"Quase Tudo"
Enviado: 03 Nov 2014, 22:03
EDIT: Esta história se refere a uma pequena tentativa de trazer "ficção nova" sobre o Chapolin aos fãs, esperando começar algo que seria visto como uma continuação das aventuras do Chapolin Colorado após 1992, baseando-se no redesign da montagem que está no spoiler.
A recepção parece ter sido positiva, mas minha capacidade de transformar o capitulo 2 numa aventura empolgante, resultando apenas num draminha barato, me impossibilitou de passar do capitulo 1, que parando pra ver depois, realmente, não achei tão bom assim quanto eu achava após escrever.
Eu podia esvaziar o post por pura vergonha mas fica aí como registro mesmo.
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Eu podia esvaziar o post por pura vergonha mas fica aí como registro mesmo.
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Capitulo 1
| Numa mansão mexicana como outra qualquer, um homem lê seu jornal de 1956 enquanto fuma seu charuto. Uma noticia chama sua atenção: Foi liberado o ex-perigoso bandido Arturo Santamaria. Ele aproximou o jornal para ver se havia mesmo lido aquilo, mas a ponta de seu charuto queimou aquela parte do jornal e não pôde mais ler. Se levantou e andou em circulos. - "Eu vacilei. Devia ter lembrado que era hoje." - Disse o homem, jogando o jornal na lareira - "Que 'ex' que nada. Ele planejou até mesmo sua própria prisão. Já deve estar executando a nova parte do seu plano." O homem se levantou da poltrona e foi em direção ao seu quarto, abrindo seu guardaroupa. Optou por um elegante traje azul e um chapéu fedora - "Vai em algum lugar, querido?" - Perguntou a mulher de camisola que se levantava da cama - "Arturo foi solto. Acho melhor visita-lo em sua casa antes que o contrário aconteça." - Respondeu, checando sua carteira. Passou entre várias identidades falsas antes de optar por uma que dizia "Estebán Navarro" e mostrou para sua esposa - "Para todos os efeitos, meu nome hoje não é Adalberto Perrón. É este aqui. Tudo bem?" - "Entendido." Perrón desceu as escadas. Antes de sair, abriu a porta de um dos quartos e deu uma olhada. Era um quarto com um suave tom de azul e alguns brinquedos, e, na cama, um garoto de pouco menos que 11 anos dormia silenciosamente. - "Logo voltarei, Filho." - sussurrou Perrón antes de sair. Minutos após ouvir o barulho da porta se fechando, a mulher se levantou e começou a se vestir para sair. Se arrumou com pressa, como se tivesse esperando o marido sair para isso, e foi embora. Esqueceu, porém, a porta destrancada. O jovem garoto de cabelos negros se levantou com o som do despertador. Percebeu rapidamente que a casa estava vazia. Desceu então para a cozinha e começou a preparar seu café da manhã, afinal, estava acostumado a viver sozinho. Após terminado, sentouse para comer mas ouviu um barulho do lado de fora. Um carro havia estacionado no quintal. - "Estranho, meu pai nunca chega cedo desse jeito..." - pensou o menino. Correu até a janela para espiar. Um homem com uma protuberante barba descendo de um desconhecido chevrolet bel-air verde, modelo 1955. Quem era aquele homem com tal carro luxuoso? O jornal que queimava na lareira mostrava aquela mesma face sendo engolida pelas chamas. Arturo Santamaria estava alí. O jovem abriu a porta quando Arturo estava prestes a bate-la, e sua mão simplesmente atravessou o ar. Olhou pra baixo somente fitou o garoto que acabara de abrir a porta. - "Quando pessoas mais altas fazem isso, costuma dar problema." - Afirmou Arturo. O garoto não fazia idéia de que estava frente a um perigoso contrabandista. - "O seu pai está?" - "Da parte de quem?" - Perguntou o garoto - "Arturo. Digamos que somos... velhos amigos." - Arturo decidiu omitir maiores detalhes. - "Ele saiu. Ele sempre sai cedo pra trabalhar." - Disse o garoto, sem perceber que o dia era domingo. Seu pai havia saído únicamente para visitar Arturo, que sabia disso. - "Ah, sim, sim. Ele pediu para que eu cuidasse de você." - Mentiu Arturo, adentrando a casa. - "Então, você tem algum cereal? Ah, um sanduíche. Eu estava com fome!" - Começou a comer - "Eu fiz pra mim..." - Informou o garoto, mas Arturo ignorou. - "Sim, sim, vai lá pra sala ver algum desenho. Eu tenho que resolver um trabalho." - Arturo tentou distrair o garoto para que, enquanto ele não estivesse olhando, pudesse ir até o quarto do pai procurar alguma coisa. E foi assim que aconteceu. Enquanto Arturo vasculhava os aposentos, o jovem ligou a TV. Ia assistir algum programa infantil mas a TV ligou num noticiário. - "[...] solto nesta madrugada o famoso ex-contrabandista Arturo Santamaria Conhecido por sua grande rivalidade com a gangue rival comandada pela Família Perrón, as autoridades não confiam plenamente em sua regeneração e prometem manter um olho aberto no caso de qualquer nova ação indesejada. Aqui é Sebastian Tapia pro jornal matinal." - Anunciou o repórter antes do garoto desligar a TV. Começou a suar. Estava apavorado. Ele havia aberto a porta para o maior inimigo de seu pai. E agora, quem poderia defendelo? Foi o que ele perguntou. - "Eu." - Respondeu um suave sussurro atrás dele. O garoto se virou para ver a