Socialismo e Comunismo

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Socialismo e Comunismo

Mensagem por Chapolin Gremista » 18 Fev 2023, 13:27

NOTÍCIAS
TEORIA MARXISTA
Trótski: proteção das mães e luta pela elevação do nível cultural
Discurso de Trótski em 1925

Imagem

Camaradas:

Vossa Conferência é importante porque o conteúdo das discussões demonstra que a construção de uma nova cultura socialista está sedo levada a cabo sob várias perspectivas simultaneamente. Somente ontem, tive a oportunidade de conhecer as teses apresentadas em vossa Conferência e ainda não tive tempo de analisá-las a fundo. Mas o que salta aos olhos desde a primeira leitura, ainda que não esteja diretamente envolvido no processo (embora ninguém tenha o direito de permanecer à margem deste) é que vosso trabalho adquiriu uma extraordinária profundidade e concretude. Desde os problemas nebulosos sobre todos os aspectos da nossa cultura e nossa vida, que discutíamos em 1918 e 1919, temos avançado até o pensamento e a atividade concretos, sem perder a perspectiva futura nem cair no desalento. E isto significa um grande avanço, que se expressa amplamente nas teses sobre a proteção às mães e às crianças.

Camaradas: o que mais me chamou a atenção (e suponho que o mesmo deve suceder-se com todo leitor das teses) foi a taxa de mortalidade infantil incluída no trabalho da camarada Lebedeva. Assombrou-me. Provavelmente vocês já discutiram a questão muito mais concretamente, mas ainda que correndo o risco de ser repetitivo, vou abordar expressamente este ponto. A taxa compara a mortalidade infantil até um ano de idade de 1913 a 1923. São corretos estes dados? Esta é a primeira questão que proponho a mim e a vocês. De todo modo, isto poderá ser verificado. Creio que a taxa deve ser separada das teses e publicada em toda a imprensa soviética e partidária, como elemento muito valioso de nosso inventário cultural socialista.


Segundo esta taxa, em 1913 a porcentagem de mortalidade infantil até um ano na província de Vladimir era de 29%; agora desceu para 17,5%. Na província de Moscou era de quase 28%, agora desceu a 14%. E em 1913 a Rússia era consideravelmente mais rica do que agora. Nós estamos nos aproximando do nível produtivo de 1913, mas não de acumulação; faltará muito tempo até que alcancemos este nível.


Todo o país deve conhecer estas estatísticas e elas devem ser constatadas publicamente. É surpreendente que a taxa de mortalidade caia tanto com o desenvolvimento tão baixo das forças produtivas e de acumulação no país. Se é assim, então temos diante de nós a realização mais importante da nossa nova cultura e do nosso esforço como organização. Se é assim, isto tem que ser tornado público não somente em nosso país, mas em todo o mundo (…).


É muito gratificante ter tido êxito na superação das condições do pré-guerra, mas elas não podem ser nosso parâmetro. Devemos buscar outro, por enquanto no mundo civilizado capitalista: qual é o nível de mortalidade infantil na Alemanha, França, Inglaterra, América? (…)

No que diz respeito ao trabalho industrial e agrícola, observamos o mesmo processo: até ontem, trabalhamos com os olhos postos no nível do pré-guerra. Dizemos: nossa indústria no passado chegava a 75% do nível pré-guerra; este ano, partindo de 1º de outubro, chegará, digamos, a 95%. E se as coisas forem bem, a 100%. Já não temos que enfrentar as pressões econômicas, militares e culturais que se abatem sobre nós vindas do exterior. Os inimigos capitalistas são mais cultos e mais poderosos que nós; sua indústria é superior à nossa, e é possível que, apesar da estrutura capitalista que prevalece entre eles, a mortalidade infantil em alguns de seus países seja menor do que a nossa atual.


Portanto, me parece que esta estatística deve passar a ser um limite superado e um ponto de partida para vosso trabalho. Ao verificá-la e levá-la ao conhecimento público, diremos: de agora em diante, não faremos mais comparações com nosso nível anterior à guerra, mas sim com os países de mais baixo nível cultural.

O destino da mãe e do filho, esquematicamente falando, ou seja, tomando os aspectos mais básicos, depende, em primeiro lugar, do desenvolvimento das forças produtivas, e, em segundo lugar, da distribuição da riqueza entre os membros da sociedade, quer dizer, da estrutura social. Um Estado pode ser capitalista, socialmente estar numa etapa inferior do que um Estado socialista, e, ainda assim, ser mais rico que este. Esta é precisamente a situação que a história nos apresenta atualmente: os principais países capitalistas são incomparavelmente mais ricos que nós, mas seu sistema de distribuição e de consumo pertence a uma etapa histórica prévia. Nossa estrutura social, pelas possibilidades que encerra, deve aspirar a alcançar critérios, padrões e objetivos incomparavelmente superiores aos do capitalismo. Mas como o capitalismo é ainda incomparavelmente mais rico que nós, nossa tarefa imediata deve ser alcançá-lo, para logo deixá-lo para trás. Isto significa que, depois de haver superado um limite, o do nível pré-guerra, devemos nos impor uma segunda tarefa: igualar o mais rápido possível as melhores realizações dos países capitalistas mais avançados, nos quais a atenção às mulheres e filhos dos trabalhadores está determinada pelo que favorece à classe burguesa.


Vocês poderiam se perguntar qual sentido tem o trabalho da vossa organização se a situação da mãe e do filho depende em primeira instância do desenvolvimento das forças produtivas do país, e somente em segundo lugar da estrutura social, do modo de distribuição e consumo das riquezas. Qualquer estrutura social, inclusive a socialista, pode ver-se confrontada com a situação de contar com os meios materiais necessários para obter um determinado avanço, mas ainda assim não poder realizá-lo. As tradições servis, a estupidez conservadora, a falta de iniciativa para destruir velhas formas de vida, também se encontram na estrutura socialista como remanescentes do passado. E a tarefa do nosso partido e das organizações sociais que ele dirige, tais como a vossa, é extirpar os costumes e a psicologia do passado, e evitar que as condições de vida mantenham-se num nível inferior ao permitido pelas possibilidades socioeconômicas.

À parte a tecnologia, o grande problema consiste na pressão do Ocidente. Participamos do mercado europeu: compramos e vendemos. Como comerciantes, nós, quer dizer, o Estado, queremos vender caro e comprar barato; para vender bem é preciso produzir barato, quer dizer, necessita-se de um alto nível tecnológico e de organização da produção.

Isto significa que, ao participar do mercado mundial, começamos a competir com a tecnologia européia e americana. E nisto, queiramos ou não, temos que avançar. Todos os problemas da nossa estrutura social, entre os quais se inclui o destino das mães e dos filhos, dependem do êxito com que encaremos essa competência mundial. Todos temos claro que em nosso país temos ajustado contas com a burguesia, que sob a base da NEP nossa indústria estatal floresce e se desenvolve, que não há perigo de que o industrial privado compita com a indústria estatal no mercado. Mas no mercado internacional o competidor é mais forte, mais poderoso, mais educado. O desafio econômico que devemos vencer é alcançar a tecnologia européia e americana para depois superá-la.

Ontem inauguramos uma fábrica a 130 quilômetros de Moscou, em Shatura. Ela significa um grande avanço técnico. Está construída sobre um rio. Se conseguirmos transformar em eletricidade toda a energia latente em nossos rios, as mulheres e as crianças se beneficiarão com isso. A celebração de honra dos construtores desta fábrica foi uma demonstração do que é nossa cultura e de todas as suas contradições. (…)

Entre Shatura e Moscou olhávamos a paisagem pela janela do trem. Selvas e pântanos intransitáveis, tal como eram já no século XVII. Por certo, a revolução mudou a cultura de nossos povos, sobretudo dos mais próximos a Moscou, mas… quantos sinais há de mediavelismo, de atraso aterrador, sobretudo nas relações familiares.

Sim, é certo que vocês, pela primeira vez, obtiveram grandes triunfos nas aldeias, pelos quais merecem a felicitação de todo cidadão soviético consciente. Mas as vossas teses de nenhuma maneira ocultam que ainda há muita ignorância em todas as aldeias, inclusive nas que estão no caminho entre Moscou e Shatura. Ela terá que ser superada ao nível de Moscou e de Shatura, porque Shatura significa a tecnologia mais avançada, na qual se baseia a eletrificação. Aqui podemos recordar uma vez mais as palavras de Lenine de que socialismo quer dizer poder soviético mais eletrificação.

Impulsionar as mudanças nos costumes para que acompanhem aos avanços tecnológicos é uma das vossas tarefas mais importantes, pois a vida cotidiana é terrivelmente conservadora, incomparavelmente mais conservadora do que a técnica. O camponês e a camponesa, o operário e a operária não contam com exemplos atraentes do novo, nem sentem a necessidade de segui-los. No que concerne à tecnologia, a América nos disse: “construam Shatura ou nós comeremos vosso socialismo, sem deixar nem os ossos”. Mas a vida cotidiana não acusa estes golpes diretamente; portanto, ali a iniciativa do trabalho social faz-se especialmente necessária.

Já mencionei que, pela leitura das teses, compreendi o quão profundamente vocês têm penetrado no campo. E. A. Feder, em seu trabalho, assinala não somente a grande necessidade nas aldeias de centros de cuidado infantil, mas também até que ponto o campesinato está consciente de sua necessidade. Mas não faz muito – em 1918 e 1919 – havia uma grande desconfiança nestes centros, inclusive nas cidades. Constitui uma grande vitória que a nova ordem social já tenha chegado à família camponesa através desta via. Pois a família camponesa também se reconstruirá gradualmente. (…)

Como era a nossa velha cultura no que diz respeito à família e à vida cotidiana? No cume estava a nobreza, que estampou o selo da mediocridade, baseando-se na ignorância e no obscurantismo, sobre toda a vida social. Nosso proletariado, que surgiu do campesinato, alcançou facilmente o europeu, em 30 ou 50 anos, no terreno da luta de classes e da política revolucionária.. Mas ainda persistem, também no proletariado, resquícios do velho, sobretudo em suas concepções morais sobre a família e a vida cotidiana. E o mesmo ocorre com os intelectuais de origem pequeno-burguesa. Não se trata de empreender a tarefa utópica de transformar a velha família com argumentos de tipo jurídico. Mas, dentro das possibilidades materiais atuais, das condições de desenvolvimento social já garantidas, deve-se atuar, também nos aspectos legais, como para orientar a família até o futuro. No momento não vou me referir à lei sobre o matrimônio, que está em discussão, e sobre a qual me reservo o direito de opinar. Mas imagino que vossa organização também participará na luta por obter uma correta lei matrimonial.

