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O ESTADO DE S.PAULO

Os professores e coordenadores de cursinho consideraram “simples e neutro” o tema da Redação: “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”.

Para Maria Catarina Bozio, coordenadora de Redação do Poliedro, o tema era “fácil para o aluno desenvolver, já que é próximo dos candidatos”.

Ela lembra, no entanto, que a “democratização” pode ser questionada, uma vez que a maioria das cidades do País tem acesso bastante restrito.

“Pensando em quem está no interior, são muitas pessoas que moram em cidades com poucas opções ou sem nenhuma sala.”

O professor Adriano Chan também destacou que o preço médio do ingresso pode ser abordado pelos candidatos. “Para desenvolver os argumentos, é possível falar da indústria cultural, conceito de Adorno e de Horkheimer, que prega como até as obras de arte passam a ser feitas em série para atender à demanda de consumo numa lógica de mercado, excluindo os menos favorecidos.”

O tema surpreendeu cineastas, como Kleber Mendonça Filho, diretor de Aquarius, que vê justamente um momento de “incerteza” na gestão política da área. “Há uma movimentação que parece sugerir o desmonte do audiovisual. Mas acho que foi um dia muito positivo para o cinema brasileiro.”

Anna Muylaert, diretora de Que Horas Ela Volta e Mãe Há Só Uma, avaliou o assunto como “complexo”. “Acho que o tema valoriza o cinema e instiga o aluno a pensar, especialmente porque questiona a democratização. Por outro lado, o aluno dessa faixa etária, de uma maneira global, ainda não tem uma direção para pensar sobre isso.”

Apesar de muitos verem o tema como “neutro” grande parte dos estudantes tentou fugir de análises políticas. Foi o caso, no Rio, de Matheus Gonçalves, de 22 anos. “Fiz um rascunho, mas parei para analisar e achei que estava caindo muito para questões políticas, que são polêmicas. Então reescrevi.”