O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - CONCLUÍDO

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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - Madruga deixa a vila!

Mensagem por Ecco - Kiko Botones is my life » 12 Jun 2010, 20:03

grande projeto mesmo
com alguns detalhes a mais nas historias,concerteza poderia virar um livro :D
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - Madruga deixa a vila!

Mensagem por Antonio Felipe » 13 Jun 2010, 19:31

83. Uma Viagem a Caracas

Faz mais de um mês que saí da vila. A saudade aperta como nunca. Mas não posso desistir agora. Até por que não tenho como voltar para casa neste momento. Depois de quase cinqüenta dias de viagem, chegamos a Caracas. Já era quase noite quando o ônibus partiu de Cidade do México, para cruzar toda a América Central até chegar aqui na Venezuela. O ônibus estava cheio. Ninguém de pé, todos sentados, ainda bem, pois a viagem seria longa. Mas eu não imaginava o quanto. De lá até aqui são milhares, milhares de quilômetros, não sei nem como precisar a distância certa. O ônibus em que embarquei não era grande coisa, mas felizmente era suficientemente confortável. O problema mesmo era o caminho. No tempo em que seguimos pelo México adentro, tudo foi bem. Depois de dez dias e meio, estávamos na Guatemala. A viagem era assim: umas 15 horas quase sem parar pela estrada. Tínhamos pequenas paradas de meia hora para almoço, banheiro, essas coisas. Quando já estava anoitecendo, parávamos em hotéis, onde todos dormíamos por algumas poucas horas – inclusive o motorista, coitado. Por toda a América Central, o caminho foi mais difícil. Estradas em péssimo estado e para piorar, o ônibus quebrou cinco vezes. A pior delas foi já no Panamá, depois de trinta dias. O motor simplesmente morreu. O ônibus então teve que ser rebocado e acabou tendo que ser totalmente consertado. Dois dias de atraso. Findado esse inconveniente, atravessamos o Canal do Panamá, chegamos à Colômbia e, enfim, à Venezuela.

Nunca pensei que fosse me sentir tão mal. Emagreci quilos e mais quilos por causa do incômodo. Ficávamos horas e horas sentados. A paisagem centro-americana até era bonita, o som dos companheiros mexicanos era legal, mas nada me tirava da cabeça o pensamento: será que estou fazendo a coisa certa? Será que fiz certo em abdicar de minha filha e da minha casa para viver um tempo em outro país, em outra cultura, em outra parte do continente? Sonhei coisas incríveis nesse tempo. Tive muitos pesadelos. E um sonho em especial me chamou a atenção.

Eu estava sentado à beira do mar caribenho, em alguma praia na Venezuela, apenas olhando para o mar e pensando na vida. Olhos fixos no movimento da maresia. Não ouvia mais nada além das ondas batendo na areia limpa. Então, ouço passos. Não me movo. Vem o susto: braços me apertam o peito. Alguém parece tentar me imobilizar. Eu me viro. Maribel estava à minha frente. Linda como sempre, seus olhos brilhavam como duas jóias preciosas. Seu cabelo escuro dançava ao sabor do vento. Ela então colocou suas mãos macias em meu rosto e disse-me:


- Continue. Ela vai te conduzir ao caminho certo.
- Ela quem, Maribel? Quem?, perguntei.
- Você vai encontrá-la. Siga o seu caminho. Faça isto por nossa filha.

Antes que eu pudesse perguntar quem era, Maribel foi se afastando. Eu corri para tentar abraçá-la e caí na areia. Então acordei. Eu havia caído da cama e sentia nada menos do que a terra no quarto da pensão de péssima qualidade em que eu estava na Costa Rica naquele momento. Estou com esse sonho na cabeça há semanas. Não consigo saber o que é que isso significa. Quem eu vou encontrar? A quem eu devo seguir? Aquilo tudo foi muito real para mim. Eu não acredito em premonições, mas aquilo ainda me gela a espinha.