Gostaria de mencionar apenas um argumento que me chocou. É sinteticamente o seguinte: como se pode garantir à mãe solteira os mesmos direitos de receber ajuda do pai que tem a mãe casada? Alguns dizem que isto poderia estimular um tipo de relação que não prosperaria se a lei não outorgasse esse direito à mãe solteira.

Camaradas, isto é tão monstruoso que chego a me perguntar: estamos realmente em uma sociedade que marcha até o socialismo, como em Moscou e Shatura, ou em algum lugar da selva que separa Moscou de Shatura? Essa atitude sobre a mulher não somente não é comunista, como é reacionária no pior sentido da palavra. Como podemos pensar em nosso país que não se deve respeitar qualquer direito da mulher, que é quem suporta as conseqüências de toda união conjugal, por transitória que esta seja? Não creio que seja necessário demonstrar a monstruosidade que implica este modo de propor a questão. É um sintoma de que ainda temos arraigadas muitos costumes, concepções e prejuízos que é necessário extirpar.

A luta por melhorar a condição das mães e das crianças neste momento é a mesma que a luta contra o alcoolismo. Desgraçadamente, não encontrei nenhum trabalho sobre o alcoolismo entre vossas teses. Como cheguei muito tarde, não posso pedir que o ponto seja incluído no temário desta reunião, mas solicitarei que esteja no próximo Congresso e, sobretudo, que esteja na pauta do vosso trabalho habitual. (…)

Se encararmos a situação das mães e das crianças em suas ligações com outras questões, fundamentalmente o alcoolismo, nos daremos conta de que a tarefa básica é de elevar a personalidade humana. A propaganda abstrata ou os sermões não ajudarão neste sentido. As disposições legais sobre proteção da mulher e da criança nos períodos mais difíceis de sua vida são absolutamente necessárias, e se extremarmos a legislação não será em favor do pai, mais sim da mãe e da criança. E o faremos tendo em conta que os direitos da mulher, por mais que se garantam juridicamente, em virtude da moral reinante e dos costumes, não estarão totalmente assegurados até que cheguemos aos socialismo e, mais ainda, ao comunismo. É, portanto, necessário, dar todo apoio jurídico possível à mãe e à criança, para orientar a luta em várias direções, inclusive contra o alcoolismo. Num futuro próximo, isto se constituirá num aspecto muito importante do nosso trabalho. Mas o fundamental, repito, é elevar a personalidade humana. Quanto melhor é um homem espiritualmente, de acordo com seus interesses e nível, tanto mais exige de si mesmo e de seus amigos, homens ou mulheres; na medida que as exigências sejam mútuas, a relação será mais sólida, mais difícil de romper. Isto significa que a tarefa básica se resolve em todos os campos do nosso trabalho social para o desenvolvimento da indústria, da agricultura, do bem-estar, da cultura, do conhecimento. Tudo isso não leva a relações caóticas, mas sim, ao contrário, a relações mais estáveis, que, em última instância, não necessitaria de nenhuma regulamentação legal.

Voltando ao trabalho no campo, gostaria de citar as nossas comunas agrícolas. Não faz muito, visitei duas grandes comunas agrícolas, uma na região de Zaporozh, na Ucrânia, e a outra na região de Tersk, no norte do Cáucaso. Por certo, não se constituem numa “Shatura” de nosso modo de vida, ou seja, não podemos dizer que são o modelo da nova família como a fábrica de Shatura o é para a nova tecnologia, mas não há dúvidas de que se constituem num avanço, sobretudo se comparadas com o que as rodeia no campo. Na comuna há facilidades para a criação dos filhos, que se subvencionam com o trabalho cooperativo. Há uma habitação para as meninas e outra para os meninos. Em Zaporozh, onde um dos membros da comuna é artista, as paredes das habitações das crianças estão muito bem decoradas com pinturas. Tem cozinha e refeitório comuns, e uma parte é destinada a biblioteca e clube. É realmente um pequeno reino infantil. Indubitavelmente, significa um grande avanço com respeito à família camponesa. A mulher da comuna pode realmente sentir-se um ser humano.

Por certo, camaradas, sou totalmente consciente de que este, em primeiro lugar, é somente, um pequeno oásis e, em segundo lugar, não está garantida a sua sobrevivência, já que a produtividade do trabalho nestas comunas ainda não está assegurada. Mas, falando em termos gerais, toda nova forma social dará resultados se nela a produtividade não se estancar ou declinar. A construção do socialismo, ao assegurar a situação das mães e das crianças, somente será possível se a economia crescer. Se continuarmos na pobreza, o único destino que nos aguarda é o retorno à barbárie medieval. Mas as comunidades agrícolas são uma demonstração palpável das novas possibilidades abertas, especialmente valiosas na atualidade, em que o desenvolvimento da produção de mercadorias no campo está dando lugar ao surgimento de algumas formas de estratificação capitalista, entre os setores marginalizados dos kulaks e os camponeses pobres. Por isso para nós são tão importantes todas as soluções coletivas dos problemas econômicos, domésticos, culturais e familiares.

O fato de que o campo, como se assinala nas teses, apóie cada vez em maior medida o estabelecimento de centros de educação infantil, que até agora não existiam, e que este apoio tenha começado pelas famílias camponesas pobres e se tenha estendido até os setores médios, é de uma importância colossal. Mas ao mesmo tempo devemos fazer de cada aldeia uma pequena “Shatura” da produção e da vida familiar e doméstica, quer dizer, comunas agrícolas. Creio que vocês devem prestar especial atenção a elas, desde o ponto de vista de sua estrutura social e doméstica e da situação das mães e das crianças nelas.

Interessou-me muito a atitude do campesinato na comuna. É um “faro” comunista. “Faro” é uma palavra que mostra o caminho. E devemos proclamar que este faro brilha numa região habitada fundamentalmente por cossacos e seitas religiosas (batistas etc., que são elementos bastante conservadores), mas que não demonstram hostilidade diante das comunas. Este é um verdadeiro triunfo.

Alguns camaradas comentaram comigo que há círculos soviéticos em que se opina que as comunas agrícolas estão fora de lugar, pois seriam demasiado avançadas para nossa época. Isso não é certo. A comuna é um dos embriões do amanhã. Por certo, o trabalho preparatório fundamental será levado a cabo sobre aspectos mais básicos: o desenvolvimento da indústria, sem o qual não será possível a industrialização da agricultura, e as formas cooperativas de distribuição dos benefícios econômicos, elementos essenciais para atrair até o socialismo o campesinato médio. Mas junto com isto, contar com tais modelos de novas formas econômicas e novas atitudes familiares e domésticas no campo também significa preparar o amanhã desde já, ajudar a desenvolver uma nova concepção sobre a mulher e a criança.

Os marxistas dizem que o valor de uma estrutura social está determinado pelo desenvolvimento das forças produtivas. Isto é indiscutível. Mas também podemos aproximar o problema da outra ponta do novelo. O desenvolvimento das forças produtivas não é necessário em si mesmo. Em última instância, o desenvolvimento das forças produtivas é necessário para construir as bases de uma nova personalidade humana, consciente, que não obedeça a nenhum amo na Terra, que não tema a nenhum senhor que esteja no céu; uma personalidade humana que resuma em si mesma o melhor de tudo o que foi criado pelo pensamento de épocas passadas, que avance solidariamente com todos os homens, que crie novos valores culturais, que construa novas atitudes pessoais e familiares, superiores e mais nobres que as que se originaram na escravidão de classes.

Deste ponto de vista, devemos dizer que, provavelmente, durante muito tempo será possível avaliar uma sociedade por suas atitudes diante da mulher, diante da mãe e de seu filho; e isto não se aplica somente para a evolução da sociedade, mas também da personalidade individual. A mente humana não se desenvolve em forma homogênea em todas as suas partes. Vivemos uma época política, revolucionária, em que os operários e as operárias estão se desenvolvendo na luta política revolucionária. E aqueles estratos da consciência onde residem as concepções e tradições familiares, as relações dos homens entre si e com as mulheres e as crianças, em geral permanecem intactos. A revolução ainda não os despertou. A consciência social e política avança muito mais rapidamente, devido à estrutura do conjunto da sociedade e à época em que vivemos. Portanto, durante bastante tempo seguiremos construindo uma nova indústria, uma nova sociedade, mas no terreno das relações pessoais conservaremos muitas reminiscências medievais.

Lenine nos ensinou a avaliar aos partidos da classe operária de acordo com a sua atitude, em particular e em geral, frente às nações oprimidas, frente às colônias. Por que? Se tomarmos, por exemplo, o operário inglês, será relativamente fácil despertar nele a solidariedade com o proletariado de seu próprio país; participará nas greves e, inclusive, estará disposto a fazer a revolução. Mas que se sinta solidário com um operário chinês, que o trate como a um irmão explorado, será muito mais difícil, já que ele terá que romper com uma arrogância nacional solidificada durante séculos.

Da mesma maneira, camaradas, solidificou-se durante milênios, e não durante séculos, a posição do chefe da família diante da mulher e dos filhos. Tenhamos em conta que a mulher é a operária da família. Vocês devem ser a força moral que arrase com este conservadorismo enraizado na nossa velha natureza asiática (…).

E todo revolucionário consciente, todo comunista, todo operário e camponês progressista se sentirão obrigados a apoiar esta luta com todas as suas forças. Desejo-lhe grande êxito, camaradas, e, sobretudo, desejo que a opinião pública lhes preste mais atenção. Vosso trabalho, realmente purificador, deve difundir-se amplamente pela imprensa, para receber o apoio de todos os elementos progressistas do país, para que as ajudem a triunfar na reconstrução do nosso modo de vida e nossa cultura.

