Fabão escreveu:Scopel escreveu:Rafael Cardoso escreveu:Scopel escreveu:Ou fumar de boa sem ter que se envolver com gente ruim ou se envolver numa guerra que não é dele ou financiar a violência...
O problema é se viciar.
"Cada um que sustente seu vício; e que não precise financiar a violência, que pague impostos, que o faça em paz". Talvez.
Boa parte da criminalidade relacionada às drogas é gerada justamente pelo vício, que não é sustentável, que a pessoa não tem sobre controle.
Comprando a droga do traficante ou legalmente, o sujeito que chegar ao ponto de roubar ou até matar para sustentar o vício vai financiar a violência do mesmo jeito...
Sim, mas se eu começar a falar sobre a crise geral do capital [etapa do capitalismo exacerbada no terceiro quartel do século XX] vocês não vão nem querer ler. Não atoa a fase de extrema subordinação de todas as esferas politico-sociais à esfera econômica, à hegemonia dos mercados. É a chamada fase do capitalismo que todos conhecem como "globalização", de "mundialização do capital" ou "financeirização da riqueza". Movimento este que, inclusive, chega ao Brasil com o governo Collor.
Mas estamos discutindo aqui medidas paliativas, remediações à problemas, como eu disse, essencialmente de extrema profundidade e complexidade, que aparecem - frise-se
aparecem - como problemas relacionados à sustentabilidade do vício, ao financiamento do tráfico pela ilegalidade da droga em questão, como o pretensa substituição do trabalho pelo vicio e pela criminalidade...
Se começarmos a falar de mudanças estruturais, soluções definitivas, teremos de passar inexoravelmente pelo tema da superação do capitalismo. E isso eu acho impossível de se debater neste fórum. Aliás, tem sido impossível falar sobre isso em quase qualquer lugar. E não é atoa. Realmente, não é atoa.
OBS: pode parecer um salto grande demais comparar as duas situações: crise geral do capital e problemas sociais, especialmente os das drogas. Mas eu sei muito bem do que estou falando, é a minha área de especialização como economista. Só tento passar algumas noções gerais sem comprometê-los demais com o meu dito "radicalismo esquerdista". Se pareço chato e insistente com tudo isso, deve-se unicamente à minha inquietude intelectual, à minha vontade imensa de compreender melhor o movimento do real, o mundo em que eu vivo.