Bem, vamos ao trabalho: todos nós, do México, vamos trabalhar na construção de grandes prédios aqui na Venezuela. É uma grande empresa que está se expandindo pela América do Sul e contrata gente de todos os lugares, mas especialmente do México, de onde essa empresa veio. Passei por uma entrevista três dias depois da chegada. O homem que me entrevistou, de nome Ruiz, afirmou que fui muito bem recomendado por Elisandro. Logo, eu poderia começar imediatamente na função de mestre-de-obras-assistente em prédio de escritórios no centro de Caracas. Caso eu seguisse bem, poderia ser promovido a mestre-de-obras de toda a obra. Saí de lá feliz da vida. O ganho que eu teria nessa função seria muito maior do que tudo que eu já ganhei como mestre-de-obras no passado. Era a chance da minha vida, mesmo. Enfim... Vamos começar a mudar tudo isso.


(três meses depois)

Eu estou feliz. Estou mesmo feliz. Isto por que tenho trabalhado bastante e, principalmente, tenho trabalhado bem. Tenho dado tudo de mim neste emprego e aos poucos os frutos vão aparecendo. Estou a poucos passos de ser promovido a mestre-de-obras da obra inteira. Já recebi meus salários e pude mandar uma boa quantia para minha avozinha e Chiquinha. Ah, quanta saudade de casa... Mando cartas a cada duas semanas para elas. E vejo que as coisas estão indo razoavelmente bem. Chiquinha disse que está indo bem na escola (muito embora eu ache que isso pode ser um golpe). Ela contou também que a Dona Florinda, vejam só, abriu um restaurante perto da vila. É, realmente, uma boa opção para ela conseguir dinheiro e, quem sabe, trazer o Kiko para perto de si finalmente. Já minha avozinha diz que o Senhor Barriga começou a lhe cobrar os aluguéis atrasados, alegando que como não estou lá, agora ela que tem que arcar com os custos... Gordo interesseiro! Sempre pensando em dinheiro! Agora, hora do descanso. Logo mais acordo cedo e tenho que ir trabalhar.

(mais alguns meses depois)

O tempo está passando rápido... Bem, mal tenho tempo para olhar os ponteiros do relógio correrem. O trabalho está me tomando todo o tempo, são quase dez horas de serviço por dia. E agora minha carga horária aumentou, justamente por que fui promovido a mestre-de-obras, há uns dois meses. Minhas responsabilidades aumentaram. O importante é que tudo está indo bem. O salário nunca foi tão bom e posso enviar um bom dinheiro para Chiquinha a cada começo de mês. Também estou juntando dinheiro aos poucos para poder preparar a volta, tão logo isso seja possível.

Mais um ano começou. Recém entramos em 1976. O natal foi um pouco melancólico, já que não pude, pela primeira vez, estar perto das pessoas que amo. Tive que me contentar com a foto de Chiquinha que está do lado de minha cama. Todos os dias, rezo ao lado dela e peço que tudo continue assim, dando certo. O ano-novo também não foi muito feliz. A solidão familiar é dura. Tenho muitos amigos aqui, saio às vezes para ir ver beisebol com eles (adoram esse esporte aqui na Venezuela), passeio pela cidade quando tenho tempo... Faço o que está ao meu alcance, mas procuro não gastar muito. E quanto à vila? Bem, na última carta que recebi, a Chiquinha contou que ela e a biscavó (como ela chama minha avozinha) passaram, com todos os outros da vila, o natal na casa do Senhor Barriga. Isso por que ele resolveu reformar todo o pátio principal de lá e iria desalojá-los por algum tempo. Por isso, achou melhor levá-los à sua casa. Fora isso, a Chiquinha diz que tudo está indo bem. Contou que passou de ano (e mandou até um boletim mostrando que passou mesmo). A saudade ainda é grande. Mas vou aprendendo a controlá-la. Preciso fazer isso, senão enlouqueço.

Vai começando o ano. Mais responsabilidades, mais trabalho pela frente. Minha jornada ainda não terminou, só está no começo.


Próximo capítulo: Um Reencontro
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - Madruga chega em Caracas!

Mensagem por Antonio Felipe » 13 Jun 2010, 21:01

84. Um Reencontro

Viver na Venezuela não é tão diferente de viver no México. Primeiro por que não existe a barreira da língua. Segundo por que Caracas é uma cidade menos complicada do que Cidade do México – que é enorme. São menos pessoas e, portanto, vive-se melhor. O ar é bom e o custo de vida não é dos mais altos. O Senhor Barriga deveria aprender como se cobra um aluguel, por o apartamento em que moro, mesmo que pequeno, custa por mês quase a metade do que ele cobra por aquela miséria do 72. É, em todas as hipóteses, é uma boa vida.

Mas não é o que quero para mim.