(Fortes aplausos).

https://causaoperaria.org.br/2023/trots ... -cultural/
Adquirir conhecimento e experiencia e ao mesmo tempo não dissipar o espirito lutador, o auto-sacrificio revolucionário e a disposição de ir até o final, esta é a tarefa da educação e da auto-educação da juventude revolucionária. '' LEON TROTSKI

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Socialismo e Comunismo

Mensagem por Chapolin Gremista » 18 Fev 2023, 22:41

NOTÍCIAS
TEORIA MARXISTA
Planos para uma organização de negros, por Leon Trótski
O presente artigo reproduz um diálogo entre Leon Trótski, C.L.R. James e outros dirigentes do Partido dos Trabalhadores Socialistas dos EUA (SWP, na sigla em inglês) em 1939

Imagem
James: As sugestões para o partido de trabalhadores estão nos documentos e não há necessidade de se debruçar sobre eles. Proponho que seja considerada pelo Comitê Político [SWP] a ideia de um número especial para a New International [Nova Internacional] sobre a questão negra. É urgente a necessidade de um panfleto escrito por alguém familiar com as tratativas do PC sobre a questão negra e relacionando-as à Internacional Comunista e sua degeneração. Isso seria um trabalho teórico preliminar para a organização do movimento negro e o trabalho do próprio partido junto aos negros. O que não é necessário é um panfleto lidando de modo geral com as dificuldades dos negros e afirmando que, em geral, negros e brancos devem se unir. Seria outra coisa de uma longa lista.

A organização dos Negros
Teórica
1. O estudo da história dos negros e da propaganda histórica deve ser:

Emancipação dos negros em São Domingos1 relacionada à Revolução Francesa.
Emancipação dos escravos no Império Britânico relacionada à Lei da Reforma Britânica de 1832.
Emancipação dos negros nos Estados Unidos relacionada à Guerra Civil dos EUA. Isso leva naturalmente à conclusão de que a emancipação dos negros nos Estados Unidos e no exterior está relacionada à emancipação da classe branca trabalhadora.
As raízes econômicas da discriminação racial.
Fascismo.
A necessidade de autodeterminação dos povos negros na África e uma política similar na China, Índia, etc.
N.B.: o partido deveria produzir um estudo teórico da revolução permanente e os povos negros. Deve ser em um estilo muito diferente do panfleto sugerido anteriormente. Não deveria ser uma polêmica com o PC, mas uma análise política e econômica positiva, mostrando que o socialismo é o único caminho e tratando a teoria definitivamente no mais alto nível. Isso, no entanto, deve partir do partido.

2. Uma análise escrupulosa e uma exposição da situação econômica dos negros mais pobres e o modo como isso retarda não apenas os próprios negros, mas toda a comunidade. Levar aos próprios negros uma descrição elaborada de sua condição por meio de diagramas simples, ilustrações, gráficos, etc. é de máxima importância.

Teoria – Meios de organização
1. Jornais semanais e panfletos da organização dos negros.

2. Estabelecer a International African Opinion [Opinião Africana Internacional] como uma revista teórica mensal, financiada até certo ponto a partir dos Estados Unidos, dobrar seu tamanho atual e, após alguns meses, entrar de forma ousada na discussão do socialismo internacional, enfatizando o direito à autodeterminação, tomando o cuidado de mostrar que o socialismo será decisão dos próprios estados negros com base em sua própria experiência. Chamar uma participação internacional de todas as organizações do movimento operário, intelectuais negros, etc. Espera-se que o camarada Trótski possa participar disso. Essa discussão sobre socialismo não deve fazer parte do jornal de agitação semanal.

Organizativa
1. Convocar um pequeno grupo de negros e de brancos, se possível: quarta-internacionalistas, lovestonistas, — revolucionários sem partido — esse grupo deve ter clareza sobre (a) a questão da guerra e (b) o socialismo. Não podemos começar colocando uma questão abstrata como socialismo ante os trabalhadores negros. Me parece que não podemos promover confusão no que diz respeito a essa questão na direção; pois é desta questão que depende toda a orientação da nossa política cotidiana. Nós tentaremos remendar o capitalismo ou destruí-lo? Na questão da guerra não pode haver desacordos. O Secretariado tem uma posição e essa deve ser a base para a nova organização.

Programa
1. Uma cuidadosa adaptação do programa das demandas transitórias, com ênfase nas demandas por igualdade. Isso é tudo o que pode ser dito no momento.

Etapas práticas
1. Escolher, após um estudo cuidadoso, um sindicato onde a discriminação afeta um número grande de negros e onde exista a possibilidade de sucesso. Mobilizar uma campanha nacional com todos os meios possíveis de frente única: AFL, CIO, SP, SWP, igrejas negras, organizações burguesas, etc, numa tentativa de acabar com essa discriminação. Essa deve ser a primeira campanha, para mostrar claramente que a organização está lutando como uma organização de negros, mas que não tem nada a ver com o garveyismo.

2. Construir uma organização nacional por moradia para os negros e contra os altos preços dos aluguéis, buscando atrair mulheres para a militância.


3. A discriminação em restaurantes deve ser combatida por meio de uma campanha. Um número de negros em qualquer região vai a um restaurante em grupo, pedindo, por exemplo, um café e recusando-se a sair até que sejam servidos. É possível que se passe o dia inteiro ali sentado de modo ordeiro e jogar para a polícia a necessidade de remover os negros. Uma campanha a ser construída em torno dessa ação.


4. A questão da organização dos empregados(as) dos serviços domésticos é muito importante e, apesar de difícil, uma investigação minuciosa deve ser feita.

5. Desemprego entre os negros – embora aqui seja necessário ter muito cuidado para evitar a duplicação de organizações; e este é provavelmente o papel do partido.


6. A organização dos negros deve considerar a Organização dos Meeiros do Sul como sua. Deve fazer dela uma das bases para a solução da questão negra no Sul, popularizar o seu trabalho, seus objetivos, suas possibilidades no Leste e no Oeste, tentar influenciá-la numa direção mais militante; convidar seus porta-vozes; urge tomar uma atitude contra os linchamentos; e sensibilizar toda a comunidade negra e a branca de sua importância na luta regional e nacional.

Orientação política
1. Iniciar a luta militante contra o fascismo e garantir que os negros estejam sempre à frente de qualquer manifestação ou atividade contra o fascismo.

2. Insistir na impossibilidade de que qualquer ajuda venha dos partidos Republicano ou Democrata. Os negros devem impulsionar seus próprios candidatos com um programa da classe trabalhadora e formar uma frente única apenas com aqueles candidatos cujo programa se aproxime do seu.

Organização interna
As unidades locais dedicarão a essas questões de acordo com a urgência da situação local e das campanhas nacionais planejadas de forma central. Estas só poderão ser decididas após estudos.

Começar com uma campanha em larga escala por fundos para estabelecer um jornal e, pelo menos, duas sedes — uma em Nova York e uma em alguma cidade como St. Louis, a curta distância do Sul.
Um jornal de agitação semanal que custe dois centavos.
O objetivo deve ser ter rapidamente ao menos cinco revolucionários profissionais — dois em Nova York, dois em St. Louis (?) e um constantemente viajando a partir do centro. Uma turnê nacional no outono, depois que o jornal estiver estabelecido, e um rascunho programático e objetivos estabelecidas. Uma conferência nacional no verão.
Buscar um militante negro da África do Sul para uma turnê por aqui o mais rápido possível. Há pouca dúvida de que isso possa ser facilmente arranjado.
Os membros do partido na organização formarão uma fração, e todos os documentos importantes submetidos pela fração à organização dos negros deve ser ratificado pelo Comitê Político ou seus representantes designados.

Curtiss: A respeito de abrir a discussão sobre o socialismo no boletim [o periódico teórico proposto], mas excluindo-a, ao menos por um tempo, do jornal semanal: me parece que isso é um pouco perigoso. Acaba caindo na ideia de que o socialismo é para intelectuais e para a elite, mas que as pessoas de baixo só devem se interessar pelos assuntos comuns e do cotidiano. O método deve ser diferente em ambos os lugares, mas acho que deve ter, pelo menos, um direcionamento em relação ao socialismo no jornal semanal, não apenas do ponto de vista das questões do dia a dia, mas, ainda, no que costumamos chamar de discussão abstrata. Isso é uma contradição — o jornal de massas teria que tomar uma posição clara sobre a questão da guerra, mas não sobre o socialismo. É impossível fazer o primeiro sem o segundo. É uma forma de “economicismo” que os trabalhadores devam se interessar pelas questões cotidianas, mas não pelas teorias do socialismo.


James: Eu vejo as dificuldades e a contradição, mas tem algo que não consigo ver muito bem — se queremos construir um movimento massivo, não podemos mergulhar numa discussão sobre o socialismo, porque acho que isso causaria mais confusão do que faria ganhar apoio. O negro não tm interesse pelo socialismo. Pode ser conduzido ao socialismo com base em suas experiências concretas. Caso contrário, teríamos que formar uma organização de negros socialistas. Acho que devemos apresentar um programa mínimo, um programa concreto. Concordo que não devemos colocar o socialismo como algo distante no futuro, mas o que estou tentando evitar são longas discussões sobre o marxismo, a Segunda Internacional, a Terceira Internacional, etc.


Lankin: Essa organização abriria as portas para negros de todas as classes?


James: Sim, com base em seu programa. Os negros burgueses podem entrar para ajudar, mas apenas com base no programa da organização.

Lankin: Eu não consigo ver como a burguesia negra pode ajudar o proletariado negro a lutar pelo seu avanço econômico.

James: Em nosso movimento, alguns de nós são pequeno-burgueses. Se um burguês negro é excluído de uma universidade por conta de sua cor, essa organização provavelmente vai mobilizar as massas a lutar pelos direitos do estudante negro burguês. A ajuda para a organização será mobilizada com base em seu programa e não poderemos excluir nenhum negro dela se ele estiver disposto a lutar por aquele programa.

Trótski: Acredito que a primeira questão é a atitude do Partido Socialista dos Trabalhadores [SWP] em relação aos negros. É bastante inquietante descobrir que até agora o Partido não fez quase nada nesse campo. Não publicou um livro, um panfleto, um folheto, nem mesmo um artigo na New International. Dois camaradas que compilaram um livro sobre a questão, um trabalho sério, continuam isolados. Esse livro não foi publicado, nem mesmo há citações dele publicadas. Isso não é um bom sinal. É um mau sinal. O que caracterizava os partidos de trabalhadores nos EUA, as organizações sindicais e assim por diante era seu caráter aristocrático. Esta é a base do oportunismo. Os trabalhadores qualificados que se sentem inseridos na sociedade capitalista ajudam a classe burguesa a manter os negros e os trabalhadores não qualificados em uma escala muito baixa. Nosso partido não está a salvo da degeneração se continuar a ser um lugar para intelectuais, semi-intelectuais, trabalhadores qualificados e trabalhadores judeus que se mantêm quase isolados das massas genuínas. Sob essas condições, nosso partido não pode se desenvolver; vai se degenerar.

