O Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro (SinRadTv-RJ) acusou a Globo de se beneficiar da nova lei trabalhista (2017) para promover demissões em massa e substituir o trabalho de carteira assinada (CLT) por serviços desregulamentados de vínculo PJ (Pessoa Jurídica) e terceirização.
Na última semana, o canal demitiu cerca de 300 funcionários e o órgão informa que não possui mais mecanismo para reverter este cenário.
"O projeto que a Globo aplica hoje é planejado há muito tempo. Mais que uma fusão das empresas do grupo, o que está em jogo é uma fusão do corpo de funcionários, para explorar ao máximo o acúmulo e o desvio de funções não remunerados", diz um trecho da nota divulgada na última quinta-feira (07).
"Desde os anos 1970, a Lei dos Radialistas garantia remuneração adicional para todas e todos os trabalhadores em rádio e TV que exercessem varias funções ao mesmo tempo para a empresa. Só o SinRadTv-RJ converteu milhões de reais em indenizações para os trabalhadores colocados como 'faz tudo' sem a remuneração correta. Isso não ocorria só na Globo, mas como a maior empresa do setor ela também teve a maior influência na desregulamentação trabalhista que pôs fim a esses direitos", completa.
Conforme o NaTelinha antecipou na última semana, a Globo promoveu demissões em massa em seus estúdios no Rio entre profissionais ligados ao setor de figurino, transporte, produção e entretenimento. Esse movimento ocorre devido ao programa Uma Só Globo, que iniciou em setembro de 2018 e consiste em unir num único CNPJ a TV Globo, Globosat, Globo.com, DGCORP (Diretoria de Gestão Corporativa) e Som Livre. Essa fusão está sendo liderada pela consultoria da Accenture.
"A combinação de terceirização geral, reforma trabalhista de 2017 e Decreto 9329 de 2018 caiu como uma bomba no mercado de Rádio e TV. A exploração da multifunção foi liberada e as lutas judiciais dos trabalhadores prejudicadas profundamente", justifica o Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro.
E segue :" A empresa (Globo) afirma estar realizando uma 'reestruturação tecnológica', mas na prática boa parte das demissões tem sido uma substituição do trabalho formal via CLT por serviços desregulamentados via PJ e terceirização".
“Na legislação atual, tudo que podemos fazer é dar apoio aos trabalhadores que estão se manifestando contra essa política da empresa”, explica o presidente do sindicato, Leonel Querino, na nota.
Ainda no comunicado, o SinRadTv-RJ relata que "até 2017, a legislação brasileira proibia a prática unilateral de demissões em massa, e orientava-se que a direção sempre dialogasse antes com representações dos trabalhadores.