Chespecial
capítulo 22
Bem, dizia eu...
O capítulo anterior culminou com a chegada do Disco Voador (a.k.a. Edgar Vivar) ao Brasil no ano de 2003. Ele veio em setembro, em meio à leva de episódios perdidos que voltaram a ser exibidos no SBT a partir do dia primeiro daquele mês.
Mas não foi só isso. As cópias dos episódios de Chaves a partir de primeiro de setembro estavam visilmente melhores: foram remasterizadas. O mesmo aconteceu com Chapolin a partir do dia 8 do mesmo mês. O acervo de Chaves e Chapolin ganhou uma nova cara (sem cirurgia plástica). Basta você comparar um episódio qualquer gravado antes dessa época com o mesmo exibido após setembro de 2003. A qualidade é bem superior. Infelizmente, os terríveis cortes nos episódios impediram que a festa fosse completa.
Chegamos ao especial ano de 2004, que marcou o primeiro evento do Fã-Clube Chespirito Brasil: pela primeira vez, fãs brasileiros se encontrariam em um evento especial feito para comemorar os 20 anos de Chaves e Chapolin no Brasil.
Mas antes de chegar lá, vamos recapitular o que aconteceu até o vigésimo aniversário de exibição de CH em 2004, desde 1999, para que nada fique esquecido / deixado para trás.
Vamos rrrecapitular...
Por que 1999?
Escolho este ano como marco para a Era CH na Internet, que começou em 98 com os primeiros sites e se consolidou com informações exclusivas sobre Chespirito em 99.
Já citei aquele que foi um dos primeiros sites e embrião do Fã-Clube, do jornalista Felipe Betschart: o site FCBCC - Fã-Clube Brasil Chaves & Chapolin.
Outro site que merece destaque e aplausos, e que surgiu em 1999, foi o "Aí vem eles: Chapolin e Chaves", de alguém conhecido como "Cleotais". Aquele com fonte azul e que ainda existe no endereço:
http://chespiritoweb.atspace.com/
Durante um longo tempo troquei informações por e-mail com "Cleotais", que eu nunca conheci pessoalmente, nem faço ideia de quem seja.
Acredito ter ajudado bastante esse site e muitos outros pioneiros, como o próprio Tributo a Chespirito, do Bepê, a Chaves Online e O Mundo Chavesmaníaco do Felipe Reina, com informações que eu já pesquisava desde 97, trocando (informações!) com fãs mais velhos e pessoas de outros países. Eu era uma espécie de consultor desses sites. Ah, se não fosse a ajuda espiritual que dei a esses meninos...
Com a palavra, o webmaster do "Aí vem eles":
"Na época não existiam mais que 6 ou 7 páginas sobre Chaves e Chapolin na internet, que continham quase o mesmo conteúdo. As informações eram poucas, quase nada comparado aos dias de hoje. A minha intenção ao criar o site foi "descobrir" mais sobre Chaves. Graças à internet, poderíamos enfim tentar entrar em contato com os chavesmaníacos espalhados pelo Brasil. Eu sabia que o que havia sobre Chaves na internet era muito pouco e que poderíamos ampliar, e muito, o conteúdo de informações do site.
Enfim, o site foi ao ar no dia 20 de setembro de 1999, por volta das 10:30 da manhã, com apenas 5 seções e um visual bem pior que o atual, qua não é grande coisa.
Meu site foi crescendo aos poucos, eu nunca parava de atualizar, ia sempre melhorando e acrescentando informações. Eu não sabia praticamente nada do que eu sei hoje sobre Chaves e Chapolin, coisas que eu e muita gente nem imaginava... e o crescimento da quantidade de informações do site foi graças às pessoas que me ajudaram e me mandavam e-mails, além dos inúmeros apoios e elogios!"
Eu escrevia artigos e colunas para alguns desses sites, mas tinha um espaço maior no Mundo Chavesmaníaco e no Tributo a Chespirito, que eu cheguei a dirigir em parceria com o Bruno.
Nunca pensei em ser webmaster de site nenhum, embora tenha recebido muitos convites. Não tenho a menor paciêcia pra isso. E sou leigo em programação (nível Quico).
Então virei redator e colunista de vários sites e meus textos eram publicados, às vezes sem minha assinatura, e muitas vezes copiados em sites. Alguns textos que jamais escrevi tiveram sua assinatura atribuída a mim. Naquela época a gente ainda tentava controlar essas coisas na Internet. Mas nunca liguei muito pra isso.
Eu sempre quis apenas que as informações fossem corretas e bem apuradas. Que Chaves e Chapolin merecessem o respeito e a atenção da mídia brasileira. E que Chespirito fosse considerado um artista genial de reconhecimento internacional como Chaplin. Eu lutei por isso. (música Rocky Balboa)
Campeão!
