenômenos típicos do capitalismo dependente. Na realidade, as tendências estruturais responsáveis pela perpetuação da pobreza e da desigualdade social não foram alteradas. Mesmo com a expressiva ampliação dos empregos, aproximadamente 40% da força de trabalho brasileira ainda permanece desempregada ou subempregada, isto é, sem renda de trabalho ou com trabalho que remunera menos do que um salário mínimo. Nessas condições, não surpreende que a concentração funcional da renda, que mede a divisão da renda entre salário e lucro, tenha permanecido praticamente inalterada durante o governo Lula num dos piores patamares do mundo. A pequena melhoria na distribuição pessoal da renda (que mede a repartição da massa salarial), apontada como prova cabal do processo de “inclusão” social, na realidade apenas registra uma ligeira diminuição no grau de concentração dos salários, reduzindo a distância entre a renda da mão-de-obra qualificada e da não qualificada. A persistência de um estoque de pobres da ordem de 30 milhões de brasileiros – contingente superior à população do Peru e mais de quatro vezes os habitantes de El Salvador – revela o total disparate de imaginar o Brasil um país de “classe média”, ainda mais quando se leva em consideração que o fim do ciclo expansivo fará a nova “classe média” percorrer o caminho de volta para a pobreza.

A noção de que os governos progressistas representam uma mudança qualitativa nas políticas sociais não coaduna com as prioridades manifestadas na composição dos gastos públicos. Convertidos à filosofia da política compensatória do Banco Mundial, Lula e Dilma passaram a atuar sobre os efeitos dos problemas sociais e não sobre suas causas, contentando-se em minorar o sofrimento do povo, dentro das limitadíssimas possibilidades orçamentárias de uma política macroeconômica pautada pela obsessão em preservar o ajuste fiscal permanente. A evolução na composição do gasto social do governo federal entre 1995 e 2010 comprova que não houve mudanças relevantes na política social de Lula em relação a seu antecessor. Nos principais itens de gastos, como, por exemplo, saúde, educação, a participação relativa dos gastos sociais do governo federal no PIB permaneceu praticamente inalterada. Existem duas exceções. A primeira diz respeito aos gastos com Previdência Social, cujo aumento, como já mencionamos, deve ser atribuído basicamente aos efeitos da Constituição de 1988. A segunda se refere aos programas assistenciais, que receberam um acréscimo de recursos da ordem de 1% do PIB, mais do que o dobro da proporção destinada pelo governo anterior. Mesmo assim, um volume insignificante quando comparado com os recursos transferidos aos credores da dívida pública - menos de 1/3 do superávit primário e menos de 1/6 do total das despesas do setor público com o pagamento de juros (as quais, entre 2003 e 2010, ficaram em torno de 3,24% do PIB ao ano). Na realidade, o que marca a política social da era Lula, como a de FHC e seus antecessores, diga-se de passagem, é o absoluto imobilismo para superar a enorme distância entre os recursos necessários para suprir as carências das políticas sociais e a disponibilidade efetiva de recursos para financiá-los.

Mesmo a política externa, apresentada por alguns como a frente mais ousada da administração petista, mal dissimula a subserviência aos cânones da ordem global e às exigências do império norte-americano. Na busca desesperada por novos mercados e por capitais estrangeiros, a Presidência da República foi instrumentalizada para vender o Brasil como se fosse commodities pelo mundo afora. Também foi fartamente utilizada, principalmente na América Latina e na África, como representante especial de grandes grupos empresariais, basicamente empreiteiras e bancos, em busca de novos mercados nas franjas periféricas do sistema capitalista mundial. O discreto e vacilante apoio a Hugo Chávez, a maior aproximação com Cuba, os flertes com o mundo árabe e a busca de uma relação econômica mais intensa com a Índia, a Rússia e a China respondem a interesses comerciais bem concretos e não devem gerar qualquer tipo de ilusão em relação à articulação de alternativas que signifiquem um desafio à ordem global. Nos fóruns internacionais, Lula e Dilma transformaram-se em verdadeiros paladinos do liberalismo. Suas intervenções se restringem a cobrar coerência neoliberal dos governos dos países ricos – felizmente, sem nenhuma consequência prática. Nos bastidores, a diplomacia brasileira transige em seus princípios em troca de um eventual assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O caso mais vergonhoso foi o envio de tropas ao Haiti para cumprir o patético papel de gendarme do intervencionismo norte-americano, protegendo um governo ilegítimo, corrupto e violento.

