O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - CONCLUÍDO

[Antonio Felipe]

Desculpem a falta de atualização, estou organizando os capítulos. Amanhã deveremos ter um capítulo inédito

[Antonio Felipe]

E conforme prometido...

Capítulo 39 – Os Quatorze Meses de Aluguel

O tempo passa. E os aluguéis atrasados vão se acumulando e não sei como pagá-los. Volta e meia eu consigo algum troco, mas não dá para juntar e assim pagar o Barriga. Toda hora ele vem aqui, me cobra e eu dou a volta nele. É sempre a mesma coisa, dia após dia. Já estou com sete meses de atraso no aluguel. Sete meses. É muito tempo e muitos pesos a dever.

Falando de outras coisas, o Barriga me contou que a Louca da Escada era mesmo louca! Ela tinha fugido do hospício e resolveu se mudar para cá, para evitar ser capturada pelo sanatório. Ele me contou que ela chegou a ser pega e depois de algumas semanas, conseguiu escapar novamente e veio se refugiar aqui. Por isso toda aquela postura estranha da mulher...

(algum tempo depois...)

Estamos em setembro. Já estou devendo oito meses de aluguel. Mas consegui um trabalho, mesmo que temporário. Consegui algumas coisinhas para vender nos festejos da independência, como chapeuzinhos, apitos, confetes, cornetas e até bombinhas. Mas as vendas foram muito fracas...Fora que a concorrência foi muito grande. Saí com uma cesta cheia de coisas e pouco vendi. Voltei para casa com tudo aquilo nas mãos e alguns poucos pesos nos bolsos. Pior é que a Chiquinha resolveu pegar as bombinhas e começou a tacá-las nos meninos e as conseqüências foram as piores possíveis, como é de costume. O Chaves até engoliu uma bombinha, milagre não ter parado no hospital...

(mais um tempo depois...)

Dezembro chegou. Dez meses de aluguel atrasado. Dez meses. E nada de dinheiro para sanar minhas dívidas, nada de solução para os meus problemas. Só o que surge nesta vila são incomodações, como quando fizemos uma festa por aqui, há alguns dias atrás e tudo ficou de pernas para o ar por causa de uma pichorra. A situação está tão ruim que já interfere até mesmo na alimentação. E para que a Chiquinha não ficasse prejudicada, resolvi mandá-la para a casa das tias, que ela não vê a muitos anos – só viram a menina pouco tempo depois que Maribel morreu. Elas têm mais dinheiro, são prósperas. A família de Cahétmoc é bem abastada. Mas obviamente não quero que a Chiquinha fique lá indefinidamente. Ela é minha filha e tem que ficar aqui em casa. Só não quero que ela passe um natal miserável. Nem um ano-novo...

(outro tempo depois...)

Abril. Abril de 1973. Hoje, completam-se quatro meses deste ano. E quatro meses mais os dez que já devia, são quatorze meses de aluguel atrasado. Não tenho para onde ir, não tenho como sair daqui da vila, não tenho o que fazer, não tenho como pagar. Quem diria, a solução (ainda que provisória) foi dada pelo próprio Senhor Barriga: ele não ia mais me cobrar de uma vez só os 14 meses, desde que eu me comprometesse a pagar integralmente um mês de aluguel por vez, já que sabia que eu não tenho como pagar e que despejar-me seria uma covardia. Isso resolve um pouco o problema.

Os meses passaram, tivemos idas e vindas nessa vila. Tive um natal bom até, que passei e todos na vila passamos na casa da Dona Florinda. E no ano-novo, não queria comemorar as entradas. Por vergonha de não ter o que oferecer a todos. Mas a Dona Clotilde foi sábia e sugeriu que eu emprestasse a casa para fazer a festa. E assim foi, mesmo com algumas confusões.

Confusão mesmo ocorreu na semana passada por causa de uma linha cruzada de bolos e bilhetes. Mas deixemos isso para lá. Agora vou tentar virar empresário!

Próximo capítulo: Dinheiro, Dinheiro...

[Barbano]

Lá vem o show de io-iôs.

Muito bom, acho que agora ele vai pagar de vez em quando, para a dívida ficar sempre em 14 meses. Mesmo que seja com uma bola de boliche ou tecidos ingleses de Taubaté.

[E.R]

Legal !

Boa solução para a história da Louca da Escada.