A mídia nacional começou a respeitar mais o Chaves quando, em 99, ele foi lembrado por muita gente porque desbancou a Rede Globo após tantos anos. A audiência de Chaves superou a do então novo programa "Mais Você", da Ana Maria Braga. O SBT manteve liderança com o Chaves e o programa da loura e do Louro José teve que mudar de horário.
"Que voltes para mim..."
A década de 90 fechou com uma notícia muito triste: a morte de nosso querido e incrível "Godinzinho", Horácio G. Bolaños (em 21/11/99).
Horácio Gómez, que nasceu em 28 de julho de 1930, era ainda um ano mais novo que Chespirito (1929). Horácio sempre funcionou como uma espécie de assessor do irmão e tinha uma visão comercial incrível segundo seus colegas e familiares, tanto que se tornou produtor executivo do programa Chespirito. Para os fãs, no entanto, muito mais que produtor e empresário, Horácio será lembrado pelo eterno Godines e por tantas participações em Chapolin, nas quais sempre acabava roubando a cena. Pepe, já tirei a vela!!!
Clube adiado
O Clube do Chaves, que só foi estrear em 2 de junho de 2001, já tinha sido comprado, dublado e divulgado em 99, chegando a ser anunciado em 2000, mas cancelado em cima da hora. Lembro que, bem no dia marcado para a estreia, estavam todos atentos olhando pra TV... e aí passou Mortal Kombat. Foi um verdadeiro Fatality em nossa pobre esperança!
Homenagem a Chespirito
Em 2000, é feita a tão esperada homenagem a Chespirito no México. A Televisa dedica a Bolaños um dia inteiro de programação, com seus programas, filmes como El Chanfle e até uma partida de futebol em homenagem a ele. Comparecem à homenagem, além de Florinda Meza, María Antonieta, Rubén Aguirre, Edgar Vivar e até Carlos Villagrán.
María Antonieta entrega a Chespirito um CD com a Chiquinha interpretando suas canções mais famosas.
No ano seguinte, eles disputariam na justiça os direitos da personagem.
Um maluco no pedaço do Chapolin
O SBT parou de exibir o Polegar Vermelho em agosto de 2000, como já falamos no capítulo anterior, dando lugar ao horário político e, depois, a "Um Maluco no Pedaço". Nasce o movimento "Volta, Chapolin!" comandado por mim e pelo Bruno Pires. O movimento ganhou destaque na Internet e na mídia.
Chapolin volta
O Vermelhinho voltou em dezembro de 2001, ficando no ar até fevereiro de 2002. Em abril, o Clube do Chaves se despediu da programação do SBT.
Preciosa Chilindrina
Chiquinha gravou participações na novela Preciosa e foi dublada por "Chiquinha Lemes" na versão brasileira.
Comercial perdido e inédito
Em outubro de 2001, cenas de episódios perdidos e até inéditos apareceram em um comercial do Chaves. Antes disso, no SBT Repórter, algumas cenas "perdidas" já tinham vazado. Vejam este comentário de Igor C. Barros sobre o caso:
"Desde aquele SBT repórter que todo mundo está realmente convencido de que o SBT possui todos os VTs dos episódios cancelados, alguns em condições melhores do que alguns episódios em exibição (por exemplo, o episódio em que Chaves conhece Patty pela primeira vez está em péssimo estado, como o som "tremendo"), o que desmente totalmente a teoria anterior, de que esses episódios teriam sido queimados em um incêndio.
Pois é, e estou desconfiado que QUALQUER UM, lá dentro do SBT, deve ter acesso a esses VTs, já que mais um deles vazou em um comercial. O comercial é da própria emissora, e mostra uma família tentando economizar energia. E Chaves entra em uma edição rápida com mais uma monte de programas do SBT. Mas com uma cena que não está no ar! É a do episódio no qual Chiquinha, Quico e Chaves formam uma orquestra, discutem música com o Professor Girafales, e no final desse episódio, eles dublam uma música romântica para o encontro entre Florinda e Girafales."
Sem querer querendo, o SBT respondeu a uma dúvida que muitos tinham. Muitas pessoas achavam que a emissora tinha episódios de "Chaves" dublados em português pela Maga e que nunca foram exibidos. E agora isso está confirmado, graças a mais um comercial do SBT no qual eles colocam imagens de episódios que não estão em exibição - a diferença é que este episódio não foi cancelado, simplesmente nunca foi visto no Brasil.
Sábado especial
Os sábados de dezembro de 2002 ganharam especiais de Chaves e Chapolin em horário nobre, com episódios em série (sagas de Acapulco, Branca de Neve...)