Até no plano ideológico os governos Lula e Dilma permaneceram perfeitamente enquadrados no ideário do neoliberalismo. A cartilha neoliberal ganhou nova credibilidade no discurso e na prática de lideranças que tinham um passado vinculado às lutas sociais, reforçando ainda mais os valores e o padrão de sociabilidade neoliberal. Ao tomar como um fato consumado as exigências da ordem, as lideranças políticas que deveriam iniciar um processo de transformação social acabaram colaborando para reforçar a alienação do povo em relação à natureza de seus problemas – a dependência externa e a desigualdade social –, bem como às reais alternativas para a sua solução – a luta pela transformação social. Não é de estranhar o refluxo do movimento de massas e o processo de desorganização e fragmentação que atingiu, sem exceção, todas as organizações populares.

Vistas em perspectiva histórica, as semelhanças entre os governos progressistas e conservadores são muito maiores do que as diferenças. Dilma, Lula, FHC, Itamar Franco e Collor de Mello fazem parte da mesma família – o neoliberalismo -, cada um responsável por um determinado momento do ajuste do Brasil aos imperativos da ordem global. Numa sociedade sujeita a um processo de reversão neocolonial, a distância entre a esquerda e a direita da ordem é pequena porque o raio de manobra da burguesia é ínfimo. O grau de liberdade se reduz, basicamente, às seguintes opções: maior ou menor crescimento, num padrão de acumulação que não dá margem para a expansão sustentável do mercado interno; maior ou menor concentração de renda, dentro dos limites de uma sociedade marcada pela segregação social; maior ou menor participação do Estado na economia, dentro de um esquema que impede qualquer possibilidade de políticas públicas universais; maior ou menor dependência externa, dentro de um tipo de inserção na economia mundial que coloca o país a reboque do capital internacional; e, como consequência, maior ou menor repressão às lutas sociais, dentro de um regime de “democracia restrita”, sob controle absoluto de uma plutocracia que não tolera a emergência do povo como sujeito histórico - seja pelo recurso ao esmagamento, que caracteriza os governos à direita da ordem; seja pelo recurso à cooptação, como fazem os governos que se posicionam à esquerda da ordem.

Em suma, a modesta prosperidade material dos últimos anos, que levou uma parcela da população brasileira a ter acesso aos bens de consumo conspícuo de última geração, é efêmera e nociva. A euforia que alimenta a ilusão de um neodesenvolvimentismo brasileiro é insustentável. Ao solapar as bases materiais, sociais, políticas e culturais do Estado nacional, “progressistas” e “conservadores” são responsáveis, cada um à sua maneira, pelo processo de reversão neocolonial que compromete irremediavelmente a capacidade de a sociedade brasileira enfrentar suas mazelas históricas e controlar seu destino, de modo a definir o sentido, o ritmo e a intensidade do desenvolvimento em função das necessidades do povo e das possibilidades de sua economia.

Plínio de Arruda Sampaio Júnior é professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas – IE/UNICAMP e membro do conselho editorial do jornal eletrônico Correio da Cidadania

http://www.correiocidadania.com.br/inde ... s-rolantes

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Re: O papel do Estado na Economia

Mensagem por Antonio Felipe » 31 Out 2012, 16:09

Artigo muito bem escrito, didático e elucidativo. Merece ser lido. Dá para aprender e compreender bastante coisa.
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Re: Economia

Mensagem por E.R » 02 Nov 2012, 01:43

http://g1.globo.com/economia/noticia/20 ... lular.html

O Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) aprovado nesta quinta-feira (1º) pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) prevê a redução do valor de uma tarifa que deve levar ao barateamento das chamadas entre celulares de diferentes operadoras.

Pelo novo regulamento, a chamada tarifa de interconexão – valor pago de uma empresa para outra pelo uso da infraestrutura de telecomunicação que possibilita a chamada entre elas - vai sofrer uma redução gradual até 2016.

A tarifa, que é de R$ 0,42, em média, deve cair até chegar em R$ 0,16 em 2015.

A Anatel ainda vai definir qual será o valor que valerá a partir de 2016. A agência não soube informar o impacto da medida na redução do custo das chamadas, mas espera que ele caia, o que beneficiará clientes de Vivo, Oi, Claro e Tim.
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Re: Economia

Mensagem por E.R » 14 Nov 2012, 03:36

http://oglobo.globo.com/economia/carga- ... os-6718045

Com carga tributária comparável à de países de primeiro mundo, o Brasil arrecada mais impostos e contribuições que a maioria dos países da América Latina e inclusive de países ricos e industrializados.

Enquanto no Brasil, a carga tributária é de 32,4% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), na média de 15 países analisados na América Latina, ela é de 19,4%, ou seja, o Brasil tem uma carga tributária 67% maior.

Os dados, divulgados nesta terça-feira, constam de relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) elaborado em parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e o Centro Interamericano de Administrações Tributárias (Ciat).

A metodologia aplicada no estudo é diferente, e por isso, a taxa é inferior ao divulgado pela Receita Federal do Brasil (33,56% para 2010). Na média contudo, a carga tributária brasileira, de 32,4%, foi inferior à média da OCDE, de 38%.

