O GLOBO
Os dissabores da primeira ministra britânica, Theresa May, na condução do processo de desligamento da Grã-Bretanha da União Europeia, o Brexit, têm ocorrido em pílulas.
O último acordo negociado por May com a UE, para uma saída minimamente organizada, foi pela terceira e última vez derrotado no Parlamento.
O campo de manobra da primeira-ministra se estreitou ao extremo.
Mesmo tendo ela se comprometido a abandonar o cargo, caso a Câmara dos Comuns avalizasse desta vez seu plano. A promessa foi uma tentativa de atrair votos, inclusive do seu partido, o Conservador, também dividido diante do resultado do referendo de 2016 que aprovou por pequena margem o Brexit.
A divisão britânica, refletida no Parlamento, chegou ao ponto de fazer com que nenhuma das oito propostas alternativas à de May, formuladas na Câmara dos Comuns, fosse aceita.
Com a derrota de ontem de Theresa May — no dia previsto para o Brexit propriamente dito — está fixado 12 de abril, a segunda sexta-feira do mês, como nova data para a saída da Grã-Bretanha do bloco.
O governo tem duas semanas para costurar uma alternativa de cumprimento do Brexit, conforme estabelecido pelo referendo de 2016, mas que permita a separação de forma ordenada.
Para evitar o previsível caos no comércio exterior e nas transações financeiras da Grã-Bretanha. Afinal, ao se separar da UE, os britânicos terão exportações e importações de bens e serviços submetidas a um tratamento tarifário não preferencial.
Eis por que há fuga de empresas, principalmente de sedes de instituições financeiras, para evitar taxações.
Portanto, é vital que haja um acordo com a UE, a fim de reduzir danos. Não se descarta um pedido de prorrogação do 12 de abril — que terá de ser aprovado por unanimidade pelos 27 países da União Europeia.
Uma alternativa é a convocação de eleições gerais, indicada em impasses como este.
E, à margem, cresce o apoio a um novo referendo. Há uma semana, numa petição online com este objetivo havia 5 milhões de assinaturas.