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O ano de 2019 deve entrar na história do mercado de audiolivros no Brasil.
Enquanto a brasileira Ubook, com mais de 20 mil obras no catálogo, recebeu R$ 20 milhões de investimentos da gestora de fundos Confrapar, pelo menos três companhias do setor abriram as portas entre junho e setembro.
As suecas Storytel, com mais de 1 milhão de usuários globais, e a Word Audio, que fornece obras gravadas no mundo inteiro, prometem reverter para o áudio sucessos editoriais para públicos variados, como a saga de sete aventuras de Harry Potter ou os diários de Bruna Surfistinha.
Já a Auti Books, resultado da união das editoras Record, Sextante e Intrínseca, conseguiu, em cinco meses, incrementar o acervo de 100 para 330 títulos, em 35 categorias.
Além de tentar replicar no Brasil o hábito de “ouvir” livros, em voga na Europa e nos Estados Unidos há mais de 50 anos com fitas cassetes e CDs, as empresas querem pegar carona na gorda base de telefonia móvel do país - são 230 milhões de smartphones ou mais de um aparelho por habitante, segundo a 30ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia, da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP).
“Cada vez mais, os ‘millenials’ [nascidos entre 1981 e 1996] e a geração Z [a partir de 1997] estão com fones nos ouvidos. Por que não incentivá-los a consumir literatura assim ?”, diz Cláudio Gandelman, CEO da Auti Books. Um levantamento da companhia mostra que a maior parte dos usuários (42,6%) tem de 25 a 34 anos de idade e 72% do total acessam audiolivros pelo celular.
Nos Estados Unidos, a venda nesse formato aumentou 24,5% em 2018, em relação ao ano anterior, segundo a entidade do setor Audio Publishers Association. Lá, o volume representa mais de 10% das entregas totais de livros.
No Brasil, o mercado ainda está se formando, mas as apostas são altas. Há investimentos em assinaturas mensais, estúdios próprios de gravação e encomendas de obras originais, exclusivas para áudio. Estudos da Storytel sinalizam que, hoje, 11% da população consome ou pode comprar material para escutar.
“O brasileiro tem tudo para acrescentar mais conteúdos sonoros à sua rotina”, diz Flávio Osso, CEO do Ubook. “O que faltava era produção e entrega.”
Para cobrir essa lacuna, a empresa fundada no Rio de Janeiro em 2014 e uma das pioneiras nesse nicho no país já acumula 16 estúdios próprios, onde “grava” os livros. Em média, lança 50 títulos em português, ao mês.
O catálogo começou com cem versões sonoras e hoje reúne mais de 20 mil, de 200 editoras parceiras, como Planeta e Globo Livros. Desse total, cerca de 4,5 mil estão em português, 10 mil na língua inglesa e 3 mil em espanhol, além de exemplares em italiano, francês e alemão.
Com assinaturas por até R$ 49,90, que garantem acesso ilimitado ao acervo mais um livro físico mensal, o número de usuários ativos passou de 715 mil, em 2017, para 1,8 milhão, no ano passado. Em julho de 2019, ultrapassou os 2 milhões de cadastros.