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Brasileiros com viagens de turismo ou para estudar nos Estados Unidos estão receosos com as mudanças anunciadas pelo presidente Donald Trump, que endurecem as regras para estrangeiros.
Com medo de não conseguir o visto de entrada no país, alguns buscam levar o maior número possível de documentos e até contratam agências para ajudar no processo.
Na sexta-feira, o decreto, que suspendeu a entrada de estrangeiros de sete países de maioria islâmica também mudou as exigências para que brasileiros obtenham visto de entrada.
Passou a ser obrigatória a entrevista para quem quer renovar o visto na mesma categoria (turismo, trabalho ou estudo) até quatro anos após o vencimento.
Só estão isentos da entrevista menores de 14 anos e pessoas com mais de 79 anos - antes eram liberados os menores de 15 anos e os que tinham mais de 66.
A produtora artística Isabelly Barbosa, de 23 anos, planejava desde o ano passado um intercâmbio para estudar inglês em Los Angeles, em junho.
Na terça, ela foi tirar o visto para estudante e levou uma série de documentos - extrato bancário, comprovante de matrícula da faculdade brasileira, carteira de trabalho. “Estava com muito medo e levei mais documentos do que precisava. Eles nem pediram para ver, mas ainda tenho receio de que algo possa acontecer quando chegar lá.”
A bancária Mayara Tanaka, de 28 anos, viaja em março para San Diego, na Califórnia, para um curso de inglês e turismo. Ela disse estar aliviada por ter contratado uma agência especializada para orientá-la sobre como obter o visto. “Eu e meu marido estamos fazendo o processo. Ir para os Estados Unidos já era um pouco assustador antes, mas com essas mudanças ficamos com mais medo.” A agência deu dicas sobre a melhor forma de se portar na entrevista no consulado.
Um pesquisador de São José dos Campos foi selecionado para um doutorado-sanduíche em uma universidade do Missouri. Ele disse estar preocupado em conseguir o visto e entrar nos EUA. “Eu não tenho parentes ou descendência de países do Oriente Médio, mas tenho uma aparência, um fenótipo que pode ser confundido com o de alguém de lá. Não sei se vou ser barrado, tenho medo da discriminação, desse levante de intolerância que ocorre por lá”, disse. Ele pediu para não ser identificado por medo de não conseguir obter o visto.
E disse que, se pudesse, concluiria o doutorado em outro país. “Toda a pesquisa que fiz nos últimos 3 anos depende dos dados que vou coletar por lá, então não poderia trocar. Se pudesse, não iria para lá. Nós, brasileiros, não somos bem vistos, nos veem como potenciais imigrantes ilegais.”