A volta do "Volta"
Nós voltamos com o movimento "Volta, Chapolin!" em maio (de 2002), aproveitando a onda da fundação do Fã-Clube. Conseguimos centenas de assinaturas e apoio de jornais e revistas, que passaram a falar pela primeira vez em um "fã-clube" de fãs.
Nosso pedido era Chapolin de volta para todo o Brasil.
E o Vermelhinho voltou no final do ano, em dezembro de 2002!
MAP
Em fevereiro de 2003, inaugurei com o Fã-Clube Chespirito Brasil o Movimento Achados e Perdidos, pela volta dos episódios perdidos. Aproveitamos as assinaturas do "Volta, Chapolin!". Também pedimos no movimento o fim dos cortes dos episódios.
Em setembro, episódios perdidos voltaram a ser exibidos!
Barriga fala francamente
11 de setembro de 2003: Sônia Abrão entrevista Osam... Digo, Edgar Vivar
Trechos preciosos da entrevista:
"Primeiro, Roberto me deu o papel de zelador, depois é que passei a fazer o papel de dono da vila."
"Fazer o Nhonho era a possibilidade de eu me aproximar do universo infantil. Era um pouco difícil fazer os dois personagens ao mesmo tempo, mas o prazer de fazer superava tudo isso."
"Eu peso 134Kg."
"[Chespirito e eu] somos bons amigos. Ele vive em Cancún e vai à Cidade do México às vezes. Também converso com ele por telefone e comemos juntos às vezes também."
"[Seu Madruga já pagou o aluguel] em três ocasiões."
"Ruben Aguirre, o Professor Girafales, era muito meu amigo, trabalhei com ele no circo muitas vezes e sempre nos encontramos quando ele vem ao México, temos uma grande amizade."
"Fizemos o programa com muita vontade e carinho, com a melhor intenção do mundo, nada mais."
*Sobre a briga entre Bolaños e María Antonieta pelos direitos da personagem Chiquinha:
"Os dois são meus amigos e eu espero que isso acabe logo. A Chiquinha é muito bem interpretada pela Maria Antonieta e eu não consigo ver outra atriz interpretando a personagem. Eu entendo também que o Roberto Bolaños foi quem criou a personagem. Não quero tomar partido, mas na minha opinião o erro maior acho que foi ela registrar a personagem sem antes pedir autorização ao Roberto. Os outros atores sempre usaram seus persoangens sem problema algum em apresentações, pois Roberto sempre autorizou. Eu só acho que essa briga continua porque lá no México a imprensa coloca muita lenha na fogueira."
"O Brasil não está no mapa, está no meu coração."
2004: 20 anos!
Chegar ao fim de 2003 com a visita do Seu Barriga foi o maior presente para os fãs, prestes a comemorar o vigésimo aniversário de seus programas preferidos.
Naquele ano, Chaves e Chapolin tinham sambado (disso o Mestre Maciel entende bem) na programação do SBT, entrando e saindo, cortados e trocados de horário a todo momento! Não vale nem a pena acompanhar toda essa tortura. A palhaçada culminou com o Chaves fora da nova programação da emissora em janeiro de 2004.
Foi por isso que, em fevereiro de 2004, entramos com força total com o movimento chamado "Volta CH", uma espécie de união de todos os movimentos anteriores ("Volta, Chapolin!", "MAP"), pedindo a volta dos dois programas, sem cortes e em um horário decente fixo na programação.
Chaves voltou num sábado dia 13 de março, às 21h!
CHAVESMANIA
O primeiro evento do Fã-Clube Chespirito Brasil aconteceu no dia 30 de outubro de 2004
Para falar desse evento que marcou época e que seria apenas o primeiro de muitos, farei algo um pouco diferente e inusitado... Vou usar trechos de um texto velho meu sobre o evento e, em negrito, vou acrescentar notas de bastidores e dados inéditos ou curiosidades. Espero que curtam essa ideota:
"Em outubro de 2004, realizamos o primeiro evento de Chaves & Chapolin do Brasil. Foi na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), primeiro andar, dia 30 daquele mês, e durou o dia todo.
*A ideia de ser na UERJ é porque eu estudava lá (e ainda estudo - tão velho na escola! rs) e soube da facilidade para se realizar eventos culturais. Fui a um evento de Anime lá para sentir mais ou menos como era o esquema.
Tendo início às 10h de um sábado ensolarado, o evento, chamado Chaves 20 anos, reuniu cerca de 200 fãs do seriado mexicano e teve como objetivo realizar um movimento para pedir a volta do programa à grade de programação do SBT.
*o nome oficial do evento era Chavesmania. "Chaves 20 anos" pode ser considerado um "tema" ou subtítulo do evento. Foi usado pra chamar mais atenção da mídia.
