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Na última semana, participei de uma live com Rui Campos, da rede de livrarias Travessa, e Ivana Jinkings, da editora Boitempo.
Conversamos sobre o futuro do livro e do mercado literário, um dos que sofreram ultimamente, mesmo antes da pandemia, principalmente com o fechamento de diversas livrarias e com a recuperação judicial das redes Saraiva e Cultura.
Apesar de tudo, o livro sobrevive. Após uma queda brusca e um prenúncio de crise histórica, o mercado mostrou recente recuperação, ainda longe de ser ideal.
Nos meses de maio e junho, um levantamento do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) confirmou uma rota de recuperação desde o início da pandemia, conforme noticiado no site Publish News.
Segundo o presidente do Snel, os próximos meses serão essenciais, com a reabertura das lojas físicas e a volta dos lançamentos, que movimentam o mercado e atraem o público.
A pandemia exigiu replanejamento das editoras. Muitos lançamentos foram adiados, especialmente de autores estreantes.
A maioria das editoras garantiu vendas através do relançamento de clássicos, da criação de boxes e dos e-books.
Sem dúvida, os livros digitais ganharam força nos últimos tempos.
Quando eles chegaram ao mercado, muitos disseram que o livro físico seria coisa do passado, para colecionador, em comparação esdrúxula com o vinil.
É claro que isso não aconteceu, nem vai acontecer : a experiência de ler um exemplar físico, com capa, textura e cheiro de papel, é bem diferente daquela de ler um digital, com a tela branca.
Os dois coexistem — eu mesmo leio livros de estudo no e-reader, mas corro para o físico quando quero me distrair com uma boa ficção.
O e-commerce cresceu no período, já que as lojas estavam fechadas por causa da quarentena. Ainda que a Amazon seja a mais forte nas vendas on-line, Rui Campos fez questão de destacar que não só a Travessa como a maioria das livrarias pequenas fazem vendas on-line com entregas em todo o Brasil. Mais ainda: nas cidades onde não há livrarias, a venda da Amazon cai.
São as livrarias, com suas gôndolas expondo as novidades, que criam a demanda. É o diálogo com um bom livreiro que leva a conhecer um autor novo. Se você não vai à loja, nada disso acontece. Segundo Rui Campos, a livraria é o lugar do encontro.
São tantos encontros que as livrarias já me proporcionaram : com leitores, com amigos livreiros com quem troco referências, com autores que mudaram minha visão de mundo, com apaixonados por livros que se tornaram bons amigos.