Quero voltar para casa. O quanto antes.

E por isso tenho trabalhado muito, mais do que no meu passado mais distante, até. É o custo a se pagar para poder viver tão longe de casa e assim manter minha filha e minha avozinha lá no México. Não imaginava que a oportunidade que Elisandro me conseguiu poderia ter dado tão certo. Vamos seguir em frente. Agora, tenho uma reunião com os chefes da obra. O trabalho no prédio de escritórios está praticamente concluído, devemos iniciar uma nova construção logo mais. Vou conhecer os manda-chuvas da empresa. Dá ate um arrepio... Mas não tenho que temer, estou fazendo tudo direitinho.


(no dia seguinte)

Ainda não me recuperei do choque que tive ontem. Não um choque elétrico, um choque na alma, no coração. Um momento como você nunca pode esperar e que mostra que as coisas em nossa vida acabam sendo determinadas pelo destino. Quem poderia imaginar que, em plena Venezuela, quase vinte anos depois, eu iria encontrar ela, justamente ela, a mulher que tanto me fez amar e tanto me fez sofrer por vários anos: Luna.

Sim, Luna. O primeiro grande amor de minha vida. Luna era secretária de uma empresa de construção onde eu trabalhava, na década de 1950. Pouco depois que Maribel morreu, Luna esteve em minha casa, tentando, sabe-se lá por que, voltar comigo. E hoje eu descobri por quê. E este foi o grande choque, que eu nunca vou esquecer. Bem, primeiro, eu entrei na sala onde seria a reunião com os chefes da empresa. Estavam lá eu, os engenheiros-chefes, o arquiteto, mais o mestre-de-obras-assistente, além outros dois executivos da empresa. Logo depois, entram mais dois e, por fim, ela. Quando ela me viu, todos os papéis que ela carregava foram ao chão. Pediu desculpas, recolheu os papéis e sentou-se à mesa. Não conseguia tirar os olhos dela. Nem ela os seus de mim. Tive dificuldade de prestar atenção no que falavam os demais. O que captei era que teremos um novo prédio para levantar nas próximas semanas, dessa vez um grande edifício comercial e que eu chefiaria as obras desse novo empreendimento. Só sei que disse sim a tudo, quase sem nem ouvir. Meus olhos estavam em Luna. Aquela mulher, do alto dos seus quarenta e poucos anos (pelo que lembro), ainda tinha uma pose marcante. Seu cabelo estava lindo, cortado até os ombros. Usava um batom vermelho que só realçava seus lábios finos. Sua pele, um pouco marcada pelo tempo, não contava a idade. Tinha cara de trinta e poucos anos. O que ela era? Diretora da construtora na Venezuela. De secretária, chegou à diretoria. Eu continuava onde estava, vinte e um anos depois de nos conhecermos. Um abismo nos separava. Pois bem, reunião encerrada, ela veio até mim e me chamou para um café num restaurante ali perto. E aconteceu o seguinte...