Na avaliação de Márcio Ferreira Verdi, secretário executivo do Ciat, o país precisa melhorar a qualidade da arrecadação.
— É um desafio do governo, principalmente no que diz respeito ao ICMS. Outro ponto é que existe espaço para melhorar a tributação direta, promovendo cada vez mais formalização — afirmou.

A carga é mais pesada no Brasil do que no resto da América Latina, pelos critérios comparáveis, principalmente por causa de tributos indiretos. Os impostos sobre bens e serviços levaram 14,2% da renda produzida no país em 2010, ante uma média de 9,9% para 15 países selecionados da região. A carga de tributos indiretos no Brasil superou inclusive a média da OCDE, que alcançou 11%.
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Re: Economia

Mensagem por CHarritO » 15 Nov 2012, 09:45

http://g1.globo.com/economia/noticia/20 ... reais.html

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A Procuradoria da República no Estado de São Paulo pediu à Justiça Federal que determine a retirada da expressão “Deus seja louvado” das cédulas de reais.

A ação pede, em caráter liminar, que seja concedido à União o prazo de 120 dias para que as cédulas comecem a ser impressas sem a frase, anunciou a procuradoria. Dessa forma, a medida não gerará gastos aos cofres públicos, diz o Ministério Público Federal em São Paulo.

“O Estado brasileiro é laico e, portanto, deve estar completamente desvinculado de qualquer manifestação religiosa”, cita a procuradoria, como um dos principais argumentos da ação.

Uma das teses da ação é que a frase “Deus seja louvado” privilegia uma religião em detrimento das outras. Como argumento, o texto cita princípios como o da igualdade e o da não exclusão das minorias.
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Moderador do Meu Negócio é Futebol (2010 à 2012 / 2015 à 2016)
Eleito o 1º vencedor do Usuário do Mês - Março 2010
Campeão do Bolão da Copa do FCH (2010)
Campeão do 13º Concurso de Piadas (2011)
Bicampeão do Bolão do FCH - Brasileirão (2011 e 2012)
Campeão do Bolão do FCH - Liga dos Campeões (2011/2012)
Campeão de A Casa dos Chavesmaníacos 10 (2012)
Campeão do Foot Beting (2014)
Hexacampeão da Chapoliga (2014, 2015, 2016, 2017, 2019 e 2020)
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Re: Economia

Mensagem por Hyuri Augusto » 15 Nov 2012, 10:02

Mais esses caras tem o que na cabeça não pode ficar colocando essas coisas em dinheiro.
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Re: Economia

Mensagem por Jean Bruno » 19 Dez 2012, 17:58

Brasil caminha para o racionamento de energia



A falta de chuvas e a má gestão do setor energético nacional fizeram o país chegar a uma situação limite: o Brasil está às portas de um racionamento ou mesmo de desabastecimento de energia elétrica e de gás. O alerta foi dado na última segunda-feira pela Petrobras às federações das indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e São Paulo (Fiesp). Interlocutores da presidente da estatal, Graça Foster, procuraram as duas entidades para pedir ajuda na elaboração de um plano de racionamento tanto para a energia elétrica quanto para o gás. Em reação, a Firjan está pedindo ao Ministério das Minas e Energia que esclareça quais providências está tomando para evitar o pior.

As hidrelétricas brasileiras estão gerando menos energia do que são capazes, porque há pouca água disponível. Os reservatórios estão no nível mais baixo dos últimos dez anos -- apenas 29% do total. A previsão para os próximos meses é de uma quantidade de chuvas menor do que nos anos anteriores. Para evitar apagões, todas as termelétricas do país foram ligadas e estão operando a plena capacidade. Essas usinas podem ser movidas a gás, carvão ou óleo. Dos três, o gás é o insumo mais barato e mais limpo. Além do produto que vem do gasoduto Brasil-Bolívia, o país ainda importa gás liquefeito, mas a Petrobras está encontrando dificuldades em importar gás para os meses de janeiro e fevereiro, o que obrigaria a estatal a tirar gás dos consumidores industriais para continuar abastecendo as térmicas.

Qualquer aumento de demanda, portanto, pode levar a um racionamento ou desabastecimento. Para a Firjan, a situação é “muito crítica”.

“Estamos na antessala do racionamento. Por isso o pedido de providencias ao governo. A última coisa que queremos é que a atividade industrial seja prejudicada, afetando o crescimento da economia”, diz Cristiano Prado, gerente de competitividade industrial da Firjan. Para o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (Cbie), o mau planejamento da demanda energética agravou as consequências da conjunção climática desfavorável. “Se não tivéssemos esperado tanto para ligar as usinas térmicas a gás, possivelmente não teríamos hoje reservatórios tão baixos. O governo ficou esperando um milagre da chuva que não aconteceu”, explica Pires. Para ele, o governo deixou para acionar as térmicas mais tarde porque o custo da energia gerada nessas usinas é maior que o da fornecida por hidrelétricas. Seria, portanto, politicamente inconveniente aumentar o preço da energia em um momento em que o governo protagoniza um embate com as distribuidoras de energia elétrica por uma queda no preço das tarifas.