Precisamos manter esse grande perigo diante dos nossos olhos. Muitas vezes propus que cada membro do partido, especialmente os intelectuais e semi-intelectuais que, em um período, digamos, de seis meses, não consigam ganhar um trabalhador para o partido deveriam ser rebaixados à posição de simpatizantes. Podemos dizer o mesmo em relação à questão negra. As antigas organizações, começando pela AFL, são as organizações da aristocracia operária. Nosso partido faz parte do mesmo meio e não das massas exploradas na base, entre as quais os negros são os mais explorados. O fato de que nosso partido até agora não se voltou para a questão negra é um sintoma muito inquietante. Se a aristocracia operária é a base do oportunismo, uma das fontes de adaptação à sociedade capitalista, então as camadas mais oprimidas e discriminadas são as mais dinâmicas da classe trabalhadora.

Precisamos dizer aos elementos negros conscientes que eles estão convocados, pelo desenvolvimento histórico, a se tornarem vanguarda da classe trabalhadora. O que serve de freio nas camadas mais altas? Os privilégios, os confortos que os impedem de se tornar revolucionários. Isso não existe para os negros. O que pode transformar uma certa camada, fazendo-a mais capaz de coragem e sacrifício? Isso está concentrado nos negros. Se nós, no SWP, não formos capazes de encontrar o caminho em direção a essa camada, então, não teremos valor algum. A revolução permanente e todo o resto será apenas uma mentira.

Nos Estados Unidos, nós temos agora várias disputas. Competição para ver quem vai vender mais jornais, e assim por diante. Isso é muito bom. Mas precisamos estabelecer uma competição mais séria – a captação de trabalhadores e, especialmente, de trabalhadores negros. Até certo ponto, isso independe da criação de uma organização especial de negros.

Acredito que o partido deve usar a permanência temporária do camarada James nos EUA (a turnê foi necessária para que ele se familiarizasse com as condições), mas agora para os próximos seis meses, para trabalho organizativo e político de bastidores a fim de evitar atrair muita atenção das autoridades. Um programa de seis meses pode ser elaborado para a questão negra, para o caso de James ser obrigado a retornar à Grã-Bretanha por razões pessoais ou sob pressão da polícia. Antes de meio ano de trabalho teremos uma base para o movimento negro e um núcleo sério de negros e brancos trabalhando juntos nesse plano. Trata-se de uma questão da vitalidade do partido. É uma questão importante. Refere-se a se o partido vai se tornar uma seita ou se será capaz de encontrar seu caminho para acamada mais oprimida da classe trabalhadora.

Propostas ponto a ponto
1. Panfleto sobre a questão negra e os negros no PC, relacionando isso à degeneração do Krêmlin.
Trótski: Bom. E, também, talvez não seria bom mimeografar esse livro, ou partes dele, e enviar junto a outros materiais sobre a questão às várias seções do partido para discussão?

2. Um número da New International sobre a questão negra.
Trótski: Acredito que isso é absolutamente necessário.

Owen: Me parece perigoso lançar um número sobre a questão negra antes de ter uma organização negra capaz de garantir sua distribuição.

James: Não é planejado primordialmente aos negros. É planejado para o próprio partido e demais leitores da revista teórica.

3. O uso da história dos próprios negros para formá-los.
Acordo geral

4. Um estudo sobre a revolução permanente e a questão negra.
Acordo geral

5. A questão do socialismo — ou trazemos pelo jornal ou pelo boletim [o periódico teórico proposto].
Trótski: Eu não acho que possamos começar excluindo o socialismo da organização. Você propõe uma organização ampla, um tanto heterogênea, que vai inclusive aceitar pessoas religiosas. Isso poderia significar que se um trabalhador, um camponês, ou um comerciante negro faz um discurso na organização afirmando que a única salvação para os negros é a igreja, seremos tolerantes demais para expulsá-lo e, ao mesmo tempo, tão sábios para não o deixarmos advogar a religião, mas nós mesmos não vamos advogar o socialismo. Se entendermos o caráter desse meio social, adaptemos a ele a apresentação das nossas ideias. Seremos cautelosos; mas amarrar nossas mãos de saída – dizer que não introduziremos a questão do socialismo por ser um tema abstrato – não é possível. Uma coisa é apresentar um programa socialista geral; outra coisa é estar muito atento às questões concretas das vidas dos negros e opor o capitalismo ao socialismo nessas questões. Uma coisa é aceitar um grupo heterogêneo e trabalhar com ele, outra coisa é ser absorvido por ele.

James: Concordo bastante com o que você está dizendo. O que tenho medo é de levar adiante um socialismo abstrato. Você vai lembrar que eu disse que o grupo dirigente precisa entender precisamente o que está fazendo e aonde está indo. Mas que a formação socialista das massas deve emergir das questões cotidianas. Estou ansioso apenas em evitar que as coisas se desenvolvam em uma discussão interminável. A discussão deve ser livre e plena através do órgão teórico.

No que diz respeito à questão do socialismo, no órgão de agitação, minha opinião é que a organização deve definitivamente se estabelecer a partir do trabalho com o cotidiano dos negros de forma que as massas de negros possam se envolver com este antes de se envolver nas discussões sobre o socialismo. Embora, é claro, um indivíduo possa levantar quaisquer pontos que deseje e apontar sua solução para os problemas dos negros, a questão é se aqueles que estão dirigindo a organização como um todo devem começar falando em nome do socialismo. Acho que não. É importante lembrar que aqueles que tomam a iniciativa devem ter algum acordo comum quanto às questões fundamentais da política hoje, de outra forma, haverá grandes problemas à medida que a organização se desenvolva. Mas, embora estes, como indivíduos, tenham o direito de apresentar seu ponto de vista particular na discussão geral, ainda assim a questão é se eles devem falar como um corpo de socialistas desde o início, e na minha visão pessoal não devem.

Trótski: No órgão teórico, você pode ter discussão teórica, e no órgão de massas, uma discussão política de massas. Você diz que eles estão contaminados pela propaganda capitalista. Diga a eles, “Vocês não acreditam no socialismo. Mas vocês verão que, nos combates, os membros da Quarta Internacional não apenas estarão com vocês como serão, provavelmente, os mais militantes.” Eu chegaria ao ponto de que todos os nossos oradores terminassem seus discursos dizendo: “Meu nome é Quarta Internacional!” Eles verão que nós somos os lutadores, enquanto aqueles que pregam a religião, no momento crítico, vão para a igreja em vez do campo de batalha.

6. Os grupos organizadores e indivíduos da nova organização devem estar em completo acordo sobre a questão da guerra.
Trótski: Sim, é a questão mais importante e a mais difícil. O programa pode ser muito modesto, mas, ao mesmo tempo, deve permitir a todos liberdade de expressão em seus discursos, e assim por diante; o programa não deve ser o limitador da nossa atividade, mas apenas nossa obrigação comum. Todos devem ter o direito de ir além, mas todos são obrigados a defender o mínimo. Veremos como esse mínimo será cristalizado à medida que avançamos nas primeiras etapas.

7. Uma campanha em alguma indústria pelos negros.
Trótski: Isso é importante. Isso trará conflito com alguns trabalhadores brancos que não vão querer. É uma mudança dos elementos trabalhadores mais aristocráticos para os elementos das camadas mais baixas. Atraímos para nós algumas das camadas mais altas dos intelectuais quando eles sentiram que precisávamos de proteção: Dewey, LaFollete, etc. Agora que estamos empreendendo um trabalho sério eles estão nos deixando. Acredito que perderemos mais duas ou três camadas e penetraremos mais profundamente nas massas. Essa será a pedra de toque.

8. Campanha de habitação e aluguel.
Trótski: É absolutamente necessário.

Curtiss: Também funciona muito bem com nossas demandas de transição.

9. Manifestação em restaurantes.
Trótski: Sim, e conferir-lhe um caráter ainda mais militante. Poderia haver piquete do lado de fora para chamar atenção e explicar o que está acontecendo.

10. Empregados(as) dos serviços domésticos.
Trótski: Sim, eu acredito que isso é muito importante; mas acho que há uma consideração a priori de que muitos desses negros trabalham para pessoas ricas e estão desmoralizados e foram transformados em criados moraiscriadagem moral. Mas há outros, uma camada maior, e a questão é ganhar aqueles que não são tão privilegiados.

Owen: Este é um ponto sobre o qual eu gostaria de intervir. Há alguns anos eu morava em Los Angeles, perto de um setor de negros – um que ficava separado dos outros. De negros que eram os mais prósperos. Perguntei sobre o trabalho deles e os próprios negros me disseram que eram criados – muitos deles em casas da movie colony6. Me surpreendeu o fato de haver criados nos altos estratos. Essa colônia de negros não era pequena; consistia de algumas milhares de pessoas.

James: É verdade. Mas se você é sério, não é difícil chegar às massas negras. Eles vivem juntos e se sentem juntos. Essa camada de negros privilegiados é menor que qualquer outra camada. Os brancos lhes tratam com tal desprezo, que, apesar de si mesmos, estão mais próximos dos outros negros do que você pensa. Nas Índias Ocidentais, por exemplo, há grandes divisões entre os negros – determinadas classes de negros não confraternizam com outra classe. Mas isso não é verdade aqui. Aqui, são mantidos em guetos.

11. Mobilizar os negros contra o fascismo.
Acordo geral

12. A relação dos negros com o Partido Republicano e o Partido Democrata.
Trótski: Quantos negros há no Congresso? Um. Existem 440 membros na Câmara dos Deputados e 96 no Senado. Então, se os negros tiverem quase 10% da população, eles têm direito a 50 membros, mas têm só um. É uma imagem clara da desigualdade política. Nós podemos , com frequência, opor um candidato negro a um candidato branco. Essa organização de negros pode sempre dizer: “Nós queremos um negro que conheça nossos problemas”. Isso pode ter consequências importantes.

Owen: Me parece que o camarada James ignorou uma parte muito importante do nosso programa — o de um partido trabalhista.

Johnson: A região de maioria negra quer apresentar um candidato negro. Dizemos-lhes que não devem se apresentar apenas como negros, mas ter um programa adequado às massas negras pobres. Eles não são estúpidos e eles podem entender isso e isso deve ser encorajado. Os trabalhadores brancos colocam um candidato trabalhista em outra seção. Então dizemos aos negros na região de maioria branca: “Apoie esse candidato porque suas demandas são boas demandas dos trabalhadores”. E dizemos aos trabalhadores brancos na região negra: “Você deve apoiar o candidato negro, porque, além de negro, você pode ver que o programa dele é eficaz para toda a classe trabalhadora”. Isso significa que os negros têm a satisfação de ter seus próprios candidatos em regiões onde eles são maioria e, ao mesmo tempo, construímos a solidariedade operária. Isso se encaixa no programa do partido trabalhista.

