CHespecial #23 - atualizado 13/09 pág.11
Enviado: 03 Jul 2009, 16:41
CHespecial 25 anos
capítulo 1 - "É, para mim..."
Estimados vizinhos da boa vizinhança! Estamos chegando aos 25 anos de exibição praticamente consecutiva ("todos os anos anualmente") das séries Chaves & Chapolin no Brasil. Nem sei bem por onde começar, mas vamos lá! Senta que lá vem história! Fiquem à vontade para usar os textos, com o devido crédito, em seus sites, blogs ou qualquer outro veículo (um triciclo, por exemplo).
O que vou escrever é informação, mas é antes depoimento. É um pouco do que tenho a dizer sobre os programas humorísticos de maior sucesso da história da televisão. Escrevo como fã, mas dou minha palavra de jornalista que vou usar o máximo de informações objetivas. E escrevo como ator em dublagem das séries a que tanto me dediquei; e que hoje tenho a honra de colaborar com a minha própria voz na interpretação desses personagens tão adorados. Assim como o Chaves no Brasil, tenho 25 anos, cresci com ele e aprendi a ser jovem ainda para sempre.
Copiando e colando uma resposta que dei em uma entrevista quando me perguntaram como é a experiência de dublar "Chaves": a experiência é estranha, louca e fantástica, mas é mais estranha, louca e fantástica ainda porque é um clássico da minha própria infância! Eu cresci vendo Chaves e Chapolin. Aos 21, comecei a dublar uma coisa que eu adorava desde criança. Isso foi possível porque são programas atemporais, que permanecem no ar, conquistando novos públicos. É um fenômeno sem fim. Então eu cresci, me formei como ator, fiz curso de dublagem e "Chaves" ainda estava lá, firme e forte na TV. Muitos episódios inéditos (que nunca passaram no SBT) foram comprados da Televisa para serem lançados em DVD, e foi aí que eu entrei, substituindo dubladores que já morreram. Procurei dar continuidade ao trabalho incrível deles, mas claro, com a minha própria interpretação, o que é fundamental em qualquer dublagem. Não basta fazer uma voz parecida com a original ou com a de outros dubladores. A dublagem é uma interpretação, antes de tudo. Depois, integrei o elenco de dublagem do desenho animado do Chaves, que estreou em 2007 e continua até hoje, com novas temporadas por vir.
O meu maior ídolo é Chespirito.
Também sou fã de Ramón Valdés, de Michael Jackson, do Cazuza, de Chaplin, do meu tio avô e da Claudia Ohana, mas Roberto Gómez Bolaños, mesmo sendo o menor, é o maior de todos!
No início, Chespirito não pensava em atuar. Ele não imaginava que um dia se tornaria o mais talentoso comediante latino americano e um dos melhores artistas do mundo. Mas conquistar esse título não foi nada fácil. Chespirito e os demais atores de "Chaves" deram muito duro para fazer o melhor que podiam.
Hoje, sabemos que há algo no humor de Chaves que mexe com as pessoas de maneira tão profunda que eu diria até espiritualmente.
É isso o que eu procuro, "Chaves" no que tem de mais profundo. Não é apenas "Foi sem querer querendo!" ou "Não contavam com minha astúcia!", mas algo muito mais introspectivo, profundo e inteligente, que "Chaves" proporcionou e que ainda proporciona a várias gerações.
Sem querer querendo, Chespirito e todo o elenco conquistaram o mundo. Isso lhes trouxe muita fama e, claro, dinheiro. "Chaves" é, até hoje, uma grande mina de ouro, fonte inesgotável de lucro. Existe uma lenda criada em torno de "Chaves" que sempre se refere ao programa como uma "produção pobre", o que não corresponde à verdade exata. A série teve início no comecinho dos anos 70 com muito pouco investimento, de fato, mas logo rendeu muita audiência e consequente retorno financeiro. A Televisa investiu em Chaves & Chapolin durante toda a década de 1970. E ambas as séries foram exportadas para dezenas de países. Foi o primeiro passo da exportação desenfreada de outras produções, como as novelas mexicanas que deixaram a Televisa entre as redes de TV mais ricas do mundo.
A vila do Chaves, é claro, continuou pobre. Afinal, quem enriqueceu foram os artistas, não os personagens. A magia de Chaves está também na produção barata, nas casas que balançam quando as portas batem, nos objetos de isopor... Este é, definitivamente, um dos fatores que contribuiu para o sucesso mundial das séries e as tornou ainda mais engraçadas.
