Prime, Premier, Platinum, Splendor — não importa o nome, porque o conceito é um só. São as sofisticadas salas vip, instaladas nos cinemas dos shoppings, que, em troca de cardápios diferenciados, pipocas com azeite importado e poltronas megaconfortáveis, chegam a cobrar até mais que 50 reais pelo ingresso.
Na quarta, a exibidora Playarte reabre seu estabelecimento no Shopping Pátio Paulista totalmente reformulado.
Fechado desde dezembro de 2010, ele agora virou Splendor (uma referência ao filme homônimo de Ettore Scola, de 1989).
São Paulo (incluindo Barueri), então, passa a contar com doze locais refinados do gênero, um número incomparável no Brasil. Em Brasília, há dois da rede Kinoplex, e, no Rio de Janeiro, um no Shopping Rio Design Barra.
Para não bater de frente com a Cinemark, que possui sete concorridas salas no mesmo shopping, a Playarte decidiu tomar outro rumo. “Não teríamos campo para um grande complexo e, por isso, optamos por buscar um cliente diferenciado”, diz Otelo Coltro, vice-presidente da Playarte. Em vez de gastarem cerca de 1,3 milhão de reais num espaço convencional, os proprietários da empresa desembolsaram mais de 5 milhões na empreitada. “Temos espelhos recortados e a cor vermelha na decoração para criar um ambiente alegre e sofisticado”, conta Elda Coltro, presidente da companhia.
O modelo de negócio também é muito diferente. Em geral, o número de lugares cai para um terço. As poltronas mais largas e o espaçamento entre elas fazem a diferença.
Enquanto uma cadeira no Eldorado Cinemark tem 48 centímetros de largura, a vip do Shopping Tamboré mede 60 centímetros. Mesmo totalmente esticada, sobram 50 centímetros até o encosto da frente.
Para fazerem com que a operação seja lucrativa, as exibidoras elevam o preço dos bilhetes e apostam na receita vinda de novos serviços.
Pioneira no país, a Cinemark abriu, em agosto de 2008, seus dois primeiros espaços no Shopping Cidade Jardim. O sucesso foi tanto que, dois anos depois, a rede transformou mais duas salas em vip.
Em junho de 2010, a rede carioca Kinoplex instalou-se no Shopping Vila Olímpia. No foyer exclusivo, pufes e sofás de couro; no menu, damascos recheados com queijo brie e macarons. “O brasileiro ainda não tem a tradição de beber vinho durante a sessão. Mas, quando exibimos shows de rock, vendemos bastante cerveja”, diz a gerente de marketing Patrícia Cotta.
Outra poderosa do setor que anda investindo em São Paulo é a mexicana Cinépolis, que chegou à cidade no fim de 2010 para inaugurar um complexo popular no Mais Shopping Largo 13, em Santo Amaro.
Em abril deste ano, foi a vez do glamouroso cinema do Iguatemi Alphaville. “Fomos os criadores do conceito de luxo e hoje já temos 140 espaços do tipo em onze países”, afirma Eduardo Acuña, CEO da Cinépolis.
A exibidora pretende ampliar o leque na metrópole com a abertura do Shopping JK Iguatemi, prevista para abril de 2012.
O que Eduardo Acuña também observou nesses cinco meses de funcionamento foi a adesão da criançada. “Tornou-se um programa familiar, e as poltronas são tão confortáveis que os pais podem até dormir”, diverte-se.
Na primeira sessão do desenho animado “Manda-Chuva”, acompanhada por VEJA SÃO PAULO no sábado (24), dos 69 lugares, 64 estavam ocupados.
De todos os complexos visitados, as poltronas da Cinépolis são, realmente, imbatíveis — elas têm um dispositivo eletrônico que, se acionado, dá ao espectador uma reclinação de quase 180 graus. Outro diferencial : você pode chamar o garçom para atendê-lo.
Ao lado da poltrona, sobre uma mesinha, há cardápio e abajur. Felizmente, uma regra prevalece : os pedidos são entregues só até a exibição dos trailers.
No apagar das luzes, a clientela pode saborear folhados de queijo de coalho, carne-seca desfiada ao molho bechamel ou petit gâteau de chocolate acompanhado de vinhos tintos, brancos e rosés.