Demagogia
Deputados brancos viram pretos, e o negro continua na merda
As políticas da Justiça Eleitoral de nada beneficiam o povo, apenas a direita
Um exemplo da mágica mudança de raça – Foto: Reprodução
As eleições burguesas nos proporcionam uma série de pérolas que evidenciam seu caráter duvidoso. O mais novo fator que chamou atenção nos últimos dias foi a de que 33 deputados “mudaram de cor” em relação a 2018.
Eles não literalmente “mudaram de cor”, mas sim mudaram sua raça autodeclarada em sua ficha de branco para pardo. Em 2018, 33 deputados se autodeclararam brancos — neste ano, estes mesmos deputados se autodeclaram pardos.
Mas qual seria o motivo disso? Teria a consciência dos deputados mudado após o avalanche de propagandas identitárias sobre auto aceitação? Apesar de haver muita demagogia envolvida na questão, o motivo não é esse.
De acordo com a Justiça Eleitoral, o orçamento do partido para as candidaturas e o tempo de propaganda eleitoral deve ser igualmente dividido entre brancos e negros. Em conjunto a isso, o Congresso aprovou, em 2021, o aumento da quantidade de verba para partidos com candidatos negros com mais votos para deputado, sendo que a votação para este grupo vai contar em dobro para a distribuição dos fundos partidário e eleitoral até 2030.
Em resumo, de um lado temos a demagogia da legislação eleitoral, e do outro o oportunismo político das legendas, as quais são majoritariamente de direita. A legislação faz toda a propaganda eleitoral com o objetivo de “aproximar os negros da política” e torná-la mais “inclusiva” — toda essa demagogia que também é feita com as mulheres e com os LGBTs, nas quais o investindo em propagandas na imprensa, em outdoors e outros veículos passa a ideia de que existe um forte empenho em tentar cumprir a tarefa exigida pela esquerda pequeno-burguesa de inserir minorias na política.
Vimos então no que se deu essa política demagógica: em vez de aproximar mais negros da política, deputados magicamente se tornaram negros! A propaganda da Justiça Eleitoral tocou a consciência de todos os direitistas, e esses decidiram assumir sua verdadeira raça para o mundo — só que não.
Alguns dos notórios candidatos que passaram pela transição foram Professor Israel (PSB-DF), Heitor Freire (União Brasil-CE), José Rocha (União Brasil-BA) e Luís Miranda (Republicanos-DF). Essas auto declarações geraram lindas frases como:
“Não é uma questão de cota, mas de descendência, e me orgulho disso”, como dito por Heitor Freire.
“Sou pardo mesmo, meu avô materno é descendente de escravo.”, como afirmou José Rocha.
Como o leitor pode ver, são lindas histórias de aceitação, as quais não tem absolutamente nada a ver com o aumento da verba para deputados negros. Até mesmo o badalado ACM Neto, antigo e conhecido “herdeiro” da Bahia, se autodeclarou pardo, assim como sua vice.
É evidente que a direita irá tentar se aproveitar de qualquer situação que for colocada a sua frente, sobretudo se essa tiver o objetivo de ajudar o povo — o que, diga-se de passagem, não é o caso. O que precisamos reforçar é que essa política de “cotas” nas eleições, assim como qualquer outra coisa relacionada a ela, como essa questão das verbas, é uma farsa, e uma mera máscara para a política da burguesia. É um instrumento que aos olhos de inocentes parece trazer algum tipo de benefício, mas, como observado, não faz diferença nenhuma para o povo e só serve a burguesia, tanto na propaganda quanto na eleição prática.
É uma questão parecida com a criação de leis contra o racismo, o machismo, a homofobia e outros crimes do tipo — o que pode parecer uma vitória para o povo, rapidamente se volta contra ele. É evidente inclusive que essa questão de “mais negros na política” em nada ajuda o trabalhador. Existem exemplos notórios de pessoas negras que apenas prejudicam a população e só estão em seus cargos como rostos bonitos da burguesia. Um exemplo claro disso é Fernando Holiday, notório direitista e membro do MBL. Simone Tebet é um exemplo na área das mulheres de como inserir uma mulher neste meio não influencia no melhoramento da vida das mulheres, uma vez que ela é a candidata da terceira via.
Em suma, quem deve subir ao poder é o trabalhador. Homem, mulher, branco, negro, hétero, gay — nada disso importa, todos devem ter acesso a política e é preciso que se lute para que alguém que defenda os interesses da classe trabalhadora brasileira suba ao poder.
É por isso que, para essas eleições, o Partido da Causa Operária está apoiando Lula, um verdadeiro líder das massas, com a capacidade de mobilizar o povo e de estabelecer um enfrentamento com a burguesia e com o imperialismo, sem as farsas do identitarismo e formando um verdadeiro governo dos trabalhadores.
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