Brasil pós-golpe, o 3° país que mais prende mulheres
Brasil continua no pódium da violência: o 3° país que mais prende mulheres no mundo
Mulheres dão à luz na cadeia
Brasil continua no pódio da violência: o 3° país que mais prende mulheres no mundo
Contrariamente ao discurso identitário de “supostas” feministas, como latifundiárias, banqueiras, “empoderadas” em geral, o Brasil não é essa miscigenação toda que círculos pequeno-burgueses idolatram em cirandas e representações junto ao Judiciário brasileiro. Na verdade, o discurso de empoderamento feminino esconde uma realidade bastante sombria, dolorosa e devastadora para as futuras gerações de brasileiros filhos de mães pobres, traumatizadas por violência, pobreza e exclusão e que acabam encarceradas por pequenas infrações, geralmente relativas ao combate às drogas, pressionadas que são pela necessidade de sustentar suas famílias, seja como for. Empoderamento não é poder conquistado. É algo dado, cedido, e pode ser retirado ou, como sempre ocorre, cobrar seu preço daqueles que aderem à defesa de um empoderamento que se reduz a palavras e discursos, bolsas e palanques. O poder da mulher está na força de sua luta. “Lute como uma garota”, na camiseta, só tem valor em post cafona de identitáries.
Em milhares de comunidades do Brasil, o poder público só existe, tanto na realidade violenta quanto no imaginário de gerações de brasileiros, como sinônimo de opressão, morte e medo. O único representante do poder público que age, diuturnamente, nas comunidades mais pobres do Brasil, é aquele que traz a morte aleatória e desmerecida, de fuzis contra chinelos e qualquer pedra que se encontre no chão. É a PM, o caveirão, as “operações contra o tráfico”, etc. Neste sentido, a quarta edição do relatório da World Prison Brief , do Institute for Criminal Policy Research em conjunto com o Birbik College de Londres (2017), traz dados que, embora não atualizados, retratam, em números, a condição das mulheres, em sua maioria negras, pobres e desempregadas, no que se refere ao encarceramento no país. O World Female Imprisonment List, divulgado recentemente e repercutido pela Folha, traz dados alarmantes e aponta para as principais causas que colocam o Brasil em terceiro lugar no ranking de maior população feminina encarcerada, baseado em dados recolhidos pelos pesquisadores até o ano de 2016 e divulgado, inclusive pela Folha, em 2017. Sendo breve: a Polícia mete medo, mete bala, põe em cana os cidadãos mais necessitados de ações do poder público que ajudem a resgatar sua dignidade e sua cidadania.
Dados do relatório de 2017 afirmam que, no Brasil o aumento da população carcerária feminina aumentou 4,5% nos 17 anos em que a pesquisa recolheu dados, enviados pelos respectivos ministérios dos países participantes, que na última edição contou com o envio de dados de 221 sistemas prisionais de países independentes e territórios, relacionando as prisões femininas. No caso da América do Sul, os dados do Brasil são imensamente superiores à de vizinhos. Uma breve comparação: No Brasil, a população encarcerada feminina era de 44.700, aproximadamente. Colômbia, a segunda colocada, registrou aproximadamente 7.700 mulheres presas. Perú, terceiro no ranking, tem aproximadamente 4.900 encarceradas.
Uma das causas para tal fato é a força e o constante crescimento das forças policiais nos países citados. Além de serem aliados à política imperialista de “guerra contra as drogas” e de entreguismo total, o encarceramento das mulheres revela a verdadeira face dos ideais burgueses de igualdade, fraternidade e liberdade.
Os dados da pesquisa revelaram, ainda em 2017, o que os noticiários nos mostram diariamente. As presas são mães, geralmente têm 2 ou 3 filhos, negras, sem amparo financeiro, de saúde ou de educação, nem de companheiros, familiares ou do estado.
A liberdade de ir e vir, de educar seus filhos, lhes é negada, assim como todos os fatores que lhe garanta o mínimo de cidadania. E, como agravante final, são relegadas à prisão por pequenos delitos e lá permanecem, por anos, ás vezes, à revelia da constituição, sem defesa constituída e sem julgamento legal. Apodrecem nas prisões, deixando crianças à mercê das malhas do crime, alimentando a indústria das prisões, que pleiteiam a privatização dos cárceres brasileiros.
Por essas razões, as mulheres , organizadas, precisam se defender, não apenas de agressores familiares, assaltantes e bandidos, mas, e, principalmente, da polícia militar, a máquina de opressão das mulheres, dos homens, dos trabalhadores em geral. A conscientização e a autodefesa, seja ela armada ou não, é um direito das mulheres que buscam sua efetiva emancipação. Lutemos! Nos armemos e sejamos defensoras de nós mesmas!
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