Dilma - A presidente Dilma Rousseff usou o tema do racionamento em várias oportunidades para atingir o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ela, que foi ministra de Minas e Energia na primeira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, atacou o tucanato durante a campanha presidencial de 2010 argumentando ter sido a responsável por reestruturar o setor elétrico do país e impedir a volta do apagão. Em setembro deste ano, o assunto voltou à baila. No anúncio da redução das tarifas de energia elétrica, Dilma voltou a lembrar dos apagões de 2001. naquele ano, foi necessário o racionamento para evitar a falta de luz. "O novo momento exige que o País faça redução de custos e a redução das tarifas decorre do modelo hidrelétrico que implementamos em 2003. Lembro quando o mercado de energia não funcionava, mas esse País mudou, hoje respeitamos os contratos. Contratos venceram, não se pode tergiversar quanto a isso", afirmou a presidente, referindo-se ao ano em que ela assumiu a pasta da Energia.

Na mesma ocasião, Dilma fez a seguinte declaração: “Tínhamos um país com sérios problemas de abastecimento e distribuição de energia, que amargaram oito meses de racionamento, que resultaram em grandes prejuízos para as empresas e impuseram restrições à qualidade de vida da população. Tivemos que reconstruir esse setor”, declarou.

Dois dias depois, o atual ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o Brasil não passaria por novos apagões. O que houve no período anterior ao governo Lula foi um racionamento de energia que durou oito meses e que não voltará a acontecer no Brasil. Hoje temos um sistema interligado de Norte a Sul, de Leste a Oeste no País", afirmou.

Fiesp - Procurada pela reportagem do site de VEJA, a Fiesp negou que tenha sido comunicada formalmente sobre o alerta da Petrobras. “Para o presidente Paulo Skaf ou para mim, ninguém ligou para falar de escassez de energia elétrica. Formalmente a Fiesp não recebeu nenhum comunicado da Petrobras”, afirmou Carlos Cavalcanti, diretor de infraestrutura da Fiesp responsável pela área de energia. O diretor comentou ainda que falar em racionamento é “alarmismo”.

Na tarde desta quarta-feira, a diretoria do Sistema Firjan emitiu um comunicado às empresas associadas sobre o “agravamento das condições de oferta de energia elétrica e gás no país”. Diz a nota: “A água retida nos reservatórios das usinas hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, onde se concentra a maior parte dos reservatórios do país, representa atualmente apenas 29% da capacidade total de armazenamento. Para evitar que a redução dos reservatórios atinja níveis críticos de risco praticamente todas as termelétricas disponíveis já estão em operação, não havendo mais, portanto, margem para aumento significativo da geração térmica. Além disso, a logística de abastecimento dessas usinas, em especial as operadas a óleo combustível e a diesel, também não é trivial e tem enfrentado dificuldades. Soma-se a isso a previsão de chuvas para o futuro próximo estar abaixo da média histórica, o que poderá levar à continuidade de redução da capacidade dos reservatórios. Diante desse quadro, a possibilidade de ocorrência de eventos de desabastecimento temporário de energia para o fim do ano e início de 2013 aumentou substancialmente, alcançando níveis preocupantes. Concomitantemente, a elevada demanda de gás natural para suprimento das térmicas poderá levar as distribuidoras estaduais a exercer junto aos seus clientes industriais as cláusulas de flexibilidade e de interruptibilidade dos contratos. Qualquer um dos eventos terá impactos negativos inequívocos sobre a atividade industrial.”

A Firjan informa que solicitou ao Ministério de Minas e Energia e à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do estado do Rio de Janeiro esclarecimentos sobre medidas que possam garantir o “fornecimento adequado desses insumos energéticos, essenciais para a atividade industrial e para todo o país”.

http://veja.abril.com.br/noticia/econom ... de-energia

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Re: Economia

Mensagem por Barbano » 20 Dez 2012, 08:07

Em um cenário desses a Dilma me vem falar de redução da tarifa da energia elétrica? Redução de tarifa tende a trazer junto um aumento no consumo. Para isso o governo precisa primeiro dar conta desse aumento de demanda.

Seria como reduzir a tarifa do metrô paulistano, estando ele superlotado.

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Re: Economia

Mensagem por Antonio Felipe » 20 Dez 2012, 09:42

É... Já tivemos quatro apagões nos últimos tempos. E falavam que isso era coisa do Fernando Henrique.
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