Além das fantásticas exibições de episódios inéditos em espanhol, que fizeram os fãs vibrar de emoção ao assistir a cenas que nunca imaginaram existir nas séries, o evento também presenteou os participantes com sessões de episódios cancelados pelo SBT e documentários brasileiros e internacionais acerca do criador da vila do Chaves, Roberto Gómez Bolaños.
*hoje não há nenhuma novidade nisso, mas naquela época a exibição em público de um episódio em espanhol era algo completamente louco. Um episódio perdido era um sonho! Os fãs assistiam àquilo tudo maravilhados, boquiabertos, extasiados. Um monte de gente queria comprar os episódios.
Um auditório lotado de chavesmaníacos aplaudiu alucinadamente cada exibição, querendo e pedindo uma próxima. O sucesso dos episódios inéditos, que preencheram as partes finais de certas sagas jamais terminadas no Brasil, foi tanto que poucos foram os fãs que saíram do auditório para aproveitar as outras atrações no pátio, como quebra de pichorras, karaokê de músicas dos seriados e um ambiente tematicamente construído a partir da vila do Chaves.
*Aqui eu me empolguei um pouco, nós tínhamos umas portas mal feitas com os números das casas da vila (piores que as do seriado rs) e uma Tienda del Chavo, essa sim um primor! Para fazê-la, pegamos caixotes da rua, de supermercados... Conseguimos um barril lá onde Judas perdeu as botas! O detalhe é que no final do evento eu esqueci o barril na Uerj.
Para saciar a fome dos presentes, foram servidas guloseimas inspiradas nos episódios das séries, como churros, sanduíches de presunto, pirulitos e refrescos da Tienda del Chavo.
*Bom, isso tudo não foi exatamente "servido", foi vendido! Hahaha. Mas baratinho.
Ao final da tarde, quando todas as atividades pareciam estar chegando ao fim, os chavesmaníacos foram surpreendidos com a chegada de Carlos Seidl, o dono da voz em português de Ramón Valdés , o Seu Madruga. Isso se deveu graças ao convite feito pelo Fã-Clube CHESPIRITO-Brasil ao dublador. Ovacionado, Seidl agradeceu o carinho e respondeu perguntas dos fãs presentes. No final, presenteou todos com um show à parte, no qual interpretou o personagem que consagrou sua voz repetindo seus mais famosos bordões, como "Tinha que ser o Chaves mesmo!" e "Chapéééus, sapatos ou roupa usada, quem tem?".
*confiram o vídeo "Dublador do Seu Madruga", mais acessado que Lady Gaga e Justin Bieber. Como contei a vocês no CHespecial anterior, meu primeiro contato com Seidl foi no evento Anime-Pro em SP. Ele me deu o contato do Hamilton Ricardo, meu mestre de dublagem, que por sua vez me reaproximou do Seidl. Ele aceitou prontamente participar do evento, com a maior boa vontade do mundo.
- Chaves não é um programa infantilóide. Ele respeita a inteligência das crianças - disse Seidl em sua palestra.
*Ah, ele também disse que a vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena.
E atendendo a milhares de pedidos dos fãs, o Fã-Clube CHESPIRITO-Brasil voltaria a apresentar o Evento Chavesmania seis meses depois...
*Mas isso fica para o nosso próximo CHespecial, neste mesmo programa e neste mesmo canal.
Outros fatos do Chavesmania I:
- Conheci meu grande amigo, Eduardo Gouvêa, o Valette Negro, que, a partir de então, passaria a ser meu braço direito em todos os eventos. De todas as coisas boas que ganhei naquele dia tão especial, a Amizade do Valette foi a mais importante pra mim. Sempre agradecerei a Deus por isso.
- Conheci muita gente boa, vários fãs do seriados com quem só falara antes via Internet... E revi grandes amigos que me apoiaram desde o princípio nesta empreitada. Não vou citar nomes, com receio de esquecer alguém.
- O evento Chavesmania abriu os olhos da mídia para o Fã-Clube e para os fãs de Chaves, que passariam desde então a ganhar mais atenção e destaque em reportagens e matérias em prol dos seriados de Chespirito no Brasil.
- Nas semanas anteriores ao evento, "Chaves" tinha novamente saído da programação do SBT, mas retornou dias depois, graças à repercussão na mídia e às assinaturas que recolhemos no dia para serem somadas às do movimento virtual VoltaCH.
Fim do CHespecial* 22.
*"CHespecial 25 Anos" (pode ser lido como "C.H. Especial" ou "chespecial") é uma série de colunas sobre a história de Chaves e Chapolin no Brasil, que comecei a escrever em 2009 para comemorar os 25 anos da estreia dos dois seriados de Chespirito na televisão brasileira. Serão, ao todo, 25 capítulos.