- Mundo pequeno este, não é, Ramón?
- Eu que o diga. Fico feliz que tenha chegado tão longe.
- Você poderia estar aqui comigo, sabia?
- É mesmo? Aquela conversa na minha casa vinte anos atrás não pareceu isso. Era como se eu fosse um objeto para você brincar. Como eu fui por tanto tempo na sua vida.
- Não fale assim, Ramón!
- O que eu posso dizer mais? Você me deixou! Simplesmente saiu de casa sem nem deixar explicação! E depois volta na minha casa, sabendo que eu tinha perdido minha mulher, como eu posso falar? Como, me explique!
- Você não sabe da missa a metade.
- Então me conte a maldita missa, droga! Para que me chamou aqui? Quer me torturar mais?
- Ramón, nós já somos adultos o suficiente para nos tratarmos como adultos, não? Eu preciso falar algumas coisas.
- Então fale.
- Bem. Eu deixei você por que eu estava infeliz...
- Infeliz comigo?
- Não, comigo. Pelo que eu fiz a você.
- A mim?
- Sim. É realmente muito, muito difícil eu contar isso. Mas já faz tanto tempo e creio que o destino quer que eu diga isto a você agora, já que aquela vez que fui à sua casa eu não pude falar nada. Lembra-se nos últimos dias em que estava em casa, que eu não conseguia sair, de tão mal que estava?
- Lembro. Você disse que estava doente do estômago, algo assim.
- Pois é. Não é verdade. Eu menti. Eu não queria contar o que tinha acontecido e por isso, deixei você. Eu... (fale!) Eu... Eu, tirei um filho seu.
- O QUÊ?
- Por favor, não grite...
- COMO NÃO? Isto é sério mesmo, Luna? Você tirou um filho meu?
- Sim. Eu estava crescendo dentro da empresa e não queria ficar marcada como a mulher de um mestre-de-obras... E três semanas antes de eu te deixar, eu descobri que estava grávida. Não queria isso. Eu acabei tirando o bebê. Mas eu passei tão mal, fiquei doente por causa do procedimento... E por medo que você descobrisse, deixei você.
- Como... Como... Você é uma pessoa ruim, Luna, como pôde fazer isso?
- Eu me arrependi profundamente disso depois. Mas nunca tive coragem de voltar. Só voltei a saber de você durante sua carreira nas arenas. Foi então que, por alguns contatos, descobri que sua mulher tinha morrido.
- E por que voltou?
- Pode parecer egoísta da minha parte, mas eu queria voltar para você. Só que não tinha como justificar isso. Acabei indo erradamente com o discurso de querer te ajudar. Na verdade, eu sentia ainda a culpa de ter tirado esse filho. E queria cuidar de você e da sua filha.
- Ou seja, você queria ser a mãe da Chiquinha!
- Não, nunca quis estar no lugar de sua esposa. Só queria corrigir o erro do passado.
- Meu Deus... Eu não consigo imaginar que você tenha feito isso... E o que quer agora?
- Não sei. O que você quer?
- Quero apenas trabalhar e voltar para casa. Voltar para minha filha que deixei no México para vir trabalhar aqui, ganhar dinheiro e voltar com uma situação melhor.
- Ramón, eu não quero parecer uma pessoa ruim, mas o que eu puder...
- Não! Por favor, me deixe em paz.
- Ramón, por favor...

E eu saí do restaurante. Não acredito até agora nisso. Estou completamente chocado. Luna teve coragem de tirar um filho meu! Não vou perdoá-la jamais por isso. Não sei nem como vou trabalhar agora... Era o que eu não precisava nesse momento tão bom na minha vida.

Próximo capítulo: A Última Chance
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - Encontro chocante no 84º capítulo!

Mensagem por Antonio Felipe » 13 Jun 2010, 23:51

Se, eu reforço, se tudo der certo, o Diário do Seu Madruga deve ter o seu final em 24 de junho.
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - Encontro chocante no 84º capítulo!

Mensagem por Barbano » 14 Jun 2010, 01:52

Nossa, 50 dias de viagem do México a Caracas? :blink:

Muito bons esses 2 capítulos. Prossiga com o seu relato.
Deixo aqui o meu apoio ao povo ucraniano e ao povo de Israel 🇮🇱 🇺🇦

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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - Encontro chocante no 84º capítulo!

Mensagem por Chápulo » 14 Jun 2010, 03:10

Excelentes relatos... esse libro é simplesmente VICIANTE...
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - Encontro chocante no 84º capítulo!

Mensagem por Ecco - Kiko Botones is my life » 14 Jun 2010, 09:43

Um grande relapso mesmo
e como o Chápulo disse, é viciante, li as 10 primeiras paginas em um dia, pois não consiguia parar de ler
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - Encontro chocante no 84º capítulo!

Mensagem por ClebersonP » 14 Jun 2010, 16:33

Li 35 capítulos direto sem parar é incrivel como a história envolve a gente nos deixa mais curioso ainda pra ler, mais tarde vou seguir lendo, quero chegar logo ao 84° capítulo.
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - Encontro chocante no 84º capítulo!

Mensagem por ClebersonP » 15 Jun 2010, 13:39

Finalmente acabei de ler a história, li 11 páginas ontem durante toda a tarde, e hoje acabei de ler as últimas 4 páginas do tópico que me restavam, o livro está cada vez melhor e mais interessante, Parabéns Antônio e tomara que o Diário possa virar um livro.
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - Encontro chocante no 84º capítulo!