Carlos: Isso não se aproxima da Frente Popular7, votar em um negro só por que é negro?

James: Essa organização tem um programa. Quando os democratas colocam um candidato negro, dizemos: “De maneira alguma. Precisa ser um candidato com um programa que possamos apoiar”.

Trótski: Isso é uma questão de outra organização pela qual não somos responsáveis, assim como eles não são responsáveis por nós. Se essa organização apresenta um certo candidato, e nós como partido achamos que devemos apresentar o nosso próprio candidato em oposição, temos pleno direito de fazê-lo. Se somos fracos e não conseguimos que a nossa organização escolha um revolucionário, e eles escolhem um negro democrata, podemos até retirar nosso candidato com uma declaração concreta de que estamos nos abstendo de concorrer não contra um democrata, mas contra um negro. Consideramos que a candidatura do negro em oposição à candidatura do branco, mesmo que ambos sejam do mesmo partido, é um fator importante na luta dos negros por igualdade; e neste caso podemos apoiá-los criticamente. Acredito que em certos casos isso pode ser feito.

13. Um negro da África do Sul ou Ocidental para uma turnê pelos Estados Unidos.
Trótski: O que ele ensinará?

James: Tenho em mente vários jovens negros, e qualquer um destes poderá transmitir uma imagem anti-imperialista e antiguerra nítida. Acho que seria muito importante para construir uma compreensão do internacionalismo.

14. Submeter documentos e planos ao Comitê Político.
Acordo geral

James: Concordo com sua postura sobre o trabalho do partido em conexão com os negros. Eles são uma força tremenda e dominarão o conjunto dos estados do Sul. Se o partido se mantiver aqui, a revolução está ganha nos Estados Unidos. Nada pode pará-la.

https://causaoperaria.org.br/2023/plano ... n-trotski/
Adquirir conhecimento e experiencia e ao mesmo tempo não dissipar o espirito lutador, o auto-sacrificio revolucionário e a disposição de ir até o final, esta é a tarefa da educação e da auto-educação da juventude revolucionária. '' LEON TROTSKI

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Socialismo e Comunismo

Mensagem por Chapolin Gremista » 21 Fev 2023, 23:23

NOTÍCIAS
175 ANOS
O que Trótski escreveu sobre o Manifesto Comunista
Hoje, o Manifesto Comunista completou 175 desde a publicação de sua primeira edição, um marco importantíssimo para a luta da classe operária em todo o mundo

Imagem

Em homenagem ao Manifesto Comunista que, hoje, dia 21 de fevereiro de 2023, completa 175 desde a publicação de sua primeira edição, este Diário reproduz, logo abaixo, artigo de Leon Trótski acerca do que entrou para a história como um dos textos mais importantes de todos os tempos.

Confira logo abaixo:

90 Anos do Manifesto Comunista
Leon Trotsky
30 de Outubro de 1937
Custa acreditar que apenas dez anos nos separam do centenário do Manifesto do Partido Comunista. Este manifesto, o mais genial entre todos os da literatura mundial, surpreende-nos ainda hoje pela sua atualidade. Suas partes mais importantes parecem ter sido escritas ontem. Sem dúvida alguma, os jovens autores (Marx tinha 29 anos e Engels 27 ) souberam antever o futuro como ninguém antes e como poucos depois deles.

No prefácio à edito de 1872, Marx e Engels afirmaram que, mesmo tendo certos trechos secundários do Manifesto envelhecido, não tinham o direito de modificar o texto original, visto que, no decorrer dos vinte e cinco anos então passados ele já se transformara em um documento histórico. De lá para cá mais sessenta e cinco anos transcorreram. Algumas partes isoladas envelheceram ainda mais. Consequentemente, neste prefácio apresentaremos, de forma resumida, as idéias do Manifesto que, até nossos dias conservam integralmente sua força e aquelas que necessitam de sérias modificações ou complementos.


1. A concepção materialista da História, formulada por Marx pouco tempo antes da aparição do texto e que nele se encontra aplicada com perfeita maestria, resistiu completamente à prova dos acontecimentos e aos golpes da crítica hostil. Constitui-se, atualmente, em um dos mais preciosos instrumentos do pensamento humano. Todas as outras interpretações do processo histórico perderam todo significado científico. Podemos afirmar, com segurança, que anualmente é impossível não apenas ser um militante revolucionário, mas simplesmente um observador politicamente instruído sem assimilar a concepção materialista da História.


2. “A História de todas as sociedades até os nossos dias não foi senão a história elas lutas de classes.” O primeiro capítulo do Manifesto começa por esta frase.

Esta tese, que constitui a mais importante conclusão da concepção materialista da História, em pouco tempo transformou-se em elemento da luta de classes. A teoria que trocava o “bem estar comum”, a “unidade nacional” e as “verdades eternas da moral” pela luta entre interesses materiais, considerados como a força motriz da História, sofreu ataques particularmente ferozes da parte de reacionários hipócritas, doutrinários liberais e democratas idealistas. A eles acrescentaram-se mais tarde, desta vez a partir do próprio movimento operário, os ataques dos chamados revisionistas, isto é, dos partidários da revisão do marxismo em favor da colaboração e conciliação de classes. Finalmente, em nossa época, os desprezíveis epígonos da Internacional Comunista (os stalinistas) tornaram o mesmo caminho: a política daquilo a que se dá o nome ‘frentes populares” decorre, inteiramente, da negação das leis da luta de classes. Entretanto, vivemos na época do imperialismo que, levando todas as contradições sociais ao seu extremo, demonstra o triunfo teórico do Manifesto do Partido Comunista.


3. A anatomia do capitalismo, visto este como um estágio determinado da evolução econômica da sociedade, foi destrinchada por Marx de forma cabal em O Capital (1867). Mas, já no Manifesto as linhas fundamentais da análise futura foram traçadas com clareza: a) a retribuição à força de trabalho do equivalente de sua reprodução; b) a apropriação da mais-valia pelos capitalistas; c) a concorrência como lei fundamental das relações sociais; dg a ruína das classes médias, isto é, da pequena burguesia das cidades e do campesinato; e) a concentração da riqueza nas mãos de um número cada vez mais reduzido de possuidores, em um dos pólos sociais, e o crescimento numérico do proletariado em outro; f) a preparação das condições materiais e políticas prévias ao regime socialista


4. A tendência do capitalismo em rebaixar o nível de vida dos operários, a torná-los cada vem meais pobres. Esta tese foi violentamente atacada. Os padres, os professores, os ministros, os jornalistas, os teóricos sociais-democratas e os dirigentes sindicais levantaram-se contra a assim chamada teoria do “empobrecimento”. Invariavelmente enumeravam sinais do bem-estar crescente dos trabalhadores, tomando a aristocracia operária por todo o proletariado, ou tomando uma tendência temporária por uma situação perdurável. Paralelamente, a própria evolução do mais poderoso capitalismo, o dos Estados Unidos transformou milhões de operários em párias, sustentados às custas da caridade estatal ou privada.


5. Em oposição ao Manifesto, que descrevia as crises comercial-industriais como uma série de crescentes catástrofes, os revisionistas afirmavam que o desenvolvimento nacional e internacional dos monopólios garantiria o controle do mercado e a abolição gradual das crises. Não há dúvida de que a passagem do século passado ao atual caracterizou-se por um desenvolvimento tão impetuoso do sistema que as crises pareciam interrupções “acidentais”. Mas esta época es’ irremediavelmente ultrapassada Em última análise, também com respeito a esta questão, a verdade está do lado de Marx.

6. “O governo moderno nada mais é do que um comitê para administrar os negócios comuns de toda a classe burguesa. ” Nesta fórmula sucinta, que os dirigentes social-democratas desprezavam como um paradoxo jornalístico, encontra-se, na verdade, a única teoria científica sobre o Estado. A democracia idealizada pela burguesia não é, como pensavam Bernstein e Kautsky, uma casca vazia que se pode, tranqüilamente, encher sem se importar com o conteúdo. A democracia burguesa só pode servir à burguesia. O governo de “Frente Popular” dirigido por Blum ou Chautemps, Caballero ou Negrin é tão somente “um comitê para administrar os negócios comuns de toda a classe burguesa”. Quando este comitê se sai mal em seus negócios, a burguesia expulsa-a do poder a pontapés.

7. “Toda luta de classe é uma luta política” “A organização dos proletários em classe é, consequentemente, a sua organização em partido político…” Os sindicalistas por um lado e os anarco-sindicalistas, por outro, durante muito tempo, e ainda hoje, vêm procurando fugir à compreensão dessas leis históricas. O sindicalismo ‘puro” recebeu, atualmente, um golpe fulminante em seu principal refúgio: os Estados Unidos. O anarco-sindicalismo sofreu uma derrota esmagadora em sua última cidadela, a Espanha. Como nas outras questões também aqui o Manifesto demonstrou estar certo.

8.0 proletariado não pode conquistar o poder por meio das leis promulgadas pela burguesia. “Os comunistas… proclamam abertamente que seus fins só podem ser atingidos pela derrubada violenta da ordem social existente. ” O reformismo tentou explicar esta tese do Manifesto pela imaturidade do movimento operário da época e pelo insuficiente desenvolvimento da democracia. A sorte das “democracias” italiana e alemã, e de muitas outras, demonstrou que se alguma coisa não estava madura eram as próprias idéias reformistas

9. Para a transformação socialista da sociedade é necessário que a classe operária concentre em suas mãos o poder capaz de varrer todos os obstáculos políticos que se anteponham em sua trajetória até a nova ordem. “O proletariado organizado em classe dominante”, eis o que é sua ditadura. Ao mesmo tempo, trata-se da única e verdadeira democracia proletária. Sua amplitude e profundidade dependem das condições históricas concretas. Quanto maior for o número de Estados que se lançarem no caminho da revolução socialista, mais livres e flexíveis serão as formas da ditadura, mais ampla e profunda será a democracia operária.

10. O desenvolvimento internacional do capitalismo determina o caráter internacional da revolução proletária. Uma das primeiras condições para a emancipação da classe operária consiste em sua ação comum, pelo menos nos países civilizados. O desenvolvimento posterior do capitalismo uniu de forma tão estreita as diversas partes de nosso planeta, as “civilizadas” e “não civilizadas”, que o problema da revolução socialista adquiriu, completa e definitivamente, um caráter mundial. A burocracia soviética tentou liquidar o Manifesto nessa questão fundamental, mas a degeneração bonapartista do Estado soviético é a mortal ilustração do engodo que significa a teoria do “socialismo em um só país”.

