
Após sete anos longe da elite, o Império Serrano retornou ao Grupo Especial e abriu o carnaval do Rio de Janeiro neste domingo (11). Com enredo que homenageou a China, a escola verde e branca também lembrou Arlindo Cruz, sambista que se recupera de um AVC e é muito identificado ao Império. Uma ala com 180 membros, incluindo Antônia Fontenelle, Maria Rita e Regina Casé, usou camisas com as frases "Força, Arlindo" e "O show tem que continuar", além de uma ilustração com o rosto do cantor. A mulher dele, Babi Cruz, e o filho Arlindinho participaram da homenagem.

A São Clemente levou à Sapucaí um desfile sobre os 200 anos da Escola de Belas Artes (EBA) do Rio, na tentativa de conquistar o título inédito no Grupo Especial. Carros e fantasias foram inspirados nas obras de grandes mestres da arte brasileira que têm ligação com a EBA, a mais importante escola de artes da América Latina. Algumas fantasias foram pintadas à mão, e alunos da Belas Artes participaram da produção no barracão da São Clemente. A escola também colocou o carnaval dentro do carnaval ao levar para a Sapucaí seis alas inspiradas em desfiles criados por carnavalescos formados na EBA. A comissão de frente fez uma coreografia elaborada, que envolvia um telão de LED em uma alegoria móvel. O coreógrafo Kiko Guarabyra foi contratado em dezembro do ano passado e teve só dois meses para criar a apresentação e ensaiar os bailarinos.

Terceira escola a entrar na Sapucaí no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial do Rio, a Vila Isabel contou as grandes invenções da humanidade, sob o comando do carnavalesco Paulo Barros. Com o enredo “Corra que o futuro vem aí", a escola usou abusou do visual futurista, do brilho e das luzes. Vestidos de Leonardo da Vinci, integrantes da comissão e frente levaram círculos com projeção 3D à avenida. A fantasia da porta-bandeira também impressionou, com uma saia de LED "em chamas”. Sabrina Sato, rainha de bateria, usou um look dourado e transparente que representou a "luz da inspiração". Já Martinho da Vila, presidente de honra da Vila e aniversariante do dia – ele completa 80 anos nesta segunda-feira (12) –, foi destaque no carro abre-alas.

A Paraíso do Tuiuti passou pela Sapucaí deixando uma pergunta: "Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?" A escola de São Cristóvão fez uma crítica ao racismo e às dificuldades dos trabalhadores brasileiros e recontou a história da escravidão no Brasil, nos 130 anos da Lei Áurea. A comissão de frente trouxe um "grito de liberdade", com bailarinos interpretando escravos negros sendo açoitados por um capataz. Uma ala mostrou o trabalho informal, com integrantes fantasiados de ambulantes, e outra destacou os "guerreiros da CLT", com operários segurando uma carteira de trabalho gigante. O desfile também contou com "manifestantes fantoches", ironizando os "paneleiros" que vestiram verde e amarelo. O último carro chamou a atenção ao mostrar um vampiro com uma faixa presidencial, em alusão ao Michel Temer.

A Grande Rio fez um desfile saudoso e cheio de irreverência sobre Chacrinha, mas foi prejudicada porque o último carro quebrou na concentração, a 500 metros da entrada da Marques de Sapucaí. A escola viveu momentos de drama, com buracos na avenida, e não conseguiu terminar o desfile dentro do tempo limite, atravessando o portão da dispersão após 1 hora e 20 minutos, estourando o tempo em 5 minutos. A ausência do último carro pode prejudicar as notas de alegoria e enredo, e a escola vai perder 1 décimo para cada minuto excedente no desfile – totalizando 0,5 ponto. A atriz Juliana Paes voltou a pisar na avenida no posto de rainha da bateria da Grande Rio, escola que levou muitos famosos para a Sapucaí: Thayla Ayala, Monique Alfradique, Gretchen, Rita Cadillac, Wanderléa, Paloma Bernardi e David Brazil.

Após o corte de verba da Prefeitura do Rio para as escolas de samba, a Mangueira levou para a Sapucaí o enredo "Com dinheiro ou sem dinheiro eu brinco". Em clima de "protesto irreverente", vários trechos da letra do samba ironizaram a decisão de cortar os recursos destinados às escolas. Um dos carros representou o prefeito Marcelo Crivella como um boneco de Judas, acompanhado da frase: "Prefeito, pecado é não brincar o carnaval". Em dia de escolas que abusaram de luzes de LED e efeitos especiais, a Mangueira se destacou pela aposta no saudosismo e no "carnaval retrô". A escola tem 18 títulos no Grupo Especial, e seu último campeonato foi em 2016.

A Mocidade Independente de Padre Miguel fechou a primeira noite de desfiles do Grupo Especial do Rio exaltando a Índia e mostrando as semelhanças entre as culturas brasileira e indiana no enredo "Namastê... A estrela que habita em mim saúda a que existe em você". A escola apostou em elefantes "puxando" o carro abre-alas e jacarés à frente do segundo carro. Com efeitos especiais, a comissão de frente levou "deuses e monges" para a Sapucaí, além de figuras emblemáticas como Gandhi (1869-1948). Os 265 integrantes da bateria se vestiram como se estivessem a caminho de um casamento indiano.