Mensagem por Antonio Felipe » 15 Jun 2010, 20:06

85. A Última Chance

Sinto uma dor profunda na alma. Já se passou mais de um mês desde que descobri a verdade sobre a partida de Luna e ainda não consegui me recuperar do baque de saber que ela tirou um filho meu. Dói demais. É pior do que uma perna quebrada, pior que dez pernas quebradas. Você já tem uma mágoa profunda por alguém e esse alguém piora tudo, contando uma verdade que, no íntimo, deveria ser mantida escondida. Preferia até não ficar sabendo disso.

Na época em que namorava Luna, eu queria mesmo ter um filho. Ela é que não deixava, por se considerar jovem demais para engravidar – e também alegava que não queria um filho sem estar oficialmente casada. Nós apenas morávamos juntos, nunca chegamos a casar, mesmo por que não éramos pessoas em uma grande situação financeira. Mas, infelizmente, enquanto eu ficava parado, ela crescia aos poucos na profissão.

Ela me deixou e isso me abriu uma ferida no coração. Deixei a construtora, fui fazer outros trabalhos, ainda no setor de construção, fiquei indo de lá para cá até ter a grande idéia de fazer boxe – sem ao menos ter um conhecimento do esporte. Nessas idas e vindas, acabei conhecendo Maribel. Ela me fez esquecer Luna. Foi a minha salvação.

E agora, a ferida está reaberta. E pior.

Pior por que isso está afetando meu trabalho. Faltei um dia de trabalho, não tive motivação sequer para me levantar da cama. No outro dia, fui duramente cobrado pelos meus chefes. Estou conseguindo voltar ao normal no trabalho, mas o sentimento de amargura ainda me aflige. É difícil pensar em alguma coisa. Meu coração sofre muito.


(quatro meses depois)

O pior que eu imaginava está acontecendo. Desde que decidi vir para a Venezuela, pensei bem em todos os riscos que iria enfrentar: risco de ficar desempregado, risco de não me habituar à cultura venezuelana, risco de não saber me virar em um país tão distante. Risco de não voltar para casa. Agora, tudo está desmoronando.

Desde que Luna me contou a verdade, eu não rendo como antes. Fiquei triste, fiquei depressivo. Pior, acabei cometendo o maior dos pecados, acabei por voltar a um vício que eu prometi por muito tempo que não iria encarar nunca mais: a bebida. Há poucos dias, caí na conversa de sair com amigos da obra para beber umas e outras. Eu sempre negava, dizendo que não podia beber, por recomendação médica. Mas acabei esquecendo a minha própria promessa e caí na bebida. Tomei um verdadeiro porre. Cerveja, aguardente e todo o mais que se pode imaginar. Desabei. Saí do bar e fiquei vagando pela cidade, em plena noite de sexta-feira, sem saber para onde, sem saber o que estava fazendo. Eu ainda tinha que ir trabalhar no sábado. O que aconteceu? Não fui trabalhar, é claro. Quando acordei, eu estava em uma praça. Dormi na rua. Eu sentia o cheiro forte da bebida impregnado nas minhas roupas, na minha pele. Aquele suor alcoólico, aquela bebida que escapa do copo. Tudo fedia a álcool. Voltei para casa a pé mesmo, tomei um banho, me vesti e fui para o trabalho, com cinco horas de atraso. O chefe da obra, sentindo o cheiro que ainda tomava parte do meu corpo, me mandou embora dali. Disse que minha situação estava para ser analisada.

E o que se passou? Nada mais do que o pior: fui demitido.

Não tenho dinheiro suficiente para pagar uma passagem até Cidade do México, nem mesmo todo o valor que eu queria levar para casa. Ainda precisaria de uns dez meses aqui, pelo menos.

Vejo que não tenho saída. Não sei o que fazer. Agora, apenas dormir e tentar sonhar com uma solução.


(no dia seguinte)

De novo.

Outra vez, aquele incrível sonho que tive no caminho para Caracas, ano passado. De novo Maribel invadiu meus sonhos. Agora eu sei o que ela queria me dizer. No sonho, de novo eu estava na praia, sentado, admirando a maresia. Fui abraçado. Era Maribel mais uma vez. Ela me disse:


- Volte, Ramón.
- Para onde?
- Siga o caminho dela. Escute-a.
- A quem, Maribel?
- Quem tanto te fez sofrer, te salvará. Faça isto por nossa filha.

E de novo, caí na areia. Mas já era noite. De repente, a maré subiu e a água me cobriu. Ao me levantar, vi o céu escuro e a luz da lua iluminando toda a noite. Então acordei. Uma bela lua invadia meu quarto. Da janela, eu via o que Maribel queria: devo engolir meu orgulho e buscar Luna. É a minha última chance.