A verdade é que CHAVES e CHAPOLIN, todos os atores e a maneira como o programa foi pensado e idealizado, além de toda a produção (cenário, maquiagem, figurino, iluminação etc.) - tudo isso significa muito para a história do humor na arte.
Seguindo a linha do mestre Chaplin, passando pelos eternos Gordo e Magro e os clássicos Três Patetas, "Chaves" desenvolveu o seu próprio estilo, sempre com base na pureza e na inocência das piadas, que funcionam em qualquer época e que são saudáveis para pessoas de todas as idades.
Essa linha de humor é, por vezes, criticada por pseudo intelectuais, defensores do humor "refinado" e "inteligente" que surgiu nos Estados Unidos quando a televisão começou a priorizar os números de audiência em detrimento da qualidade da programação. Os enlatados americanos, com seu humor apelativo e piadas de duplo sentido, geralmente impróprias para menores, sempre tiveram um tempo de vida bem curto, efêmero. Infelizmente, para as novas gerações, existe um tipo de humor que eu chamo de humor vendido, que quer mostrar que as pessoas inteligentes não devem rir de tortas na cara, nem de tombos, o que eles chamam de "piadas de criança", ou, no pior dos casos, "piadas de retardado".
A história, no entanto, prova que o humor clássico e puro prevalece, nunca sai de moda e que, quando o elenco é bom, quando os artistas que o elaboram têm talento de verdade, sempre funciona, com público fiel e recordes de audiência. É o humor eterno, atemporal.
Muitos pais já proibiram seus filhos de ver "Chaves", assim como muitos pais um dia proibiram seus filhos de ouvir os Beatles.
A verdade é que Chaves & Chapolin representam um marco que influenciou as gerações de humoristas pós anos 70 em todo o mundo.
Dentro desse especial darei ênfase ao histórico dos episódios dublados, sua estreia no Brasil e também seu desaparecimento - os famosos "episódios perdidos". A ideia é fomentar o movimento "Volta Perdidos CH & CH".
Acompanhem com atenção todo o CHespecial e vamos comemorar desde já os 25 de CH no Brasil!!! Leiam, guardem todos os capítulos... E mandem suas críticas, elogios e sugestões!
Em outras palavras, enquanto estiverem lendo este especial, serão como eu!
(Estamos apresentando...)
capítulo 1 - "É, para mim..."
Estimados vizinhos da boa vizinhança! Estamos chegando aos 25 anos de exibição praticamente consecutiva ("todos os anos anualmente") das séries Chaves & Chapolin no Brasil. Nem sei bem por onde começar, mas vamos lá! Senta que lá vem história! Fiquem à vontade para usar os textos, com o devido crédito, em seus sites, blogs ou qualquer outro veículo (um triciclo, por exemplo).
O que vou escrever é informação, mas é antes depoimento. É um pouco do que tenho a dizer sobre os programas humorísticos de maior sucesso da história da televisão. Escrevo como fã, mas dou minha palavra de jornalista que vou usar o máximo de informações objetivas. E escrevo como ator em dublagem das séries a que tanto me dediquei; e que hoje tenho a honra de colaborar com a minha própria voz na interpretação desses personagens tão adorados. Assim como o Chaves no Brasil, tenho 25 anos, cresci com ele e aprendi a ser jovem ainda para sempre.
Copiando e colando uma resposta que dei em uma entrevista quando me perguntaram como é a experiência de dublar "Chaves": a experiência é estranha, louca e fantástica, mas é mais estranha, louca e fantástica ainda porque é um clássico da minha própria infância! Eu cresci vendo Chaves e Chapolin. Aos 21, comecei a dublar uma coisa que eu adorava desde criança. Isso foi possível porque são programas atemporais, que permanecem no ar, conquistando novos públicos. É um fenômeno sem fim. Então eu cresci, me formei como ator, fiz curso de dublagem e "Chaves" ainda estava lá, firme e forte na TV. Muitos episódios inéditos (que nunca passaram no SBT) foram comprados da Televisa para serem lançados em DVD, e foi aí que eu entrei, substituindo dubladores que já morreram. Procurei dar continuidade ao trabalho incrível deles, mas claro, com a minha própria interpretação, o que é fundamental em qualquer dublagem. Não basta fazer uma voz parecida com a original ou com a de outros dubladores. A dublagem é uma interpretação, antes de tudo. Depois, integrei o elenco de dublagem do desenho animado do Chaves, que estreou em 2007 e continua até hoje, com novas temporadas por vir.