[Luiz Gustavo]

Muito bom mesmo, ajuda muito á dar sentido á série.
Quero mesmo é ver os capítulos finais.

[João]

Que bacana!
Bem que a Louca da escada tem jeito de louca mesmo

[Bruno Bolaños]

Acabo de ler todos os capítulos, e achei espetacular Muita criatividade e dedicação para criar uma obra dessas!
Será realmente emocionante e divertidos capítulos mais a frente...

[Samurai]

Comecei a ler hoje, o primeiro capítulo está legal, verei os outros e depois vou dizer se é ou não legal o diário do Seu Madruga...

[Zenon CH]

tem que virar livro.

--

A Louca da escada era mesmo... louca.
Adorei isso.

[Brnochavesmaníaco]

Parabéns pela obra, cara!

[Chápulo]

Como eu já disse, a obra dá para ser traduzida ao espanhol. Posso traduzí-la e postá-la no Foro del Chavo para que os fas latinoamericanos desfrutem ela? Vai ser um verdadeiro sucesso!

[Scopel]

Alguém já sugeriu que se tentasse uma publicação destes escritos?

[Chapolin Gremista]

Alguém já sugeriu que se tentasse uma publicação destes escritos?

Sim.

[Antonio Felipe]

Como eu já disse, a obra dá para ser traduzida ao espanhol. Posso traduzí-la e postá-la no Foro del Chavo para que os fas latinoamericanos desfrutem ela? Vai ser um verdadeiro sucesso!

Eu agradeço a iniciativa, mas de momento prefiro que a história seja publicada por aqui mesmo, para que eu tenha mais controle...Existem muitos mal-intencionados que acabam roubando a história dos outros.

E muito provavelmente eu só me dedique a divulgar a história, depois de pronta, em 2010.

[Antonio Felipe]

40. Dinheiro, Dinheiro...

Ah, o dinheiro...O que seria de nós sem o maldito dinheiro? O dinheiro move nossas vidas, é a razão de nossa existência, pois sem ele não poderíamos viver. Como iríamos comprar comida, comprar roupas, pagar nossos aluguéis...Ou melhor, NÃO pagar nossos aluguéis sem o dinheiro? Seria difícil.

E o dinheiro tem passado por mim, dá um olá e já vai embora. Não fica nem para um cafezinho. Todo o dinheiro que consigo juntar já vai embora e fico a ver navios. Como por exemplo há alguns dias atrás, quando consegui juntar uma boa grana em um porquinho de cerâmica. Acumulei esse dinheiro a muito, muito custo. E o que aconteceu? Tentei escondê-lo do Senhor Barriga, pois se ele soubesse que eu tinha um parente seu em casa, montado na grana, com certeza iria tomar o porco de mim para abater um mês da dívida. E foi o que aconteceu. O gordo tomou uma pancada do porquinho e fiquei sem dinheiro.

Mas os tempos são outros! Consegui um trabalho de empresário autônomo, agenciando uns artistas de ioiôs que vêm lá do interior do México. Os caras são muito bons, são mágicos no manuseio do ioiô. Na rua, em frente ao cortiço, fizemos vários shows e arrecadamos um dinheiro significativo. Não importa que não sejam da Norte América do Sul, o importante é que faturem. Quem também está rendendo com trabalho é o Chaves, que agora começou a vender jornais e revistas na rua em frente ao cortiço, embora ele acabe vendendo muitos jornais atrasados...

E saímos por aí fazendo os shows, em diversos bairros da cidade. Faturamos alto, o pessoal é muito solidário. Pena que uma parte da grana foi para o pagamento da licença – não sabia que tinha que ter licença pra isso. Além disso, o Barriga mais uma vez descobriu meu dinheiro e levou outra parte dele...maldição!

Pior ainda foi o que aconteceu esses dias. Comprei um bilhete de loteria e quando vi no jornal, ele estava premiado! Mas onde estava o maldito bilhete? Procura daqui, procura dali e nada do bilhete...Mas a alegria durou pouco. O jornal que eu comprei do Chaves era da semana passada e se referia a um concurso anterior...Quem dera eu tivesse apostado justo naquele dia!

Preciso dormir. E não sei por que, mas acho que coisas estranhas estão ocorrendo durante o sono.

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Próximo capítulo: Espíritos e Sonâmbulos