(uma semana depois)

Vou me encontrar finalmente com Luna. Depois de muito insistir, consegui que ela viesse falar comigo. É chegada a hora.

(no dia seguinte)

Enfim, falei com Luna. Não foi tão difícil como eu imaginava. Mas consegui uma solução.

- Luna... Saiba primeiro que estou profundamente arrependido por ter te tratado daquela maneira em nosso último encontro...
- Poupe-me disso, Ramón. Não há o que perdoar, quando a pior pessoa nessa história fui eu mesma. Diga, o que você quer.
- Quero saber o que você quer de mim.
- Como assim?
- Você que quis me encontrar, você que sempre me procurou. Algo você quer. O que você sempre quis de mim todos esses anos?
- Por que isso agora?
- Eu preciso saber toda a verdade antes de falar o que quero de você.
- Não há mais o que dizer, Ramón.
- Como não?
- Olhe, é realmente verdade o que você disse de mim aquela vez. Eu me senti arrependida demais por ter tirado um filho seu e achei que ajudando você e sua filha, eu estaria melhor comigo mesma e reparando um erro que não deveria ter sido cometido.
- Você queria voltar comigo?
- Não. Digo, não sei mais. A abordagem que fiz foi incisiva demais. Eu poderia ter agido de outra forma. Na verdade, eu sempre queria era te ajudar. Afinal, foi por minha culpa que tudo aconteceu assim. Está esclarecido?
- Não. Só quero saber mais uma coisa antes: você me amou de verdade?
- Quatro anos, Ramón... Eu estava pensando muito na minha vida profissional, mas te amava de verdade.
- Mesmo assim, tirou meu filho.
- Por que eu não me sentia preparada! Meu Deus, Ramón, eu tinha vinte e cinco anos! Estava jovem demais para ter um filho! Estava completando meus estudos! Estava bem encaminhada! Não estávamos casados! Eu sei que fui egoísta, que nunca posso ser perdoada por isso, mas eu nunca, nunca deixei de te amar enquanto estávamos juntos! Eu acabei amando a você e à minha vida profissional do que a mim mesmo.
- Eu te perdôo, Luna.
- O que disse?
- Que eu te perdôo, Luna. Por tudo isso.
- Sério?
- De verdade. No entanto... Se você sempre quis me ajudar, faça isso agora.
- O que você precisa.
- Eu estou aqui desde o ano passado, trabalhando como uma mula, para poder dar de comer à minha filha lá no México. Suando como nunca na minha vida. E agora, com a ferida que a sua revelação abriu no meu coração, desabei completamente. Caí inclusive no vício da bebida. E agora não tenho nada. Nem tenho como voltar para casa. Preciso de ajuda.
- Vai ser difícil, Ramón.
- Não importa. Nem que eu passe mais um ou dois anos aqui. Eu quero apenas ter a certeza de que voltarei para casa com tudo o que eu preciso para fazer minha filha feliz.
- Vou ver o que posso fazer, Ramón. Eu prometo que vou te ajudar.

E assim foi. Agora, é esperar.

(passam-se alguns meses, entramos no ano de 1977)

Já estamos em fevereiro. Não tenho tempo nenhum, para nada. Luna conseguiu por fim, me ajudar. Consegui minha última chance. Estou trabalhando de novo como mestre-de-obras-assistente e vou demorar ainda para subir de posição. Ela, a muito custo, convenceu seus chefes a me recontratar. O problema é que tenho que ficar aqui até março do próximo ano. Mas não importa. Agora, nada mais pode dar errado.

Próximo capítulo: O Retorno
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - Tudo se complica no 85º capítulo!

Mensagem por ClebersonP » 15 Jun 2010, 20:26

Mais um ótimo capítulo, e como sempre a cada capítulo vai melhorando, ja estou ancioso pelo próximo Capítulo.
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - Tudo se complica no 85º capítulo!

Mensagem por bebida com metanol CH » 15 Jun 2010, 21:46

Comecei a ler recentemente, e, não paro mais!

(Alguem mais, além de mim, imagina a Luna interpretada pela atriz que fez a 2ª Glória e dublada pela Tânia Gaidarji?)

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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - Tudo se complica no 85º capítulo!