figura que havia atendido seu chamado: Um homem em um excêntrico uniforme vermelho e amarelo, portando um brasão amarelo em formato de coração com a letra vermelha "CH" destacada. Tirou sua cartola vermelha para saudar o garoto: "Não contavam com a minha astúcia." - "Quem... quem é você?" - Perguntou o menino, deixando aquele misterioso herói com uma cara indignada. - "Como assim quem sou eu? Eu sou... Ah! Aaaah!" - Percebeu o homem. - "Calendário. CALENDÁRIO!" Exigiu, e o garoto foi correndo buscar um. Ao ser entregue, riu - "Sim, sim... México, 1956." - "Que ano você pensou que fosse?" - Perguntou o garoto, ainda maravilhado com aquela excêntrica criatura. - "Nada não. Você realmente não me conhece." - Respondeu em um tom humorado. - "Pelo menos não até 1969" - sussurrou. - "Mas você ainda não me disse quem é você." - Voltou a questionar - "Eu sou o Polegar Vermelho. Mais normalmente conhecido como o Chapolin Colorado" - Respondeu finalmente. - "Eu chamei por ajuda... e você apareceu" - Disse o menino. - "É assim mesmo que acontece. São varios chamados... são várias épocas... há uma lista de prioridade, sabe? O seu problema parece ser o mais urgente dos que eu tenho pendente" - Explicou o Chapolin. - "Não é de menos... tem um homem aqui... ele é perigoso. Meio que um bandido. E meus pais sairam..." - "Mesmo? No maior estilo 'Esqueceram de Mim'?" - Perguntou o Chapolin em tom de piada - "Ah, desculpa, anos 90. Ok, 1956. Continue" - Desculpou-se. - "Ele é inimigo do meu pai, e veio inventando que veio cuidar de mim. Disse agora a pouco que queria resolver um trabalho... eu aposto que ele está vasculhando a casa!" - Contou o garoto, visivelmente nervoso. - "Calma, calma, não criemos pânico. Você ficará bem enquanto eu estiver aqui." - Chapolin tentou reconfortar o garoto, de joelhos para olhar nos olhos dele. - "Você vai derrotar ele?" - Perguntou, respirando fundo. - "Intencionalmente, não. Quando eu apareço, os vilões costumam se derrotar sozinhos." - Chapolin sorriu e piscou, levantandose. "Sigam-me os bons!" Exclamou, subindo as escadas para o quarto de Adalberto. Chapolin bateu na porta algumas vezes. Bateu novamente mas sem sucesso. Estava prestes a bater de novo quando Arturo abriu a porta - já imaginando o que haveria, Arturo abriu sua mão em frente á sua cabeça, segurando o punho do Chapolin para evitar o soco acidental. - "Bom, bom. Experiente." - Disse o Chapolin, olhando nos olhos de Arturo. - "Imagino que você não seja o pai deste garoto aí." - Indagou falsamente Arturo, sabia que não era. Pelo menos da ultima vez que viu Adalberto Perrón, não usava roupas tão ridículas... - "Polegar Vermelho. Poderia soltar minha mão, por favor?" - Pediu o Chapolin, mas Arturo apenas segurou mais forte. - "Por que?" - Perguntou Arturo, segurando firmemente. - "Pode ser perigoso." - Avisou Chapolin - "Por causa de uma apertadinha? Eu acho que não." - Brincou Arturo, segurando ainda mais forte agora. - "Eu não quis dizer perigoso pra mim." - Explicou Chapolin, virando-se com sua mão ainda segurada e aplicando uma forte cotovelada no estomago de Arturo. - "Corre!" O garoto fugiu rapidamente do quarto enquanto Chapolin continuava tentando dominar Arturo pela força. Se esquivando de cada ataque, Chapolin pegou o lençol da cama e, correndo em volta de Arturo, deixou o mesmo enrolado. Porém não deu o nó e o lençol simplesmente caiu. Chapolin correu do quarto e parou de frente á escada, enquanto Arturo veio correndo atrás. Chapolin simplesmente se ajoelhou e passou por debaixo de Arturo, que sem medir a própria velocidade, pisou em falso na escada e caiu pela mesma. O garoto então se sentou em cima dele para evitar uma possivel fuga, e sorriu para Chapolin, que percebeu que ele estava segurando um pano ensanguentado contra o olho esquerdo. - "Muito bom! Eu não falei? Não sou forte ou esperto, mas de algum jeito, as coisas acabam funcionando. Posso dizer até que o herói do dia foi você!" - Exclamou Chapolin, orgulhoso - "Mas o que aconteceu aí? Se machucou?" - "Eu fui virar num corredor, dei de cara na parede... só que tinha um prego solto lá... mas tá tudo bem... não foi nada." - declarou o menino. - "Não, não, deixa eu ver. É bom evitar que se infeccione." - Pediu o Chapolin, chegando perto do garoto que sentava sobre o malfeitor desmaiado. O garoto retirou o pano e Chapolin quase engasgou. O garoto possuia um grave corte que ia de sua testa até sua bochecha, sobre seu agora fechado olho esquerdo. Chapolin começou a tremer, respirando fundo. - "Está tudo bem, Chapolin? Você... está suando?" - O garoto se assustou com a reação do Chapolin. Era um corte feio, mas isso justificaria tal reação? - "Você... qual é... qual é o seu nome?" - Perguntou Chapolin, quase gaguejando - "Meu nome é Carlos Perrón... por que?" - O garoto não entendia o porquê daquela atitude. - "Qual é seu apelido? Como te chamam?" - Insistiu Chapolin, mantendo o olhar fixo no menino. - "Quase Nada. Por quê?" - O garoto viu o rosto do Chapolin ficar cada vez mais perturbado e aversivo. - "O que houve, Chapolin? Por que está assim? Por que perguntou meu nome? Por que?" - "Por que?" |
