No México, Chaves e Chapolin tinham acabado como séries, sendo gravadas como quadros do Programa Chespirito, já sem Carlos Villagrán (Quico) e Ramón Valdés (Seu Madruga). A história das séries no Brasil começou com a exibição dos episódios "Caçando Lagartixas" (1976), do Chaves, e "Aristocratas vemos, gatunos não sabemos", do Chapolin. Daquele agosto de 1984 até 1988, o SBT exibia apenas 84 episódios do menino do barril e 26 do Polegar. Muito pouco se comparado a tudo que foi produzido. Até 1992, o canal fez aquisições de vários novos episódios, chegando a 225 de Chaves (dos quais, cinco estão perdidos, além de cinco esquetes também não exibidas) e 134 de Chapolin (dos quais, quatro estão perdidos, além de dezessete esquetes desaparecidas) - isto para citar apenas capítulos que sabemos que o SBT possui.
Chaves e Chapolin se tornaram verdadeiros fenômenos culturais no Brasil. As séries hoje são um verdadeiro objeto de culto. Comunidades do Orkut chegavam a reunir centenas de milhares de amantes das criações de Chespirito. Só no Fórum Chaves, são mais de 250 mil pessoas envolvidas através do site e suas redes sociais. Em 2010, no Festival da Boa Vizinhança, ocorrido em São Paulo, com as presenças de Carlos Villagrán (Quico) e Edgar Vivar (Senhor Barriga), mais de cinco mil pessoas de todas as partes do país se fizeram presentes, para celebrar a chavesmania. Os mesmos atores reuniram milhares de fãs em turnês pelo Brasil entre 2011 e 2013. Os brasileiros são o público mais fanático pelas séries, o que é reconhecido até mesmo por Edgar Vivar. Roberto Gómez Bolaños disse em 2011 que a maioria das mensagens que recebia no Twitter era de fãs brasileiros.
As séries chegam às portas de seus 30 anos de Brasil, no entanto, com uma interrogação. Pela terceira vez na história, os seriados fazem aniversário quando não estão no ar na programação diária do SBT (o que aconteceu apenas em 2003 e 2004). Depois de ser tratado como artigo de luxo entre 2011 e o começo de 2012, Chaves tem sido relegado a mero tapa-buraco e não recebe a atenção devida do canal. Após uma série de equívocos nas exibições - desordem dos episódios, repetições em curto período de tempo - a audiência mingou e Chaves acabou saindo da grade diária em julho, estando no ar apenas nas manhãs de sábado e domingo. Já Chapolin continua sendo maltratado pelo SBT. Não bastasse estar há mais de dez anos sem ser exibido para todo o país, o Polegar Vermelho aparece na programação vez por outra. Depois de um ano inteiro de ótimas exibições, em 2011, a série foi sacada do ar e voltou em 2013, com a transmissão de vários episódios semelhantes. Porém, com os mesmos equívocos que adotara em Chaves, a audiência foi baixa e o heroi da América Latina foi arquivado depois de algumas semanas.
Fica agora a dúvida: o SBT dará uma atenção diferenciada aos 30 anos de Chaves e Chapolin no Brasil, em agosto de 2014? Os fãs, sem dúvida, esperam que o canal faça algo especial para celebrar esta data, uma vez que as séries são um fenômeno indiscutível de adoração por parte do público brasileiro e, além disso, são verdadeiros símbolos do SBT. Uma história tão incrível como essa não pode jamais passar em branco. Os fãs ainda esperam a volta dos episódios perdidos que restam, bem como a exibição dos episódios inéditos que foram dublados em 2012.
Neste dia especial, fica registrado no desejo para que o SBT saiba reconhecer, no próximo ano, tudo aquilo que Chaves e Chapolin representam para o público e para a própria emissora. As séries são um raríssimo caso de produto que segue fazendo sucesso e conquistando fãs, mesmo tendo sido produzidas há tanto tempo. Não é uma série qualquer que consegue chegar a mais de 40 anos de êxito na América Latina, ainda com a mesma relevância. A história se repete no Brasil. Em 2012, para celebrar tantas décadas de sucesso, a Televisa realizou América Celebra a Chespirito. Não esperamos, claro, que o SBT faça algo tão grande assim. Apenas esperamos que a emissora dê o valor que Chaves e Chapolin merecem.