Mensagem por Antonio Felipe » 15 Jun 2010, 22:44

86. O Retorno

Os meses vão passando em um ritmo devagar, quase parando, aqui em Caracas. Não importa. Como eu disse, tudo está indo bem. Estou trabalhando demais, até. Minhas costas doem demais, minhas mãos estão meio rijas, durmo pouco, mas está servindo para que eu aprenda a deixar de ser preguiçoso. Estou trabalhando esses anos tudo o que não trabalhei nos últimos oito, nove anos. Para quem vivia de bicos oportunos, alguns até muito questionáveis, trabalhar de maneira regular está sendo incrível.

Sinto tantas saudades de Chiquinha... Consegui algo que há muito sonhava: um telefonema! Liguei para ela na semana passada, falei poucos minutos – já que ela estava na venda da esquina, telefone mais próximo. Pude ouvir sua voz e assim, eliminar um pouco dessa tristeza incontida há tanto tempo. Mas sinto uma alegria tremenda ao pensar que o que estou fazendo está sendo muito bom para mim e para ela. Quando eu voltar, eu serei um novo homem. E ela poderá ter uma vida melhor. Tenho juntado mais dinheiro, para as passagens e para um “fundo” que resolvi fazer, que vai garantir um bom tempo de estabilidade.

Da vila, a Chiquinha me conta algumas coisas: primeiro, um carteiro chamado Jaiminho é o novo morador da vila. Está lá há algum tempo e pelo que ela diz, parece ser simpático, apesar de reclamar de cansaço. Já minha avozinha está bem de saúde e tem se virado para pagar (ou não) o aluguel. O dinheiro que mando para elas ajuda nesse ponto. Dona Florinda ainda está com seu restaurante e está cada vez mais junto do Professor Girafáles. Kiko estaria para voltar. Já o Chaves diz que tem pensado muito nos pais (que ele diz sequer conhecer). E a Dona Clotilde disse que tem saudades de mim (eu, dela, não).

E assim vai indo a vila do Senhor Barriga, que segue trabalhando cobrando os aluguéis.

Aqui, em Caracas, sigo trabalhando também. Aos poucos chega a hora de preparar o retorno.


(passam-se alguns meses, entramos no ano de 1978)

Três anos.

Três anos trabalhando em Caracas, trabalhando feito uma mula. Sofrendo o diabo, suando até a última gota, me esforçando como nunca. Depois de tanto tempo, de tantas dificuldades, essa história termina agora.

Não preciso mais do emprego. Já juntei todo o dinheiro que precisava para ajudar Chiquinha e minha avozinha. Tenho inclusive para quitar uma parte significativa dos aluguéis atrasados. Tenho dinheiro também para pagar uma passagem de avião – sim, de avião – para a Cidade do México. Não quero perder mais tempo com ônibus e dias e mais dias cruzando a América Central. Eu não ia me matar todos esses anos para sofrer dentro de um ônibus desconfortável.

Ontem, conversei com Luna pela última vez. Disse-lhe que meu tempo nesse emprego já estava encerrado, que eu já tinha cumprido minhas obrigações aqui e que já havia juntado todo o dinheiro necessário para fazer o que eu queria. Luna agradeceu-me pelo perdão e me deu um longo abraço. Naquele mísero minuto, passou pela minha cabeça todos os quatro anos em que ficamos juntos. E eu pude ter a mais absoluta certeza de que ela me amava e que me queria bem. Foi uma sensação revigorante.

Agora, estou fazendo as malas. Já comprei a passagem, parto hoje de noitinha para o México. Deixo a Venezuela com o sentimento de dever cumprido. Um novo Ramón surgiu agora. É uma nova vida que tenho pela frente.


(algumas horas depois...)

O avião está prestes a pousar. A viagem foi tranqüila. Algumas horas depois, estou em casa. Não consigo segurar a ansiedade de chegar. Vou fazer uma grande surpresa para Chiquinha.

Voltei para nunca mais ir embora.


Próximo capítulo: Arrependimento
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - Retorno ao México no 86º capít

Mensagem por Ecco - Kiko Botones is my life » 16 Jun 2010, 09:33

Que capitulo magnifico esse do retorno!
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - Retorno ao México no 86º capítulo!

Mensagem por ClebersonP » 16 Jun 2010, 14:53

Realmente, mais um brilhante capítulo, e ja estou ancioso pelo Arrependimento.
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