11. “A partir do momento em que, mo curso do desenvolvimento, as diferenças de classe tenham desaparecido e que toda a produção este)a concentrada rias mãos de indivíduos associados, o poder público perde seu caráter político. ” Em outras palavras, o Estado extingue-se. Resta a sociedade liberta de sua camisa-de-força. E é exatamente isso o socialismo. O teorema inverso: o monstruoso crescimento da imposição e violência estatais na URSS demonstra que a sociedade soviética se afasta do socialismo.

12. “Os operários não têm pátria.” Esta frase do Manifesto foi freqüentemente considerada pelos filisteus como uma simples fórmula de agitação. Na verdade, ela oferece ao proletariado a única diretriz justa a respeito da “pátria” capitalista. A supressão deste princípio pela II Internacional conduziu não apenas à destruição da Europa durante quatro anos mas também à atual estagnação da cultura mundial. Diante da nova guerra que se aproxima, cujo caminho foi aberto pela III Internacional, o Manifesto permanece, ainda hoje, o mais seguro conselheiro sobre a questão da ‘pátria” capitalista.

Vemos, portanto, que esta pequena obra dos dois jovens autores continua a fornecer indicações indispensáveis a respeito das questões mais fundamentais e candentes da luta pela emancipação. Que outro livro poderia, mesmo que de longe, estar à altura do Manifesto do Partido Comunista. Entretanto, isto não significa, absolutamente, que, após noventa anos de desenvolvimento sem parar das forças produtivas e de grandiosas lutas sociais, o Manifesto não tenha necessidade de retificações e complementos. O pensamento revolucionário nada tem em comum com a idolatria. Os programas e os prognósticos verificam-se e corrigem-se à luz da experiência, que é para o pensamento humano a suprema instância O Manifesto requer correções e complementos. Entretanto, mesmo correções e complementos não podem ser aplicados com sucesso senão nos servimos do mesmo método que se encontra à base do Manifesto, como, além disso, o prova a própria experiência histórica. Mostraremos isso servindo-nos dos exemplos mais importantes.

1. Marx ensina que nenhuma ordem social deixa a cena antes de ter esgotado suas possibilidades criadoras. O Manifesto ataca o capitalismo porque ele bloqueia o desenvolvimento das forças produtivas. Contudo, na sua época e mesmo durante várias décadas seguintes, este entrave possuía apenas um caráter relativo. Se, na segunda metade do Século XIX tivesse sido possível à economia se organizar sobre fundamentos socialistas, o ritmo de seu crescimento teria sido incomparavelmente mais rápido. Esta tese, teoricamente incontestável, não modifica o fato de que as forças produtivas continuaram a crescer em escala mundial, e sem interrupção, até a Primeira Guerra Mundial. Foi unicamente nos últimos vinte anos que, malgrado as mais modernas conquistas científicas e técnicas, se abriu a época da estagnação completa e da própria decadência da economia mundial. A humanidade começa a viver do capital acumulado e a próxima guerra ameaça destruir por longo tempo as próprias bases da civilização. Os autores do Manifesto pensavam que o capital seria liquidado muito antes de passar de ser um regime relativamente reacionário para a sua fase absolutamente reacionária. Esta transformação, porém, só se consumou aos olhos da atual geração, fazendo de nossa época a época de guerras, revoluções e do fascismo.

2. O erro de Marx e Engels a respeito dos prazos históricos decorria, de um lado, da subestimação das possibilidades posteriores inerentes ao capitalismo e, de outro, da superestimação da maturidade revolucionária do proletariado. A revolução de 1848 não se transformou em revolução socialista, como o Manifesto havia previsto, mas criou, para a Alemanha, a possibilidade de um formidável desenvolvimento capitalista. A Comuna de Paris demonstrou que o proletariado não pode arrancar o poder à burguesia sem ter à sua frente um partido revolucionário experiente. Ora, o longo período de desenvolvimento capitalista que se seguiu à Comuna conduziu não à educação de uma vanguarda revolucionária, mas, ao contrário, à degeneração burguesa da burocracia operária que se tornou, por sua vez; o principal obstáculo à vitória da revolução proletária. Esta “dialética “os autores do Manifesto não podiam prever.

3. Para o Manifesto, o capitalismo é o reino da livre concorrência. Referindo-se à crescente concentração do capital, o texto não tira deste fato a necessária conclusão a respeito dos monopólios, que se transformaram na força dominante do capitalismo em nossa época, premissa mais importante da economia socialista. Foi apenas mais tarde, em O Capital que Marx constatou a tendência para a transformação da livre concorrência em monopólio. A caracterização científica do capitalismo monopolista foi dada por Lênin em seu livro Imperialismo, Estágio Superior do Capitalismo.

4. Tomando como base sobretudo o exemplo da “Revolução Industrial” inglesa, os autores viam de maneira muito unilateral o processo de liquidação das classes médias com a proletarização completa do artesanato, do pequeno comércio e do campesinato. Na verdade, as forças elementares da concorrência ainda não finalizaram esta obra, ao mesmo tempo progressista e bárbara. O capital arruinou a pequena burguesia bem mais rapidamente do que a proletarizou. Por outro lado, a política consciente do Estado burguês, há muito tempo, visa conservar artificialmente as camadas pequeno-burguesas. No pólo oposto, o crescimento da técnica e a racionalização da grande produção, ao mesmo tempo em que engendram um desemprego orgânico, freiam a proletarização da pequena burguesia. Houve um extraordinário adormento do exército de técnicos, administradores, empregados de comércio, em uma palavra, daquilo que é chamado de “novas classes médias”. O resultado de tudo isso é que as classes médias cujo desaparecimento o Manifesto previa de modo tão categórico, constituem, mesmo em um país altamente industrializado como a Alemanha, quase a metade da população. Mas a conservação artificial das camadas pequeno-burguesas, desde há muito caducas, em nada atenua as contradições sociais; torna-as, pelo contrário, particularmente, mórbidas. Somando-se ao exército permanente de desempregados, ela é a expressão mais nociva do apodrecimento capitalista

5. O Manifesto, escrito para uma época revolucionária, contém, no final do segundo capítulo, dez reivindicações que respondem ao período da imediata transição do capitalismo ao socialismo. No prefácio de 1872, Marx e Engels mostraram que essas reivindicações se encontravam parcialmente superadas e que, de qualquer modo, não tinham mais que um significado secundário. Os reformistas se apoderaram desta avaliação para interpretá-la no sentido que, para eles, as palavras-de-ordem revolucionárias transitórias davam definitivamente lugar ao “programa mínimo” da social-democracia que, como sabemos não ultrapassava os limites da democracia burguesa.

Na verdade, os autores do Manifesto indicaram de modo preciso a principal correção a ser feita em seu programa transitório: “Não basta que a classe operária se utilize da máquina estatal para colocá-la a serviço de seus próprios fins. “A correção era contra o fetichismo a respeito da democracia burguesa. Ao Estado burguês, Marx opôs, mais tarde, o Estado do tipo da Comuna. Este “tipo” tomou, em seguida, a forma muito mais precisa de sovietes. Em nossos dias não pode haver programa revolucionário sem soviets e sem poder operário. Quanto ao mais isto é, às dez reivindicações do Manifesto que na época da pacífica atividade parlamentar, pareceram “caducar”, é preciso que se diga que recobraram, hoje, todo seu verdadeiro significado. O que caducou inapelavelmente foi o “programa mínimo” social-democrata.

6. Para justificar a esperança de que “a revolução burguesa alemã… será o prelúdio da revolução proletária”, o Mania esta cita que as condições gerais da civilização européia de então, assim como do proletariado, eram bem mais desenvolvidas do que na Inglaterra do Século XVII ou na França do Século XVIII. O erro deste prognóstico não está apenas na questão do prazo, Alguns meses mais tarde, a Revolução de 1848 mostrou, precisamente, que, em presença de condições mais avançadas, nenhuma das classes burguesas é capaz de levar a revolução até o fim: a grande e a média burguesia estão muito ligadas aos proprietários fundiários e muito unidas pelo medo das massas; a pequena burguesia muito dispersa e seus dirigentes muito dependentes da grande burguesia. Como demonstrou a posterior evolução dos acontecimentos na Europa e na Ásia, a revolução burguesa, em si mesma, não mais pode realizar-se. A purificação da sociedade dos males feudais só é possível se o proletariado, liberto das influências dos partidos burgueses for capaz de se colocar à frente do campesinato e estabelecer sua ditadura revolucionária. Em função disso, a revolução burguesa mescla-se com a primeira fase da revolução socialista para, nesta, dissolver-se em seguida. A revolução nacional torna-se, assim, apenas um elo da revolução proletária internacional. A transformação dos fundamentos econômicos e de todas as relações sociais adquirem um caráter permanente.

Para os partidos revolucionários dos países atrasados da Ásia, América Latina e África, a compreensão clara da relação orgânica entre a revolução democrática e a revolução socialista internacional é uma questão de vida ou morte.

7. Mostrando como o capitalismo arrebanha em seu turbilhão os países atrasados e bárbaros, o Manifesto nada diz a respeito da luta dos povos coloniais e semi-coloniais pela sua independência. À medida que Marx e Engels pensavam que a vitória da revolução socialista, “nos países civilizados pelo menos”, era uma questão a ser resolvida nos anos seguintes, o problema das colônias resolver-se-ia igualmente não como o resultado de um movimento autônomo dos povos oprimidos, mas, simplesmente, como a conseqüência da vitória do proletariado nas metrópoles capitalistas. Esta é a razão pela qual as questões da estratégia revolucionária nos países coloniais e semi-coloniais nem mesmo estão esboçadas no Manifesto. Mas elas exigem soluções particulares. Dessa forma, é evidente que se a “pátria nacional” se tornou o pior obstáculo à revolução proletária nos países capitalistas avançados mantém-se ainda como um fator relativamente progressista nos países atrasados que são obrigados a lucrar por sua existência nacional independente. “Os comunistas, declara o Manifesto, apoiam, em todos os países, qualquer movimento revolucionário contra a ordem social e política existente. ” O movimento das raças de cor contra os opressores imperialistas é um dos mais poderosos e importantes movimentos contra a ordem social existente e é esta a razão pela qual necessita do total apoio, indiscutível e sem reticências, do proletariado de raça branca. O mérito de haver desenvolvido a estratégia revolucionária dos povos oprimidos é, sobretudo, de Lênin.

