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por Polegar » 12 Mai 2023, 12:04
Simpsons é um exemplo de venda de produtos tão perfeitamente bem sucedida que até enjoa. Pra onde você olha tem um artigo dos Simpsons. Pra loja que você vai tem nem que seja uma camiseta. Se você entrar numa papelaria no mínimo um lápis vai ter.
Os caras estamparam tudo. Cadernos, agendas, chaveiros, canetas, squeezes, bolsas, meias, pijamas, capinhas de celular, produtos alimentícios, linha higiênica, enfeites de aniversário, o que se puder imaginar, fora os jogos, brinquedos e pelúcias.
De modo que você quer se vestir, tem Simpsons. Quer ir pra aula, tem Simpsons. Quer trabalhar, tem Simpsons. Quer dar uma festa, quer passear, quer viajar, quer tomar banho, quer comer, quer dormir, tem Simpsons.
São desenhos pop, atrativos aos olhos, eficientes, que simbolizam atualidade e estética. Tem padrões divertidos, tem padrões cleam. Tem coisas que você sente vontade de usar mesmo que não curta ou não conheça a série, e assim você vira um outdoor pra difundir a imagem dela por aí, e ela se mantém viva.
Todo mundo conhece os símbolos, o donuts do Homer, a cerveja Duff, o Comichão e Coçadinha. Fica no subconsciente e é sempre considerado relevante. Vai perdurar por décadas ainda, quem duvida? Mesmo que a série termine. E quando terminar eu tenho certeza que vão saber fazer releituras pra render.
É a mesma coisa com a força e os símbolos do Mickey, dos heróis da Marvel e DC, de Friends, dos filmes da Disney, de Round 6, de Turma da Mônica, de Among Us. Até mesmo do Romero Britto.
Vê quantos jovens conhecem o Romero Britto e quantos conhecem o Michelangelo.
E não é por isso que o original se perde ou é ultrapassado. Pelo contrário. Se angaria fãs que vão se aprofundar e cultuar o original.
Tem gente se matando por aí pra conseguir aquela revistinha em que o Super Homem aparece pela primeira vez, erguendo um carro. Todo mundo conhece o primeiro curta do Mickey lá de mil novecentos e bunda, em preto e branco, onde ele tá com um chapeuzinho de marinheiro girando um timão e assobiando. A Mônica atual vira e mexe faz crossover com a Mônica de bochechinha pontuda dos anos 70.
Duvido que se fizerem uma nova série de Friends, ou um desenho animado, ou um filme, e usarem outros atores, a Jennifer Aniston vai deixar de ser a eterna Rachel.
A família Addams começou com tirinhas em jornal em que os personagens mal tinham nome. A série dos anos 60 é um clássico absoluto. Tem desenho, tem filme, mas a adolescência de hoje jamais conheceria mesmo com tudo isso. Não a ponto de ser super famoso pra todo mundo.
Sabe como é, então? Pela série da Wandinha do Netflix. Agora todos voltaram a saber dela, do Mãozinha, da Mortícia, e isso é tão gratificante...
CH tem esse potencial estupendo. O produto original já faz por merecer. Roteiro, atuação, figurino, tudo é bom. Os personagens são visualmente fortes. Estão no imaginário popular. Cativam. Os símbolos perduram. Só do Chaves tem o barril, o gorro, o sanduíche de presunto. Tem frases e situações de efeito, tem tudo. Tudo que um criador poderia ambicionar em matéria de solidificar sua criação.
E mesmo com tudo isso, tá correndo o sério risco de em poucas décadas cair no limbo de um Cantinflas da vida. Sabe o que não tem? Aproveitamento e gestão.
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