O meu maior ídolo é Chespirito.
Também sou fã de Ramón Valdés, de Michael Jackson, do Cazuza, de Chaplin, do meu tio avô e da Claudia Ohana, mas Roberto Gómez Bolaños, mesmo sendo o menor, é o maior de todos!
No início, Chespirito não pensava em atuar. Ele não imaginava que um dia se tornaria o mais talentoso comediante latino americano e um dos melhores artistas do mundo. Mas conquistar esse título não foi nada fácil. Chespirito e os demais atores de "Chaves" deram muito duro para fazer o melhor que podiam.
Hoje, sabemos que há algo no humor de Chaves que mexe com as pessoas de maneira tão profunda que eu diria até espiritualmente.
É isso o que eu procuro, "Chaves" no que tem de mais profundo. Não é apenas "Foi sem querer querendo!" ou "Não contavam com minha astúcia!", mas algo muito mais introspectivo, profundo e inteligente, que "Chaves" proporcionou e que ainda proporciona a várias gerações.
Sem querer querendo, Chespirito e todo o elenco conquistaram o mundo. Isso lhes trouxe muita fama e, claro, dinheiro. "Chaves" é, até hoje, uma grande mina de ouro, fonte inesgotável de lucro. Existe uma lenda criada em torno de "Chaves" que sempre se refere ao programa como uma "produção pobre", o que não corresponde à verdade exata. A série teve início no comecinho dos anos 70 com muito pouco investimento, de fato, mas logo rendeu muita audiência e consequente retorno financeiro. A Televisa investiu em Chaves & Chapolin durante toda a década de 1970. E ambas as séries foram exportadas para dezenas de países. Foi o primeiro passo da exportação desenfreada de outras produções, como as novelas mexicanas que deixaram a Televisa entre as redes de TV mais ricas do mundo.
A vila do Chaves, é claro, continuou pobre. Afinal, quem enriqueceu foram os artistas, não os personagens. A magia de Chaves está também na produção barata, nas casas que balançam quando as portas batem, nos objetos de isopor... Este é, definitivamente, um dos fatores que contribuiu para o sucesso mundial das séries e as tornou ainda mais engraçadas.
A verdade é que CHAVES e CHAPOLIN, todos os atores e a maneira como o programa foi pensado e idealizado, além de toda a produção (cenário, maquiagem, figurino, iluminação etc.) - tudo isso significa muito para a história do humor na arte.
Seguindo a linha do mestre Chaplin, passando pelos eternos Gordo e Magro e os clássicos Três Patetas, "Chaves" desenvolveu o seu próprio estilo, sempre com base na pureza e na inocência das piadas, que funcionam em qualquer época e que são saudáveis para pessoas de todas as idades.
Essa linha de humor é, por vezes, criticada por pseudo intelectuais, defensores do humor "refinado" e "inteligente" que surgiu nos Estados Unidos quando a televisão começou a priorizar os números de audiência em detrimento da qualidade da programação. Os enlatados americanos, com seu humor apelativo e piadas de duplo sentido, geralmente impróprias para menores, sempre tiveram um tempo de vida bem curto, efêmero. Infelizmente, para as novas gerações, existe um tipo de humor que eu chamo de humor vendido, que quer mostrar que as pessoas inteligentes não devem rir de tortas na cara, nem de tombos, o que eles chamam de "piadas de criança", ou, no pior dos casos, "piadas de retardado".
A história, no entanto, prova que o humor clássico e puro prevalece, nunca sai de moda e que, quando o elenco é bom, quando os artistas que o elaboram têm talento de verdade, sempre funciona, com público fiel e recordes de audiência. É o humor eterno, atemporal.
Muitos pais já proibiram seus filhos de ver "Chaves", assim como muitos pais um dia proibiram seus filhos de ouvir os Beatles.
A verdade é que Chaves & Chapolin representam um marco que influenciou as gerações de humoristas pós anos 70 em todo o mundo.
Dentro desse especial darei ênfase ao histórico dos episódios dublados, sua estreia no Brasil e também seu desaparecimento - os famosos "episódios perdidos". A ideia é fomentar o movimento "Volta Perdidos CH & CH".
Acompanhem com atenção todo o CHespecial e vamos comemorar desde já os 25 de CH no Brasil!!! Leiam, guardem todos os capítulos... E mandem suas críticas, elogios e sugestões!
Em outras palavras, enquanto estiverem lendo este especial, serão como eu!
(Estamos apresentando...)