8. O trecho que mais envelheceu no Manifesto – não quanto a seu método, mas quanto a seus objetivos – é a crítica da literatura “socialista” da primeira metade do Século XIX (Capítulo 3) e a definição da posição dos comunistas em relação aos diversos partidos de oposição <Capítulo 4g. As tendências e os partidos enumerados pelo texto foram varridos tão radicalmente pela revolução de 1848, ou pela contra-revolução que se seguiu, que a História já não os menciona sequer. Entretanto, mesmo com respeito a este trecho, o Manifesto encontra-se mais próximo de nós do que o estava em relação à geração anterior. Na época de prosperidade da II internacional, quando o marxismo parecia reinar absolutamente no movimento operário, as idéias do socialismo anteriores a Marx podiam ser consideradas como definitivamente ultrapassadas. Hoje isso já não é mais verdade. A decadência da social-democracia e da Internacional Comunista provoca, a cada passo, monstruosas recaídas ideológicas. O pensamento senil recai, por assim dizer, na infância. À procura de fórmulas salvadoras, os profetas da época de declínio geral do capitalismo redescobrem doutrinas há muito enterradas pelo socialismo científico.

No que diz respeito ao problema dos partidos de oposição, as décadas que nos separam do Manifesto provocaram as mais profundas mudanças: não apenas os velhos partidos foram há muito substituídos por novos, como também o próprio caráter dos partidos e de suas mútuas relações modificou-se radicalmente. Sob as condições da época imperialista, o Manifesto, portanto, deve ser complementado pelos documentos dos quatro primeiros congressos da Internacional Comunista, pela literatura fundamental do bolchevismo e pelas decisões das conferências do movimento pela IV Internacional.

Lembramos acima que, segundo Marx, nenhuma ordem social deixa a cena da História antes de haver esgotado todas n.- suas possibilidades. Entretanto, uma ordem social, mesmo já tendo caducado, não cede seu lugar sem opor resistência a uma nova ordem. A sucessão dos regimes sociais supõe a mais nêspera luta de classes, isto é a revolução. Se o proletariado, por uma razão ou outra, se mostra incapaz de derrubar a ordem burguesa que sobrevive, não resta ao capital financeiro, em luta para manter seu domínio abalado, senão transformar a pequena burguesia, por ele. levada ao desespero e à desmoralização, no exército de terror do fascismo. A degeneração burguesa da social-democracia e a degeneração fascista da pequena burguesia estão entrelaçadas como causa e efeito.

Em nossos dias, a IV Internacional Comunista leva a cabo, em todos os países, com uma obscenidade ainda maior, a obra de engodo e desmoralização dos trabalhadores. Massacrando a vanguarda do proletariado espanhol, os mercenários sem escrúpulos de Moscou não apenas abrem caminho, para o fascismo, como também realizam uma boa parte de seu trabalho. A longa crise da revolução internacional, que cada vez mais se transforma em crise da cultura humana, reduz-se, no fundo, à crise da direção revolucionária do proletariado.

Como herdeira da grande tradição para a qual o Manifesto do Partido Comunista é o mais precioso elo, a IV Internacional educa novos quadros para resolver antigas tarefas. A teoria nada mais é do que a realidade generalizada. Em uma atitude honesta com respeito à teoria revolucionária se expressa a apaixonada vontade de refundir a realidade social. O fato de que ao sul do continente negro nossos camaradas de idéias traduziram pela primeira vez o Manifesto é uma evidente confirmação de que, em nossos dias, o pensamento marxista só está vivo sob a bandeira da IV Internacional. O futuro pertence-lhe. Quando se comemorar o centenário do Manifesto do Partido Comunista, a IV Internacional será a força revolucionária determinante em nosso planeta.

https://causaoperaria.org.br/2023/as-co ... o-central/
Adquirir conhecimento e experiencia e ao mesmo tempo não dissipar o espirito lutador, o auto-sacrificio revolucionário e a disposição de ir até o final, esta é a tarefa da educação e da auto-educação da juventude revolucionária. '' LEON TROTSKI

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Socialismo e Comunismo

Mensagem por Chapolin Gremista » 23 Fev 2023, 03:32

PCB - que apoiou o golpe contra o PT e não moveu um músculo por Lula livre nem na presidência, como sempre envergonhando os verdadeiros comunistas.

NOTÍCIAS
MANUAL DE AUTOAJUDA DO PCB
Para explicar a militância comunista é preciso ser comunista
Texto do partido, tentando explicar o que é ser militante, mostra que está muito distante de uma política revolucionária

No final do ano passado, em 17 de dezembro, o PCB publicou um artigo, assinado por Lucas Silva, membro do Comitê Central do partido, chamado “O que é e o que faz a militância comunista?”.

Ao abrir a matéria, o leitor espera encontrar um artigo marxista, com colocações políticas e considerações históricas, fundadas na experiência prática do movimento operário e comunista. Mas basta ler as primeiras linhas do texto para perceber que não é nada disso.


Estamos diante de um texto, cuja única coisa de comunismo é a palavra. O texto mais parece um manual de autoajuda, com um amontoado de pieguices, sentimentalismo barato e colocações muito genéricas sobre política e filosofia.

O autor elencou 18 ponto que para ele seriam a explicação do que é e o que faz um militante. Vejamos alguns deles:


“5. Um comunista deve possuir uma dose saudável de modéstia revolucionária. Essa é uma qualidade que tem mais importância do que à primeira vista pode parecer. A modéstia abre caminhos e fortalece vínculos no trabalho coletivo, pois devemos lembrar que nem mesmo Marx, Engels e Lênin fizeram tudo sozinhos.”

Um comunista deve ser “modesto”. Não há dúvida que não combina com a personalidade de um militante, que faz parte e quer organizar o povo, a arrogância. Mas isso tudo são palavras vazias, não há nada de científico em torno disso, no final das contas, é apenas um sentimentalismo vazio.

Mas não podemos deixar de notar a ironia desse ponto colocado no artigo. Vindo de um partido cheio de stalinistas como é o PCB, soa estranho falar em modéstia, pois se existe uma característica que não se pode atribuir Stalin é a modéstia.

O grande “modesto” e “humilde” Stalin colocou o próprio nome em uma cidade inteira. Um partido stalinista falar em humildade é realmente fora do comum.

“8. A militância comunista nunca deve esquecer o sentido do título que usamos: camaradas. Pois a camaradagem trata-se de sermos enérgicos, rigorosos, disciplinados, comprometidos, porém, sem perdermos jamais a solidariedade, o respeito, a sinceridade e a fraternidade, seja com a classe trabalhadora e as massas populares, seja com nossos camaradas de trincheiras e lutas.”

Realmente é preciso ser camarada, mas novamente aqui vemos frases soltas, vazias. O espírito de companheirismo entre militantes não é uma palavra jogada no ar, mas está fundado na luta prática do partido no cotidiano e na ampla discussão e polêmica de ideias. A mesma coisa serve para as críticas e os ensinamentos que o partido faz internamente.

Com frases pomposas e sentimentalismo raso, o PCB substitui a teoria marxista por uma espécie de autoajuda. Com esse artigo, o PCB cria uma espécie de subgênero literário, a “autoajuda marxista”. Porém, essas duas ideia são excludentes, já que o marxismo não prevê que o ser humano muda apenas por suas reflexões individuais, mas por sua ação na sociedade.

O marxismo é uma ciência, cujas ideias e conceitos são fundamentados na experiência revolucionária.

Escrever um manual de autoajuda pode impressionar o militante muito inexperiente, mas está muito distante de ser algo revolucionário.

Se o objetivo era fazer um texto literário, o PCB fez péssima literatura, se o objetivo era fazer política, o texto do PCB é antimarxista.

Para poder explicar o que é ser um militante, é preciso, de fato, ser um partido de militantes comunistas, coisa que o PCB não é.

https://causaoperaria.org.br/2023/para- ... comunista/
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Socialismo e Comunismo

Mensagem por Chapolin Gremista » 23 Fev 2023, 03:32

PCB - que apoiou o golpe contra o PT e não moveu um músculo por Lula livre nem na presidência, como sempre envergonhando os verdadeiros comunistas.

NOTÍCIAS
MANUAL DE AUTOAJUDA DO PCB
Para explicar a militância comunista é preciso ser comunista
Texto do partido, tentando explicar o que é ser militante, mostra que está muito distante de uma política revolucionária

No final do ano passado, em 17 de dezembro, o PCB publicou um artigo, assinado por Lucas Silva, membro do Comitê Central do partido, chamado “O que é e o que faz a militância comunista?”.

Ao abrir a matéria, o leitor espera encontrar um artigo marxista, com colocações políticas e considerações históricas, fundadas na experiência prática do movimento operário e comunista. Mas basta ler as primeiras linhas do texto para perceber que não é nada disso.


Estamos diante de um texto, cuja única coisa de comunismo é a palavra. O texto mais parece um manual de autoajuda, com um amontoado de pieguices, sentimentalismo barato e colocações muito genéricas sobre política e filosofia.

O autor elencou 18 ponto que para ele seriam a explicação do que é e o que faz um militante. Vejamos alguns deles:


“5. Um comunista deve possuir uma dose saudável de modéstia revolucionária. Essa é uma qualidade que tem mais importância do que à primeira vista pode parecer. A modéstia abre caminhos e fortalece vínculos no trabalho coletivo, pois devemos lembrar que nem mesmo Marx, Engels e Lênin fizeram tudo sozinhos.”

Um comunista deve ser “modesto”. Não há dúvida que não combina com a personalidade de um militante, que faz parte e quer organizar o povo, a arrogância. Mas isso tudo são palavras vazias, não há nada de científico em torno disso, no final das contas, é apenas um sentimentalismo vazio.

Mas não podemos deixar de notar a ironia desse ponto colocado no artigo. Vindo de um partido cheio de stalinistas como é o PCB, soa estranho falar em modéstia, pois se existe uma característica que não se pode atribuir Stalin é a modéstia.

O grande “modesto” e “humilde” Stalin colocou o próprio nome em uma cidade inteira. Um partido stalinista falar em humildade é realmente fora do comum.

“8. A militância comunista nunca deve esquecer o sentido do título que usamos: camaradas. Pois a camaradagem trata-se de sermos enérgicos, rigorosos, disciplinados, comprometidos, porém, sem perdermos jamais a solidariedade, o respeito, a sinceridade e a fraternidade, seja com a classe trabalhadora e as massas populares, seja com nossos camaradas de trincheiras e lutas.”

