Furtado

Chaves e Chapolin poderiam nunca terem existido. O motivo? Roberto Gómez Bolaños poderia não ter nascido, no longínquo 1929.
Um forte resfriado deixara de cama a mãe de Chespirito, D. Elsa. Mas, ela havia sido convidada à um baile que não podia deixar de ir. A meteorologia previa um temporal naquela noite. Com isso, Elsa ligou para seu irmão, o Dr. Gilberto Bolaños Cacho, pedindo um remédio para cessar o resfriado. Mesmo sobre os protestos do médico, ela se manteve irredutível na sua decisão.
Então, o tio de Bolaños receitou-lhe um remédio que continha quinina, um elemento presente na água tônica, por exemplo, que é altamente abortivo quando em grandes quantidades. Porém, ele não sabia da gravidez de Elsa. Horas depois, uma nova ligação: Elsa havia piorado muito.
A única forma de curar as dores que Elsa sentia era "a expulsão do produto". Que produto? Roberto. Ela já havia perdido um bebê no ano anterior. A não-realização do aborto trazia perigo à Elsa e ao bebê. O Dr. Gilberto ainda tentou convencê-la, mas a mãe de Chespirito respondeu categórica à uma pergunta do irmão:
- Não. Não farei isso.
- O que é que você não fará?
- Permitir que algo aconteça ao meu bebê.
E assim, Roberto nasceu no dia 21 de fevereiro de 1929, o segundo filho de Elsa Bolaños e Francisco Gómez. Paco era o primogênito e Horácio nasceria no ano seguinte.

Em 15 de janeiro, nasceu Martin Luther King, o grande líder do movimento negro nos Estados Unidos. O Tratado de Latrão, onde a Itália reconhecia a soberania da Santa Sé sobre o Vaticano, foi ratificado naquele ano. Anne Frank, a menina que tornou-se conhecida graças a seu Diário escrito no período da 2ª Guerra, nascia em 12 de junho. No México, o PRI, partido que dominou o governo mexicano por décadas, era fundado. O astrônomo Edwin Hubble descobriu naquele ano que o universo estava em constante expansão.
Enfim, nota-se que foi um ano conturbado para humanidade. 1929 jamais será esquecido por todos e também por Chespirito.