Realmente é preciso ser camarada, mas novamente aqui vemos frases soltas, vazias. O espírito de companheirismo entre militantes não é uma palavra jogada no ar, mas está fundado na luta prática do partido no cotidiano e na ampla discussão e polêmica de ideias. A mesma coisa serve para as críticas e os ensinamentos que o partido faz internamente.

Com frases pomposas e sentimentalismo raso, o PCB substitui a teoria marxista por uma espécie de autoajuda. Com esse artigo, o PCB cria uma espécie de subgênero literário, a “autoajuda marxista”. Porém, essas duas ideia são excludentes, já que o marxismo não prevê que o ser humano muda apenas por suas reflexões individuais, mas por sua ação na sociedade.

O marxismo é uma ciência, cujas ideias e conceitos são fundamentados na experiência revolucionária.

Escrever um manual de autoajuda pode impressionar o militante muito inexperiente, mas está muito distante de ser algo revolucionário.

Se o objetivo era fazer um texto literário, o PCB fez péssima literatura, se o objetivo era fazer política, o texto do PCB é antimarxista.

Para poder explicar o que é ser um militante, é preciso, de fato, ser um partido de militantes comunistas, coisa que o PCB não é.

https://causaoperaria.org.br/2023/para- ... comunista/
Adquirir conhecimento e experiencia e ao mesmo tempo não dissipar o espirito lutador, o auto-sacrificio revolucionário e a disposição de ir até o final, esta é a tarefa da educação e da auto-educação da juventude revolucionária. '' LEON TROTSKI

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Socialismo e Comunismo

Mensagem por Chapolin Gremista » 23 Fev 2023, 15:37

NOTÍCIAS
OPORTUNISMO
Teria a Esquerda Marxista votado no candidato do imperialismo?
Com menos de dois meses de governo, a Esquerda Marxista ataca o governo que seu partido integra

Para os leigos e os desavisados, a esquerda pequeno-burguesa pode aparentar ter memória curta, mas enganam-se, pois o problema dessa gente nada tem a ver com a capacidade cerebral de reter informações, mas sim um problema de uma falta de programa político e de um oportunismo mesquinho. São muitos dentro da esquerda pequeno-burguesa, e principalmente sectária, os que aparentam se esquecer que meses atrás clamavam por uma frente ampla e bradavam que tudo era necessário para derrubar Bolsonaro, agora, que o melhor cenário eleitoral possível se realizou, Lula venceu e devemos aproveitar para impulsar o movimento operária se apoiando nessa vitória, e começar uma série de ataques oportunistas na tentativa de parecer um pouco mais radical.

A Esquerda Marxista, corrente interna do PSOL, está surfando nessa onda de “radicalismo”, e publicou um texto em seu portal, www.marxismo.org.br, intitulado Diga-me com quem andas e eu te direi que governo és. O texto é uma tentativa de taxar Lula de candidato do imperialismo, como tem sido a moda. O autor começa da seguinte maneira:


“O encontro em Washington de Lula com Joe Biden nesta sexta-feira (10/2) diz muito mais sobre o novo governo conformado em janeiro do que os discursos de seus representantes. A mensagem do novo presidente brasileiro precisa ser clara quando se trata de lidar com o representante da burguesia hegemônica na economia e na política mundial. Seu conteúdo pode ser determinado tanto pela pauta do encontro bilateral, quanto pela comitiva selecionada por Lula para acompanhá-lo à cerimônia de beija-mão na Casa Branca.


Um eixo central da reunião tratou da defesa da democracia e do enfrentamento à extrema-direita. Biden foi um dos primeiros líderes a condenar os atentados de 8 de janeiro, classificando como “ultrajante” o ataque bolsonarista ao sistema político brasileiro. O convite de Biden deixa claro que a forma democrática de governo é a que interessa à atual gestão do imperialismo americano, e é a orientação que espera tanto dos políticos quanto dos militares brasileiros. O eixo político central utilizado pela atual gestão dos EUA é o domínio por meio da eleição democrática dos seus aliados.”


Duas coisas estão completamente erradas na análise de nossos companheiros: primeiro, não se tratou de uma cerimônia beija-mão. É da política de Lula ser conciliador e não tomar lados bem definidos na política internacional, mas não podemos acusá-los de estar submisso ao governo Biden, e muito menos essa reunião indica isso. Era esperado uma reunião de Lula nos EUA, Lula irá conversar com todos os governos do continente americano, já conversou com os líderes do Uruguai e da Argentina, propondo inclusive a criação de uma moeda própria para o comércio dentro do Mercosul. Mas o que tiramos dessa reunião? Para os Estados Unidos, era melhor Lula ter declarado de cara o apoio à Ucrânia, e eles desesperadamente precisam desse apoio. Ao invés disso, Lula mais uma vez se manteve neutro. Na verdade, o governo Biden precisa desesperadamente de um apoio de uma figura como Lula, com prestígio internacional, não somente na questão da Ucrânia, como na questão nacional dos EUA, pois com a inflação norte-americana, a guerra, a derrota no Afeganistão e agora a catástrofe de Ohio, o governo dos Democratas tem estado muito enfraquecido. Vitória Nuland, ubsecretária de Estado para Assuntos Políticos do governo Biden, arquiteta do golpe da Ucrânia de 2014, que deu origem a toda essa crise, declarou a alguns dias atrás que o Brasil deveria “se colocar no lugar da Ucrânia”, cobrando o apoio do Brasil a essa guerra, mostrando o descontentamento dos norte-americanos


Lula não foi aos EUA como um lacaio ao encontro de seu mestre, mas para conversar com o governo norte-americano sem abrir mão de sua posição internacional, isso, levado em consideração os dois governos anteriores frutos de golpes para garantir o Brasil nas mãos dos americanos, é uma declaração de independência importantemente, limitada, porém importante.

A Esquerda Marxista ainda tenta provar seu argumento através dos ministros do Governo Lula. É verdade que Marina Silva, Anielle Franco recebem fundos de Georges Soros e da Fundação Ford, e que Mauro Vieira, burocrata de carreira, não seriam as escolhas de um governo revolucionário de esquerda, mas não esperaríamos isto do Governo Lula. Muitos ministros nomeados pelo presidente são concessões de Lula à Frente Ampla aos setores infiltrados e mais à direita dentro do PT. Infelizmente a origem demasiadamente conciliadora de Lula faz com que o petista tome ceda essas posições importantes, mas isso não altera o essencial de sua política, e essa visita aos EUA, onde Lula não cedeu em nada ao principal país imperialista do mundo, demonstra isso.

É cômico que, ao contrário do PCO, a Esquerda Marxista e seu partido, o PSOL, fazem parte do governo e da coligação que elegeu Lula presidente. Agora o grupo caracteriza o governo Lula como o lacaio do imperialismo, logo quando Lula inicia um governo que promete ser o mais à esquerda de sua carreira, estaria a Esquerda Marxista intencionada em votar e participar de um governo do candidato do imperialismo?

O problema da esquerda pequeno-burguesa é um problema de oportunismo. Estão atacando o governo Lula e fazendo política do único jeito que sabem fazer, aproveitando que a situação política brasileira é favorável para a esquerda para saírem como grandes revolucionários mais à esquerda que tudo e todos. Ninguém deve ser subserviente e abrir mão de sua política para defender o governo Lula, mas as críticas ao governo devem ser feitas corretamente se não estarão repetindo o erro da esquerda pequeno burguesa que se juntou à direita durante o golpe pedindo a cabeça da Dilma e
louvando a Lava Jata, política qual o PSOL, da Esquerda Marxista, foi o principal expoente.

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Socialismo e Comunismo

Mensagem por Chapolin Gremista » 24 Fev 2023, 00:18

NOTÍCIAS
PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Jornal Granma: O Manifesto Comunista, a fé que não morre
Nesta terça-feira, o Manifesto Comunista, uma das publicações mais importantes de toda a história, completou 175 anos

Nesta terça-feira (21), o Manifesto Comunista completou 175 anos desde a publicação de sua primeira edição. Desde então, revolucionou por completo a luta dos oprimidos, tornando-se um marco importantíssimo na história dos trabalhadores.

Para comemorar a data, o jornal Granma publicou um artigo que este Diário reproduz logo abaixo. Confira:

O Manifesto Comunista, a fé que não morre
Em 21 de fevereiro de 1848, dois jovens filósofos alemães no exílio, Karl Marx e Friedrich Engels, assistidos pela esposa de Marx, Jenny Von Westphalen, publicaram, em uma pequena gráfica em Bishopsgate, Londres, a primeira edição de um livro que logo se tornou um dos textos mais importantes da história: O Manifesto Comunista.

Devido a sua linguagem profética, mobilizadora e profunda, ainda galvaniza quem o lê. Não importa quantos anos tenham se passado desde seu nascimento. Quem abre suas páginas não pode escapar ao desafio de sua convocação.


No Congresso da Liga dos Comunistas em Londres, em novembro de 1847, Karl Marx e Friedrich Engels receberam a tarefa de elaborar um programa partidário, uma tarefa que cumpriram com devoção e eficiência.

O Manifesto tinha a virtude de revelar o fantasma que assombra o mundo, aquele que ainda faz tremer os exploradores e sonhar os despossuídos, ao declarar abertamente a intenção de mudar o mundo derrubando o poder da burguesia.


Foi um texto claro e esperançoso, que apresentou os comunistas como defensores consistentes dos interesses dos trabalhadores, mostrou as condições desiguais de propriedade e produção na sociedade, bem como a necessidade e possibilidade de mudá-la, construindo um mundo livre sem classes e sem opressores.

Denunciava as precárias condições de vida e de trabalho dos trabalhadores, a exploração do trabalho infantil e das mulheres, o enriquecimento de uns poucos privilegiados, enfrentava a difamação dos opositores do comunismo e clamava pela unidade para vencer.

O desejo marxista de construir a nova sociedade comunista, a certeza de que o proletariado derrotará o capitalismo, mesmo nas condições atuais de sua existência, é uma realidade a que não podemos renunciar. A esta fé baseada na ciência e na luta, estes jovens rebeldes nos chamam a partir das páginas do Manifesto.

Sua voz não poderia ser silenciada, porque se baseia, além disso, numa certeza: os proletários não têm nada a perder, a não ser suas correntes.

Fonte: Granma

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Mensagem por Chapolin Gremista » 24 Fev 2023, 18:31

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